Mundo festeja o Carnaval no Rio
de Janeiro
Na gelada Finlândia
e no distante Japão, a festa é cada vez mais destacada
Carlos Pimentel Mendes
editor
Neste
último ano do século e milênio, o Carnaval carioca
vai ter um destaque incomum: empunhando um estandarte em que a bandeira
mostra um globo terrestre transformado em pandeiro, o Grêmio Recreativo
e Escola de Samba Unidos do Mundo (United World Samba School), com integrantes
realmente originários do mundo inteiro, convocados pela Internet
para entoarem o enredo composto por Martinho da Vila – que também
pode ser lido e
ouvido em versões instrumental e plena através
da rede mundial de computadores (N.E.: arquivamos para você: veja
no final da matéria a letra
e a música em MP3).
Além
de abrir os desfiles, a apresentação do Unidos do Mundo no
Sambódromo carioca será o ponto culminante de um trabalho
que vem sendo realizado há vários anos por organizações
como a Rio2000 e a Federação
Internacional de Sambistas (International Federation of Sambistas – IfoS),
apoiada pela organização World
Samba.
Embora
muitos brasileiros desconheçam, o Carnaval – que veio da Europa
no século passado com o nome de Entrudo – tem feito há alguns
anos o caminho inverso, depois do estágio de abrasileiramento, em
que uma das matérias obrigatórias é o samba. Nos últimos
anos, vêm surgindo inúmeros grupos de sambistas nos mais diversos
países do mundo, como a gelada Finlândia (que nesta época
do ano fica ainda mais gelada, pois é pleno inverno lá) e
o criativo Japão, que colocou microprocessadores e outras adaptações
nos instrumentos musicais.
Na Alemanha, já passa de uma
centena os grupos de sambistas espalhados por todo o país. Há
grupos também em lugares como Israel, Estados Unidos, França,
Jamaica, Indonésia etc. Em certos países, a festa de Carnaval
ao estilo brasileiro ocorre em períodos mais propícios –
como a Inglaterra, onde costuma ser realizada em agosto. Yes, Londres tem
micareta!
Note-se
que a referência “estilo brasileiro” – com samba e outras características
bem nossas – se explica, pois a festa do Carnaval também assume
formas próprias em muitos países, como o Mardi Gras festejado
principalmente na cidade estadunidense de Nova Orleans, os carnavais de
inverno canadenses (que incluem a construção de palácios
em gelo), e a Mascarada da italiana Veneza ou da iugoslava Rijeka.
Com
a ampliação da Internet, esses grupos começaram a
manter contato mais constante entre si, surgindo as organizações
internacionais, e há cerca de quatro anos começou a ser desenvolvida
a idéia de uma apresentação especial dessas escolas
no último Carnaval carioca do século/milênio. A julgar
pelas inscrições feitas, por enquanto de 151 grupos de sambistas,
poderemos ter de 6.500 a mais de 14 mil participantes (68 grupos de bateria,
26 blocos, 17 grupos de dançarinos e 40 escolas de samba de estilo
tradicional). Além de desfilarem pela Unidos do Mundo, eles também
participarão das apresentações de outras escolas de
samba, com identificação especial.
Cuíca eletrônica
– Em função dessa apresentação internacional,
talvez o Brasil conheça ao vivo, pela primeira vez, alguns instrumentos
musicais que vêm fazendo sucesso há dois anos no carnaval
japonês. Um deles é a cuíca eletrônica The Crystal
King 2, com corpo transparente e um processador que faz com que ela brilhe
com sete cores diferentes, alternando-as conforme a programação
de computador embutida no instrumento.
Ela vem sendo usada pela escola de
samba japonesa Bárbaros e pode ser vista pela
Internet, junto com outros instrumentos curiosos, como a Cholieca,
união de chocalho e cuíca. Para variar, informatizada, com
efeitos de luz controlados por um chip.
Para completar, os japoneses criaram
uma “cuíca que fuma”: um micro-mecanismo em seu interior solta jatos
de gás, como se o instrumento estivesse realmente pegando fogo de
tanto ser manipulado pelo sambista...
Arquivamos para você a versão
plena em MP3.
Clique aqui
para ouvir e veja a letra:
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