Abranet denuncia empresas telefônicas
Práticas
comprovadas de favorecimento ilícito a empresas de Internet do mesmo grupo
da Telefonica e da Telemar, prejudicando as demais concorrentes, estão
sendo denunciadas em comunicado emitido em 4/7/2000 pela Associação
Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviços e Informações
da Rede Internet (Abranet) à
imprensa e apresentadas por seus advogados ao Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade), com o seguinte teor:
"As operadoras
de telefonia e os serviços de Internet
Desde o aparecimento
em janeiro deste ano dos serviços denominados acesso gratuito à
Internet, a Abranet vem se posicionando no sentido de que o formato escolhido
de acesso gratuito é perverso e danoso ao mercado, insistindo que
as companhias operadoras do serviço concedido de telefonia vêm,
em conjunto com as empresas de acesso dito gratuito, praticando atos que
ofende os princípios da Lei Geral de Telecomunicações
e da livre concorrência. Desta forma, sentimo-nos na obrigação
de esclarecer o público em geral das graves constatações
feitas pela Abranet:
1. Os advogados
da Abranet e técnicos representando empresas associadas concluíram,
a partir da verificação da documentação fornecida
pela Anatel, graves indícios de favorecimento por parte das operadoras
às empresas de acesso gratuito, às grandes instituições
financeiras e, principalmente, às empresas do mesmo grupo.
2. Existem
provas de que a Telefônica disponibilizou todas as portas da rede
IP para estas companhias já citadas, no período de janeiro
até o momento. A Telefônica não contratou, até
junho de 2000, portas de sua rede IP de nenhum provedor tradicional de
acesso, e, no entanto, disponibilizou para as empresas IG, Super 11, Terra
Networks e Bradesco, 20.500 portas.
3. Constatou-se
que o preço praticado com a companhia do mesmo grupo, Terra Networks
chega a ser 50% inferior aos preços praticados com as demais companhias,
caracterizando-se uma afronta a Lei Geral de Telecomunicações
e desrespeito ao princípio da isonomia.
4. A Telemar,
por seu lado, empresa que possui participação acionária
no provedor de acesso gratuito IG não disponibilizou para os demais
provedores de acesso nenhuma porta de sua rede de multisserviços
e, no entanto, nos primeiros meses deste ano disponibilizou para os provedores
de acesso gratuito IG e Super 11, 28.770 portas em mais de 60 localidades
no Brasil, sem oferecer uma única porta aos demais provedores de
acesso.
5. Mediante
esses fatos, a Abranet já solicitou à ANATEL que determine
às operadoras que:
a) cessem imediatamente
a oferta dos citados serviços aos ditos provedores de acesso gratuito;
b) regulamentem
o uso de todos os serviços de telefonia, em especial, as redes de
multisserviços ou rede IP, de forma a garantir condições
isonômicas para todos os interessados na contratação
de serviços providos pelas operadoras de telefonia.
6. A Abranet
solicitou, ainda, que desde já se aplique severas sanções
às operadoras de telefonia pela prática de atos que ofendem
os princípios estabelecidos pela Lei Geral de Telecomunicações
e nos contratos de concessão firmados com as operadoras.
7. Entendendo
a Abranet que a prática hoje adotada também ofende os princípios
de concorrência, encarregou os seus advogados de elaborar a denúncia
destes fatos às autoridades, em especial, ao Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (CADE), para evitar que se perpetue esta prática
nociva não só aos provedores de acesso, como à rede
Internet no Brasil e, principalmente, ao público em geral que anseia
por serviços de telefonia praticados dentro dos princípios
de isonomia e universalização.
8. Finalmente,
a verificação dos documentos comprovou, tecnicamente, um
processo de verticalização de atividades, no qual a Telefônica
está prestando serviços de acesso ao Bradesco. A verticalização
caracterizada é indesejável, pois o provedor de meios passa
a competir em condições de desigualdade com os seus clientes,
no caso, os tradicionais provedores de acesso." |