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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 08/14/00 10:04:28
Gestão de pessoas na era da informação 

Cezar Antonio Tegon (*)
Colaborador

As relações no ambiente de trabalho passaram por diversas mudanças nos últimos anos, acentuadas principalmente na década de 80 graças ao amplo desenvolvimento da tecnologia. Essa reforma refletiu diretamente na atuação dos recursos humanos, que ficaram frente a frente com o desafio imposto pela nova realidade: abandonar a postura focada em processos burocráticos, como por exemplo a pagadoria ou o controle rígido de freqüência, para alavancar o crescimento da maior riqueza das organizações, as pessoas.

Se atualmente vivemos com facilidades de comunicação que nem eram sonhadas há apenas trinta anos (nem a televisão era colorida no Brasil daqueles tempos!!), num futuro próximo tanto a distância quanto o tempo serão abolidos, graças a investimentos brutais em redes de telecomunicações via satélite. Fechar negócios real time com o Japão por teleconferência será um ato banal.

Esses movimentos nos aproximam cada vez mais da "aldeia global" prognosticada por McLuhan. Alguns sintomas são sentidos nitidamente no meio empresarial, mesmo aqui, onde só se despertou para esse novo mundo no início dos anos 90. A entrada de multinacionais, o crescimento vertiginoso da competitividade, são sinais claros de que o País entrou na roda viva da globalização.

Brasil - O primeiro caminho trilhado pelas companhias foi, portanto, investir nos processos para garantir os resultados. Mas, na conta do capital intelectual, os valores realmente produtivos - as pessoas - ficaram em segundo plano. Ainda hoje, grande parte das empresas têm um perfil que dá pouca importância à gestão dos seres humanos.

Viver nessa realidade arcaica faz com que boa parte das organizações ainda conviva com a figura envelhecida do "departamento de pessoal", estrutura que utiliza parte das tecnologias apenas para automatizar atividades burocráticas como folha de pagamento, premiações e cálculos salariais. Porém, ficaram de fora os programas de gestão de estrutura organizacional, políticas de benefícios, prêmios relacionados a performance, planejamento de treinamento e desenvolvimento, entre tantas outras, restringindo o espaço para uma ação estratégica.

Enquanto isso, aqueles que viram as pessoas como diferencial competitivo fizeram do RH a área integradora das estruturas internas e externas da empresa e tornaram-se exceções, destacando-se no noticiário. Eles sabem que a chave do sucesso é pensar gobalmente e agir localmente.

Estratégias - Para ter esse tipo de ação, é necessário mover pessoas, idéias, produtos e informações ao redor do mundo, a fim de atender às necessidades de uma mesma região. Isso demanda um aumento da capacidade de aprender para gerenciar diversidades, complexidades e ambigüidades, pois uma empresa não é uma carteira de produtos e sim um conjunto de forças, habilidades individuais que são utilizadas para criar novos negócios.

Como atingir essa excelência? Algumas estratégias podem ser traçadas para facilitar o caminho das empresas que querem trilhar um caminho semelhante no futuro. A primeira coisa que se deve descobrir é a sua competência essencial, aquilo que a companhia faz melhor do que seus concorrentes. Esse será o seu diferencial e ele é resultado do conhecimento de todas as pessoas reunido em uma única força.

Para obtrer essa sinergia, os profissionais da área de Gestão de Pessoas devem se tornar agentes de contínua transformação, desenhando processos e uma cultura que aumente a capacidade da organização de mudar. O passo inicial para a revolução é identificar falhas operacionais e implantar sistemas de informação descentralizados, orientados a processos, redes de comunicação ampla por intranet e Internet, conectados a fibra ótica e satélites que eliminarão a distância e, conseqüentemente, o tempo entre os contatos humanos.

Depois de acertar a infra-estrutura, é preciso passar a ver a empresa como resultado de encontros multidisciplinares. Para chegar a esse estágio, deve-se começar a levantar as habilidades, conhecimentos e competências das pessoas e equipes da empresa, descentralizando a coordenação de fato para os gestores. Com isso, haverá o momento em que o local de trabalho será uma espécie de área de lazer dessas pessoas, pois as atividades produtivas serão colocadas em prática de qualquer ponto do mundo.

(*) Cezar Antonio Tegon é diretor da unidade de Gestão de Pessoas da RHTotal, divisão voltada para a área de Recursos Humanos da empresa ADP.