A morte do banner
Pedro Luiz Côrtes (*)
Colaborador
O banner
é uma solução tecnológica e não um projeto
de comunicação. E mesmo como solução técnica
ele está ultrapassado. Antes de mais nada, ele teve o seu formato
pensado em um tempo em que a velocidade de conexão era reduzida,
portanto era necessário economizar espaço na transmissão
de conteúdo. Esse é um dos motivos que fazem com que a publicidade
resista à Internet.
A Web vem evoluindo rapidamente,
mas o banner não consegue surfar plenamente nessas novas
ondas. Quando utilizei a rede pela primeira vez, minha velocidade de conexão
era de 14.4 kbps. Hoje, navego por meio de uma conexão banda larga
com 256 kbps, o que representa um aumento de quase 18 vezes.
Mesmo assim, o banner e seus formatos
e limitações continuam quase imutáveis. É certo
que ele mudou em alguns aspectos. Hoje, com o Flash e os GIF animados,
ficou mais fácil produzir material de qualidade. Porém, esses
novos recursos são paliativos que dão apenas uma sobrevida
ao outdoor (N.E.: cartaz de rua) virtual.
O problema está na sua essência,
uma vez que ele não foi pensando como solução de negócios
ou meio de comunicação. Limitações tecnológicas
ditaram os padrões que, sabe-se lá por quê, ainda resistem,
mesmo diante das mais recentes inovações.
Houve um tempo em que a Internet
imaginava prescindir de outras mídias, supondo que jornais, rádios
e TVs sucumbiriam aos encantos da rede mundial. Porém, o que cada
vez mais as pessoas que fazem e trabalham na web precisam compreender é
que todas as tecnologias caminham para um ponto de convergência.
Não haverá supremacia de uma tecnoidéia sobre as outras,
mas uma integração, uma soma.
Nesse novo contexto, em que a internet
reinventa e é reinventada por outras mídias, o banner em
seus formatos tradicionais e o famigerado click through perdem sentido.
Será que uma grande idéia cabe em apenas 468x60 pixels? Será
que não podemos oferecer aos anunciantes formatos e tamanhos diferenciados,
adequados a cada idéia, produto ou serviço?
Certamente, existem sinais de mudança
no mundo virtual. Alguns sites estão oferecendo áreas expandidas
para veiculação de publicidade, além das placas convencionais.
Os endereços talkcity.com,
tucows.com
e wanadoo.fr oferecem áreas
verticais do lado direito do site, com tamanhos variando de 120x600 a 148x465
pixels, ampliando as possibilidades de apresentação de produtos
e serviços. Em zdnet.com o espaço
disponível é horizontal, com 728x90 pixels.
Entretanto, esses espaços ainda
carecem de maior interatividade. Para isso é interessante visitar
alguns sites nacionais como o da Brasil
Telecom, onde o usuário poderá montar seu próprio
filme e enviá-lo como um cartão virtual.
Outra sugestão é uma
área dentro do site da Volks,
e uma terceira possibilidade é uma visita virtual ao Centro
de Operação e Supervisão da Telefônica.
Há poucos anos, surgiram diversos
sites e portais com seus modelos de negócio calcados em comercialização
de espaço publicitário. Hoje, apenas os serviços mais
proficientes conseguem viver daquilo que subsidia a TV há gerações:
publicidade. Por que as TVs conseguem isso e a Internet não? Onde
estamos errando?
Um dia a Web imaginou que reinventaria
a publicidade. Será que esse reinventar e essas novas experiências
de interatividade resumiram-se em formatos predefinidos de banners?
Para manter a rede ativa, inovadora e comercialmente interessante para
os anunciantes, precisamos ter a humildade de olhar para os outros veículos
e aprender um pouco com a experiência deles.
(*) Pedro
Luiz Côrtes é professor da Fundação Escola
de Comércio Álvares Penteado, consultor em Webmarketing
e escritor. |