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Artigo escrito em 1/11/2000
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/15/02 11:39:06 
 
Internet para empresas de visão 

Mário Persona (*)
Colaborador

No princípio, a Internet era vista como lazer. Depois foi a vez de jornais, revistas e outdoors divulgarem uma nova face da Web, como uma ferramenta que estava revolucionando o comércio varejista. Hoje a Internet já se impõe como a melhor opção para reduzir custos e ganhar competitividade no relacionamento de negócios entre empresas.

Para muitas empresas, a Internet já é uma ferramenta indispensável, utilizada por compradores e vendedores para melhorar a qualidade de seu trabalho. Graças ao baixo custo, tempo reduzido de implementação e à dispensa de treinamentos caros e prolongados, o relacionamento via Internet, entre as áreas de suprimentos de empresas, começa a ser considerado indispensável para qualquer empresa que queira manter-se competitiva na nova economia. 

Em muitas empresas, onde as ordens de compra eram preenchidas à mão ou à máquina, e enviadas por correio ou fax, a possibilidade do fechamento de transações comerciais com um clique do mouse tornou-se uma realidade lucrativa. 

Caem as barreiras - Segundo a revista Purchasing Magazine, a grande maioria dos profissionais das áreas de compras e vendas aposta na Internet como uma ferramenta indispensável na gestão da cadeia produtiva. A possibilidade se automatizar processos, fazer cotações e troca de informações na velocidade da rede, está reduzindo o tempo gasto no ciclo de compras, com resultados expressivos no custo dos produtos. 

Enquanto muitas empresas ainda olham para o e-commerce como a novidade do momento, o impacto mais importante, pelo valor das transações, está sendo o causado pelo uso da rede na gestão da supply-chain (N.E.: cadeia ou rede de suprimentos). Obviamente, tudo fica de tal maneira integrado que os benefícios acabam chegando ao consumidor final.

À velocidade que a tecnologia avança, as barreiras que ainda existem podem ser consideradas mais de cunho cultural. Uma delas, que já começa a ser derrubada, é a preocupação com a segurança na rede. É provável que nenhuma área hoje esteja sendo tratada com tanto cuidado, como a segurança na troca de dados utilizando a Internet. A idéia que alguns empresários ainda têm, de que seus dados possam ser vistos por concorrentes, perde adeptos à medida que uma cultura de Internet começa a fazer parte da cultura de negócios das empresas. 

Segurança e valor - Mas existe algum fundamento nessa preocupação, se pensarmos em algum sistema proprietário, funcionando dentro da própria empresa e abrindo sua rede para o acesso de seus parceiros de negócios via Internet. Porém, isso já foi perfeitamente resolvido com o desenvolvimento de sistemas que trabalham em regime de outsourcing (N.E.: terceirização), criando bancos de dados que ficam hospedados em servidores seguros fora das empresas usuárias. Desta forma, todos os usuários acessam sempre um ambiente externo às suas redes, que permanecem fechadas ao acesso externo. Esses bancos de dados podem ser alimentados de forma manual ou automática, recebendo informações geradas pelo sistema interno de gestão da própria empresa.

Se informação é um bem de valor hoje, o tempo é outra moeda que não pode ser menosprezada. A Internet está tratando ambos de uma forma nunca vista antes. A rapidez na cotação e na concretização de negócios, aliada à facilidade de se trabalhar com dados em formatos padronizados, está facilitando muito o trabalho dos profissionais da área de suprimentos. Estes já podem tomar decisões em tempo real e enxergar os resultados imediatamente.

Em busca de resultados - Tudo isso acaba reduzindo a necessidade de contatos por telefone, e praticamente eliminando a necessidade de envio de informações por correio, fax ou e-mail. A redução dos custos com comunicação, e o melhor aproveitamento do pessoal antes envolvido envolvido nestas tarefas, tem resultado em aumento de produtividade. Uma comunicação mais dinâmica traz também benefícios como o aproveitamento de oportunidades de fechamento de negócios, ou melhoria na performance de setup da linha de produção do fornecedor para atender às usuais programações e reprogramações.

O resultado acaba refletindo nos custos dos produtos que, por sua vez, irão influenciar o grau de competitividade da empresa no mercado. Em uma época em que as empresas procuram reduzir custos e aumentar seus lucros, as empresas que insistirem em permanecer apegadas a processos obsoletos de comunicação de dados, que geram um grande fluxo de papel e exigem um volume considerável de recursos e mão-de-obra, arriscam perder terreno em um mercado cada vez mais exigente.

A morte dos dinossauros - Outro tendência que já está sendo observada é a da substituição do EDI convencional por sistemas de troca de informações via Internet. O antigo EDI, que teve um papel importante no aprimoramento dos processos de comunicação de dados entre empresas, começa a ser visto como um dinossauro da troca de dados. E não poderia ser diferente, se considerarmos seus custos elevados e a dificuldade de uso. Grande parte das pequenas e médias empresas jamais poderiam estar integradas à troca eletrônica de dados, se tivessem que depender do EDI convencional.

Comparado ao EDI convencional, um sistema de troca de informações que utilize a Internet dá um show de flexibilidade, ao permitir a comunicação com fornecedores de grande e pequeno porte, indistintamente, e por um custo muito menor. É sabido que o EDI convencional não tinha apenas a barreira do custo a pesar como uma desvantagem, mas também a dificuldade de operação. Comparada à um sistema que utiliza apenas um navegador ou browser comum de Internet, a operação de um sistema de troca de informações via Web está sendo um atrativo a mais, o que explica por que tantas empresas já estão migrando para a rede.

Na crista da onda - Uma "internetização", em larga escala, dos processos de compra e venda entre empresas é uma tendência que ficará cada vez mais forte nos próximos meses. É provável que, com o tempo, as próprias empresas comecem a enxergar um grande potencial disso, visível só pelo uso, que é a relação de fidelização de fornecedores ou clientes, que um ambiente assim ajuda a criar. Não são mais as máquinas que se comunicam, mas as pessoas. A facilidade que tem o profissional de interagir on-line, receber e responder em tempo real, cria um ambiente de relacionamento que poucos teriam imaginado ser possível.

O paradoxo de que uma automatização maior dos processos acabar criando também uma maior humanização no relacionamento de negócios, era algo que dificilmente teria sido previsto nos prognósticos da evolução tecnológica. Esta é apenas uma das surpresas que a Internet trouxe ao mundo dos negócios. Considerando que ainda estamos vivendo a infância da Internet, fica cada vez mais difícil enxergar a próxima onda, se a empresa não estiver montada na crista daquilo que a rede já oferece.

(*) Mário Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico Crônicas de Negócios e mantém endereço próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis.