Quer comprar? Tá na mão!
Mário Persona (*)
Colaborador
Não
faz muito tempo, os portais eram tidos como a maior sensação
da rede. Segundo matéria do Los Angeles Times, a Disney decidiu
que não quer mais brincar disso. E nem de pega-pega com o Yahoo.
O logotipo da Go Network já está
sendo substituído por algo mais discreto. Com
um prejuízo de quase um bilhão de dólares em 1999,
o certo teria sido trocar o semáforo verde com a palavra "Go" do
logo antigo, por um vermelho e com a palavra "Stop" piscando. Michael Eisner,
presidente do grupo, disse ao The Wall Street Journal que se tivessem
persistido, teriam sido "totalmente competitivos" na briga com Yahoo e
AOL. No melhor estilo Mickey Mouse, o ratinho que nunca se dá por
vencido.
Continuando no reino da garotada,
a EToys, gigante virtual dos brinquedos,
está passando um mau pedaço para explicar aos investidores
como consegue vender um dólar gastando $ 1,75 no processo. Na ânsia
de conquistar uma base considerável de clientes, as empresas de
comércio virtual não ligaram para retorno imediato, enquanto
despejavam milhões de dólares em propaganda no período
que antecedeu o Natal. Não estavam pagando para ver. Estavam pagando
para vender.
Se as vendas de brinquedos da EToys
foram multiplicadas por quatro no final do ano, deixando muitas crianças
felizes com o Papai Noel virtual, os prejuízos foram multiplicados
por oito. Para tristeza dos investidores, cuja chaminé foi estreita
demais para o gordo velhinho passar. Nada de presentes por enquanto. Só
resta saber se irão aguentar sem choro até o final do ano
2000. Ou até o dia da criança, se é que tem isso no
hemisfério norte.
Quedas
- Enquanto as ações da EToys caíam 20% nos últimos
dias, sites de gente grande como o Value America viam suas ações
beijando o chão a $ 5,06. Em seus melhores dias elas chegavam a
$ 74,25. À medida que surgem dados concretos para medir o desempenho
dos negócios virtuais, os investidores começam a ficar espertos
e analisar duas vezes os planos de negócios que aterrizam em suas
mesas, envoltos
em envelopes confidenciais.
Segundo Charles Bennett, do http://www.Bizology.com,
o número de compras e fusões de empresas de Internet mais
que triplicou de 1998 para 1999. Mas, se por um lado o número de
negócios aumentou, o preço médio pago por empresas
de Internet está caindo. Um domínio, que foi adquirido por
mais de um milhão de dólares, foi colocado à venda
em um leilão recentemente. O lance mais alto não passou de
quinze mil dólares.
Comparação
- Uma das estratégias básicas até agora, aplicada
pelas empresas de e-commerce, era chegar antes ao mercado, fazer propaganda
maciça para conquistar o maior número possível de
clientes e inventar atrações para fazê-los voltar.
Mas a tecnologia está remando contra essa maré, graças
à ajuda de sites de comparação de preços, como
o http://www.miner.com.br. Em uma
busca nas livrarias brasileiras usando o Miner, encontrei uma variação
de 25% nos preços.
Se virar hábito o consumidor
ir direto a sistemas de comparação de preços, o que
o e-comerciante deve fazer? Gastar milhões em propaganda para promover
seu site, ou cortar custos para promover seu preço? É certo
que a propaganda ajuda a fixar a marca, e o consumidor não irá
comprar do mais barato se este for desconhecido. Mas, e se surgirem os
certificados de e-commerce? Algo como um ISO 9000 do comércio eletrônico,
garantindo a qualidade do atendimento? Aí o consumidor pode querer
dar mais crédito ao certificado do que à marca.
Palma da mão - Antes
que você pense que a equação é simples, vou
colocar outro ingrediente na panela. Segundo o International Data Corp.,
em 2002 o número de handhelds chegará a mais de 25 milhões.
Imagine toda essa gente com a palma da mão conectada à Internet,
só nos EUA. E em dez anos os handhelds ultrapassarão os PCs
em número. O Meta Group estima que o mercado de outsourcing de aplicativos
para handhelds - como sistemas de pesquisa de preços - chegue a
22 bilhões de dólares em 2002.
Que efeito terá isso no comércio
eletrônico? Já pensou receber, na palma da mão, já
pesquisado, espremido e enxugado, e com certificado de garantia, o menor
preço de qualquer produto? O consumidor sairá como o grande
beneficiado, e o e-comerciante
desatento, o grande prejudicado.
Na nova economia plugada, as modas surgem e desaparecem a uma velocidade
incrível. E empresas também. O consumidor quer comprar usando
a mais nova tendência? Tá na mão. O comerciante quer
continuar a vender sem adotar a mais nova tendência? Vai ficar na
mão.
(*) Mário
Persona é diretor de comunicação da Widesoft,
que desenvolve sistemas para facilitar a gestão da cadeia de suprimentos
via Internet. |