Banana flambada
Mário Persona (*)
Colaborador
Você
nasceu marketeiro. Sua primeira ação neste mundo foi
de marketing. Em uma manifestação espontânea,
ou forçada pelo estímulo aplicado pelo médico, você
deixou claro que tinha gente nova no pedaço. Alguém multimídia,
monopolizando as atenções com áudio, imagem e até
odor. Principalmente odor.
O poder de chamar a atenção
foi vital para a sua sobrevivência em um ambiente extremamente competitivo.
O que faltava em força ou estatura, sobrava em capacidade de se
fazer notar. Nem o rádio, a TV, ou a sonolenta apatia noturna de
seu público alvo eram páreo para seu poder de comunicação.
Mas, justiça seja feita, a platéia que atendia ao anúncio
era sempre recompensada com seu simpático sorriso. Mesmo banguela.
Você cresceu e aprendeu a ser
discreto, evitando chamar a atenção sobre si. Sem uma alternativa
visível, procurou trabalhar duro, acreditando ser esta a única
e melhor maneira de levar pessoas e empresas a perceberem sua existência.
Visando promoções ou novos contratos. No mundo em que vivia,
marketing para promover seres de carne e osso, só em açougue
moderninho. Para bois, frangos e leitões.
Então você descobre
o significado da palavra commodity. Aprende que há produtos
condenados ao anonimato de um mercado de massa. Que perdem seu diferencial
e são vendidos a preço de banana. Todos iguais. Você
olha para o umbigo e descobre que o que está acontecendo com seu
trabalho não é muito diferente. Você não queria
virar algo para inglês ver, mas virou commodity!
Mas o que as empresas estão
fazendo para transformar commodities em produtos de valor? Agregando
serviços e fazendo marketing. Não exatamente do produto,
mas dos serviços agregados. E o que era vendido a preço de
banana em penca, virou banana com nome francês, flambada por mãos
hábeis em utensílios de prata bem ao lado da mesa do cliente.
Que sorri, enquanto não chega a conta.
Você é um produto
- O que você pode fazer, ao sentir-se profissionalmente um banana
qualquer? Se as empresas agregam serviços a produtos, para aumentar
seu valor, o que você vai agregar a você? Se você já
é todo serviço, então ofereça VOCÊ ao
mercado! Com um pouco de promoção, o você-produto será
conhecido. Não, nada de outdoors com a sua foto. Sua estratégia
de marketing pessoal será a de espalhar que você conhece
o que faz. E faz.
Mas evite fazer da promoção
daquilo que tem a oferecer exibicionismo barato. Algo como desfilar no
mercado adornado de plumas e paetês e falando de si. Fuja de vender
uma vã aparência. É arriscado, pois o mercado exige
que aparências sejam perfeitas, e este é um dos pesadelos
da vida de modelo. Porque até pavão tem pés horríveis
de dar dó.
Seu conhecimento é seu produto,
mas você não precisa conhecer tudo para ser vendável.
Conhecer aquilo que irá resolver o problema de seu cliente é
o que vale. Porque é esse todo o conhecimento que ele deseja. Você
é serviço ambulante, recheado de conhecimento e vivendo na
era da informação, conectado à Internet. O que mais
falta? Criatividade. Se tiver, vai saber o que mostrar, onde mostrar e
como mostrar. Sem ser pavão e precisar esconder os pés.
Um caso típico de disseminação
de conhecimento é o da publicitária Sônia Grisólia,
do Writers. Com textos criativos
publicados no site Widesoft e
no fórum Widebiz, Sônia
fixou sua marca para uma seleta platéia de profissionais e empresas.
Usando a mesma receita, o jornalista Manoel Fernandes Neto, da NovaEconomia,
viu sua empresa e a de Sônia envolvidas em uma parceria virtual desenvolvendo
conteúdo para um grande portal de Internet. Um caso típico
de marketing pessoal bem sucedido que acabou em negócios.
Sem plumas nem paetês.
Indicações -
Este marketing não depende de outdoors ou anúncios
na TV, mas de relacionamentos. Lembra do último eletricista que
contratou? Aquele que o encanador indicou. Cujo endereço você
conseguiu com o pedreiro. Que foi indicado pelo rapaz da mercearia. Uma
rede de relacionamentos levou você até cada profissional.
Todos ganharam, todos cresceram. E você, satisfeito, passou a fazer
parte da rede e irá indicar um desses profissionais quando alguém
lhe perguntar.
Este é o poder de um marketing
pessoal dentro de uma rede de relacionamentos. Cada conexão agrega
valor ao seu serviço. Um valor vital para sua sobrevivência
profissional nesta nova e conectada economia. Onde quem não chora
não mama.
(*) Mário
Persona é diretor de comunicação da Widesoft,
que desenvolve sistemas para facilitar a gestão da cadeia de suprimentos
via Internet. |