Conceito de GED x digitalização
de documentos
Henrique Barreto de Aguiar (*)
Colaborador
Existe
uma grande confusão entre gerenciamento eletrônico de documentos
(GED) e digitalização de documentos. Antes de comentar efetivamente
o assunto título desse artigo, vou abordar a tecnologia de GED,
para que os leitores não familiarizados com o tema possam ter esse
primeiro contato e entender essa confusão.
Com a popularização
e o crescimento das redes no Brasil, nos últimos dez anos, em termos
de número de usuários e conseqüentemente em volume de
documentos eletrônicos, a implementação de um sistema
de GED em um escritório de advocacia, por exemplo, tem se tornado
uma tarefa quase que obrigatória.
São volumes significativos
de informação e de capital intelectual puro, que - espalhados
em estruturas tradicionais de pastas (diretórios) em microcomputadores
e servidores de rede - não permitem rápida recuperação
e acabam ocupando espaço, sem o nível de reaproveitamento
adequado.
É normal ver advogados empregando
parte do seu tempo na procura de documentos de colegas que podem auxiliar
na elaboração de um novo trabalho, ou mesmo varrendo pastas
(diretórios), com grande quantidade de documentos, à procura
de um trabalho de sua própria autoria. Não por falta de organização
ou de orientação, mas sim, porque essas estruturas não
facilitam e não foram projetadas para pesquisa e recuperação
em grandes volumes.
Com a aplicação da
tecnologia GED, todo documento originalmente criado em formato eletrônico,
utilizando aplicativos de mercado como o Microsoft Word, Excel, PowerPoint,
Adobe Acrobat (PDF), Corel WordPerfect e outros - assim como documentos
em papel que podem ser digitalizados através de scanners
(N. E.: digitalizadores) para um formato eletrônico padrão,
como JPEG, TIFF, BMP e outros -, é possível de ser armazenado,
controlado, gerenciado e monitorado. Assim, esses documentos podem ser
recuperados por informações relevantes, como nome do cliente,
título do caso, tipo de documento, por palavras encontradas no conteúdo
do documento ou até mesmo pelo cruzamento de duas os mais dessas
variáveis.
Não só papel
- Muitas vezes me deparo com empresas que têm um modelo de negócio
típico para a utilização de um sistema de GED, mas
quando converso com executivos de nível decisório e/ou executivos
ligados à área de Tecnologia da Informação,
normalmente a solução é interpretada como uma ferramenta
para tratar o arquivo físico, isto é, digitalização
de todos os documentos em papel para armazenamento em um banco de dados.
Eis a confusão e o pior, pensando assim, sentem-se naturalmente
desanimados com a árdua tarefa de digitalizar centenas ou milhares
de quilos de papel, além de se mostrarem cépticos com a hipotética
ausência de papel. Realmente, a tecnologia permite isso, mas vai
muito além e abrange toda a produção de documentos
já no formato digital, com os formatos citados anteriormente.
O nome dado a esse tipo de tecnologia
é genérico, abrangente e assim deve ser interpretado, isto
é, GED trata documentos em geral, desde que no formato eletrônico.
Aliás, quando se trata de escritórios de advocacia ou departamentos
jurídicos, normalmente a implantação de um sistema
de GED começa pelos documentos que são criados já
no formato eletrônico, pois são muito mais fáceis de
alimentar na base de dados e podem ser inseridos e classificados pelos
próprios autores, durante a produção intelectual do
documento.
Quanto ao papel físico, ele
também pode ser inserido no banco de dados, permitindo compartilhamento
e minimizando sua circulação no escritório, mas apenas
quando a cultura dos usuários e a legislação permitirem
isso.
Correio eletrônico -
Soma-se a isso a avalanche de informações que trafegam em
mensagens de correio eletrônico - normalmente guardadas nos próprios
servidores de correio eletrônico, que também não foram
projetados para armazenar e recuperar dados, mas sim para trafegá-los
- e que também podem ser inseridas na base GED.
Além de armazenamento organizado
e recuperação, monitoração é outra palavra
chave quando falamos de GED. Trata-se da possibilidade de ter um histórico
completo da vida do documento, desde sua criação, passando
por todas as suas versões e até mesmo informações
como quando e por quem determinado documento foi reaproveitado
para um novo trabalho.
Não há dúvida
que a tecnologia GED veio para ficar, particularmente para profissionais
do Direito, e que sua implementação é muito mais fácil
do que pode aparentar, principalmente quando se esclarece a confusão
entre GED e digitalização de documentos.
(*) Henrique
Barreto de Aguiar é diretor da BCS
Informática, sediada na capital paulista. |