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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 03/05/01 13:31:22
Muita discussão e pouca ação nas empresas 

Cynthia Rosenberg (*)
Colaboradora

"A ação, e não apenas o conhecimento, é a vantagem competitiva da Era da informação", diz o professor de comportamento organizacional da Universidade de Stanford (EUA), o americano Jeffrey Pfeffer, que estudou nos últimos quatro anos as dificuldades das empresas em colocar em prática o conhecimento disponível no mundo corporativo.

P. A distância entre o conhecimento e ação está se tornando maior no mundo corporativo?

R. Não sei se maior, mas certamente mais crítica. Até poucos anos atrás, a capacidade de agir, de colocar informações em prática, não era tão determinante como é hoje. Pense na Xerox. Em 1959 ela lançou a tecnologia básica para máquina copiadora. treze anos depois, tinha 95% do mercado, usando basicamente os mesmos processos e a mesma informação. No mundo de hoje é dificílimo imaginar uma empresa dominando o mercado por tanto tempo. As várias mudanças no ambiente competitivo - mais concorrentes, mais ênfase na velocidade, produtos com ciclo de vida menores - fazem com que seja cada vez mais importante resolver a distância entre conhecimento e ação.

P. Como a Internet influencia esse cenário?

R. Entre outras formas, fazendo com que o mercado de ações emita a mensagem errada para as empresas. De 1999 para cá, surgiu um sem-número de companhias de tecnologia com novas idéias, planos de negócios, promessas de fazer e acontecer. Os investidores apostaram nelas de uma forma jamais vista. Deu certo? nem sempre. Ao agir dessa forma, o mercado deu o recado de que ter o conhecimento era muito mais importante do que colocá-lo em prática.

P. O Sr. defende, em plena Era da Informação, que o conhecimento não é uma vantagem competitiva. Não se trata de um paradoxo?

R. Não quero dizer, com isso, que o conhecimento não seja importante ou necessário. Ele é, mas não o suficiente para determinar o sucesso ou a liderança de uma empresa. Hoje, profissionais e companhias em qualquer parte do mundo têm acesso à mesma informação. Empresas de biotecnologia e informática, entre outras, contratam gente vinda das mesmas universidades? Sim. Esse pessoal tem acesso às mesmas ferramentas profissionais, como relatórios científicos, análises de negócios, livros, publicações especializadas? Sim. As tecnologias utilizadas são semelhantes? Sim. Dá para dizer, portanto, qual a vantagem competitiva dessas companhias estão na informação ou no capital intelectual que possuem? Não, não dá.

P. Onde ela está, então?

R. Em agir. Em saber usar a informação e o capital intelectual. Na indústria farmacêutica, o lançamento de uma nova droga dependerá muito mais dos processos e sistemas que permitirão às pessoas trabalhar mais rapidamente. A gestão do conhecimento coloca a informação num pedestal, fala em adquiri-la, disseminá-la, mas raramente indica o que fazer com ela.

(*) Cynthia Rosenberg atua na redação da Revista Exame. Artigo divulgado via boletim eletrônico Varejo Século 21. Esse fórum conta com mais de 1.100 participantes e o objetivo dos trabalhos é apresentar idéias, tendências, experiências e opiniões que contribuam para a melhoria do comércio varejista brasileiro.