Cientistas resolvem velho mistério
da Biologia
Descoberta
a ser divulgada no dia 27/10, sobre divisão de células, ajudará
na compreensão de doenças como o câncer
Descobertas
feitas no Instituto de Pesquisa
de Patologia Molecular (IMP), de Viena, patrocinadas pela Boehringer
Ingelheim, elucidaram um dos mais antigos mistérios da Biologia,
o que contribuirá para melhor compreensão do câncer
e das doenças genéticas hereditárias. A pesquisa,
feita por um grupo chefiado pelo cientista britânico e professor
Kim Nasmyth, trouxe a resposta para um quebra-cabeças de 125 anos
a respeito da divisão celular, e será publicada na edição
de 27/10/2000 da importante publicação norte-americana Cell.
Antes que uma
célula se divida, seus cromossomos se duplicam, mas ficam ligados uns
aos outros. Por meio de um evento conhecido como metáfase, os cromossomos
alinham-se ao longo do equador celular. As duas metades, chamadas de cromátides
irmãs, parecem estar firmemente coladas uma à outra, enquanto
são ao mesmo tempo puxadas em direções opostas pelo
fuso mitótico. As duas forças opostas parecem compensar-se
mutuamente até que - muito subitamente - as conexões entre
as metades dos cromossomos se abrem.
Durante a anáfase
subseqüente, as cromátides irmãs são puxadas
rapidamente para longe uma da outra e a divisão celular se completa.
Ambas as células-filhas resultantes adquirem um jogo completo de
cromossomos.
Dúvidas
- Porém, os cientistas estiveram tentando ao longo dos últimos
125 anos desembaraçar duas perguntas essenciais: qual é a
natureza da "cola molecular" que mantém as cromátides irmãs
unidas e como esta firme coesão acaba finalmente se rompendo?
Os cientistas
do Instituto de Pesquisa de Patologia Molecular (IMP) em Viena, Áustria,
conseguem agora responder a essas perguntas. Um grupo de geneticistas estudiosos
de leveduras conseguiram identificar um complexo protéico responsável
pela coesão das cromátides irmãs. Esse complexo recebeu
o nome de coesina.
Subseqüentemente,
Frank Uhlmann, da equipe de Nasmyth, descobriu a enzima que corta a coesina
e trabalha como uma tesoura molecular. Chamou-a de separina ou separase.
Para que a separina seja ativada, ela precisa ser liberada das pinças
de outra proteína, chamada securina.
Os detalhes
dos achados de Uhlmann serão publicados na próxima edição
da revista científica americana Cell (27/10/2000). Dois artigos
adicionais, de outros cientistas do IMP, acompanharão o artigo.
Eles não apenas saúdam a descoberta de Uhlmann, mas ainda
acrescentam uma outra dimensão a ela, sugerindo que se tenha identificado
um princípio universal dos seres vivos.
A estudante
italiana Sara Buonomo, também da equipe de Nasmyth, conseguiu demonstrar
na levedura que os mesmos mecanismos que regulam a segregação
dos cromossomos na mitose também atuam na meiose.
A última
e mais surpreendente novidade veio do líder do grupo IMP, Jan-Michael
Peters, e dos suas colaboradoras Irene Waizenegger e Silke Hauf. Eles conseguiram
confirmar que os mecanismos que atuam na levedura são basicamente
idênticos em humanos. Isto é uma verdadeira sensação,
uma vez que estudos precedentes invariavelmente forneceram resultados negativos.
Embora se soubesse
da existência de uma proteína do tipo da coesina em humanos,
esta parecia desaparecer dos cromossomos muito antes que a metáfase
fosse atingida. Os cientistas do IMP descobriram agora que pequenas quantidades
de coesina permanecem nos cromossomos humanos e são fendidas no
início da anáfase. A enzima responsável pela fissão
é muito semelhante à separina da levedura.
Instituto
- O IMP é um instituto de pesquisa básica patrocinado pela
Boehringer Ingelheim. Esse grupo empresarial, com matriz em Ingelheim (Alemanha),
está entre as 20 maiores empresas farmacêuticas do mundo,
tendo em 1999 contabilizado receitas
de quase US$ 5,1 bilhões .
A Boehringer
Ingelheim tem cerca de 140 empresas afiliadas em todo o mundo. Suas atividades
concentram-se em fármacos humanos e veterinários. A área
de fármacos humanos, responsável por 92% das vendas, compõe-se
principalmente de fármacos éticos e de venda livre, mas também
de produtos para consumidores industriais (produtos químicos e biofarmacêuticos).
A empresa tem
substanciais instalações de desenvolvimento, produção
e distribuição ao redor de todo o globo. Em 1999, a Boehringer
Ingelheim despendeu US$ 8 milhões em, P&D, num montante equivalente
a 16% do total das suas vendas.
Veja o original em inglês:
Chromosome
segregation during mitosis and meiosis |