Fazendo de seu canal um cannelloni
Mário Persona (*)
Colaborador
Se a receita
para fidelizar canais que você usou até agora era baseada
nos "3 P's" de Produto, Preço e Prazo, é hora de reinventar
sua cozinha de distribuição. O prato principal de fidelização
dos canais - aqueles seus clientes que conquistam outros clientes - ganhou
novos ingredientes. Seu canal vai crescer e ganhar recheio. Vai virar "cannelloni"!
Para ser servido quente em um mercado nem sempre aquecido.
Se você insistir em manter a tradição
de espalhar a letra "P" em sua estratégia comercial, como quem polvilha
parmesão no prato, então capriche também em Provisão,
Prazer e Promoção. Com Persistência, Percepção
de mercado e gerando Pedidos. E invista no conceito da moda: Fidelização.
Ou Phidelização, se você ainda insiste no antiquado
"P".
"Provisão" é o ingrediente
que fará seu canal perceber que sua porção é
generosa. O que vem de você é suficiente para ele fazer massa.
Isto ajudará a mantê-lo satisfeito e fiel. Se sentir "Prazer"
ao trabalhar com sua empresa, será como se tivesse tomado um bom
e novo Lambrusco. Fresco e frisante, de estalar na língua. E se
ele perceber as possibilidades de "Promoção", não
mudará de caçarola.
Sem intermediários
- Na nova ordem de coisas, o tradicional canal vazio, da escrivaninha ensebada
e do telefone preto, vai cedendo o prato para o infomediário. Ou
para intermediário nenhum, já que o "cannelloni" recheado
dos novos relacionamentos comerciais transforma a informação
em conhecimento. Que gera ação, quando servido na bandeja
da competência. É mais do que uma simples ponte entre vendedor
e comprador.
Em uma sociedade de assédio
em rede, e livre de cercas, o canal deve ir além de apenas vestir
a camisa. Deve sentir-se parte da família. Ou da "famiglia", porque
o novo modelo é mafioso por natureza. Só que nesta família
não há um "capo di tutti i capi". É a competência
que puxa o gatilho e conquista territórios. Premia-se a fidelidade,
metralha-se a incompetência. Espere! Não mate seus parceiros
ainda. É apenas uma analogia.
É claro que o "cannelloni"
deve ser fresco. No sentido de novo. São os canais mais jovens os
mais aptos a absorver o molho de uma nova cultura e tecnologia. Os velhos
resistem. Pensam que as mudanças irão demorar mais que o
tempo que querem ganhar de bandeja, antes da tão sonhada aposentadoria.
Conquistar novos clientes é
caro. Mas tratar velhos canais pode sair mais caro do que substituir a
dentição toda. Não é de um sorriso à
la Da Vinci que sua empresa precisa. Em um mercado de competição
acirrada, Mona Lisa precisa mostrar os caninos. Ou acaba lisa.
A famiglia -
A grande família de canais em rede é, na realidade, formada
por pequenas famílias. Embora sua extensão seja global, o
regional deve ser respeitado para ser conquistado. Ainda que todos metralhem
em uníssono o mercado, a diversidade continua existindo. Do lado
da empresa, o que permanece é o sotaque para guardar a identidade.
Que, quando forte, cria o sentimento de sucesso da família. Ou de
vergonha familiar na derrota.
Mas ainda é cedo para dizer
se o "cannelloni", o seu recheado canal de distribuição,
irá permanecer incólume quando o molho espirrar para todos
os lados. O poder da rede é muito grande e sua capilaridade cria
mais pontos de venda que pontas em macarronada. E abre um mercado onde
todos acabam sendo canais de todos. Quem é seu cliente? Quem é
o cliente de seu cliente? Todos são clientes. E você é
cliente de todos. Todos vendem, todos compram. Ora de um lado do balcão,
ora do outro. Todos conectados. Todos afiliados. Todos apadrinhados. "Stranieri
e oriundi".
Uma mistura difícil de engolir
para os mais conservadores. Uma aberração para quem nunca
pensou em admitir civis em suas fileiras comerciais. Como nosso almoço
do último sábado. Liguei para o restaurante pedindo uma porção
de nhoque. Quem atendeu não tinha certeza se já havia terminado,
portanto, se tivesse nhoque enviaria nhoque. Caso contrário, enviaria
espaguete. O moto-boy entregou, nos sentamos à mesa, abrimos
a embalagem e lá estava o estranho prato. Misturados, o pouco nhoque
que ele conseguiu arrumar, com muito espaguete para completar. Que a "famiglia"
Fioretti Persona comeu assim mesmo. Porque quando as condições
de mercado exigem, o que manda não é a tradição.
É a fome.
(*) Mário
Persona é diretor de comunicação da Widesoft,
que desenvolve sistemas para facilitar a gestão da cadeia de suprimentos
via Internet, editor da Widebiz
Week e moderador da lista de debates
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