Mercado já exige profissionais
certificados
Está
havendo uma grande procura no mercado brasileiro por profissionais das
áreas de informática e telecomunicação. Mas
o perfil mudou: as empresas já não assumem os custos com
a formação profissional, cada um tem que investir muito em
seu próprio crescimento profissional. A boa notícia é
que esse investimento tem retorno muito rápido, ao ponto de um centro
de treinamento garantir emprego mínimo aos alunos formados e nunca
precisar cumprir essa oferta: todos conseguem trabalho com remunerações
melhores antes mesmo de completarem os cursos.
Para tratar dessas mudanças
no mercado de trabalho e sobre as oportunidades novas de trabalho no século
XXI, o Colégio Afonso
Pena, de Santos, promoveu no dia 29/5 uma palestra com o representante
do centro educacional paulistano Fast
Training, Enilson Moraes Pestana, em evento aberto ao público
e a todos os alunos da escola, com o apoio da Enterdata Informática.
Apresentado pelo diretor do Afonso Pena,
Cláudio F. de Carvalho, Enilson começou explicando que as
empresas hoje querem fazer mais com menos, mais e mais rápido, criando
vantagens competitivas, obtendo retorno de seus investimentos. E querem
inserir seus negócios na economia global.
Sem parâmetros - Para
se adequar a esse quadro, o profissional tem que investir em sua carreira,
pois a legislação trabalhalista impede a retenção
de funcionários em função de investimentos que faça
em seu aperfeiçoamento, e assim as empresas não querem dispender
uma quantia considerável para logo ao término do curso o
funcionário abandonar o emprego.
Enilson exemplifica como a alta demanda
por bons profissionais faz com que não existam mais parâmetros:
uma empresa contratou por R$ 1.700,00 mensais um profissional que ganhava
R$ 800,00. Começou a trabalhar e dois dias depois pediu demissão,
outra empresa lhe ofereceu um salário de R$ 4 mil.
O quadro da alta demanda por profissionais
do setor ficou ainda mais complicado a partir da proibição,
em 1999, de que as empresas de telecomunicações recém-privatizadas
recrutem mão-de-obra no exterior, devendo empregar recursos humanos
nacionais. Um evento que deverá ocorrer em junho na capital paulista,
promovido pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE),
espera receber 15 mil estudantes do setor, e já conta com mais de
9 mil vagas a serem ofertadas aos visitantes. Ou seja, não faltam
idéias para novos negócios, mas gente qualificada para desenvolvê-los.
Uma nova tendência que também
contribuirá para esse quadro é a de as empresas reduzirem
a compra de softwares especializados, preferindo comprar pacotes de serviços
oferecidos por um novo gênero de empresas, as provedoras de serviços
de aplicações (application service providers - ASPs).
Cursos não acadêmicos
- Embora a formação acadêmica não deva ser desprezada,
ela apenas não basta para esse novo mercado: o profissional precisa
cada vez mais passar por centros de treinamento, em busca de novas habilidades
na área de informática e telecomunicações que
complementem sua formação escolar. Destacam-se nesse campo
os centros de formação profissional com cursos que seguem
padrões internacionais estabelecidos pelas grandes empresas de informática,
e que por isso mesmo oferecem um certificado de conclusão reconhecido
mundialmente.
Como para obter tal certificado o
aluno precisa passar por um rigoroso exame, quem possui esse reconhecimento
não precisa se preocupar com o quesito de tempo de experiência
profissional anterior: os recrutadores sabem que o profissional tem todo
o conhecimento atualizado na área especificada no respectivo certificado.
Mas Enilson alerta: há outro quesito que tem igual peso na avaliação
do candidato: a ética profissional. Por exemplo, o candidato que
trocou de emprego dois dias depois de começar a trabalhar num projeto
arranhou a ética, deveria ao menos ter oferecido ao ex-contratante
um período de assistência no trabalho para o qual havia sido
contratado, até que a empresa pudesse encontrar um substituto.
Opções - Enilson
observa que, no mercado atual, se um profissional domina os softwares da
Microsoft, tem 30 a 40% das opções de trabalho. Se, além
disso, domina as redes Novell, tem mais outra parcela eqüivalente
do mercado. Se sua formação incluir Linux/Unix, pode se candidatar
a qualquer vaga nessa área, pois são as três plataformas
básicas.
