TERROR NOS EUA
Ameaça do ciberterrorismo
se torna realidade
Paulo Perez (*)
Colaborador
Desde
o ataque terrorista às torres do World Trade Center, no dia 11/9/2001,
o FBI divulgou inúmeros alertas sobre a real possibilidade e gravidade
do cibertorrismo. Segundo os informativos da agência americana, grupos
de hackers do mundo inteiro estariam unindo forças em prol
da causa terrorista de Bin Laden, seja por motivos políticos, religiosos
ou ideológicos.
Apesar do alerta, especialistas do
mundo inteiro continuaram céticos sobre o assunto, questionando
a capacidade que o Taleban, ou mesmo a grupos mulçulmanos, teria
de mobilizar 'forças ciberterroristas'.
Início - Entretanto,
em 10/2001, surgiram os primeiros indícios de que um exército
virtual pode de fato existir. O site da Agência Americana de Administração
da Atmosfera e Oceanos (National Oceanic and Atmospheric Administration
Center) foi invadido e seu conteúdo foi modificado pelo G-Force,
um grupo de hackers baseados no Paquistão.
Segundo o site de notícias
Vnunet.com, o G-Force através desta ação, lançou
sua Guerra Santa Cibernética, ou 'Cyber Jihad', prometendo não
só atacar outros sites mas também fornecer ao Taleban todas
as informações secretas coletadas de sites do governo americano
que viessem a ser invadidos.
Além do próprio G-Force,
em seu alerta, o FBI citou o grupo Hackerz Club e o Doktor Nuker, como
sendo possíveis grupos ciberterroristas que iriam iniciar a 'Cyber
Jihad', e alertou aos administradores de sistema para tomassem medidas
mais rígidas de segurança uma vez que era iminente a possibilidade
de ciberataques.
No final do ano 2000, uma série
de estudos foram feitos pelo governo americano sobre o real impacto que
ciberataques teriam à economia global e à sociedade como
um todo. Os resultados deste estudo, que recentemente foi banido da Internet
pelo próprio governo americano, especulavam a possibilidade da paralisação
de usinas de geração e centrais de transmissão de
energia elétrica, além de inúmeros problemas nos serviços
de água e telecomunicações.
Todos estes incidentes poderiam acontecer
em virtude do fato que estes serviços, hoje, são quase que
totalmente automatizados e dependentes de sistemas computacionais, tipicamente
negligenciados pelos administradores de TI, e que portanto estariam com
versões de softwares desatualizados ou de alguma forma vulneráveis.
Colapso - Durante esta recente
ameaça ciberterrorista, novamente foi trazida à tona a possibilidade
de um expressivo ataque aos sistemas de serviços públicos
e financeiros, o que repercutiria na vida de todos, podendo levar o mundo
a um colapso financeiro. Inúmeros sites apresentaram reportagens
tratando o assunto como sendo um possível 'Pearl Harbour Eletrônico',
que paralisaria todo um país, causando prejuízos incalculáveis.
Muitos especialistas da área
de segurança trataram tais especulações como sendo
pura histeria e que tal risco não existe através de ataques
externos vindos da Internet. De fato, usualmente as empresas adotam soluções
de firewall, separando suas redes internas da Internet, justamente
buscando impedir que atacantes externos possam atingir seus frágeis
sistemas internos, isto porque tipicamente não existem significativos
investimentos na segurança do ambiente computacional das empresas.
Apesar das medidas de segurança
comumente adotadas pelas empresas, milhares de servidores corporativos
foram recentemente infectados pelo Code Red II e pelo Nimda, vírus/vermes
que sabidamente instalam backdoors que podem ser utilizados por
atacantes externos para ter acesso à rede interna da empresa. Muitas
destas infecções não se deram pelo link principal
de acesso à Internet, vieram de dentro da própria coorporação,
onde um usuário que possui um notebook, levou o mesmo para
trabalhar em casa, foi contaminado e depois contaminou os servidores da
empresa no momento em que voltou para o escritório e conectou o
equipamento na rede interna. A falta de uma política e ferramentas
de segurança voltadas ao uso de equipamentos móveis, como
notebooks
e palmtops, e o fato de que normalmente a segurança interna
da rede é deixada em segundo plano, têm em muito facilitado
o surgimento de inúmeros incidentes de segurança dentro das
coorporações.
Todos estes fatos tornam o risco
ciberterrorista como sendo algo concreto e, por conta disto, as agências
americanas de segurança estão desenvolvendo crescentes esforços
no sentido de identificar e coibir a eventual proliferação
de grupos ciberterroristas e o início da 'Cyber Jihad'. O exemplo
mais recente partiu de um dos ícones do mundo dos hackers,
Kevin Mitnick, que em 1995 foi julgado e preso por ter cometido diversos
ataques cibernéticos. Mitnick recentemente foi designado como agente
federal do FBI e sua principal função é lutar na guerra
contra o ciberterrorismo.
No contexto local, por mais que o
Brasil seja um país de paz e que respeita todas as nacionalidades
e religiões, sempre há o risco de que nossos cyberkids,
muitas vezes motivados pela fama, status ou simplesmente a ideologia
do 'lutar contra', aliem-se a estes grupos ciberterroristas e também
ataquem os sites brasileiros, até porque no país ainda impera
a falsa imagem de que segurança ou é um custo muito alto
e desnecessário, ou 'basta colocar um firewall que está
tudo resolvido'.
(*) Paulo Perez
é gerente de Engenharia de Segurança de Sistemas da Open
Communications Security.
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