Estratégias para o espaço
virtual
Fernando Laurindo/Elisa Lamounier
(*)
Colaboradores
Dentro da
chamada "Nova Economia", o papel da Tecnologia da Informação
(TI) tem sido cada vez mais importante, presente em todas atividades das
organizações e proporcionando ganhos ao longo da cadeia de
valores.
Autores influentes, como Michael
Porter, tem destacado que a tecnologia por si só não agrega
valor, mas sim quando traz um impacto nas vantagens competitivas e na estrutura
das empresas.
Na Internet, algumas empresas obtiveram
vantagens por serem as primeiras a entrar (first and early movers), mas,
com
o crescimento e sofisticação deste mercado, simplesmente
estar presente na Web não garante mais sucesso nem crescimento das
vendas a ninguém.
Entrar no e-commerce sem uma
estratégia definida pode ser bastante arriscado, pois pode fazer
o produto perder suas singularidades e suas características diferenciadoras,
tornando-o mais fácil de ser imitado.
Estratégia - Portanto,
estar ou não presente na Web não é mais um ponto relevante;
o que importa é desenvolver uma estratégia madura e consistente,
pois o tempo das experiências acabou.
A estratégia de TI deve estar
em alinhamento do negócio, seja pela TI acompanhar o negócio
(como em uma empresa tradicional que passa a atuar na Internet) ou o negócio
acompanhar a TI (como nas empresas que nascem virtuais).
Cada vez mais, é importante
que as empresas conheçam aquelas que navegam e aquelas que fazem
compras pelos seus sites. Para isso, três conceitos são importantes.
O primeiro é o alcance, isto
é, quem é atingido pelo site e que produtos podem ser oferecidos
por meio dele. O segundo é a riqueza das informações
contidas no site, tanto em termos de profundidade como de detalhes
que os potenciais consumidores podem obter. Finalmente, a afiliação,
ou seja, interesses de quem o site representa.
Espaços de atuação
- Para entender melhor o espaço (ou mercado) virtual, que
alguns chamam de Cyber Space, é preciso traçar um mapa para
percorrê-lo. Nesta concepção, foi desenvolvido um modelo
(ICDT - Information, Comunication, Distribution and Transactional), pelo
qual se pode visualizar quatro formas de atuação na Internet.
Primeiramente, o espaço virtual
de informação, pelo qual a empresa se torna visível
aos consumidores de todo o mundo, 24 horas por dia. Há a possibilidade
de coleta de informações valiosas acerca dos visitantes,
mas permite o risco dos consumidores facilmente fazerem muitas comparações.
O próximo é o espaço
virtual de comunicação, cuja palavra-chave é interação.
Este permite quebrar limitações físicas, criando diferentes
formas de comunicação entre empresas e clientes: correio
eletrônico, fórum de discussões, reuniões virtuais
etc..
No espaço virtual de distribuição,
as empresas podem dispensar intermediários para atingir seus consumidores,
ganhando tempo e reduzindo custos. Podem prestar diversos tipos de serviços,
agregando e disponibilizando informações importantes para
os clientes, que seriam difíceis ou custosas de serem obtidas de
outras formas (como opiniões de leitores de livros de todo o mundo).
Finalmente, no espaço virtual
de transações, temos o e-commerce, tanto B2C (business
to consumer) como o B2B (business to business). Há grande
ganhos associados e este espaço: processamento automático
de pedidos, pagamento facilitado e alcance de um universo de consumidores
muito maior. Pode haver a própria entrega do produto via Web, como
é o caso da venda de softwares. Um ponto relevante a ser
considerado é o da segurança das transações.
Há muitas estratégias
possíveis na competição pelo Cyber Space, dependendo
das opções entre B2B ou B2C, ou entre empresas puras de Internet
(pure players) ou empresas tradicionais atuando também na
Web. Deve-se ressaltar que, até o momento, as barreiras de entrada
no espaço virtual ainda são muito reduzidas.
É este o momento das empresas
refletirem e planejarem estratégias adequadas para competir com
sucesso no cada vez mais disputado mercado virtual.
Conferência - Com o
objetivo de abrir discussões sobre o desenvolvimento de competências
no mercado globalizado, a Escola Politécnica da USP, e particularmente,
seu Departamento de Engenharia de Produção, encaram o desafio
e o prazer de organizar e abrigar a 20ª edição do Enegep
e a VI International Conference on Industrial Engineering and Operations
Management, no período de 29 de outubro a 1º de novembro.
Esta é uma oportunidade rara
de pensar conjuntamente o futuro de nossas atividades e os rumos da nova
economia brasileira e mundial.
(*) Fernando
José Barbin Laurindo é professor-doutor da Poli-USP e diretor
da Fundação Vanzolini e Ana Elisa Bacha Lamounier é
professora. Eles vão participar do Enegep-2000. |