Ser ASP ou não ser ASP, eis
a questão
Veja também o adendo
do autor
Mario Persona (*)
Colaborador
Dizem que
tudo o que vem escrito em inglês é verdade. Se assim for,
para não perder a credibilidade devo parar de usar o idioma de Camões
e continuar este artigo com a ajuda de Shakespeare. O que fatalmente acabaria
em tragédia, pelo menos para nosso brio latino-lusitano. Mas se
não quero escrever em inglês, vou ter que usar uma sigla inglesa,
ou corro o risco de ficar sem assunto. Quero falar do ASP. Mas o que é
ASP? Vou tentar explicar em mais que três letras.
Um ASP, ou "Application Service Provider",
pode ser traduzido simplesmente como um provedor de aplicativos por assinatura.
Nada de novo até aqui, se considerarmos que o telefone permite a
uma rede de usuários utilizar um serviço pagando um "fee"
mensal. Ou taxa, quando do lado de cá do Equador. O mesmo poderia
ser dito de uma "Cable TV" ou de algum serviço de "pager". Só
para não sair do inglês.
Mas a atual onda de ASP tem suas
razões para acontecer. É simples. A tecnologia de hoje permite
que necessidades de ontem virem mola propulsora nos negócios amanhã.
Quando a necessidade encontra a solução, não pode
ficar parada. Com as mudanças nos negócios, sendo puxadas
à força pela Internet, tem empresa que já passou do
estágio em que se sentia num mato sem cachorro. Descobriu que tem
cachorro, mas é o Rottweiler do concorrente.
O problema começa a complicar
quando se descobre que empresa nenhuma pode migrar do real para o virtual
sem uma estrutura sistemas de Tecnologia da Informação adequados.
Mas uma simples passada de olhos nas etiquetas de preços de sistemas
é suficiente para levar o empresário mais valente a se conformar
com a idéia de que seu pobre negocinho não vai sair dessa
inteiro.
Solução: compartilhar
- Mas a mesma Internet que acelerou os processos também vem em socorro
do desalentado empreendedor. Com fundo musical de Missão Impossível,
para quem as velhas economias parecem insignificantes para pagar os custos
da nova economia. A solução que a Internet traz é
permitir que diversas empresas utilizem simultaneamente um mesmo aplicativo
- o "Application" da sigla ASP. A utilização é na
forma de um serviço - o "Service" - disponibilizado por um provedor.
Você adivinhou. Quem presta o serviço é o "Provider",
o "P" do ASP.
Assim, sistemas que seriam inviáveis
a empresas médias ou pequenas, podem ser oferecidos na forma de
uma enorme vaca com infinitas tetas. Todos mamam, mas ninguém precisa
pagar pela vaca toda. E nem se preocupar em sustentá-la. Os custos
são diluídos entre muitos usuários, enquanto estes
se concentram em seu "core business" (olha o inglês aí de
novo!). Sem precisar criar toda uma estrutura de tecnologia da informação,
ou se preocupar com segurança, upgrades ou contratação
de gente especializada. As preocupações ficam sendo da vaca
que amamenta. "Cow", se preferir, para ficar mais chique.
Outra vantagem de se aderir ao ASP
é poder fugir da rota da obsolescência. Hoje uma empresa deve
pensar cem vezes antes de partir para um projeto de desenvolvimento interno
de sistema. É entrar no processo com a foto de um galã, para
descobrir que, na saída, acabou ficando de braços dados com
um velho. Um velho incomunicável, se o projeto não levar
em conta uma sociedade conectada em rede.
Nova sigla? - Se você
ainda não tinha ouvido falar em ASP, prepare-se para conviver com
esta sigla do momento. Para fazer companhia ao ERP, MRP, CRM, B2B, e tantas
outras siglas que há algum tempo frequentam as palestras para executivos.
Onde também as portuguesas "sinergia" e "paradigma", tão
desgastadas, vêm sendo substituídas por "approach", "purchasing",
"hosting" e tantas outras grifes da moda. Nomes que fazem suspirar qualquer
"tech-yuppie". Êpa! Inglês de novo!
