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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 02/07/00 20:59:32
Quer comprar? Tá na mão! 

Mário Persona (*)
Colaborador

Não faz muito tempo, os portais eram tidos como a maior sensação da rede. Segundo matéria do Los Angeles Times, a Disney decidiu que não quer mais brincar disso. E nem de pega-pega com o Yahoo. O logotipo da Go Network já está sendo substituído por algo mais discreto. Com um prejuízo de quase um bilhão de dólares em 1999, o certo teria sido trocar o semáforo verde com a palavra "Go" do logo antigo, por um vermelho e com a palavra "Stop" piscando. Michael Eisner, presidente do grupo, disse ao The Wall Street Journal que se tivessem persistido, teriam sido "totalmente competitivos" na briga com Yahoo e AOL. No melhor estilo Mickey Mouse, o ratinho que nunca se dá por vencido.

Continuando no reino da garotada, a EToys, gigante virtual dos brinquedos, está passando um mau pedaço para explicar aos investidores como consegue vender um dólar gastando $ 1,75 no processo. Na ânsia de conquistar uma base considerável de clientes, as empresas de comércio virtual não ligaram para retorno imediato, enquanto despejavam milhões de dólares em propaganda no período que antecedeu o Natal. Não estavam pagando para ver. Estavam pagando para vender.

Se as vendas de brinquedos da EToys foram multiplicadas por quatro no final do ano, deixando muitas crianças felizes com o Papai Noel virtual, os prejuízos foram multiplicados por oito. Para tristeza dos investidores, cuja chaminé foi estreita demais para o gordo velhinho passar. Nada de presentes por enquanto. Só resta saber se irão aguentar sem choro até o final do ano 2000. Ou até o dia da criança, se é que tem isso no hemisfério norte. 

Quedas - Enquanto as ações da EToys caíam 20% nos últimos dias, sites de gente grande como o Value America viam suas ações beijando o chão a $ 5,06. Em seus melhores dias elas chegavam a $ 74,25. À medida que surgem dados concretos para medir o desempenho dos negócios virtuais, os investidores começam a ficar espertos e analisar duas vezes os planos de negócios que aterrizam em suas mesas, envoltos
em envelopes confidenciais.

Segundo Charles Bennett, do http://www.Bizology.com, o número de compras e fusões de empresas de Internet mais que triplicou de 1998 para 1999. Mas, se por um lado o número de negócios aumentou, o preço médio pago por empresas de Internet está caindo. Um domínio, que foi adquirido por mais de um milhão de dólares, foi colocado à venda em um leilão recentemente. O lance mais alto não passou de quinze mil dólares.

Comparação - Uma das estratégias básicas até agora, aplicada pelas empresas de e-commerce, era chegar antes ao mercado, fazer propaganda maciça para conquistar o maior número possível de clientes e inventar atrações para fazê-los voltar. Mas a tecnologia está remando contra essa maré, graças à ajuda de sites de comparação de preços, como o http://www.miner.com.br. Em uma busca nas livrarias brasileiras usando o Miner, encontrei uma variação de 25% nos preços.

Se virar hábito o consumidor ir direto a sistemas de comparação de preços, o que o e-comerciante deve fazer? Gastar milhões em propaganda para promover seu site, ou cortar custos para promover seu preço? É certo que a propaganda ajuda a fixar a marca, e o consumidor não irá comprar do mais barato se este for desconhecido. Mas, e se surgirem os certificados de e-commerce? Algo como um ISO 9000 do comércio eletrônico, garantindo a qualidade do atendimento? Aí o consumidor pode querer dar mais crédito ao certificado do que à marca.

Palma da mão - Antes que você pense que a equação é simples, vou colocar outro ingrediente na panela. Segundo o International Data Corp., em 2002 o número de handhelds chegará a mais de 25 milhões. Imagine toda essa gente com a palma da mão conectada à Internet, só nos EUA. E em dez anos os handhelds ultrapassarão os PCs em número. O Meta Group estima que o mercado de outsourcing de aplicativos para handhelds - como sistemas de pesquisa de preços - chegue a 22 bilhões de dólares em 2002.

Que efeito terá isso no comércio eletrônico? Já pensou receber, na palma da mão, já pesquisado, espremido e enxugado, e com certificado de garantia, o menor preço de qualquer produto? O consumidor sairá como o grande beneficiado, e o e-comerciante
desatento, o grande prejudicado. Na nova economia plugada, as modas surgem e desaparecem a uma velocidade incrível. E empresas também. O consumidor quer comprar usando a mais nova tendência? Tá na mão. O comerciante quer continuar a vender sem adotar a mais nova tendência? Vai ficar na mão.

(*) Mário Persona é diretor de comunicação da Widesoft, que desenvolve sistemas para facilitar a gestão da cadeia de suprimentos via Internet.