"APAGÃO"
Defendendo o consumidor - 2
Para
balizar as atitudes de defesa dos consumidores frente às medidas
que o governo vem adotando, registramos estas notícias, que estão
circulando por correio eletrônico e foram recebidas por Novo Milênio:
1
- informação sobre partido de oposição requerendo
a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI);
2
- reproduz notícia sobre provedor de Internet paulista questionando
judicialmente o apagão;
3
- alerta contra possível sofisma nas declarações
oficiais;
4
- notícia da CNN sobre medidas judiciais no Rio de Janeiro;
5
- notícia do Universo On Line (UOL) sobre pedido de impedimento
do presidente Fernando Henrique Cardoso;
6
- governo legisla em causa própria e impede a defesa do consumidor.
7
- inteiro teor da medida provisória de 22/5/2001 que impede o uso
do Código de Defesa do Consumidor
8
- Notícia sobre a liminar com efeito nacional contra as medidas
oficiais
De: Dep. José Dirceu <dep.josedirceu@camara.gov.br>
Data: Sexta-feira, 18 de Maio de
2001 09:53
Assunto: PT QUER CPI DO APAGÃO
PT QUER CPI DO APAGÃO
O deputado Virgílio Guimarães
(PT-MG) protocolou ontem na Câmara requerimento com 182 assinaturas
para criação de CPI para apurar as causas da crise energética
no país. Essa é a 29ª CPI na fila de espera. Virgílio
disse que pretende alcançar 257 assinaturas para conseguir tramitação
em regime de urgência.
O líder do PT, Walter Pinheiro
(PT-BA), e demais líderes de oposição reuniram-se
com o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG) para debater
a criação da CPI do colapso energético. O assunto
volta à pauta às 11h de hoje, em reunião do Colégio
de Líderes.
COLAPSO SERÁ DEBATIDO PELA
SOCIEDADE
Por iniciativa do deputado Fernando
Ferro (PT-PE) será constituída comissão geral na Câmara,
dia 24, para que a sociedade civil, especialistas e entidades de defesa
do consumidor debatam a crise energética. Segundo o deputado, a
crise já era anunciada, "mas só agora o governo veio a público
para dizer que foi pego de surpresa diante do colapso que se avizinha".
O deputado lembrou que em junho de 2000 a Comissão de Minas e Energia
realizou, a seu pedido, o seminário "Colapso energético brasileiro
e alternativas futuras", em conjunto com a Comissão de Defesa do
Consumidor.
O encontro aprovou o documento "Carta
ao Brasil", com críticas ao modelo
de privatização e
sugestões para evitar o colapso. A carta foi encaminhada
ao governo, "mas nenhuma providência
foi tomada", denunciou Ferro. A íntegra do
documento pode ser lida em www.informes.org.br.
Mensagem colocada
na lista de debates Widebiz, transcrevendo notícia, em 19/5/2001:
Provedor de internet entra na Justiça
contra racionamento
SÃO PAULO, 19 (Globo On Line)
- O provedor ATN Internet (Assintel) protocolou na 4ª Vara Cível
de Taubaté (interior de São Paulo) a primeira ação
de perdas e danos contra o racionamento de energia. Segundo o advogado
da empresa, Sérgio Ricardo Marques Gonçalves, a distribuidora
Bandeirante, que atua na região, terá de ressarcir o provedor
em caso de corte no fornecimento de energia, já que o pacote do
racionamento não afastou a hipótese de ocorrência de
apagões.
- Esse risco fica ainda maior agora
porque não há data prevista para os apagões - disse.
Para ele, os prejuízos que
a empresa tiver, se os sites ficarem fora do ar, será enorme. O
advogado também questiona a regra para fixação da
cota de consumo das empresas, estabelecida pelo governo.
- Para verificar a média de
consumo, a empresa tem de desprezar o crescimento que teve ao longo de
2000 e 2001 - disse.
Na segunda-feira, haverá a
decisão da 4ª Vara Cível sobre o pedido de liminar feito
pela empresa, exigindo que a Bandeirante seja obrigada a fornecer energia
ininterruptamente ao provedor. A ATN Internet tem dois mil assinantes e
100 hóspedes corporativos.
