Velhos sistemas permitem novos serviços
Web
Haydée Guimarães
(*)
Colaboradora
A maioria
dos economistas, analistas de mercado e institutos de pesquisa concorda
que as empresas ditas tradicionais representam o grande impulsionador da
chamada Nova Economia. Já no primeiro trimestre de 2000, verificamos
uma forte reversão de expectativas em relação às
companhias .COM. Em contrapartida, líderes de diversas indústrias
da "velha economia" reconheceram a importância estratégica
de manter sua posição no novo ambiente de negócios.
Algumas dessas corporações chegaram a desmembrar suas operações
e fundar novas empresas .COM.
O sucesso dessas iniciativas, todavia,
está diretamente relacionado a toda uma estrutura legada, que inclui
práticas consagradas, esquemas de relacionamento com fornecedores
e canais, além da própria imagem institucional.
Outro consenso estabelecido é
que a prestação de serviços na Internet tornou-se
obrigatória para praticamente todos os setores da economia. No Brasil,
o setor bancário - com sua tradição como referência
mundial de pioneirismo e competência tecnológica - já
tinha antecipado o modelo profissional de uso da Web. Hoje seria inaceitável
para qualquer correntista não dispor de Internet Banking (e muitos
já demandam acesso Wap).
Entretanto, poucos abririam uma conta
em um banco.COM. Da mesma forma, não faria sentido para a instituição
financeira construir sistemas paralelos, especificamente para atender aos
usuários na Web. Portanto, com a integração da Web
com os sistemas legados, o usuário passa a contar com todas as funcionalidades
a que estava acostumado e o banco estende ao auto-atendimento todos os
recursos disponíveis em suas aplicações transacionais.
A mesma lógica veio a ser aplicada a outras atividades. O site de
vendas que consegue falar com o sistema corporativo de estoque certamente
obtém um diferencial na qualidade da informação e
na eficiência dos serviços.
CPDs abertos - Durante anos,
vimos os CPDs trancados a sete chaves. Hoje, eles continuam trancados para
proteção dos equipamentos, mas as informações
estão abertas a um público cada vez mais amplo. É
óbvio que as corporações continuam a guardar informações
sigilosas. A diferença é que a Web multiplica os resultados
dos investimentos em serviços de interesse externo, cujo acesso
antes dependia da intermediação de um funcionário.
Por exemplo, quando um corretor utiliza o software de cálculo de
apólice no mainframe - através de uma conexão em tempo
real pelo browser (navegador) ou celular Wap - abrem-se oportunidades efetivas
para a seguradora.
A idéia de utilizar a arquitetura
da Web como forma de disseminar as aplicações corporativas,
inicialmente, resolveu, de forma surpreendente, dificuldades no próprio
ambiente interno de informação na empresa. Anteriormente,
tanto o modelo de emulação de terminal no PC quanto as aplicações
cliente/servidor demandavam muitos recursos para configurar e manter centenas
de estações. Com o acesso via browser, esse trabalho ficou
concentrado em um único ponto.
Hoje, qualquer profissional habilitado
pode liberar informações residentes em diversos sistemas,
por meio de mecanismos Java ou ActiveX. O resultado é que as intranets
eliminaram, sumariamente, inacabáveis discussões no setor
de Tecnologia da Informação (TI), como downsizing ou interconexão
de sistemas.
Inovações -
A objetividade dessa abordagem se desdobrou na criação de
serviços inovadores, que antes envolveriam uma complexidade que
chegaria a inviabilizá-los. O Imposto de Renda pela Internet, por
exemplo, não estaria implementado nos próximos dez anos,
caso a Receita Federal tivesse que reconstruir todas as suas bases de dados.
Mesmo os empresários mais
ousados sabem que, ao entrar na Web, jamais poderão abrir mão
dos valores que caracterizaram o sucesso de seus negócios. Os profissionais
de TI, por sua vez, conhecem o processo de construção da
inteligência de sua companhia, baseado em sistemas exaustivamente
testados em seus respectivos mercados. A informática no Brasil hoje
está madura e os profissionais sabem que o valor de seus sistemas
legados é tão importante quanto sua capacidade de inovação.
(*) Haydée
Guimarães é diretora comercial da Attachmate
Brasil. |