Clique aqui para voltar à página inicial  http://www.novomilenio.inf.br/ano00/0005d003.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 05/31/00 03:19:08
Mercado já exige profissionais certificados 

Está havendo uma grande procura no mercado brasileiro por profissionais das áreas de informática e telecomunicação. Mas o perfil mudou: as empresas já não assumem os custos com a formação profissional, cada um tem que investir muito em seu próprio crescimento profissional. A boa notícia é que esse investimento tem retorno muito rápido, ao ponto de um centro de treinamento garantir emprego mínimo aos alunos formados e nunca precisar cumprir essa oferta: todos conseguem trabalho com remunerações melhores antes mesmo de completarem os cursos.

Para tratar dessas mudanças no mercado de trabalho e sobre as oportunidades novas de trabalho no século XXI, o Colégio Afonso Pena, de Santos, promoveu no dia 29/5 uma palestra com o representante do centro educacional paulistano Fast Training, Enilson Moraes Pestana, em evento aberto ao público e a todos os alunos da escola, com o apoio da Enterdata Informática.

O palestrante Enilson foi apresentado pelo diretor do Afonso Pena, Cláudio de Carvalho
Apresentado pelo diretor do Afonso Pena, Cláudio F. de Carvalho, Enilson começou explicando que as empresas hoje querem fazer mais com menos, mais e mais rápido, criando vantagens competitivas, obtendo retorno de seus investimentos. E querem inserir seus negócios na economia global. 

Sem parâmetros - Para se adequar a esse quadro, o profissional tem que investir em sua carreira, pois a legislação trabalhalista impede a retenção de funcionários em função de investimentos que faça em seu aperfeiçoamento, e assim as empresas não querem dispender uma quantia considerável para logo ao término do curso o funcionário abandonar o emprego.

Enilson exemplifica como a alta demanda por bons profissionais faz com que não existam mais parâmetros: uma empresa contratou por R$ 1.700,00 mensais um profissional que ganhava R$ 800,00. Começou a trabalhar e dois dias depois pediu demissão, outra empresa lhe ofereceu um salário de R$ 4 mil. 

O quadro da alta demanda por profissionais do setor ficou ainda mais complicado a partir da proibição, em 1999, de que as empresas de telecomunicações recém-privatizadas recrutem mão-de-obra no exterior, devendo empregar recursos humanos nacionais. Um evento que deverá ocorrer em junho na capital paulista, promovido pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), espera receber 15 mil estudantes do setor, e já conta com mais de 9 mil vagas a serem ofertadas aos visitantes. Ou seja, não faltam idéias para novos negócios, mas gente qualificada para desenvolvê-los.

Uma nova tendência que também contribuirá para esse quadro é a de as empresas reduzirem a compra de softwares especializados, preferindo comprar pacotes de serviços oferecidos por um novo gênero de empresas, as provedoras de serviços de aplicações (application service providers - ASPs).

Cursos não acadêmicos - Embora a formação acadêmica não deva ser desprezada, ela apenas não basta para esse novo mercado: o profissional precisa cada vez mais passar por centros de treinamento, em busca de novas habilidades na área de informática e telecomunicações que complementem sua formação escolar. Destacam-se nesse campo os centros de formação profissional com cursos que seguem padrões internacionais estabelecidos pelas grandes empresas de informática, e que por isso mesmo oferecem um certificado de conclusão reconhecido mundialmente. 

Como para obter tal certificado o aluno precisa passar por um rigoroso exame, quem possui esse reconhecimento não precisa se preocupar com o quesito de tempo de experiência profissional anterior: os recrutadores sabem que o profissional tem todo o conhecimento atualizado na área especificada no respectivo certificado. Mas Enilson alerta: há outro quesito que tem igual peso na avaliação do candidato: a ética profissional. Por exemplo, o candidato que trocou de emprego dois dias depois de começar a trabalhar num projeto arranhou a ética, deveria ao menos ter oferecido ao ex-contratante um período de assistência no trabalho para o qual havia sido contratado, até que a empresa pudesse encontrar um substituto.

Opções - Enilson observa que, no mercado atual, se um profissional domina os softwares da Microsoft, tem 30 a 40% das opções de trabalho. Se, além disso, domina as redes Novell, tem mais outra parcela eqüivalente do mercado. Se sua formação incluir Linux/Unix, pode se candidatar a qualquer vaga nessa área, pois são as três plataformas básicas.

