"APAGÃO"
Vazão fluvial: potencial
elétrico inaproveitado
Apesar
da falta de água nas represas, existe um potencial de geração
elétrica que está sendo desperdiçado. Medidas de incentivo
ao consumo noturno de energia permitiriam aproveitá-lo, como também
a implantação de usinas com sistemas de rebombeamento de
água, conhecidos como pump storage
plants (como a da cidade canadense de Cornwall),
conforme esta mensagem, enviada a Novo Milênio em 23/5/2001
pelo engenheiro Luís Antônio Waack Bambace, a partir de contato
com o tecnologista César Boschetti, do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), de São José dos Campos/SP:
Prezado Pimentel
Quem me falou de você foi o
Boschetti que escreve no Vale Paraibano. Gostaria de trazer à
discussão um problema crucial para a questão do apagão.
Como não se pode baixar as
vazões dos rios a valores muito inferiores a 12% da vazão
antes das represas, quando se baixa a vazão e a cota de um rio,
aumenta-se a vazão dos seus afluentes sem cachoeira próxima,
e este aumento de vazão se excessivo,
pode gerar erosão nas margens e queda de pontes e assim por diante.
Por isto, na malha integrada onde
se dá o racionamento, e onde se gera 61.000 MW de origem hidraulica
e 6.000 de origem térmica e nuclear, tem-se de descartar água
sem gerar energia das 10 da noite às 7 da manhã. Supondo
os sistemas não hidráulicos desligados, este descarte ocorreria
em torno de 48.800 MW para baixo.
Se triarmos 20%, que é o objetivo
de economia do governo, deste número, teríamos um número
em torno de 38.400 MW. Assim, é razoável supor que abaixo
de 35.000 MW na pior das hipóteses, e se o governo quer economizar
água deveria usar as termelétricas ao máximo, já
se tem descarte de água. Logo, não tem sentido as poucas
empresas que produzem à noite reduzirem o seu consumo.
Deveria-se reduzir ao máximo
a tarifa noturna para as empresas, por exemplo
para 20 a 25% da diurna, de modo
a compensar o pagamento de adicional noturno e com isto deslocar-se a produção
e o consumo para a noite, dentro de um planejamento.
Também deve-se reduzir a tarifa
para as residências nos horários de baixo consumo, e fazer
uma escala de horário, para evitar novos picos, de modo a espalhar
o consumo de chuveiros, já que se tem 100 milhões de banhos
entre as 6:30 e 10 da noite, que chegam no pico a puxar só estes
banhos 20.000 MW. Na hora destes banhos ainda há comércio
aberto, algumas empresas operando, iluminação pública,
2.000 MW, e consumo de TV, microondas e iluminação doméstica.
Estranhamente, o governo ignora este
fato e exige que o consumo caia em qualquer horário, e por tabela
estrangula a produção e o crescimento econômico. Talvez
os escalões intermediários segurem a informação,
ou os técnicos das empresas contempladas com o aumento escandaloso
de tarifas do apagão não queiram que o faturamento caia,
com a transferência de consumo para outros horários, não
só na crise, mas depois.
Talvez as pessoas que tomam as decisões,
sendo políticas e por isto sem conhecimento técnico específico,
estejam sendo mal informadas por técnicos gabaritados, mas mal intencionados,
e badalados justamente porque atendem o interesse dos lobistas em
vez de fazer o que é certo.
Também há a questão
de que, fora do Brasil, usam-se as pump storage plants, usinas que
usam a sobra das hidroelétricas para bombear água entre um
reservatório no pé da serra para outro no topo. Depois, quando
há consumo, descem a água e geram energia elétrica,
aproveitando assim 85 a 90% da energia que seria desperdiçada nos
horários de baixo consumo. Os Estados Unidos têm usinas deste
tipo de até 8.500 MW de potência.
Cornwall é uma usina importante
deste tipo. A Noruega dobra a oferta no pico com este tipo de usina. Estas
usinas, já que operam com reserva de água para horas, são
muito mais baratas que uma termelétrica a gás, não
poluem, não onerariam a balança comercial do país
com importação não só do gás, mas principalmente
das caríssimas e sofisticadas turbinas a gás.
Infelizmente nada disto chegou na
mídia.
