E-GOV FORUM 2001
Governo eletrônico debate
inclusão digital
Reunindo
representantes dos setores público e privado para discutir estratégias
e desafios envolvidos na implantação de projetos de tecnologia
no âmbito dos governos federal, estadual e municipal, ocorre nos
dias 2 e 3/7/2001 o e-Gov Forum 2001, promovido pela Mantel.com.
O evento conta com 23 palestrantes confirmados e cerca de 200 congressistas.
Será realizado na Câmara de Comércio Americana (Amcham),
na Rua da Paz, 1431, bairro Chácara Santo Antônio, na capital
paulista. Mais detalhes, com a Mantel, pelo telefone (0**21) 558.4878.
A prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy, fará a palestra de abertura, às 9h00 do dia 2/7,
participando em seguida de entrevista coletiva à imprensa, com início
previsto para as 9h30, com a presença também do presidente
da Mantel.com, Robert
Janssen, e diretores da PriceWhaterhouseCoopers - que, na oportunidade,
anunciará uma prévia de recente pesquisa sobre questões
tributárias e legais em comércio eletrônico, feita
com 177 empresários e consultores.
Integrando o corpo de 23 palestrantes,
estão o coordenador geral do programa Sociedade da Informação
do Ministério da Ciência e Tecnologia, Tadao Takahashi, o
secretário adjunto e coordenador do programa de Governo Eletrônico
da Secretaria de Governo e Gestão Estratégica do Estado de
São Paulo, Dalmo Nogueira Filho, a assessora econômica do
Ministério do Planejamento, Selene Peres Nunes, o presidente da
Certisign, Marcio Liberbaun, e o vice-presidente de desenvolvimento de
negócios da Módulo Security Solutions, Marcos Bentes.
MP 2.200 - A Medida Provisória
nº 2.200, publicada no dia 29/6/2001 no Diário Oficial da
União, será discutida pelos membros do Governo Federal
presentes no e-Gov Fórum 2001, em especial por Pedro Paulo Lemos
Machado, Gerente de Projetos de Segurança da Informática
do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Ele coordena o painel “Segurança em Portais de Governo”, que acontece
no dia 3/7 às 11h20.
A MP, assinada pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso e pelos ministros José Gregori e Pedro Parente,
estabelece a criação do Comitê Gestor da Infra-Estrutura
de Chaves Públicas Brasileira - também chamada ICP-Brasil.
O comitê será formado por onze membros, sendo quatro representantes
da sociedade civil e sete representantes de órgãos do Governo
Federal. De acordo com o texto da MP, o objetivo da ICP-Brasil é
“garantir a autenticidade, a integridade e a validade jurídica de
documentos em forma eletrônica, das aplicações de suporte
e das aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais,
bem como a realização de transações eletrônicas
seguras”.
Um dos 20 mais - A importância
atual do governo eletrônico no País pode ser medida pelo comentário
de Marcus
Vinicius Anátocles da Silva Ferreira, diretor da PricewaterhouseCoopers
Consultores: “O Brasil já aparece nas pesquisas entre os 20 países
mais adiantados na implantação de ferramentas de governo
eletrônico”. “Geralmente ficamos entre a 15ª e a 20ª posições”,
especifica. O grau de comprometimento do Governo Federal com o tema pode
ser resumido pela meta de disponibilizar todos os seus serviços
na Internet até o final de 2002. Hoje, já estão acessíveis
ao público 900 serviços e quase 5 mil informações
diferentes no portal Rede Governo,
segundo o gerente de projetos de Internet do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, Ney
Gilberto Leal.
Um dos principais obstáculos
para as iniciativas atuais de oferecimento de serviços à
população através da Internet ainda é a reduzida
penetração do acesso à Rede ou, de maneira geral,
a falta de familiaridade com a tecnologia. Esse fator se torna ainda mais
importante em vista do papel central que o usuário deverá
ter nas estratégias de governo eletrônico. Ney não
hesita em afirmar que “o objetivo principal do governo eletrônico
será o cidadão”.
Significado - Marcus Vinicius
lembra que o termo “governo eletrônico”, embora inclua o uso da Internet,
vai além disso. “O termo indica todo o esforço de modernização
que resulta na multiplicação das formas de acesso aos governos”,
explica. Como conseqüência, avaliar a utilização
das tecnologias de governo eletrônico em determinado país
envolve mais que a simples medição da sua presença
no mundo conectado.
Apesar da diminuição
de gastos que pode ser trazida pelas iniciativas de informatização
no governo – tanto nas licitações e leilões como na
otimização de processos internos – Marcus Vinicius coloca
no atendimento ao cidadão o foco das iniciativas de governo eletrônico.
