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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 03/29/01 16:18:36
A web-nudez e os 15 pageviews de fama 

Sergio Buaiz (*)
Colaborador

Ser uma pessoa pública, sempre foi complicado. A imagem construída na mídia, através das artes, do esporte ou de qualquer atuação destacada, é capaz de trazer orgulho e reconhecimento, mas o preço dos holofotes é alto e proporcional aos resultados.

Primeiro a escrita, depois o rádio e a TV. Mitos foram criados e uma indústria nasceu da curiosidade de milhões de pessoas, sobre os detalhes, sobretudo da vida íntima, de uma minoria eleita como assunto. 

Os paparazzi e fofoqueiros se multiplicam para fotografar, incomodar e invadir, na tentativa de extrair desses "produtos" de massa, subprodutos vendáveis (e a privacidade, palavra da moda, há muito tempo não existe para essa minoria). 

Pessoas públicas, principalmente artistas que aparecem todos os dias na TV, são personagens e não têm direito à tristeza, ao silêncio... em suma: apareceu, dançou!

E agora, o que muda com a Internet???

Ainda é cedo para responder com objetividade, mas já temos elementos suficientes para uma nova reflexão. Estamos vivendo o auge dessa indústria fofoqueira, com a mistura de dois tempos, onde a minoria famosa e fabricada pela mídia tradicional é super-exposta em sites que proliferam pela Internet.

Estamos saindo de um tempo onde os emissores de idéias e imagens eram poucos, escolhidos a dedo. E os receptores eram milhões, calados e passivos. Era um problema de escassez, pois a emissão era muito cara, restrita e limitada por condições físicas de reprodução.

Novo tempo - Agora, com os recursos disponíveis na Internet, acabaram as diferenças entre emissores e receptores. Qualquer anônimo pode fazer e se tornar assunto a qualquer tempo!

Por enquanto, a penetração da TV aberta, esta super-exposição das revistas de fofoca e o costume da passividade ainda restringem o grupo de emissores a uma minoria, mas a tendência natural é que novos costumes sejam desenvolvidos.

As crianças de hoje já estão se preparando para emitir suas idéias pela Internet, sem restrições de custo e propagação. Com a proliferação de emissores, os assuntos serão mais diversos. Haverá mais trocas. E o poder hipnótico dos grandes grupos de comunicação tende a se diluir.

Com a TV por assinatura, as revistas segmentadas, as rádios comunitárias, zines etc., já podemos notar uma pulverização desse "fenômeno mídia". A quantidade de novos meios, programas e assuntos têm crescido muito, desviando o foco dos grandes emissores.

Diferenças - Na Internet, os portais tentam pegar carona no modelo antigo, canalizando uma enorme quantidade de usuários para a sua porta de entrada. Mas o portal já é muito diferente da TV, por vários motivos.

O primeiro grande diferencial é definido pela condição de interatividade. A emissão contínua de informações, comuns à TV e ao rádio, é destinada a um público receptor passivo, enquanto o portal assume a condição de índice, oferecendo mil opções. 

A quantidade de assuntos tratados é outro diferencial evidente. Para organizar um conteúdo que sempre cresce de maneira exponencial, é necessário que este índice seja o mais simples possível. Por isso, enquanto as TVs disputam a audiência pelo programa que está no ar agora (e aí vale toda a sorte de recursos audiovisuais para chamar a atenção), os portais disputam a audiência pela facilidade de navegação, pela facilidade de encontrar aquilo que se procura.

É como se cada portal tivesse infinitos canais segmentados, tratando cada assunto específico para um público direcionado. E o "assunto" não é exposto na porta de entrada. É diluído!

Ou seja, por mais que se queira, nenhum assunto ou personalidade recebe esse tratamento totalitário na Internet, por muito tempo. No máximo, uma chamada de capa que irá permanecer algumas horas e pronto. Já tem outra notícia para pôr no lugar.

Comum - Em um futuro próximo, ter um website pessoal será como ter um e-mail, e ter um e-mail será como ter telefone. Ter computador será como ter geladeira, e programar seu website será como ter cartão de visita. 

Emitir idéias será tão simples, que os atuais emissores serão menos importantes. Não haverá mais a diferença dual entre ser uma pessoa pública ou não ser. As pessoas serão mais ou menos públicas, mas todos terão direito à sua dose mínima de exposição.

Acostumados com a nova forma de buscar conhecimentos e informações, não seremos tão dependentes dos grandes portais como eles pensam. Escolheremos portais menores e mais aconchegantes, que têm a nossa cara e falam sobre o que desejamos ouvir.

Iremos diretamente para aquela subseção que nos interessa, e não precisaremos mais aturar o Tiririca do momento, fazendo gracinhas na TV. Teremos opções, muitas opções!

Mais que isso, seremos opções de conteúdo. Todos seremos um pouco mais vulneráveis nessa web-nudez, pois nossos pensamentos serão divulgados por e-mail, sempre que tocarem alguém.

Todos teremos nossos 15 pageviews de fama ou muito mais. E não precisaremos mais engolir qualquer coisa que nos queiram vender. O próprio conceito de "fama" será atualizado.

O que mais vai acontecer?

Liguem os holofotes: o palco é seu!

(*) Sergio Buaiz é publicitário e escritor, atuando nos sites Widebiz, Wwwork, Vendamais, Economiabr, Vencer, Surftrade, Nettudo, Nova-e, Paranashop, Clickcerto, Fenead, Tradefairs, Estudando, Esaber e Multivirtual.