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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 09/05/00 15:04:44
Cientistas brasileiros criam carro a hidrogênio 

Pesquisadores apoiados pelo Cietec também desenvolvem um scanner 3D

Com o auxílio do Centro Incubador de Empresas Tecnológicas de São Paulo (Cietec), situado no campus da Cidade Universitária em São Paulo (USP), cientistas nacionais estão desenvolvendo novas tecnologias de alto nível, como sistemas de controle da célula do combustível que viabilizam um carro que não polui o ar: movido a hidrogênio, produz apenas vapor d'água como resíduo.

O projeto é de autoria do engenheiro eletrônico Gilberto Janólio e do engenheiro químico Gerhard Ett, que são sócios da Eletrocell, empresa incubada no Cietec, que recebe apoio para se lançar no mercado. Os cientistas estão criando hardware e software específicos para controlar o funcionamento de todos os componentes da célula combustível (uma espécie de pilha), coração do novo motor. 
Cientistas desenvolvem no Brasil projeto do carro movido a hidrogênio
As pesquisas dos dois brasileiros já atraíram a atenção de uma multinacional que desenvolve o novo automóvel. A empresa, que por enquanto prefere não ser identificada, tem planos de terceirizar parte da sua futura produção na América Latina. Veículos experimentais movidos a hidrogênio já circulam em alguns países e a empresa Daimler-Chrysler prevê lançar seu primeiro automóvel com essa tecnologia em 2003. Também a Toyota, a General Motors, a Renault e a Ford trabalham em veículos desse tipo.

"O carro a hidrogênio não polui o meio ambiente, porque não queima combustível. Seu motor gera energia elétrica do hidrogênio por meio de reações químicas limpas.", explica Janólio. O automóvel conta com uma célula combustível (espécie de pilha) que combina átomos de hidrogênio e de oxigênio, gerando energia por corrente elétrica e vapor d'água como resíduo. Por fazerem parte do Cietec, os dois cientistas tiveram acesso aos dados de pesquisa do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e da Universidade de São Paulo (USP). "Avançamos muito graças à troca de experiências com os pesquisadores do IPEN que trabalham com células combustíveis", diz Ett.
Scanner tridimensional também está sendo criado no âmbito do Cietec
Scanner 3D - Além da Electrocell (empresa pesquisadora da célula do combustível), o Cietec abriga outras 14 empresas, que contribuem  no mercado brasileiro com propostas bastante inovadoras em pesquisas para produtos com alta tecnologia de diversas áreas. A Tecnolab é outro exemplo de empresa, que com o apoio do Cietec, conseguiu ser pioneira no mundo ao desenvolver um scanner magnético que localiza e dá a dimensão de objetos metálicos inseridos em qualquer material não metálico. A tecnologia torna possível ver através do concreto, indicando se a estrutura de ferro de construções está em boas condições. O projeto é de autoria do engenheiro mecânico Isaac Newton da Silva e do químico Kenneth Armstrong. 

A Lasertools é outro exemplo de empresa que se solidifica no mercado atuando no corte, solda, marcação e tratamento térmico de materiais duros, feitos a laser. O ex-diretor do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da USP, Afonso Morato Penha, é especializado em laser e vendeu o projeto de rádios que brilham à noite para a Ford americana. Hoje, mais de 17 mil carros nos Estados Unidos utilizam o sistema de marcação criado pelo cientista brasileiro.

No Cietec foi desenvolvido ainda pela Hormogen Biotecnologia um hormônio do crescimento que, feito com biotecnologia totalmente nacional, deverá custar 40% menos que o importado. A Pro-Line Serviços e Produtos Odontológicos é outra incubada de sucesso comandada por cientistas, que já criaram uma linha de oito produtos no setor de biomateriais, com mais de 200 clientes em todo o país, capazes de gerar um faturamento de R$ 25 mil. 

Acompanhada do principal critério da Centro, que é a busca de propostas inovadoras em pesquisas para produtos com alta tecnologia, vem a viabilidade comercial de novos produtos no mercado. Para se ter uma idéia, cerca de 70% das incubadoras brasileiras são da área de tecnologia e juntas elas criaram desde 1990 mais de 3,8 mil produtos comercializados no país, tudo feito com o apoio do governo. 

Novas vagas - O Cietec está recebendo inscrições para novos candidatos. O edital pode ser retirado no prédio do IPEN (Travessa R, 400, Cidade Universitária, USP), na capital paulista, e as inscrições podem ser entregues até o dia 11/9. O pré-requisito para os candidatos é ter propostas inovadoras para o desenvolvimento de produtos de alta tecnologia e com boas possibilidades mercadológicas nas áreas de tecnologia da informação, biotecnologia, biomedicina, química, meio ambiente, técnicas nucleares e softwares especiais. Mais detalhes pelo telefone (0**11) 212-8466.

O Centro foi criado em abril de 1998 por um convênio entre a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, o Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), a USP (Universidade de São Paulo), o IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). Em dois anos de existência, transformou dez cientistas brasileiros em promissores empresários da área de tecnologia de ponta. O Cietec também acolheu cinco jovens empreendedores, com boas idéias e muita vontade de apostar em ousadas inovações. 

Espécie de berçário e pré-escola para empresas que desenvolvem produtos e serviços de alta tecnologia, a entidade vem obtendo resultados tão positivos que está sendo ampliado o número de empresas incubadas das atuais 15 para 134. A ampliação transformará o Cietec no maior centro incubador de empresas do País, primeiro passo de um projeto que culmina com a criação do Parque Tecnológico de São Paulo, previsto para dentro de dois ou três anos. 

"O panorama é promissor para pequenas empresas de base tecnológica", acredita o diretor do Cietec, Sérgio Risola. Uma novidade do projeto é a pré-incubadora que vai manter em um Hotel de Projetos 42 assessorados até terem estrutura para passar para a incubadora. O diretor destaca ainda que neste ano até empresas que já atuam no mercado poderão participar da seleção. "Uma companhia que está desenvolvendo um produto e que necessita de apoio tecnológico também poderá ser uma empresa incubada e contar com toda nossa infra-estrutura", diz Risola.