Esta mensagem,
também colocada na lista de debates sobre negócios Widebiz,
registra o comentário divulgado em 18/5/2001:
Sobretaxa na luz é sofisma
para aumento de tarifa
Se não vier racionamento,
ficará a suspeita de que se armou para cima do consumidor
Sexta-Feira, 18 de maio de 2001,
02h01
Por : Antonio Machado
Fonte : Da redação
A promessa do presidente Fernando
Henrique Cardoso de evitar a imposição de multa sobre as
contas de energia elétrica não durou nem uma semana. Nesta
véspera de anúncio do plano de racionalização
do consumo de energia, vazou do governo a tabela de sobretaxas para contas
residenciais, que podem chegar a 200%. Chame do que quiserem, mas se trata,
mesmo, de aumento de tarifa. Vai tirar renda do consumidor, mas não
impactará os índices de inflação. Graças
ao sofisma da terminologia, é uma "sobretaxa", não um reajuste
de preço.
A idéia é dividir o
consumo em três faixas. E oferecer o incentivo de um bônus,
que premiará quem reduzir mais de 20% seu consumo comparado com
a média de maio a julho do ano passado. O bônus será
deduzido do valor das contas dos meses seguintes. Para a primeira faixa
de consumo, que vai até 200 Kw/hora por mês, não haverá
sobretaxa. Na segunda, no intervalo de 201 Kw/h a 500Kw/h, a sobretaxa
será de 50% sobre o que exceder 200 Kw/h. Na terceira, para níveis
de consumo acima de 501 Kw/h, a sobretaxa será de 200% sobre a parcela
excedente.
Para os economistas do governo, o
consumidor que conseguir economizar de acordo com a meta a ser divulgada
não sofrerá acréscimo de custo. A redução
terá de substantiva, a se crer nesta estimativa. Façam as
contas, com base num consumo de, por exemplo, 600 Kw/h:
Tarifa R$ 0,18035/Kw
Consumo 600 Kw
Custo R$ 108,21
Sobretaxa 200% Acréscimo
R$ 54,10
Conta
R$ 162,31
A conta, acrescida da sobretaxa sobre
os 100 Kw/h adicionais, cresce para R$ 162,31, um aumento de 50% redondos
em relação à cobrança normal. Mas sobre todo
o valor acrescente ainda 25% de ICMS, se você morar no Estado de
São Paulo.
Em termos de caixa, ganham o governo
federal, o governador do Estado e as concessionárias. Perdem apenas
os consumidores. Se não vier o racionamento e persistir a cobrança
de sobretaxa, será difícil não suspeitar de que, mesmo
involuntariamente, usou-se mais uma vez a história do bode fedido.
Nesta história destes tempos de tucanato, o bode atenderia pelo
nome de apagão, que sairia de cena em troca do aumento de tarifa
disfarçado de sobretaxa. E o brasileiro ainda aplaudiria a providência,
além do orgulho de haver conseguido economizar o seu consumo em
nome do bem geral. Pois algum corte voluntário de fato haverá.
É esperar para conferir.
Também
procedente da lista Widebiz, a quarta mensagem reproduz notícia
divulgada pela página brasileira da rede estadunidense Cable News
Network (CNN):
Guerra na Justiça contra
medidas de racionamento de energia no Brasil já começou
22 de maio, 2001
Às 1:22 PM hora de Brasília
(16:22 GMT)
RIO DE JANEIRO (CNN) -- A concessão
de uma liminar pela Justiça do Rio de Janeiro, nesta terça-feira,
suspendendo a cobrança de sobretaxa nas contas de luz, foi visto
como um indício de que o governo brasileiro deverá enfrentar
uma guerra para manter o plano de racionamento de energia elétrica.
A ação foi protocolada
na última sexta-feira, dia em que o governo anunciou as regras,
estabelecendo multa de 50 por cento sobre o valor excedente para quem consumir
de 201 a 500 KWh e 200 por cento acima de 501 KWh.
