Segurança e privacidade
Marcelo Schneck Paula Pessôa
(*)
Colaborador
Estima-se
que, em 1998, prejuízos causados por falhas de segurança
da informação chegaram a cifras na ordem de 140 milhões
de dólares. Nessa pesquisa, feita por Angelo Zanini (engenheiro,
autor de tese de doutorado sobre segurança da informação),
constatou-se que as fraudes eram relacionadas a roubo de informações
privadas, sabotagem, invasões, vírus e acesso não
autorizado. A microinformática tornou essa situação
ainda mais crítica, pois os sistemas operacionais dos computadores
pessoais geralmente são muito frágeis quanto à segurança
de acesso. A Internet também abre um flanco para a invasão,
porque tem a característica de permitir a interligação
de praticamente qualquer máquina ao redor do mundo.
Para resolver esses problemas, existem
muitas técnicas que, em linhas bem gerais, controlam o acesso a
dados e sistemas ou codificam a informação para evitar sua
leitura (criptografia). Essas técnicas são muito dinâmicas
e funcionam como uma brincadeira de espionagem e contra-espionagem. Na
máquina é colocada uma proteção, mas logo alguém
descobre uma maneira de "quebrá-la" e novamente o fornecedor aparece
com uma versão atualizada, mais robusta que, após algum tempo,
também é violada. Veja o caso dos programas antivírus,
com versões semanais.
Sigilo - Esse é um lado
da questão. Existe outro, bem menos discutido, que é o aspecto
do comportamento, da ética. É a denominada Privacidade da
Informação, que pode ser definida como a "preservação
do sigilo dos dados pessoais identificáveis do usuário".
As organizações precisam possuir um Sistema da Privacidade,
similar ao sistema da qualidade definido pela ISO 9000. A visão
de processo para essa atividade é muito apropriada, pois leva as
organizações a não se preocuparem apenas com hardware
e software de segurança, mas com o sistema completo. Este
sistema envolve, além dessa parte técnica, a definição
de uma Política da Privacidade, de métodos e procedimentos
referentes à privacidade e treinamento de todos os envolvidos.
Desta forma, um controle de acesso
perde toda a eficácia se o usuário divulgar sua senha. Informações
sigilosas deixam de sê-las, se não forem tratadas com cuidado
pelos responsáveis. Um vazamento de informação pode
comprometer uma empresa se não forem tomadas atitudes de correção
e esclarecimento por parte do usuário. Uma organização
que possui um Sistema de Privacidade aborda de maneira mais global esses
aspectos e, no primeiro exemplo acima, gera uma campanha para que o usuário
não divulgue sua senha (que realmente os bancos fizeram) e, no segundo
caso, treina as pessoas para que elas fiquem atentas e tenham atitudes
como não deixarem documentos à vista. Todos estes procedimentos
evitarão grandes problemas, que hoje comprometem a segurança
de empresas, organismos governamentais e pessoas físicas.
(*) Marcelo
Schneck Paula Pessôa é engenheiro eletricista, professor do
Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica
da USP e Diretor de Tecnologia de Informação da Fundação
Carlos Alberto Vanzolini. |