Gestão de pessoas na era
da informação
Cezar Antonio Tegon (*)
Colaborador
As relações
no ambiente de trabalho passaram por diversas mudanças nos últimos
anos, acentuadas principalmente na década de 80 graças ao
amplo desenvolvimento da tecnologia. Essa reforma refletiu diretamente
na atuação dos recursos humanos, que ficaram frente a frente
com o desafio imposto pela nova realidade: abandonar a postura focada em
processos burocráticos, como por exemplo a pagadoria ou o controle
rígido de freqüência, para alavancar o crescimento da
maior riqueza das organizações, as pessoas.
Se atualmente vivemos com facilidades
de comunicação que nem eram sonhadas há apenas trinta
anos (nem a televisão era colorida no Brasil daqueles tempos!!),
num futuro próximo tanto a distância quanto o tempo serão
abolidos, graças a investimentos brutais em redes de telecomunicações
via satélite. Fechar negócios real time com o Japão
por teleconferência será um ato banal.
Esses movimentos nos aproximam cada
vez mais da "aldeia global" prognosticada por McLuhan. Alguns sintomas
são sentidos nitidamente no meio empresarial, mesmo aqui, onde só
se despertou para esse novo mundo no início dos anos 90. A entrada
de multinacionais, o crescimento vertiginoso da competitividade, são
sinais claros de que o País entrou na roda viva da globalização.
Brasil - O primeiro caminho
trilhado pelas companhias foi, portanto, investir nos processos para garantir
os resultados. Mas, na conta do capital intelectual, os valores realmente
produtivos - as pessoas - ficaram em segundo plano. Ainda hoje, grande
parte das empresas têm um perfil que dá pouca importância
à gestão dos seres humanos.
Viver nessa realidade arcaica faz
com que boa parte das organizações ainda conviva com a figura
envelhecida do "departamento de pessoal", estrutura que utiliza parte das
tecnologias apenas para automatizar atividades burocráticas como
folha de pagamento, premiações e cálculos salariais.
Porém, ficaram de fora os programas de gestão de estrutura
organizacional, políticas de benefícios, prêmios relacionados
a performance, planejamento de treinamento e desenvolvimento, entre tantas
outras, restringindo o espaço para uma ação estratégica.
Enquanto isso, aqueles que viram
as pessoas como diferencial competitivo fizeram do RH a área integradora
das estruturas internas e externas da empresa e tornaram-se exceções,
destacando-se no noticiário. Eles sabem que a chave do sucesso é
pensar gobalmente e agir localmente.
Estratégias - Para
ter esse tipo de ação, é necessário mover pessoas,
idéias, produtos e informações ao redor do mundo,
a fim de atender às necessidades de uma mesma região. Isso
demanda um aumento da capacidade de aprender para gerenciar diversidades,
complexidades e ambigüidades, pois uma empresa não é
uma carteira de produtos e sim um conjunto de forças, habilidades
individuais que são utilizadas para criar novos negócios.
Como atingir essa excelência?
Algumas estratégias podem ser traçadas para facilitar o caminho
das empresas que querem trilhar um caminho semelhante no futuro. A primeira
coisa que se deve descobrir é a sua competência essencial,
aquilo que a companhia faz melhor do que seus concorrentes. Esse será
o seu diferencial e ele é resultado do conhecimento de todas as
pessoas reunido em uma única força.
Para obtrer essa sinergia, os profissionais
da área de Gestão de Pessoas devem se tornar agentes de contínua
transformação, desenhando processos e uma cultura que aumente
a capacidade da organização de mudar. O passo inicial para
a revolução é identificar falhas operacionais e implantar
sistemas de informação descentralizados, orientados a processos,
redes de comunicação ampla por intranet e Internet, conectados
a fibra ótica e satélites que eliminarão a distância
e, conseqüentemente, o tempo entre os contatos humanos.
Depois de acertar a infra-estrutura,
é preciso passar a ver a empresa como resultado de encontros multidisciplinares.
Para chegar a esse estágio, deve-se começar a levantar as
habilidades, conhecimentos e competências das pessoas e equipes da
empresa, descentralizando a coordenação de fato para os gestores.
Com isso, haverá o momento em que o local de trabalho será
uma espécie de área de lazer dessas pessoas, pois as atividades
produtivas serão colocadas em prática de qualquer ponto do
mundo.
(*) Cezar Antonio
Tegon é diretor da unidade de Gestão de Pessoas da RHTotal,
divisão voltada para a área de Recursos Humanos da empresa
ADP. |