E-book - você ainda vai escrever
um!
Mário Persona (*)
Colaborador
Escrever
um livro. Quem nunca pensou nisso? "Todo homem deveria ter um filho, plantar
uma árvore e escrever um livro", diz um provérbio chinês
de autor desconhecido. Se tivesse escrito um livro, ele não seria
um autor desconhecido. Mas escreveu só um provérbio. Ainda
que tenha plantado uma árvore - mesmo cuspindo um caroço
- ou multiplicado filhos - lembre- se, ele era chinês - faltou o
livro. Para ficar conhecido.
Publicar teria garantido publicidade.
Não me pergunte por que ele não escreveu um livro. Talvez
tenha vivido antes da invenção do papel. Ou sofresse de L.E.R.,
a Lesão por Esforço Repetitivo, que aflige tantos digitadores.
Algo compreensível para chineses, cujas máquinas de escrever
chegavam a ter 5.700 caracteres e um teclado com um metro de largura. A
onze palavras por minuto, só dava mesmo para escrever um provérbio.
E voltar à fisioterapia.
Com tantas dificuldades encontradas
por nosso proverbial amigo, você há de concordar que escrever
um livro em português é barbada. E é isto que proponho
que você faça. Não precisa ser um clássico,
daqueles que todo mundo gostaria de ter lido, mas não de ler. Sugiro
que escreva sobre aquilo que você sabe fazer melhor. Não,
você não entendeu. Esqueça escrever sobre como ter
filhos. Qualquer analfabeto conhece a técnica. Esqueça também
escrever sobre plantar árvores. Hoje ninguém quer arriscar
fazer isso. Se o fiscal do Ibama pega você com a muda na mão,
pode pensar que estava arrancando.
E-escreva! - Escreva um e-book
ou livro eletrônico, para distribuir na Web e fazer publicidade de
seu negócio. Esqueça o papel. Tudo digital. É mais
difícil de ler, mas tem a vantagem de não encalhar nas prateleiras.
Para garantir ainda mais, escreva algo sobre o fracasso. Afinal, se um
livro sobre fracasso não vender, não seria ele um sucesso?
Outra dica é escrever livros
de auto-ajuda. Mas sugiro que crie um site bem complicado para distribuí-lo.
Que demore um século para carregar e exija um plug-in de travar
o micro. Esconda o botão "comprar" e exija a data de nascimento
da sogra no formulário de pedido. Dificulte ao máximo. Porque
se o cliente conseguir encontrar sozinho seu livro de auto-ajuda, é
provável que já não vá precisar dele.
Mas não falo de livros para
vender, mas para marketing. O custo de produção de um livro
eletrônico é praticamente zero. Tempo, é tudo o que
você precisa investir. Se não tiver, sugiro que comece lendo
um livro sobre administração do tempo. É o que pretendo
fazer assim que sobrar uma horinha.
Você pode fazer como o Ricardo
Youle, diretor da Intellimarketing.net. Ele traduziu o livro de um autor
americano, converteu o texto para o formato PDF, colocou uma propaganda
na primeira página, e lançou o livro para download grátis
no site Widebiz. Em menos de um
mês, quase quatro mil pessoas fizeram download. Uma publicidade com
um poder de fixação difícil de ser conseguido por
outros meios.
Se preferir, escreva você mesmo.
Escolha um tema, divida-o em tópicos e preencha as lacunas com informação
útil. Se faltar talento, contrate alguém para ajudá-lo.
É o que fazem os artistas. Contratam um "ghostwriter", ou "escritor
fantasma", para escrever suas biografias, autorizadas ou não. Ghostwriters
escrevem autobiografias para os outros, mesmo depois de mortos. Mas não
se assuste. Um ghostwriter é mais vivo do que você pensa.
Crie seu livro no formato HTML, o
mesmo usado para páginas Web, ou PDF, um formato "fechado". A própria
Microsoft lançou um formato próprio de leitor com tecnologia
Clear Type. Você o encontra em www.microsoft.com/reader/default.htm.
Crie também uma capa atraente. Até livro eletrônico
precisa de capa porque as pessoas irão querer vê-lo como um
livro real.
Ao amigo - Se irão
ler seu livro, é outra história. Contanto que vejam a primeira
página, com sua propaganda, já valeu o esforço. A
maioria nem lê o que pega na Internet. Pega para mandar aos amigos.
Até o candidato à presidência dos EUA, George W. Bush,
confessou: "Não leio livros, mas tenho amigos que lêem". Então
pense nos amigos que enviam para outros amigos, e crie uma resenha do assunto
logo no início. Muitos só lêem resenhas e "orelhas"
de livros. E se fazem passar por intelectuais.
Finalmente, não se esqueça
de fazer uma dedicatória. Dedique seu livro a mim, que dei estas
dicas. Ou à sua esposa, como fez Albert Malvino, autor de livros
de eletrônica: "Este livro é dedicado à minha brilhante
e maravilhosa esposa, sem a qual eu não seria nada. Ela sempre me
conforta e consola, nunca reclama ou interfere, nunca pede coisa alguma
e suporta tudo. Ela também escreve minhas dedicatórias."
(*) Mário
Persona é diretor de comunicação da Widesoft,
que desenvolve sistemas para facilitar a gestão da cadeia de suprimentos
via Internet, editor da Widebiz
Week e moderador da lista de debates
Widebiz.
Veja mais:
Tudo
o que sei sobre a Web do Novo Milênio |