Micros populares x mitos sobre Linux
Equipe da Conectiva (*)
Colaboradores
O anúncio
divulgado pelo governo FHC, de vender micros populares a 500 reais rodando
o sistema operacional Linux, foi recebido na comunidade Linux como o sinal mais
animador de que, finalmente, o governo federal aceitou a evidência
de que os softwares livres, como o Linux, são a solução
ideal para países como o Brasil. Cabem no bolso dos brasileiros
e de suas empresas públicas e privadas, estimulam o desenvolvimento
da inteligência nacional devido a seu código aberto, proporcionam
a formação de mão-de-obra para treinamento e suporte,
ajudam a reduzir a dependência tecnológica numa atividade
vital, a do tratamento da informação, são a resposta
ao anseio por legalização a que todos os usuários
"piratas" certamente aspiram e possuem uma qualidade superior.
Mas nem todos encaram a questão
desse ponto de vista. E as críticas mais usuais contra o Linux apontam
que ele é difícil de usar, que suas interfaces gráficas
não são amigáveis e são feias, que não
tem aplicativos de uso prático e, o pior dos mundos, que por ainda
estar restrito a guetos acadêmicos e aos servidores corporativos,
não dispõe de suporte eficiente e nem ao menos daqueles "entendidos"
próximos, como o irmão, o sobrinho etc.
Essas críticas, que até
poderiam ser consideradas há um ano atrás, hoje demonstram
um profundo desconhecimento do Linux. E quem usa já sabe disso e
sabe também que a rapidez de desenvolvimento no mundo do software
livre está anos-luz à frente do que ocorre na indústria
formal de software.
Assim, as interfaces gráficas,
por exemplo, evoluiram espetacularmente nos últimos seis meses;
já há milhares de aplicativos para os mais variados fins,
inclusive os exigidos pelos usuários comuns; há um contingente
razoável de conhecedores de Linux, uma estrutura de suporte já
bastante capilarizada e, mais que tudo, há um espírito de
solidariedade que não poderia existir na indústria tradicional
de software, e que certamente vai facilitar a adesão ao Linux
e a disseminação do conhecimento sobre ele.
Tudo isso faz do Linux hoje, e não
daqui há alguns anos, o sistema operacional ideal para servidores
corporativos e para desktops domésticos também.
Sem preconceitos - E mais:
para a professora primária, o motorista de táxi, o filho
do frentista do posto de gasolina que não pode comprar um computador
e que decerto vive entre pessoas que também não podem, talvez
o aprendizado de Linux seja mais fácil do que para quem já
adotou um padrão e, frequentemente, o preconceito eventualmente
a ele associado.
Por vezes, quando se fala em amigabilidade
de um desktop, diz-se que algo é muito mais fácil
e intuitivo, quando na verdade é apenas o aprendido. As pessoas
que fazem este tipo de afirmação têm dificuldade para
explicar, por exemplo, o que há de intuitivo em clicar num botão
escrito "Iniciar" para desligar um computador.
Outras pessoas, por sua vez, podem preferir
que o menu, usualmente associado a um botão em uma barra de tarefas,
seja invocado ao se clicar no pano de fundo com o botão direito
do mouse. Este outro comportamento torna o desktop menos
amigável? Ou será que é apenas diferente, sem representar
qualquer dificuldade extra além de um adestramento, da mesma forma
que o usuário foi adestrado a clicar em um botão em uma barra
de tarefas? Parafraseando, querer que o motorista de táxi, a professora
primária ou o estudante de primeiro grau se virem sozinhos com Windows,
por exemplo, pode ser a mesma coisa - uma fantasia.
Se considerarmos que os microcomputadores
populares se destinam a uma faixa da nossa sociedade que não tem
qualquer adestramento prévio no uso de qualquer desktop,
a facilidade ou dificuldade na interação com um desktop,
qualquer que seja ele, será apenas uma questão pessoal.
Afinal, pessoas diferentes e com
experiências de vida diferentes podem ter necessidades e vontades
diferentes. A maior parte delas, inclusive, até deverá achar
bastante intuitivo clicar em um botão escrito "Desligar" para desligar
o equipamento.
(*) A empresa
nacional Conectiva distribui
na América Latina as versões em português, espanhol
e inglês do sistema operacional Conectiva Linux e dá suporte
aos usuários dessa distribuição Linux. |