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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 04/19/00 17:14:46
Schürmann: quase mil dias no mar e na Net

Seguindo a rota do navegador português Fernão de Magalhães pelos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico, a família de navegadores Schürmann está retornando ao Brasil, depois de mais de dois anos no mar, numa viagem que os internautas vêm acompanhando pela Internet, no site oficial da expedição. 

Tendo partido em 23/11/1997, os seis integrantes da família aportarão o veleiro Aysso em Porto Seguro no dia 22/4, exatamente na data em que o Brasil comemora o quinto centenário do Descobrimento. Aliás, sua expedição, Magalhães Global Adventure, foi aprovada como evento oficial pela Comissão Nacional para as Comemorações do V Centenário do Descobrimento do Brasil.

No dia 22/4, o veleiro deverá ser avistado por volta das 16 horas na Baía de Porto Seguro, ocorrendo a Navegada de Saudação, e atracando meia hora depois no trapiche local, onde ocorre a cerimõnia de chegada ao trapiche. Em seguida, os navegadores e convidados seguem para o Paradise Resort, onde haverá entrevista coletiva à imprensa e jantar.

Internautas - Nesses 881 dias de aventura no mar, Vilfredo, Heloísa, Pierre, David, Willhelm e Kat Schürmann estão sendo acompanhados por mais de 1,5 milhão de internautas, um terço dos quais no Brasil. Transmissões fotográficas e textos em português e inglês estão sendo enviados diretamente do barco para o mundo, através da Internet. 

Os visitantes do site acompanham a rota dos navegadores, exploram as informações sobre a cultura e a história dos povos, o meio-ambiente, a navegação, a meteorologia, ciências e educação ambiental - entre outros assuntos - em meio a cenários exuberantes, vivenciando a cada dia uma nova experiência.

Vários equipamentos de última geração foram incorporados ao veleiro: dois computadores modelo torre, três laptops e uma rede intranet. A tecnologia possibilita a transmissão de textos, fotos e sons digitais e de imagens em movimento, via satélite, pelo sistema Inmarsat. Para as teleconferências, usam uma super-maleta que contém um microcomputador com câmera digital e microfone, tudo à prova d'água e de choque.

Circunavegação - A rota de Fernão de Magalhães, percorrida entre 1519 e 1522, foi escolhida para o Magalhães Global Adventure por ser uma fascinante aventura da primeira circunavegação feita pelo homem. A expedição de Fernão de Magalhães foi um sucesso de muitas descobertas: a Zona do Tempo, o Estreito de Magalhães que liga o Atlântico ao Pacífico, a prova definitiva de que a Terra é redonda. Alcançou seu objetivo de encontrar uma nova rota para as Índias, possibilitando, assim, maiores lucros para os patrocinadores da expedição.

Apesar de ter perdido a vida sem completar sua viagem, Fernão de Magalhães passou para a história como um dos maiores navegadores de seu tempo. Sua viagem abriu horizontes para outros navegadores que, como os Schürmann, puderam navegar pelos mares.
 

Dados e informações interessantes:

Países visitados: 15 países e 8 territórios
Milhas navegadas: 29.384 milhas ou 54.420 quilômetros
Maior profundidade: 5.841 metros
Ventos mais fortes: 55-60 nós no Estreito de Magalhães
Navegação mais longa: de Cocos Keeling a Madagascar ­ 2.933 milhas
Lugar mais frio: Seno Pingüim, Patagônia
Lugar mais quente: Sultanato de Brunei (36º C)
Maior perigo: Piratas no Mar da China
Maior surpresa: Mog Mog, Micronésia, e sua tradição
Maior decepção: Não poder filmar na Ilha Pitcairn
Animal mais incrível: O macaco Tarsier, nas Filipinas
Mergulho mais emocionante: Arraias-jamantas de 3,5 m em Yap e tubarão branco na África do Sul.
Melhor marina: Waterfront, na Cidade do Cabo
Pior marina: Jacarta, Indonésia 
Lugar mais caro: Papeete, Taiti
Lugar mais barato: Filipinas 
Costume mais diferente: A Casa das Mulheres, em Mog Mog. É onde as mulheres têm que ficar durante o período menstrual e o resguardo, sendo proibida a entrada de homens. 

