Chega de festa
Confrarias de Internet mudam
o tom: querem menos papo e mais negócios
Mariane Corazza (*)
Colaboradora
A informalidade
está em baixa. Pelo menos entre as confrarias que reúnem
executivos da Internet para promoção de novos negócios,
tradicionalmente às terças-feiras. Iniciados no País
na metade do ano passado, estes eventos faziam questão de frisar
o ar de descontração e viraram sinônimo de badalação
entre os profissionais da Web.
Depois da crise do final do ano,
o oba-oba das confrarias foi trocado por um tom mais sério e preocupado
mais com a quantidade de negócios fechados do que de cartões
trocados. Assim como as ponto-com em geral, as terças da Internet
também passaram por reestruturações à procura
de foco.
A First
Tuesday, representante de evento internacional que acontece em 80 cidades
no mundo, passou a realizar confrarias esporádicas (a próxima
deve ser em junho). "Foi melhor parar e reestruturar nosso plano em busca
da captação de investidores com um novo perfil", diz Índio
Brasileiro Guerra Neto, coordenador do evento. Segundo ele, a crise também
foi sentida com a queda do número de patrocinadores dispostos a
patrocinar o evento. A confraria, que tinha participação
livre e chegou a reunir 2 500 pessoas no Rio de Janeiro e em São
Paulo, passou agora a fazer uma pré-qualificação dos
participantes e uma aliança estratégica com a Endeavor, que
apóia negócios em países em desenvolvimento.
Outra confraria, a Terça
de Resultados, que acontece em São Paulo, também foi
reformulada no mês passado. Segundo Marcelo Xavier, diretor comercial
da aceleradora de projetos de Internet Nexxy Capital, organizadora do evento,
as mudanças partiram das sugestões dos próprios participantes,
que cobraram mais conteúdo e menos papo. As reuniões passaram
a contar com palestras e a exigir pré-inscrição dos
participantes. "As pessoas não procuram só se conhecer, mas
querem sair de lá com negócios fechados", diz Xavier. O evento
conta com a participação média de 400 pessoas.
Segundo Xavier, a confraria tem mantido
seus patrocinadores, que compram cotas longas para bancar várias
reuniões. "Vários eventos do gênero ficaram identificados
com aquela euforia inicial das ponto-com e, fatalmente, com a onda negativa
do mercado atual, o que espantou os patrocinadores", diz Xavier.
Pioneira entre as confrarias nacionais,
a Pontoconfraria, que também ocorre na capital paulista, preferiu
realizar o evento apenas com convidados escolhidos e, a partir deste mês,
passa a cobrar a entrada. A reunião, que não aceita patrocínio
de ponto-com, começou como um happy hour bastante informal,
mas passou a fazer debates e a selecionar, no máximo, 200 participantes,
todos profissionais do nível gerencial para cima.
Uma outra iniciativa, a Tuesday
Network, que nasceu fora do pólo tradicional de negócios
do país, em Curitiba, já se estendeu para diversas capitais
- Rio de Janeiro, Florianópolis, Recife e Salvador. Ao contrário
do ar sério que as demais confrarias buscam atingir, o fundador
da Tuesday Network e presidente do site VendaMais, Raúl Candeloro,
acredita que cada cidade dá o tom para o evento. "No Rio de Janeiro
o público tem se mostrado mais formal, enquanto em Curitiba já
tivemos show de mágica, presença de comediantes e, até
mesmo, curso de sushi nas reuniões", diz Candeloro, que espera fechar
o
ano com a realização do evento em 10 capitais do país.
(*)
Mariane Corazza é articulista de Exame
Negócios. Artigo divulgado via boletim eletrônico
Varejo
Século 21. Esse fórum conta com mais de 1.100 participantes
e o objetivo dos trabalhos é apresentar idéias, tendências,
experiências e opiniões que contribuam para a melhoria do
comércio varejista brasileiro. |