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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 10/06/00 13:46:48
E-book - você ainda vai escrever um! 

Mário Persona (*)
Colaborador

Escrever um livro. Quem nunca pensou nisso? "Todo homem deveria ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro", diz um provérbio chinês de autor desconhecido. Se tivesse escrito um livro, ele não seria um autor desconhecido. Mas escreveu só um provérbio. Ainda que tenha plantado uma árvore - mesmo cuspindo um caroço - ou multiplicado filhos - lembre- se, ele era chinês - faltou o livro. Para ficar conhecido.
Publicar teria garantido publicidade. Não me pergunte por que ele não escreveu um livro. Talvez tenha vivido antes da invenção do papel. Ou sofresse de L.E.R., a Lesão por Esforço Repetitivo, que aflige tantos digitadores. Algo compreensível para chineses, cujas máquinas de escrever chegavam a ter 5.700 caracteres e um teclado com um metro de largura. A onze palavras por minuto, só dava mesmo para escrever um provérbio. E voltar à fisioterapia.

Com tantas dificuldades encontradas por nosso proverbial amigo, você há de concordar que escrever um livro em português é barbada. E é isto que proponho que você faça. Não precisa ser um clássico, daqueles que todo mundo gostaria de ter lido, mas não de ler. Sugiro que escreva sobre aquilo que você sabe fazer melhor. Não, você não entendeu. Esqueça escrever sobre como ter filhos. Qualquer analfabeto conhece a técnica. Esqueça também escrever sobre plantar árvores. Hoje ninguém quer arriscar fazer isso. Se o fiscal do Ibama pega você com a muda na mão, pode pensar que estava arrancando.

E-escreva! - Escreva um e-book ou livro eletrônico, para distribuir na Web e fazer publicidade de seu negócio. Esqueça o papel. Tudo digital. É mais difícil de ler, mas tem a vantagem de não encalhar nas prateleiras. Para garantir ainda mais, escreva algo sobre o fracasso. Afinal, se um livro sobre fracasso não vender, não seria ele um sucesso?

Outra dica é escrever livros de auto-ajuda. Mas sugiro que crie um site bem complicado para distribuí-lo. Que demore um século para carregar e exija um plug-in de travar o micro. Esconda o botão "comprar" e exija a data de nascimento da sogra no formulário de pedido. Dificulte ao máximo. Porque se o cliente conseguir encontrar sozinho seu livro de auto-ajuda, é provável que já não vá precisar dele.

Mas não falo de livros para vender, mas para marketing. O custo de produção de um livro eletrônico é praticamente zero. Tempo, é tudo o que você precisa investir. Se não tiver, sugiro que comece lendo um livro sobre administração do tempo. É o que pretendo fazer assim que sobrar uma horinha.

Você pode fazer como o Ricardo Youle, diretor da Intellimarketing.net. Ele traduziu o livro de um autor americano, converteu o texto para o formato PDF, colocou uma propaganda na primeira página, e lançou o livro para download grátis no site Widebiz. Em menos de um mês, quase quatro mil pessoas fizeram download. Uma publicidade com um poder de fixação difícil de ser conseguido por outros meios.

Se preferir, escreva você mesmo. Escolha um tema, divida-o em tópicos e preencha as lacunas com informação útil. Se faltar talento, contrate alguém para ajudá-lo. É o que fazem os artistas. Contratam um "ghostwriter", ou "escritor fantasma", para escrever suas biografias, autorizadas ou não. Ghostwriters escrevem autobiografias para os outros, mesmo depois de mortos. Mas não se assuste. Um ghostwriter é mais vivo do que você pensa.

Crie seu livro no formato HTML, o mesmo usado para páginas Web, ou PDF, um formato "fechado". A própria Microsoft lançou um formato próprio de leitor com tecnologia Clear Type. Você o encontra em www.microsoft.com/reader/default.htm. Crie também uma capa atraente. Até livro eletrônico precisa de capa porque as pessoas irão querer vê-lo como um livro real.

Ao amigo - Se irão ler seu livro, é outra história. Contanto que vejam a primeira página, com sua propaganda, já valeu o esforço. A maioria nem lê o que pega na Internet. Pega para mandar aos amigos. Até o candidato à presidência dos EUA, George W. Bush, confessou: "Não leio livros, mas tenho amigos que lêem". Então pense nos amigos que enviam para outros amigos, e crie uma resenha do assunto logo no início. Muitos só lêem resenhas e "orelhas" de livros. E se fazem passar por intelectuais.

Finalmente, não se esqueça de fazer uma dedicatória. Dedique seu livro a mim, que dei estas dicas. Ou à sua esposa, como fez Albert Malvino, autor de livros de eletrônica: "Este livro é dedicado à minha brilhante e maravilhosa esposa, sem a qual eu não seria nada. Ela sempre me conforta e consola, nunca reclama ou interfere, nunca pede coisa alguma e suporta tudo. Ela também escreve minhas dedicatórias."

(*) Mário Persona é diretor de comunicação da Widesoft, que desenvolve sistemas para facilitar a gestão da cadeia de suprimentos via Internet, editor da Widebiz Week e moderador da lista de debates Widebiz.

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