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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 11/03/01 13:31:42
Por um perfil de utility para a videoconferência 

Mauro Koraicho (*)
Colaborador

O inexorável crescimento do mercado de videoconferência é uma realidade que se vem reafirmando, há cerca de cinco anos. E agora, mais do que nunca, não apenas em conseqüência dos atentados de Nova Iorque, mas por um movimento, que já Mauro Koraichoexistia, de progressivo amadurecimento da tecnologia, oferta de links adequados e o aumento da economia de escala. 

Afinal, assim como o surgimento do telefone permitiu forte redução de contatos físicos e a recente explosão do e-mail impactou a movimentação de envelopes e reduziu até o contato telefônico, é mais do que natural a previsão de um uso massivo de videoconferência, à medida em que ela vai se tornando um utility (N.E.: produto utilitário) corriqueiro como água, luz e telefone. Esta é a tendência mais compatível com a boa lógica dos negócios que se beneficiarão das facilidades práticas, da economia e do conforto que são inerentes ao sistema. 

É bem verdade que a recente banalização de devices (N.E.: periféricos de computador) de baixíssimo custo, como estas toscas "soluções" de webcams com webfones ajudam mais a afugentar o público da videoconferência (devido à sua qualidade decepcionante) do que efetivamente a promover a popularização do sistema. 

Expectativa - Mas, o avanço das plataformas profissionais baseadas em IP (N.E.: Protocolo Internet) também já vai se tornando visível, sendo cada vez mais sustentável a expectativa de que, nos próximos anos, a videoconferência venha a substituir milhões de horas de vôo e funcionar como duto captador de grande parte dos investimentos que fugirão dos setores de aviação civil e hotelaria de negócios.

Com efeito, quatro semanas após aos episódios do WTC e do Pentágono, a demanda de videoconferência no Brasil saltou do patamar histórico de 300 sessões mensais (com taxa de crescimento anual da ordem de 200%); para cerca de 900 sessões, segundo estimativas do mercado. Para as operadoras de longa distância, esta migração de recursos poderá representar receitas da ordem de US$ 30 milhões ao ano já no exercício de 2001, considerando um movimento total do setor da ordem de US$ 200 milhões - incluindo-se aí um percentual de 5%, que fica dividido entre o setor de equipamentos e o setor de serviços. 

O nicho específico de serviços, aliás, vem superando significativamente as recentes altas do setor, uma vez que a locação de salas públicas de videoconferência (ambientes dotados de infra-estrutura e links para a conexões nacionais e internacionais) registrou crescimento da ordem de 200% nas sete principais capitais brasileiras, desde o incidente de 11/9/2001 até a segunda quinzena de 10/2001.

Crescimento - Nos Estados Unidos, por seu turno, os institutos de pesquisa dão conta de uma alta da ordem de 375% para o nicho de locação de salas. De modo que toda esta movimentação conduz o Wainhouse Research a apontar para o setor de videoconferência uma escalada que vai dos atuais US$ 600 milhões ao ano, para cerca de US$ 1,4 bilhões em quatro anos, o que, segundo a nossa ótica, ainda parece uma estimativa bem modesta.

Modesta ou realista, vale o prognóstico de que a videoconferência nunca mais irá abandonar o ritmo de avanço, ainda que as circunstâncias do medo e da guerra contra o invisível venham a arrefecer nos próximos anos. 

Aos prestadores de serviços, como nós, e aos fabricantes de infraestrutura, cabe agora a tarefa de transformar a economia de escala em benefício adicional para um consumidor já propenso à compra do produto. 

Às operadoras de telecomunicações, por sua vez, cabe a responsabilidade de ampliar rapidamente suas capacidades de conexão e gerenciamento de conteúdos ricos, de modo a reforçar cada vez mais o perfil da videoconferência como utility.

Mauro Koraicho
(*) Mauro Koraicho é presidente da HQ Global Workplaces Brasil, da capital paulista.