O juiz Alexander Macedo, da Oitava
Vara de Falências e Concordadas, também determinou multa de
um salário mínimo por dia às distribuidoras de energia
cariocas, caso insistam na sobretaxa, que classificou como uma "cobrança
indevida", já que a energia elétrica é considerada
de vital importância para a população.
A liminar beneficia todos os moradores
do estado do Rio de Janeiro, uma vez que a ação, impetrada
por uma organização não-governamental, é popular.
Em Belo Horizonte, o Movimento das
Donas de Casa e o Procon da Assembléia Legislativa de Minas Gerais
também entraram com uma ação civil pública,
nesta terça-feira, contra as medidas de racionamento de energia.
A ação contesta igualmente as sobretaxas.
Constituição
- O presidente da Associação dos Juízes Federais do
Brasil (Ajufe), Flávio Dino, divulgou nota oficial afirmando que
os magistrados cumprirão a Constituição, rebatendo
críticas feitas por autoridades do governo de que a Justiça
não deve acatar liminares contra o plano, as quais prejudicariam
o país.
"No jogo democrático, o Poder
Judiciário não está imune a pressões. Contudo,
existem as legítimas e as ilegítimas. Ironizar e tentar chantagear
os juizes são métodos ilegítimos e, portanto, antidemocráticos.
Os juizes têm, acima de tudo, a missão de assegurar o cumprimento
da Constituição e das leis e não com a administração
de crises momentâneas criadas pela má gestão da política
energética", diz a nota na íntegra.
O presidente da Câmara de Gestão
da Crise de Energia Elétrica, ministro Pedro Parente, disse, em
entrevista ao programa "Bom Dia Brasil", da Rede Globo de Televisão,
que não há possibilidade de as ações impetradas
na Justiça inviabilizarem o plano de racionamento de energia.
"Não cremos que o plano de
racionamento corra riscos com as ações na Justiça,
porque existem fundamentos que nos autorizam a enfrentar com segurança
essas medidas", afirmou.
Segundo Parente, a tarifa adicional
para quem gastar acima da meta é provisória e só valerá
durante o período de racionamento.
Este alerta mostra como as pessoas
já estão atentas às manobras palacianas e conseguem
relacionar os fatos, mesmo esparsos na imprensa:
Assunto: UOL - Notícias por
e-mail
Data: Wed, 23
May 2001 13:01:51 -0300
De: silvia@****.com.br
Veja esta notícia no Universo
Online:
Veja o pedido de impeachment contra
Fernando Henrique Cardoso
Consultor Jurídico - 22/05/2001
http://cf6.uol.com.br/consultor/view.cfm?numero=5333&ad=b
É isto que está sendo
"apagado" pelos jornais por conta do tarifaço,
do apagão e do painel e do...............
Denúncia
contra FHC
Juristas
pedem a deposição de Fernando Henrique Cardoso
Cinco
dos mais notáveis advogados brasileiros protocolaram na Câmara
dos Deputados uma denúncia por crime de responsabilidade contra
o presidente Fernando Henrique Cardoso. Eles argumentam que FHC cometeu
crime ao conseguir a retirada da assinatura de 20 deputados do requerimento
da CPI da Corrupção oferecendo "vantagens patrimoniais" aos
congressistas.
Os
advogados querem que a denúncia seja lida no plenário e despachada
à Comissão de Constituição e Justiça,
que deverá decidir sobre o encaminhamento da ação
ao Supremo Tribunal Federal e ao Senado. O processo, se acatado, poder
levar ao impeachment de Fernando Henrique.
Fazem
parte do grupo os juristas Celso Antônio Bandeira de Mello, Dalmo
de Abreu Dallari, Fabio Konder Comparato, Goffredo da Silva Telles Junior
e Paulo Bonavides.
E o governo
passa a legislar em causa própria, através de mais uma medida
provisória que já está sendo criticada via correio
eletrônico pelos internautas. Esta mensagem foi recebida em 23/5/2001:
Assunto: Vem ai,a época
de repressão........