“À medida que esse processo vai caminhando, a própria sociedade
irá se encarregar de cobrar serviços cada vez melhores”,
prevê. E vai mais além: segundo ele, “o cidadão quer
hoje ser tratado como consumidor”.
Um exemplo nacional de uso de uma
ferramenta de governo eletrônico são as urnas eletrônicas,
cita Marcus Vinicius. Segundo ele, a implantação “atende
de maneira adequada a uma característica cultural brasileira”, ainda
que não use a interface Web. O sucesso do projeto é medido
pela sua abrangência dentro de um país que tem dimensões
continentais, tanto em números populacionais como em distâncias
geográficas. “Hoje, 100% dos brasileiros vota eletronicamente”,
lembra. Outros exemplos citados pelo consultor são os sites da Previdência
Social e da Receita Federal. “Em proporção ao total da população,
o Brasil já é o primeiro país do mundo em número
de pessoas que submetem suas declarações pela Internet”,
aponta.
Em geral, é natural que os
projetos de governo eletrônico dos vários países sejam
adequados a características regionais. Segundo Marcus Vinicius,
ainda não é possível esperar que no Brasil os projetos
que envolvam a Web atinjam a mesma penetração que nos países
mais desenvolvidos. “A Suíça, por exemplo, tem um sistema
bem-sucedido de votação em rede, mas lá a quase totalidade
da população tem acesso à Internet”, conta.
PEPs - A questão da
ampliação do acesso à tecnologia será um dos
temas recorrentes do e-Gov Fórum 2001. Apesar dos casos de sucesso
no Brasil, a baixa penetração do acesso à Rede continua
sendo uma das principais barreiras para a expansão do governo eletrônico
no país, diz o consultor. “Afinal de contas”, afirma Marcus Vinícius,
“a idéia não deve ser fornecer um serviço melhor para
quem tem Internet”. Ele estima em menos de 10 milhões o número
atual de internautas brasileiros.
Por sua vez, Ney Leal garante que
a universalização do acesso à Internet faz parte dos
projetos do Governo Federal. Um dos meios para isso será a instalação
de terminais públicos (os chamados PEPs, ou Pontos Eletrônicos
de Presença) em todas as representações federais onde
haja prestação direta de serviços à população.
Para ele, a iniciativa deverá estar inteiramente implantada até
o final de 2001 - quando também deve entrar em ação
a Rede Multiserviço, que integrará todas as redes de comunicação
dos diferentes órgãos da administração federal.
900 serviços - O Governo
Federal concluiu no dia 21/6/2001 o inventário de todos os serviços
que oferece à população, de acordo com Ney. A conclusão
da tarefa representa um estágio importante no projeto de levar para
o mundo conectado a
totalidade dos serviços da
administração federal até o final de 2002, diz ele,
apontando que já estão disponíveis ao público
900 serviços e quase 5 mil informações diferentes
no portal Rede Governo.
Ney participará do painel
“Intranet Pública”, no dia 3/7, às 15h45, e faz parte ainda
do conselho consultivo do fórum. Ele é responsável
pelo Portal de Serviços e Informações do Governo Brasileiro
(Rede Governo), além de coordenador do Grupo Universalização
do Comitê Executivo de Governo Eletrônico. Analista de Informática
por formação, deixou suas atribuições como
gerente de Negócios da Cia. de Processamento de Dados do Estado
de Minas Gerais, tendo sido cedido ao Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão para atuar como gerente de Projetos Internet.
É responsável pelo desenvolvimento de um ambiente na Internet
com informações para tomada de decisão, para o nível
estratégico do Governo Federal.
Documentos eletrônicos
- Segundo o diretor de integração de sistemas do Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão, Oswaldo Noman, a questão
da certificação digital é o principal problema que
impede ainda o uso mais amplo de documentos digitais por parte do governo.
Oswaldo liderará o painel “Documentos Eletrônicos: Gestão
e Legislação”, no dia 2/7 às 17 horas.
O grande problema, aponta Oswaldo,
é conferir validade jurídica às transações
em rede. No que diz respeito à infra-estrutura tecnológica,
já existem meios de garantir a autenticidade dos documentos eletrônicos,
através dos certificados e assinaturas digitais. No entanto, os
documentos eletrônicos ainda não têm o respaldo jurídico
que daria às transações online a mesma credibilidade
de suas similares tradicionais, feitas em papel. A validade jurídica
dos documentos eletrônicos está sendo discutida em projetos
de lei que tramitam atualmente no Congresso, afirma ele.