Seno Pingüim, o lugar mais frio

Novos Horizontes - Refazer a viagem de Fernão de Magalhães significa muito mais do que a reedição de um acontecimento histórico, embora esta seja talvez uma das páginas mais bonitas da História. Assim como Fernão de Magalhães foi um precursor, o objetivo do projeto dos Schürmann também é a busca de novos horizontes.

A rota de Magalhães levou a Família Schürmann a lugares fantásticos, entre geleiras e ilhas tropicais. Entretanto, este caminho tem uma característica que o diferencia das outras rotas comerciais que passam pelo Caribe e pelo Canal do Panamá. Ele não perdeu seu mistério original. Ainda há segredos para serem desvendados, como, por exemplo, para onde vão os pingüins da Patagônia quando desaparecem no mar durante sete meses no ano. As modernas expedições, como a que a Família Schürmann está realizando, incluem pesquisadores com tecnologia de última geração, que talvez possam achar as respostas para mistérios como este.

Além de Magalhães, esta rota foi percorrida por outros navegadores. Por exemplo, Joshua Slocum, o primeiro homem a circunavegar o mundo sozinho, no final do século XIX. E o submarino atômico U.S. Triton que, em 1960, refez a rota do grande navegador português. Em plena guerra fria, passou por águas inimigas sem vir à tona nenhuma vez, durante 85 dias. Todos estes relatos ajudaram a Família Schürmann na determinação de parâmetros seguros de estudo e comparação e a fazer novas descobertas.

Exatamente um ano atrás, o veleiro dos Schürmann estava ancorado em Kosrae, 5 graus 19 minutos N 163 graus 1 minuto E
Fernão de Magalhães - O famoso navegador que emprendeu a primeira circunavegação da Terra nasceu em Portugal, em 1480. De família nobre, foi criado como pagem da rainha D. Leonor, em Lisboa. Aos 25 anos, embarcou na esquadra de Francisco de Almeida, o primeiro vice-rei português na Índia e, depois, com Afonso de Albuquerque, fundador do império português na Ásia.

Quando regressou a Portugal, em 1512, atingira o posto de capitão e foi promovido a fidalgo escudeiro, um escalão de nobreza mais elevado. Ferido em combate no Norte da África, ficou coxo para o resto da vida. Tratado com indiferença pelo rei ao reivindicar o aumento de sua pensão, solicitou ao rei que o desobrigasse de sua lealdade a Portugal para que pudesse servir a outro monarca. O rei deu-lhe permissão e Fernão de Magalhães foi para Sevilha, na Espanha, de onde partiu, em 20 de setembro de 1519, para a primeira viagem de circunavegação da história, sob a bandeira de Espanha.

Com cinco naus - San Antonio, Trinidad (nau-capitânia), Victoria, Concepción e Santiago - e uma tripulação de 267 homens de várias nacionalidades, sob o comando de Fernão de Magalhães, a Armada das Molucas partiu de Sevilha com o objetivo de encontrar uma passagem no Sul do continente americano e estabelecer um caminho mais rápido para as Ilhas das Especiarias, uma rota alternativa para o trajeto até então conhecido, que era contornar a África.

Pela primeira vez na história da navegação, uma esquadra cruzou o oceano Atlântico em direção ao Pacífico, passando pelo Estreito que recebeu o nome do navegador. A expedição usou técnicas avançadas para a época, mas mesmo assim apenas 18
tripulantes sobreviveram.

Três anos mais tarde, quando ninguém na Espanha se lembrava mais daquela esquadra, surgiu no porto a pequena Victoria, sem mastros, com o casco avariado, fazendo água. A bordo, dezoito sobreviventes. Um deles era Antônio Pigaffeta, que
escreveu os acontecimentos daqueles três anos. Fernão de Magalhães havia falecido em Mactan, nas Filipinas, em combate com nativos, em 27 de abril de 1521 e, além de dar seu nome ao estreito no extremo Sul das Américas, batizou a estrela na base do Cruzeiro do Sul.

Graças a esses registros, a Família Schürmann pôde reeditar uma das aventuras mais fascinantes da história da humanidade: a primeira volta ao redor do mundo, que provou que a Terra era redonda, descobriu o Oceano Pacífico, as Filipinas e o fuso horário. 

Passando pelo estreito de Magalhães
Família de navegadores - Os Schürmann são uma família marinheira. Hoje os pais, Vilfredo e Heloísa, são marinheiros experientes. Pierre, David, Wilhelm e a pequena Kat cresceram e se tornaram verdadeiros homens (e menina) do mar:. 