Data: Wed,
23 May 2001 13:29:04 -0300
De: "J.Carlos Santana C." <santana@*****.com.br>
GOVERNO ACABA COM DIREITOS DO CONSUMIDOR
Os consumidores não poderão
recorrer ao Código de Defesa do Consumidor
para reclamar de problemas causados
pelas medidas de racionamento impostas
pelo governo Fernando Henrique Cardoso,
como o corte de energia e suas
consequências, de acordo com
a reedição da medida provisória que criou o
"ministério do apagão".
Na prática o governo revoga a lei de defesa do
consumidor nas questões que
dizem respeito à crise de energia e às
decisões do "ministério
do apagão".(HUMBERTO MEDINA E JULIANNA SOFIA/FOLHA
DE SÃO PAULO)
Novo
Milênio oferece em arquivo formato texto enriquecido (RTF) o
inteiro teor da Medida Provisória Nº 2.148-1, de 22 de maio
de 2001. Clique para copiar/abrir este arquivo
(pode ser visto nos principais processadores de textos, como o Wordpad
que acompanha o sistema operacional Windows, e o MS Word).
Notícia
da Agência Folha/Folha On Line de 24/5/2001, repassada no dia seguinte
pelo internauta Sérgio A. Muniz nas listas de debates A Maresia
e Novo Milênio:
Liminar
suspende corte no fornecimento de energia em todo o país
ADRIANA CHAVES
da Agência
Folha
A Justiça
Federal de Marília concedeu uma liminar (decisão provisória)
suspendendo o corte no fornecimento de energia e a cobrança da sobretaxa
em todo o país. A decisão foi divulgada no final da tarde
de hoje pelo juiz da 2ª Vara Salem Jorge Cury e impõe multa
de R$ 10 mil diários por cada corte ou cobrança indevidos.
A ação
civil pública foi impetrada pelo procurador Jefferson Aparecido
Dias contra o governo federal e a Aneel (Agência Nacional de Energia
Elétrica). Dias contesta a inconstitucionalidade da medida provisória
que impõe multa de sobre o que exceder os 200 quilowatts de consumo
mensais.
"Não
sou contra economizar energia, ao contrário, em casa já desligamos
o freezer e o microondas. Há muito tempo somente utilizamos lâmpadas
econômicas. O que me parece inconcebível e me levou a entrar
com a ação foi o fato de não concordar que a crise
energética justifique medidas totalmente inconstitucionais", disse
o procurador.
De acordo com
ele, "a Constituição Federal existe e deve ser cumprida por
todos, inclusive pelo governo federal, que deveria ter adotado medidas
constitucionais e legais para evitar o "apagão" e não medidas
que afrontam a Constituição".
A liminar confere
legitimidade ao Ministério Público Federal para promover
a ação civil pública para proteção dos
direitos coletivos e individuais previstos em lei.
Segundo a decisão,
a medida provisória tem natureza "confiscatória", uma vez
que é imposta, sem base jurídica, e configura dupla punição
- a cobrança excessiva e o corte.
"O administrador
público faz eclodir no mundo jurídico medidas de efeitos
concretos, tanto que a população, antecipando aos seus efeitos
e prevendo agressão aos seus direitos individuais, já começou
a economia do consumo de energia, temendo a ação concreta
do Estado", afirmou o juiz, em um trecho da sentença.
De acordo com
a liminar, "não se concebe que a administração pública
venha suprimir direitos, obrigando o indivíduo a fazer ou deixar
de fazer alguma coisa".
"A administração
pública só pode agir quando estiver previamente autorizada
por lei (...) não pode inovar no mundo jurídico, do contrário
estará exorbitando do poder."
A sentença
ainda faz referência à falta de providências do governo
para evitar o colapso no setor. "A sociedade não pode arcar com
o ônus [da crise], e o Judiciário estará pronto para,
com a imparcialidade de sempre, recompor o patrimônio jurídico
violado da sociedade."
Folha on-line.
24/05/2001
http://www.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u29734.shl |