Conto com o seu bom senso para divulgar
este fato.
Luís Antônio
Bambace
(Engenheiro com pós graduação)
Em mensagem
posterior (no dia 25/5/2001), o engenheiro acrescentou, referindo-se ao
uso do gás natural e ao uso do bagaço de cana como fonte
de energia:
O acordo anunciado pela Folha
quanto ao gás não é imoral, já que o risco
deveria caber ao empresário, e sendo as usinas a gás não
imprecindíveis e estes favores todos não previstos nos editais
de privatização do setor elétrico, porque dar tanto
subsídio a um grupo? Outros grupos poderiam ter dado lances maiores,
se soubessem que a regra do jogo não seria mantida.
A cana, não só com
o bagaço, mas com vinhoto concentrado por luz solar e enriquecido
com aguapé, aproveitamento da mistura com bio-digestores e uso do
metano, é melhor e mais barata como alternativa que as usinas a
gás.
E depois, por quê queimar gás
na usina, para gerar energia para um forno, que só receberá
metade desta energia, se o cara do forno poderia queimar diretamente? O
ideal seriam sistemas de duplo aquecimento, elétrico quando sobra
energia e a gás direto quando não.
Dados da
Fapesp
sobre o bagaço de cana:
Propriedades do bagaço
da cana-de-açúcar
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O bagaço da cana-de-açúcar
é o maior resíduo da agroindústria brasileira. Estima-se
que, a cada ano, sobrem de 5 a 12 milhões de toneladas deste material,
que corresponde a aproximadamente 30% da cana moída.
As próprias usinas utilizam
de 60% a 90% deste bagaço como fonte energética (substitui
o óleo combustível no processo de aquecimento das caldeiras)
e para a geração de energia elétrica. O bagaço
como combustível veio substituir a lenha, que era a fonte energética
usada há alguns anos na evaporação do caldo.
Existem potencialmente usos não
energéticos para o bagaço da cana, alguns deles já
viabilizados comercialmente. Merecem destaque seu emprego como matéria-prima
na indústria de papel e papelão, na fabricação
de aglomerados, na indústria química, como material alternativo
na construção civil, como ração animal e na
produção de biomassa microbiana. |
Mesmo assim há ainda um excedente
deste resíduo que não é utilizado, causando sérios
problemas de estocagem e poluição ambiental. Alguns autores
afirmam que esse excedente de bagaço pode chegar a 10% em usinas
com destilaria anexa ou a 30% em destilarias autônomas.
As fibras do bagaço da cana
contêm, como principais componentes, cerca de 40% de celulose, 35%
de hemicelulose e 15% de lignina, sendo este último responsável
pelo seu poder calórico. A celulose e a hemicelulose são
as duas formas de carboidratos mais abundantes da natureza e representam
um potencial de reserva para a obtenção de produtos de interessse
comercial. Ambas representam cerca de 70% do peso seco de todos os resíduos
agrícolas, como aqueles provenientes da industrialização
do milho, arroz, soja, trigo, cana-de-açúcar, entre outros,
e do processamento de frutas como laranja, maçã e abacaxi.
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Dados da
TBG sobre o gasoduto Bolívia-Brasil:
TBG opera
maior gasoduto da América Latina |
A Transportadora
Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S.A. - TBG é a empresa
responsável pela operação, em solo brasileiro, do
maior gasoduto da América Latina.
São
mais de três mil quilômetros de dutos que se estendem de Santa
Cruz de La Sierra, na Bolívia, até a localidade de Canoas,
na Grande Porto Alegre, cruzando, em seu traçado, os estados de
Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul.
Com capacidade
de transporte para até 30 milhões de m³/dia, a TBG atua
disponibilizando o combustível às companhias distribuidoras
de cada estado, de forma que estas possam atender ao mercado consumidor.
A operação
do gasoduto é comandada remotamente a partir do Centro de Supervisão
e Controle (CSC), localizado no Rio de Janeiro, através de sistema
de comunicação via satélite.
Divisões
regionais com sedes em Campo Grande (MS), Campinas (SP) e Florianópolis
(SC) coordenam a atuação de equipes de apoio às operações,
distribuídas ao longo do gasoduto, garantindo o bom desempenho do
sistema. |
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