Porém, apesar da sigla parecer
nova, prestar serviços na forma de ASP não é novidade.
A própria Widesoft já faz isso há uns bons três
anos, disponibilizando, via Web, um sistema de auxílio à
gestão da supply chain. E outro, para planejamento da produção,
também via Internet. Mas para aqueles que procuram uma solução
de ASP para seus negócios, é bom ficar atento. É que
"ser ASP" hoje dá status. É o eqüivalente empresarial
a "ser VIP". E muitas empresas que atuam na Internet aderiram à
sigla antes de aderir ao serviço, para não ficarem fora da
moda. Ou da bolsa. Pelo menos para inglês ver.
(*) Mário
Persona é diretor de comunicação da Widesoft,
que desenvolve sistemas para facilitar a gestão da cadeia de suprimentos
via Internet.
Adendo do
autor, publicado na lista de debates Widebiz em 22/3/2000 às 6h39:
«
A sigla ASP so vem dar um novo nome
a um velho boi. Ou a uma velha vaca, se
nos apegarmos a analogia que fiz
em meu artigo. Analogia velha, diga-se de
passagem (confesso, nao sou tao
criativo assim), pois ja a utilizei em
outro artigo chamado "A Vaca dos
Meus Sonhos". Quem quiser ler esta em
http://www.widesoft.com.br/site/interneg/coluna_vaca.html
Mas na epoca em que escrevi, a definicao
ainda trazia um certo estigma do
passado outsourcing, ou terceirizacao
de servicos de informatica. Digo
estigma, porque a resistencia e'
grande quando voce esta com seu timing
muito adiante do timing do mercado.
Há uma referencia a esse momento
historico da empresa em meu artigo
"Receita para um grande negocio",
publicado pela Internet Business.
Veja em
http://www.ibusiness.com.br/secoes/colunistas/webbusiness/colunas/coluna7par
te1.asp
A Widesoft sofreu um bocado por estar
fora do timing do mercado, desde que
decidiu, ha 3 anos, disponibilizar
via Internet o sistema de compra e venda
entre empresas, e pouco depois,
transformar um aplicativo de planejamento
de producao para pura Web. Este
ultimo e' usado hoje por 6 fabricas do
grupo TRW, como ferramenta de apoio
ao MRP, com um ganho incrivel em
lucratividade na producao. Escrevi
um artigo sobre ele ha mais de um ano.
Chama-se "A Influencia da Moeda
no Planejamento da Producao". Como sempre,
nao espere algo muito serio. Esta'
em
http://www.widesoft.com.br/site/interneg/coluna_moeda.html
Mas, como disse, isso tudo estava
inserido no tenebroso (para algumas
empresas) universo da terceirizacao.
E as empresas morriam de medo de
deixar que outros fizessem a licao
que achavam ser de casa. Lembro-me de um
empresario que declarou com todas
as letras: "Jamais minha empresa
colocaria os dados fora dela". Respondi
com uma pergunta, "Quem faz sua
contabilidade?"
A resistencia era muito grande também
da area de informatica das empresas.
Uma gerente de CPD quase matou um
colega quando este disse a ela que grande
parte do que eles rodavam in house
poderia ser rodado na Widesoft e
disponibilizado via rede. Ela viu
seu emprego "perigar".
Felizmente o mercado ficou pronto
para o que a Widesoft faz (ufa!), embora
já tenhamos alguma coisa
no forno para a proxima onda. Nao, nao e' um
servico de reciclagem.:)) O mercado
entendeu que computacao e' uma colcha,
cujos retalhos podem estar espalhados
pelo mundo. Posso ter alguma coisa
rodando dentro de minha empresa,
um sistema de RH rodando em Hong Kong, um
ERP na India, etc. Mas o sistema
de gestao de suprimentos e planejamento da
producao, sugiro que seja rodado
no Brasil. So nao digo onde, para nao
parecer propaganda. :))
»
|