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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 02/04/01 17:06:22
Micros populares x mitos sobre Linux 

Equipe da Conectiva (*)
Colaboradores

O anúncio divulgado pelo governo FHC, de vender micros populares a 500 reais rodando o sistema operacional Linux, foi recebido na comunidade Linux como o sinal mais animador de que, finalmente, o governo federal aceitou a evidência de que os softwares livres, como o Linux, são a solução ideal para países como o Brasil. Cabem no bolso dos brasileiros e de suas empresas públicas e privadas, estimulam o desenvolvimento da inteligência nacional devido a seu código aberto, proporcionam a formação de mão-de-obra para treinamento e suporte, ajudam a reduzir a dependência tecnológica numa atividade vital, a do tratamento da informação, são a resposta ao anseio por legalização a que todos os usuários "piratas" certamente aspiram e possuem uma qualidade superior. 

Mas nem todos encaram a questão desse ponto de vista. E as críticas mais usuais contra o Linux apontam que ele é difícil de usar, que suas interfaces gráficas não são amigáveis e são feias, que não tem aplicativos de uso prático e, o pior dos mundos, que por ainda estar restrito a guetos acadêmicos e aos servidores corporativos, não dispõe de suporte eficiente e nem ao menos daqueles "entendidos" próximos, como o irmão, o sobrinho etc. 

Essas críticas, que até poderiam ser consideradas há um ano atrás, hoje demonstram um profundo desconhecimento do Linux. E quem usa já sabe disso e sabe também que a rapidez de desenvolvimento no mundo do software livre está anos-luz à frente do que ocorre na indústria formal de software

Assim, as interfaces gráficas, por exemplo, evoluiram espetacularmente nos últimos seis meses; já há milhares de aplicativos para os mais variados fins, inclusive os exigidos pelos usuários comuns; há um contingente razoável de conhecedores de Linux, uma estrutura de suporte já bastante capilarizada e, mais que tudo, há um espírito de solidariedade que não poderia existir na indústria tradicional de software, e que certamente vai facilitar a adesão ao Linux e a disseminação do conhecimento sobre ele. 

Tudo isso faz do Linux hoje, e não daqui há alguns anos, o sistema operacional ideal para servidores corporativos e para desktops domésticos também. 

Sem preconceitos - E mais: para a professora primária, o motorista de táxi, o filho do frentista do posto de gasolina que não pode comprar um computador e que decerto vive entre pessoas que também não podem, talvez o aprendizado de Linux seja mais fácil do que para quem já adotou um padrão e, frequentemente, o preconceito eventualmente a ele associado. 

Por vezes, quando se fala em amigabilidade de um desktop, diz-se que algo é muito mais fácil e intuitivo, quando na verdade é apenas o aprendido. As pessoas que fazem este tipo de afirmação têm dificuldade para explicar, por exemplo, o que há de intuitivo em clicar num botão escrito "Iniciar" para desligar um computador.

Clique em Iniciar para finalizar o Windows...
Outras pessoas, por sua vez, podem preferir que o menu, usualmente associado a um botão em uma barra de tarefas, seja invocado ao se clicar no pano de fundo com o botão direito do mouse. Este outro comportamento torna o desktop menos amigável? Ou será que é apenas diferente, sem representar qualquer dificuldade extra além de um adestramento, da mesma forma que o usuário foi adestrado a clicar em um botão em uma barra de tarefas? Parafraseando, querer que o motorista de táxi, a professora primária ou o estudante de primeiro grau se virem sozinhos com Windows, por exemplo, pode ser a mesma coisa - uma fantasia.

Se considerarmos que os microcomputadores populares se destinam a uma faixa da nossa sociedade que não tem qualquer adestramento prévio no uso de qualquer desktop, a facilidade ou dificuldade na interação com um desktop, qualquer que seja ele, será apenas uma questão pessoal.

Afinal, pessoas diferentes e com experiências de vida diferentes podem ter necessidades e vontades diferentes. A maior parte delas, inclusive, até deverá achar bastante intuitivo clicar em um botão escrito "Desligar" para desligar o equipamento. 

(*) A empresa nacional Conectiva distribui na América Latina as versões em português, espanhol e inglês do sistema operacional Conectiva Linux e dá suporte aos usuários dessa distribuição Linux.