Internet e o profissional de compras
e vendas
Mário Persona (*)
Colaborador
Para
quem achava que número usual de reuniões que as empresas
fazem para decidir do trivial ao complexo já estava elevado, alguém
lembrou de trazer à baila um novo assunto. Com a cabeça ainda
latejando de tanto pensar no bug do milênio, e os olhos lacrimejando
por antecipação das noites mal dormidas ainda por vir, o
pessoal da informática começou a ser pressionado com a questão
do uso da Internet na empresa. Não falo de home-pages, e-mails
ou boatos de vírus. O assunto agora é o uso da Internet para
a melhoria dos processos de comunicação das informações
entre as áreas de compra e venda de diferentes empresas.
Mas, para quem estava acostumado a pilotar
sistemas convencionais de EDI e já começava a abotoar o capacete
para assumir a nova tarefa, tenho uma boa notícia. Relaxe. A adoção
de uma estratégia de Internet é mais uma decisão de
negócios do que de tecnologia da informação.
Não é dinossauro
- Embora sob o olhar atento da informática, a implantação
de um sistema de comunicação de informações
assim pode e deve ser gerenciada pela área de negócios. Falo
isto pensando em sistemas que conheço, e não em algum tipo
de dinossauro que exija todo o empenho de um exército de programadores
e analistas de sistemas para ser domado.
Um sistema que utilize a Internet
deve ser tão simples, prático e versátil como a própria
rede por onde irão trafegar os dados. Uma criança hoje sabe
utilizar a Internet. Homens e mulheres acostumados às agruras da
área de compras não devem ter qualquer dificuldade em adotar
e utilizar sistemas e procedimentos baseados na Internet. Se tiverem, o
problema não está com os profissionais envolvidos, mas com
os sistemas.
A Internet, bem pilotada por esse
pessoal, tornou possível integrar de verdade todos os participantes
de uma cadeia de suprimentos. Por ser uma rede barata, com uma velocidade
que só tende a crescer, ainda estamos por conhecer o impacto que
esta ferramenta terá no relacionamento comercial.
Quedas - Os benefícios
da Internet na área de troca de informações comerciais
são inegáveis. Caiu o uso do papel nas empresas que já
aderiram ao sistema de EDI via Web. Caiu o desgaste causado pela necessidade
de digitar, imprimir, enviar por fax e ligar uma dúzia de vezes
para confirmar a chegada da informação, nas empresas que
antes utilizavam processos manuais. Caiu o queixo do gerente de suprimentos,
que viu o ciclo de compras ter seu tempo reduzido de forma drástica.
E subiu o conceito que a empresa, como um todo, passou a ter pela área
de compras, graças à redução de custos gerada
pela diminuição dos estoques de insumos.
Outro fator que tem despertado muita
atenção foi que a memória da empresa foi incrementada
com a adoção de um procedimento de comunicação
via Internet. O simples fato de se utilizar um meio eletrônico de
troca de dados, que acaba fazendo a ponte via banco de dados externo às
empresas envolvidas, introduz um terceiro elemento cuja função
é transportar as informações em bandeja de prata no
menor tempo possível. E guardá-las em cofre de aço
pelo maior prazo desejável. Tudo isso de uma maneira que permitiu
ampliar a visão que o vendedor ou comprador tem do processo.
Mas qualquer profissional, seja ele
de compras ou vendas, deve reconhecer que a Internet não é
um remédio para todos os males. Ela chegou, entrou na empresa, encantou
a todos e tudo indica que decidiu ficar. Mas permanecerá órfã
e improdutiva se não receber uma adoção plena, principalmente
daqueles que irão utilizá-la no dia a dia.
Nenhuma evolução tecnológica
teria dado qualquer resultado se não tivesse contado com o empenho
de homens e mulheres de visão. A pergunta agora não é
se o profissional da área de suprimentos irá abraçar
a Internet, mas como irá fazê-lo. Mas isto pode ser o assunto
de um próximo artigo.
(*) Mário
Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica
faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico
Crônicas
de Negócios e mantém endereço
próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis. |