Por exemplo, o estudante pode optar, na área Microsoft, pela formação como: engenheiro de sistemas (system engineer - MCSE), com seis cursos e seis exames; desenvolvedor de soluções (solution developer - MCSD), com cinco cursos e quatro exames; administrador de bancos de dados (database administrator - MCDA), com cinco cursos e cinco exames; ou profissional certificado Microsoft (MS Certified Professional - MCP), com um a dois cursos e exames. Na área Novell, há duas opções: Certified Novell Administrator (CNA), com um curso e um exame, e Certified Novell Engineer (CNE), com seis cursos e seis exames.

Há programas simplificados, como Web designer, Web e-commerce, Web Security, Webmaster, Web Adminitsrator, Web Designer, Certified Instalation Professional (CIP) e Certified Network Professional (CNP). 

Os interessados em qualquer um dos cursos podem solicitar detalhes por e-mail. Para todos, o único pré-requisito é o estudante saber interagir (como usuário comum) com o ambiente operacional Windows e dominar o idioma inglês. 

Exames - A rotina é a mesma: após concluído o aprendizado (um curso CNA tem 40 horas/aula, um MCP 72 horas e um MCSE 212 horas), o aluno prestará o exame (custa US$ 75 por vez e pode ser repetido quantas vezes desejar, até que o aluno seja aprovado). 

A Fast Training aplica esses exames: o aluno entra em uma sala, com uma câmera de vídeo focada nele (impedindo fraudes) e um computador, ligado à sede da Microsoft ou da Novell. O exame consiste na apresentação de problemas práticos que ele terá de resolver usando os conhecimentos obtidos no curso, num determinado tempo de prova.

Enilson lembra que o profissional certificado, além de receber junto com as apostilas também uma versão completa dos programas que está estudando (no caso de um programa de rede, é o mesmo encontrado no mercado, mas com limitação a duas ou três máquinas, por exemplo), passa a ter um vínculo com o fabricante do software, obtendo informações em primeira mão sobre novos produtos ou atualizações. Pode até se tornar um beta-testador de novos produtos em desenvlolvimento, o que será um ponto altamente considerado em seu currículo. Em seminários especializados, os profissionais certificados obtêm inscrições gratuitas ou a custos reduzidos, e também há vantagens para eles na hora de realizar as constantes reciclagens (vale recordar que um profissional certificado em Windows NT só será reconhecido como habilitado para Windows 2000 quando tiver concluído o treinamento específico para esse novo ambiente operacional).

Custos - Uma preocupação cada vez maior das empresas é com o chamado Custo Total de Propriedade (TCO - Total Cost of Ownership). Um profissional competente, mesmo que represente um alto custo para a empresa, pode ser vantajoso. Já foi provado que a média de uso dos recursos de um software é inferior a 40%, ou seja, há muitos recursos que podem ser usados por quem saiba, permitindo economias significativas. Por exemplo, o Windows NT tem recursos que permite seu uso empregando PCs 386/486 como estações de trabalho, mas se o profissional não souber usá-los vai aconselhar a empresa a adquirir novos computadores de última geração, num considerável desperdício de dinheiro em muitos casos.

Questionado sobre o preço dos cursos de certificação, Enilson comentou que um curso de técnico de segurança em informática custa R$ 7.100,00, mas o especialista nessa área recupera o investimento no primeiro trabalho executado: realizar um teste de intrusão num sistema de computadores (em que o profissional atua como se fosse um hacker, tentando encontrar falhas de segurança no sistema que permitam acessos não autorizados) toma duas horas de trabalho com softwares especializados e custa à empresa contratante pelo menos R$ 11 mil. Feito o teste, o profissional emite um relatório com os pontos vulneráveis e os conselhos sobre como a empresa deve proteger seu sistema. Parece muito, mas num banco foram encontrados mais de 60 falhas de segurança. Nesse caso, o que são R$ 11 mil perante o abalo em sua imagem de instituição segura para os negócios dos clientes, ou a perda que teria se em vez do técnico fosse um cracker agindo?

Um curso de MCP em Windows NT/2000 custa R$ 1.550,00, com pagamento em até oito vezes. Numa escola que mantenha convênio com esse curso, o aluno pagará 40% menos e ainda poderá parcelar o valor em doze vezes. No caso da Fast Training, o aluno tem um contrato garantindo emprego com remuneração mínima de R$ 1.500,00, mas ainda não aconteceu nenhum caso em que essa cláusula tivesse de ser usada. Da mesma forma, um curso de MCP de Internet tem contrato garantido para o aluno a R$ 700,00 de remuneração mensal, mas a média salarial do mercado é de R$ 1.500,00, cita Enilson.