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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/31/01 19:07:18
Velhos sistemas permitem novos serviços Web

Haydée Guimarães (*)
Colaboradora

A maioria dos economistas, analistas de mercado e institutos de pesquisa concorda que as empresas ditas tradicionais representam o grande impulsionador da chamada Nova Economia. Já no primeiro trimestre de 2000, verificamos uma forte reversão de expectativas em relação às companhias .COM. Em contrapartida, líderes de diversas indústrias da "velha economia" reconheceram a importância estratégica de manter sua posição no novo ambiente de negócios. Algumas dessas corporações chegaram a desmembrar suas operações e fundar novas empresas .COM. 

O sucesso dessas iniciativas, todavia, está diretamente relacionado a toda uma estrutura legada, que inclui práticas consagradas, esquemas de relacionamento com fornecedores e canais, além da própria imagem institucional.

Outro consenso estabelecido é que a prestação de serviços na Internet tornou-se obrigatória para praticamente todos os setores da economia. No Brasil, o setor bancário - com sua tradição como referência mundial de pioneirismo e competência tecnológica - já tinha antecipado o modelo profissional de uso da Web. Hoje seria inaceitável para qualquer correntista não dispor de Internet Banking (e muitos já demandam acesso Wap). 

Entretanto, poucos abririam uma conta em um banco.COM. Da mesma forma, não faria sentido para a instituição financeira construir sistemas paralelos, especificamente para atender aos usuários na Web. Portanto, com a integração da Web com os sistemas legados, o usuário passa a contar com todas as funcionalidades a que estava acostumado e o banco estende ao auto-atendimento todos os recursos disponíveis em suas aplicações transacionais. A mesma lógica veio a ser aplicada a outras atividades. O site de vendas que consegue falar com o sistema corporativo de estoque certamente obtém um diferencial na qualidade da informação e na eficiência dos serviços.

CPDs abertos - Durante anos, vimos os CPDs trancados a sete chaves. Hoje, eles continuam trancados para proteção dos equipamentos, mas as informações estão abertas a um público cada vez mais amplo. É óbvio que as corporações continuam a guardar informações sigilosas. A diferença é que a Web multiplica os resultados dos investimentos em serviços de interesse externo, cujo acesso antes dependia da intermediação de um funcionário. Por exemplo, quando um corretor utiliza o software de cálculo de apólice no mainframe - através de uma conexão em tempo real pelo browser (navegador) ou celular Wap - abrem-se oportunidades efetivas para a seguradora.

A idéia de utilizar a arquitetura da Web como forma de disseminar as aplicações corporativas, inicialmente, resolveu, de forma surpreendente, dificuldades no próprio ambiente interno de informação na empresa. Anteriormente, tanto o modelo de emulação de terminal no PC quanto as aplicações cliente/servidor demandavam muitos recursos para configurar e manter centenas de estações. Com o acesso via browser, esse trabalho ficou concentrado em um único ponto.

Hoje, qualquer profissional habilitado pode liberar informações residentes em diversos sistemas, por meio de mecanismos Java ou ActiveX. O resultado é que as intranets eliminaram, sumariamente, inacabáveis discussões no setor de Tecnologia da Informação (TI), como downsizing ou interconexão de sistemas.

Inovações - A objetividade dessa abordagem se desdobrou na criação de serviços inovadores, que antes envolveriam uma complexidade que chegaria a inviabilizá-los. O Imposto de Renda pela Internet, por exemplo, não estaria implementado nos próximos dez anos, caso a Receita Federal tivesse que reconstruir todas as suas bases de dados.

Mesmo os empresários mais ousados sabem que, ao entrar na Web, jamais poderão abrir mão dos valores que caracterizaram o sucesso de seus negócios. Os profissionais de TI, por sua vez, conhecem o processo de construção da inteligência de sua companhia, baseado em sistemas exaustivamente testados em seus respectivos mercados. A informática no Brasil hoje está madura e os profissionais sabem que o valor de seus sistemas legados é tão importante quanto sua capacidade de inovação.

(*) Haydée Guimarães é diretora comercial da Attachmate Brasil.