"APAGÃO"
Dez propostas do PT
Para
contornar a crise energética, o Partido dos Trabalhadores (PT) tem
dez propostas, que apresentou na Câmara dos Deputados em 10/5/2001.
O texto do presidente nacional desse partido, deputado federal José
Dirceu, vem sendo difundido pelas listas de correio eletrônico
na Internet:
De: Dep. José Dirceu <dep.josedirceu@camara.gov.br>
Data: Sexta-feira, 25 de Maio de
2001 16:00
PT APRESENTA SAÍDAS PARA
A CRISE ENERGÉTICA
O Partido dos Trabalhadores apresentou,
na Câmara, dez propostas para o enfrentamento da crise energética.
As sugestões foram avalizadas pelo Fórum de Energia, espaço
de debates do Fórum Social Mundial, que se reuniu no último
10 de maio. O líder do PT na Câmara, deputado Walter Pinheiro
(PT-BA) discursou na comissão geral instalada no plenário
para tratar da matéria e criticou a ausência do governo no
debate . Ele citou itens da proposta do PT para a crise.
Entre as propostas endossadas e apresentadas
pelo PT estão a suspensão das privatizações
das empresas estatais; a retomada pela Eletrobrás de seu papel pleno
de investidor e financiador do setor elétrico; a suspensão
do mercado atacadista de energia para evitar a especulação
financeira; a sustação de aumento das tarifas enquanto perdurar
o racionamento.
E ainda, o governo deve eliminar
as restrições da política econômica que impedem
os investimentos e a captação de recursos pelas empresas
elétricas estatais e que tem capacidade de investir na expansão
da geração e da transmissão.
O PT sugeriu também que a
Aneel dê transparência à sociedade sobre as margens
de lucro, remessas de valores ao exterior a todo e qualquer título
e investimento das empresas elétricas privadas do país. E
restabeleça o ordenamento e coordenação do setor,
com a ANEEL, o NOS, o MAE, a Eletrobrás, as empresas federais e
estaduais, as concessionárias privadas, os produtores independentes,
o Ministério das Minas e Energia e o CNPE, de modo a reconstruir
um sistema de planejamento compatível com as características
do setor.
Pela avaliação do Partido
dos Trabalhadores, balizado pelo documento do Fórum Social Mundial,
é importante reservar papel estratégico para a energia "velha"
produzida pelas estatais, o que possibilitaria um estoque regulador e o
estabelecimento de parcerias com o setor privado para amortecer os impactos
tarifários.
Finalmente o PT defende a aceleração
da construção das usinas térmicas a gás e a
busca de formas de flexibilização do suprimento do gás.
E se estabeleça mecanismos de controle pela sociedade sobre as medidas
para superação da crise. A íntegra das dez propostas
do PT estão no site www.informes.org.br.
"TÉCNICOS E ALERTAS FORAM
IGNORADOS", DIZ ESPECIALISTA
Técnicos em energia
afirmaram na comissão geral sobre o tema que eles e seus alertas
"foram ignorados" pelo governo, uma vez que a crise estava desenhada desde
1994". As expressões foram usadas, respectivamente, por Roberto
Pereira d'Araújo, diretor da ONG Ilumina, e Luiz Pinguelli Rosa,
professor da UFRJ.
"Sou um técnico assustado
e um cidadão indignado com o colapso e com as medidas de racionamento",
declarou d'Araújo. "Fomos ignorados, o governo destruiu o planejamento
do setor e aproveita mal os recursos hídricos de que dispõe",
criticou.
Ele afirmou que a crise é
pior do que se divulga. "Nossos reservatórios estão com apenas
29% da sua capacidade, alguns com níveis até inferiores a
isso, e se chegar a 10% a hidrelétrica pára", alertou o diretor
do Ilumina (Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico).
Investimento - Pinguelli Rosa
destacou que a crise já estava desenhada em 1994 em razão
da falta de investimento no setor. "Os investimentos caíram de R$
10 bilhões ao ano para R$ 4 bilhões", afirmou.
Ele disse ainda que faltam produção
e distribuição de energia no país. "O
governo apostou na privatização
e não expandiu o setor." Para Pinguelli, a culpa do colapso não
é dos técnicos, mas do "governo e das empresas compradoras
das companhias energéticas, que se comprometeram em gerar energia
e não cumpriram o acordo".
SETOR ELÉTRICO DEMITIU
100 MIL NOS ÚLTIMOS ANOS
Cem mil trabalhadores do setor elétrico
foram demitidos de 1994 até agora", denunciou o diretor da Federação
Nacional dos Urbanitários, Luiz Gonzaga Ulhoa Tenório, durante
a comissão geral sobre a crise energética. Ele entregou à
Mesa as propostas da CUT (Central Única dos Trabalhadores) para
enfrentar o período de racionamento.
Entre as reivindicações,
a central pede a suspensão do processo de privatização
do setor e a estabilidade no emprego. "A situação é
grave e precisamos de garantias", defendeu.
Para Tenório, a crise foi
anunciada. "Alertamos sobre o risco de colapso desde 1994, quando o governo
iniciou o processo de privatização das companhias energéticas.
Ele questionou sobre os investimentos que a privatização
trouxe para o setor e respondeu que foi nenhum. "Os únicos recursos
disponibilizados para a área elétrica vieram do BNDES, quando
o governo vendeu as empresas sem obrigar os compradores a fazer investimentos",
acusou.
Tenório culpou o presidente
da República, Fernando Henrique Cardoso, pela crise. "Ele fez ouvido
de mercador para os nossos alertas, tirou os nossos empregos, mas não
vai tirar a nossa dignidade", afirmou. Ele disse que os urbanitários
continuarão denunciando o governo, "que tinha as informações
e nada fez". |