Oswaldo cita outro obstáculo
encontrado pelas iniciativas de implementação de governo
eletrônico: a conservação e preservação
dos documentos eletrônicos. “A mídia eletrônica, depois
de dez anos, pode não ser mais legível”, exemplifica. Ou
ainda, mesmo que se encontre em bom estado, uma mídia gravada há
muito tempo pode acabar não sendo lida pela simples falta de um
aparelho compatível com o formato utilizado. “Pode não existir
mais um CD-ROM do mesmo tipo”, cita.
Participarão ainda do mesmo
painel o gerente de operações governamentais da Xerox do
Brasil, Luis Manuel Souza dos Santos, o gerente de mercadologia governamental
da Xerox do Brasil, Luiz Felipe Cunha, além de Paulo Roberto Ferreira,
tabelião associado do 26º Tabelionato de Notas de São
Paulo e Colégio Notarial do Brasil, e Pedro Paulo Lemos Machado,
gerente de projetos de segurança da Informática do Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Responsabilidade fiscal -
Segundo Selene
Peres Nunes, assessora econômica do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, “não há dúvida de
que os projetos de informatização do governo deverão
ajudar os Estados e Municípios a cumprirem a Lei de Responsabilidade
Fiscal”. Ela, que foi uma das responsáveis pela elaboração
da Lei Fiscal, será uma das palestrantes do fórum, debatendo
no dia 2/7, às 11h30, o novo cenário trazido para a gestão
pública pelas tecnologias de governo eletrônico.
Selene destaca que, além da
redução de custos esperada pela redução do
uso de papel e pela otimização dos processos internos dos
órgãos públicos, os projetos de governo eletrônico
deverão trazer ainda um novo fator de contenção de
gastos: o controle social, exercido diretamente pelos próprios cidadãos.
“Isso certamente deverá contribuir para melhorar a qualidade da
gestão pública”, afirma.
O governo federal planeja oferecer
na Internet as informações orçamentárias e
fiscais de todos os municípios e estados brasileiros. “O Ministro
do Planejamento, Orçamento e Gestão, Martus Tavares, já
fechou um acordo com os presidentes de todos os Tribunais de Contas”, declara.
O endereço Brasil
Transparente já começou a receber as informações
relativas a cada região do país.
Segundo ela, essa iniciativa já
representa, por si só, um incentivo ao cumprimento da Lei Fiscal.
O motivo é que, no caso dos órgãos públicos
que não possuírem a infra-estrutura necessária à
produção de páginas de Web, o serviço de publicação
em rede será realizado pelo próprio Governo Federal, fazendo
com que as metas de transparência possam ser atingidas mais facilmente
por essas entidades.
Selene é graduada em economia
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1987) e mestre em Economia
pela Universidade de Brasília (1999). É professora de Finanças
Públicas em Cursos de Pós-Graduação da Fundação
Getúlio Vargas-EBAP e em cursos para funcionários da Secretaria
do Tesouro Nacional, na Escola Superior de Administração
Fazendária (Esaf). É assessora do ministro do Planejamento,
Orçamento e Gestão desde setembro de 1996, tendo sido uma
das responsáveis pela elaboração da Lei de Responsabilidade
Fiscal e pela sua negociação no Congresso Nacional.
Empresas preparadas? - As
empresas fornecedoras de tecnologia estão preparadas para participar
de projetos de governo eletrônico, tanto em âmbito municipal
como estadual ou federal? Esse será um dos temas debatidos no fórum.
Segundo um dos debatedores do tema, o coordenador de projetos de governo
eletrônico do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro),
Raimundo Nonato da Costa, “ter a infra-estrutura adequada é fundamental
para operar qualquer projeto de governo eletrônico”. Raimundo citou
principalmente a capacidade de tratamento de dados, através de um
Centro de Dados Internet (IDC - Internet Data Center), além de uma
rede adequada de comunicação.
No que diz respeito à rede
de dados, Raimundo ressalta que a estrutura deve ter a capilaridade exigida
pelo serviço, para garantir que o serviço possa chegar ao
cidadão mesmo que este se encontre em regiões afastadas.
“A rede deve ser capaz de crescer”, acrescenta. Costa destaca ainda a importância
da segurança da rede contra acessos indevidos e invasões.
“Afinal de contas, trata-se de informações de importância
crítica sobre a população”, declara.
Além disso, detalha Raimundo,
haverá em todos os projetos de governo eletrônico a necessidade
de emitir certificados e assinaturas digitais, para assegurar a identidade
das entidades envolvidas nas transações em rede. Ele menciona
ainda, entre as exigências principais, a possibilidade de realizar
pagamentos em rede e uma estrutura de central de chamadas, para complementar
os serviços disponíveis, oferecendo esclarecimentos e tirando
eventuais dúvidas dos cidadãos. “É importante que
a central de chamadas torne possível o acompanhamento de chamadas,
com estatísticas e histórico dos usuários”, completa. |