Por exemplo, o estudante pode optar,
na área Microsoft, pela formação como: engenheiro
de sistemas (system engineer - MCSE), com seis cursos e seis exames; desenvolvedor
de soluções (solution developer - MCSD), com cinco cursos
e quatro exames; administrador de bancos de dados (database administrator
- MCDA), com cinco cursos e cinco exames; ou profissional certificado Microsoft
(MS Certified Professional - MCP), com um a dois cursos e exames. Na área
Novell, há duas opções: Certified Novell Administrator
(CNA), com um curso e um exame, e Certified Novell Engineer (CNE), com
seis cursos e seis exames.
Há programas simplificados,
como Web designer, Web e-commerce, Web Security, Webmaster, Web Adminitsrator,
Web Designer, Certified Instalation Professional (CIP) e Certified Network
Professional (CNP).
Os interessados em qualquer um dos
cursos podem solicitar detalhes por e-mail.
Para todos, o único pré-requisito é o estudante saber
interagir (como usuário comum) com o ambiente operacional Windows
e dominar o idioma inglês.
Exames - A rotina é
a mesma: após concluído o aprendizado (um curso CNA tem 40
horas/aula, um MCP 72 horas e um MCSE 212 horas), o aluno prestará
o exame (custa US$ 75 por vez e pode ser repetido quantas vezes desejar,
até que o aluno seja aprovado).
A Fast Training aplica esses exames:
o aluno entra em uma sala, com uma câmera de vídeo focada
nele (impedindo fraudes) e um computador, ligado à sede da Microsoft
ou da Novell. O exame consiste na apresentação de problemas
práticos que ele terá de resolver usando os conhecimentos
obtidos no curso, num determinado tempo de prova.
Enilson lembra que o profissional
certificado, além de receber junto com as apostilas também
uma versão completa dos programas que está estudando (no
caso de um programa de rede, é o mesmo encontrado no mercado, mas
com limitação a duas ou três máquinas, por exemplo),
passa a ter um vínculo com o fabricante do software, obtendo informações
em primeira mão sobre novos produtos ou atualizações.
Pode até se tornar um beta-testador de novos produtos em desenvlolvimento,
o que será um ponto altamente considerado em seu currículo.
Em seminários especializados, os profissionais certificados obtêm
inscrições gratuitas ou a custos reduzidos, e também
há vantagens para eles na hora de realizar as constantes reciclagens
(vale recordar que um profissional certificado em Windows NT só
será reconhecido como habilitado para Windows 2000 quando tiver
concluído o treinamento específico para esse novo ambiente
operacional).
Custos - Uma preocupação
cada vez maior das empresas é com o chamado Custo Total de Propriedade
(TCO - Total Cost of Ownership). Um profissional competente, mesmo que
represente um alto custo para a empresa, pode ser vantajoso. Já
foi provado que a média de uso dos recursos de um software é
inferior a 40%, ou seja, há muitos recursos que podem ser usados
por quem saiba, permitindo economias significativas. Por exemplo, o Windows
NT tem recursos que permite seu uso empregando PCs 386/486 como estações
de trabalho, mas se o profissional não souber usá-los vai
aconselhar a empresa a adquirir novos computadores de última geração,
num considerável desperdício de dinheiro em muitos casos.
Questionado sobre o preço
dos cursos de certificação, Enilson comentou que um curso
de técnico de segurança em informática custa R$ 7.100,00,
mas o especialista nessa
área recupera o investimento no primeiro trabalho executado: realizar
um teste de intrusão num sistema de computadores (em que o profissional
atua como se fosse um hacker, tentando encontrar falhas de segurança
no sistema que permitam acessos não autorizados) toma duas horas
de trabalho com softwares especializados e custa à empresa contratante
pelo menos R$ 11 mil. Feito o teste, o profissional emite um relatório
com os pontos vulneráveis e os conselhos sobre como a empresa deve
proteger seu sistema. Parece muito, mas num banco foram encontrados mais
de 60 falhas de segurança. Nesse caso, o que são R$ 11 mil
perante o abalo em sua imagem de instituição segura para
os negócios dos clientes, ou a perda que teria se em vez do técnico
fosse um cracker agindo?
Um curso de MCP em Windows NT/2000
custa R$ 1.550,00, com pagamento em até oito vezes. Numa escola
que mantenha convênio com esse curso, o aluno pagará 40% menos
e ainda poderá parcelar o valor em doze vezes. No caso da Fast Training,
o aluno tem um contrato garantindo emprego com remuneração
mínima de R$ 1.500,00, mas ainda não aconteceu nenhum caso
em que essa cláusula tivesse de ser usada. Da mesma forma, um curso
de MCP de Internet tem contrato garantido para o aluno a R$ 700,00 de remuneração
mensal, mas a média salarial do mercado é de R$ 1.500,00,
cita Enilson. |