Empresas da Web de olho na Velha
Economia
Consultorias de Internet mudam
o foco e atendem empresas convencionais
Um dos
mercados que mais crescem no Brasil é o formado pelas e-builders
(construtoras
eletrônicas, na tradução literal), as empresas
especializadas em oferecer consultoria e desenvolver toda a estrutura de
negócios de uma companhia na Internet, passando desde o posicionamento
da corporação no mercado, até a escolha das tecnologias
e os serviços a serem prestados. Esse setor fatura, anualmente,
entre US$ 10 milhões e US$ 100 milhões.
Porém, até pouco tempo
atrás, o panorama não era esse. A crise do mercado de Tecnologia
da Informação (TI) pegou em cheio a Internet. Projetos para
empresas pontocom, que eram a maioria dos clientes das e-builders,
tornaram-se escassos. Para contornar esse problema, essas empresas encontraram
uma solução: atacar as companhias chamadas bricks
(por existirem no mundo físico, com paredes de tijolos), ou seja,
as da Velha Economia. Um estudo do The Yankee Group comprova isso ao apontar
que 62% da demanda de serviços das e-builders hoje vêm
do setor industrial (22%), varejo (15%) e telecomunicações
(25%). Não incluído aí o setor governamental, que
até 2003 será responsável por 16% dos projetos de
negócios eletrônicos.
Novo mercado - Essa mudança
de foco reposicionou o mercado de e-builders, mas também
gerou grandes alterações na forma de trabalhar dessas empresas
para atender uma nova demanda de produtos e serviços. Ao invés
de venderem soluções completas, como faziam ao iniciar um
projeto Web, as e-builders passaram a dividir suas soluções
em vários pedaços.
Agora, têm como clientes empresas
tradicionais, que já tem o sistema legado e precisam apenas de um
ou outro serviço na Web. "O cliente olha o portifólio e escolhe
uma das opções. Usa aquela que se enquadra dentro de sua
estrutura já existente, para agregar mais valor aos seus serviços",
explica Marcos Guaraná, diretor executivo da Alterbrain, um dos
maiores e-builders do Brasil e que também passou por essa
reestruturação. Tal mudança e sucesso são comprovados
pelo instituto de pesquisa e consultoria The Yankee Group.
Segundo Luciana Hayashi, analista
sênior do The Yankee Group , as e-builders tiveram que se
adaptar à nova realidade. Dentro desse novo cenário, a mudança
mais significativa aconteceu na filosofia de trabalho. "Elas tiveram que
passar de desenvolvedoras de sistemas a consultorias de projetos Web. Esse
serviço é fundamental, pois a maioria das bricks não
faz a menor idéia de como iniciar os negócios on-line.
Além de desenvolver o sistema, a e-builder terá a
missão de orientar a melhor solução para o projeto
a ser realizado", completa Luciana.
Os números do Yankee mostram
que 35% das bricks têm pouco conhecimento sobre negócios
eletrônicos e comércio eletrônico. Porém, 56%
de seus projetos têm como objetivo maior o comércio eletrônico:
"A falta de conhecimento faz com que grandes corporações
invistam milhões de dólares em projetos Web, quando muitos
poderiam ser feitos da mesma forma com menor custo", finaliza Luciana. |