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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 05/11/01 21:23:22
Chega de festa 

Confrarias de Internet mudam o tom: querem menos papo e mais negócios

Mariane Corazza (*)
Colaboradora

A informalidade está em baixa. Pelo menos entre as confrarias que reúnem executivos da Internet para promoção de novos negócios, tradicionalmente às terças-feiras. Iniciados no País na metade do ano passado, estes eventos faziam questão de frisar o ar de descontração e viraram sinônimo de badalação entre os profissionais da Web. 

Depois da crise do final do ano, o oba-oba das confrarias foi trocado por um tom mais sério e preocupado mais com a quantidade de negócios fechados do que de cartões trocados. Assim como as ponto-com em geral, as terças da Internet também passaram por reestruturações à procura de foco. 

A First Tuesday, representante de evento internacional que acontece em 80 cidades no mundo, passou a realizar confrarias esporádicas (a próxima deve ser em junho). "Foi melhor parar e reestruturar nosso plano em busca da captação de investidores com um novo perfil", diz Índio Brasileiro Guerra Neto, coordenador do evento. Segundo ele, a crise também foi sentida com a queda do número de patrocinadores dispostos a patrocinar o evento. A confraria, que tinha participação livre e chegou a reunir 2 500 pessoas no Rio de Janeiro e em São Paulo, passou agora a fazer uma pré-qualificação dos participantes e uma aliança estratégica com a Endeavor, que apóia negócios em países em desenvolvimento. 

Outra confraria, a Terça de Resultados, que acontece em São Paulo, também foi reformulada no mês passado. Segundo Marcelo Xavier, diretor comercial da aceleradora de projetos de Internet Nexxy Capital, organizadora do evento, as mudanças partiram das sugestões dos próprios participantes, que cobraram mais conteúdo e menos papo. As reuniões passaram a contar com palestras e a exigir pré-inscrição dos participantes. "As pessoas não procuram só se conhecer, mas querem sair de lá com negócios fechados", diz Xavier. O evento conta com a participação média de 400 pessoas. 

Segundo Xavier, a confraria tem mantido seus patrocinadores, que compram cotas longas para bancar várias reuniões. "Vários eventos do gênero ficaram identificados com aquela euforia inicial das ponto-com e, fatalmente, com a onda negativa do mercado atual, o que espantou os patrocinadores", diz Xavier. 

Pioneira entre as confrarias nacionais, a Pontoconfraria, que também ocorre na capital paulista, preferiu realizar o evento apenas com convidados escolhidos e, a partir deste mês, passa a cobrar a entrada. A reunião, que não aceita patrocínio de ponto-com, começou como um happy hour bastante informal, mas passou a fazer debates e a selecionar, no máximo, 200 participantes, todos profissionais do nível gerencial para cima. 

Uma outra iniciativa, a Tuesday Network, que nasceu fora do pólo tradicional de negócios do país, em Curitiba, já se estendeu para diversas capitais - Rio de Janeiro, Florianópolis, Recife e Salvador. Ao contrário do ar sério que as demais confrarias buscam atingir, o fundador da Tuesday Network e presidente do site VendaMais, Raúl Candeloro, acredita que cada cidade dá o tom para o evento. "No Rio de Janeiro o público tem se mostrado mais formal, enquanto em Curitiba já tivemos show de mágica, presença de comediantes e, até mesmo, curso de sushi nas reuniões", diz Candeloro, que espera fechar o ano com a realização do evento em 10 capitais do país.

(*) Mariane Corazza é articulista de Exame Negócios. Artigo divulgado via boletim eletrônico Varejo Século 21. Esse fórum conta com mais de 1.100 participantes e o objetivo dos trabalhos é apresentar idéias, tendências, experiências e opiniões que contribuam para a melhoria do comércio varejista brasileiro.