O esgotamento da euforia
Aluizio Falcão Filho (*)
Colaborador
Tomei um
susto com a última edição da pesquisa Internet POP,
que é realizada pelo Ibope há três anos. Essa pesquisa
mostra o índice de utilização da Internet entre a
populaçào com idade superior a 10 anos nos nove principais
mercados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo
Horizonte, Porto Alegre Brasília, Fortaleza, Salvador e Recife).
O universo da pesquisa, pouco mais de 15.000 pessoas, é bastante
representativo. Vamos aos números. Em março de 1998, cerca
de 5% da população dizia acessar a Internet. De lá
para cá, houve uma escalada: em dezembro de 1998, o índice
era de 7%; em dezembro de 1999, chegava a 9%; em agosto de 2000, 19%.
O índice de disseminação
mais recente, de dezembro de 2000, mostrou uma queda de 2 pontos percentuais,
fechando em 17%. Foi a primeira vez que a pesquisa mostrou um retrocesso,
sugerindo, no mínimo, uma desaceleração na expansão
da Internet em terras brasileiras. Em primeiro lugar, é bom lembrar
que o Ibope prevê, nessa pesquisa, uma margem de erro de 2%.
Para discutir esses números
com profundidade precisaríamos de muito mais espaço. mas
vamos cortar o blablablá e ir direto ao ponto: a explosão
do mercado da Internet passou. Isso não quer dizer que ele entrará
em dacadência. As provedoras de acesso tiveram resultados interessantes
em março. Nas palavras de um executivo de uma dessas empresas, "o
mercado está ótimo; se você não anuncia, vende
- e, se você anuncia, vende muito, muito mesmo".
O que pode estar acontecendo é
o esgotamento do fenômeno Internet. A Web deixou de ser novidade.
O uso da rede incorporou-se ao dia-a-dia das pessoas e tornou-se utilitário:
compras, serviços bancários, notícias, Wap, hands
- tudo isso contribui para que a vida moderna seja mais dinâmica
e prática. Agora, convenhamos, há um grupo considerável
de pessoas que não tem o menor interesse em Internet. Essas pessoas
preferem tirar seus extratos bancários pelo fax ou nos caixas eletrônicos,
pagar as contas com cheques, comprar CDs e DVDs nas lojas etc.
O grande desafio é criar conteúdos,
ferramentas e serviços tão importantes e interessantes que
tornem a vida impossível sem elas. Outro movimento inevitável
é trazer a classe C para Web, ampliando a base. Ok, há um
empecilho: o custo do computador. mas com o preço caindo e crédito
em alta, o mercado pode se popularizar mais.
(*)
Aluizio
Falcão Filho é o publicador da revista Forbes
Brasil. Artigo divulgado via boletim eletrônico Varejo
Século 21. Esse fórum conta com mais de 1.100 participantes
e o objetivo dos trabalhos é apresentar idéias, tendências,
experiências e opiniões que contribuam para a melhoria do
comércio varejista brasileiro. |