Vilfredo de Oliveira Schürmann (51 anos) - Natural de Florianópolis (SC) é bacharel em Economia, foi proprietário de uma empresa de projetos industriais e assessor financeiro de diversas indústrias catarinenses. Hoje administra o Magalhães Global Adventure, buscando soluções para a viagem, retorno para os patrocinadores, e as táticas para a logística da viagem. Dedica-se também a fazer palestras empresariais enfocando temas como planejamento estratégico, organização, motivação, qualidade de vida e trabalho de equipe. Foram-lhe outorgadas a Medalha do Mérito Anita Garibaldi, pelos serviços prestados ao Estado de Santa Catarina, em 25/11/1994, e o Diploma da Medalha do Mérito Tamandaré, em 13/12/1994.

Heloísa Carneiro Ribeiro Schürmann (51 anos) - Natural da cidade do Rio de Janeiro, é professora de inglês com diploma da New York University. Em Florianópolis, foi proprietária de uma escola de inglês com cerca de mil alunos. Atualmente, coordena o planejamento dos projetos na área educacional e participa na realização das palestras. Autora de artigos para revistas, jornais e do livro Dez Anos no Mar, Heloísa é o contato ideal para quem quiser saber sobre educação, saúde, bem estar da tripulação e alimentação a bordo. 

Pierre Schürmann (31 anos) - Formou-se em Administração de Empresas na Flórida. Com experiência abrangendo diversos setores na área de finanças e computação, especializou-se em Internet. Hoje está trabalhando entre o Brasil e os Estados Unidos, assessorando a família na área de informática da viagem Magalhães Global Adventure. Pierre é o responsável pela comunicação na Internet e via satélite.

David Schürmann (26 anos) - Reside atualmente na Nova Zelândia, onde formou-se em Televisão e Cinema. Começou sua carreira como diretor de televisão, e logo se especializou em filmes, dirigindo e produzindo filmes para cinema e comerciais. David voltou ao Brasil em setembro de 1999 para se dedicar à parte de comunicação visual, mídia, homepage e filmagens dos projetos da Família Schürmann .

Wilhelm Schürmann (23 anos) - Pratica o windsurf como atividade profissional, participando de competições de nível internacional onde conquistou diversos títulos, como o de campeão da Nova Zelândia em 1993 e campeão paulista e catarinense em 1995. É o atual campeão brasileiro. Único brasileiro no ranking mundial do Professional Windsurfing Association (PWA), regressou em setembro/1999 do circuito internacional depois de correr as etapas de EUA, Venezuela, Aruba, República Dominicana, Fiji, Grécia, e Inglaterra. 

Katherine Schürmann (7 anos) - A pequena marinheira está estudando por correspondência, pelo método da Escola Calvert, dos Estados Unidos, como seus irmãos estudaram na primeira volta ao mundo.
 


Diário de Bordo 
por Heloísa Schürmann
 
 
 

Cabo Verde, 3 de abril de 2000.

Depois que a regata partiu com seus 35 barcos, o porto ficou meio vazio, com apenas 8 barcos. Saímos para explorar a ilha e a cidade. 

Cabo Verde fica a apenas 200 milhas da costa da África Ocidental; e é um arquipélago vulcânico.

Quando os portugueses descobriram as ilhas em 1456, eles deram este nome por causa da vegetação bem verdinha. São dez ilhas com um total de 400 mil habitantes. 

A capital, Praia, fica na ilha de São Tiago. Mindelo é a maior ilha e o principal porto do arquipélago. 

As ilhas sofreram um terrível processo de devastação por causa dos desmatamentos e das cabras trazidas pelos colonizadores. O desequilíbrio ambiental trouxe a seca para as ilhas e do século 17 ao 19 milhares de pessoas morreram.

Muitos dos que sobreviveram foram embora nos navios baleeiros para New England, nos Estados Unidos. Outros foram para o Brasil durante o ciclo do ouro e fundaram a cidade de Cabo Verde, em Minas Gerais, em 1750.

Hoje muitos cabo-verdianos moram no exterior e mandam parte do dinheiro que ganham para cá, para ajudar suas famílias, e esta renda ajuda muito a economia local. 

Os principais produtos de exportação são sal e pescado. As ilhas foram também um ponto importante de abastecimento para navios. Era em Cabo Verde que os navios-negreiros paravam para cristianizar os escravos antes de enviá-los para o Novo Mundo.