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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/16/00 20:23:37
Quando interagir significa crescer

Mário Persona (*)
Colaborador

Business-to-business é a palavra do momento em termos de comércio eletrônico entre empresas. Embora a Internet tenha ajudado a popularizar este conceito, não se trata de algo tão novo assim. A maior novidade é que, graças à rede mundial, os irmãos menores da família comercial já estão podendo participar da brincadeira. Mas as transações eletrônicas já eram praticadas há um bom tempo sob a sigla inglesa EDI, o equivalente a Intercâmbio Eletrônico de Dados, idealizado para o intercâmbio de pedidos, cobranças e pagamento de bens e serviços via redes privadas. 

Porém o EDI tradicional sempre foi elitista e a restrição à sua popularização estava principalmente nos altos custos. A pequena empresa sentia-se como o irmão menor em jogo de bola alta. Queria alcançar, mas não era para ela. Tinha que se contentar em brincar apenas com as que eram do seu tamanho. Isso também não trazia vantagem para a grande empresa cujo processo de compras de fornecedores pequenos precisava ser diferenciado, o que aumentava seus custos.

Calibre maior - A Internet democratizou de tal forma a comunicação que as pequenas empresas já podem começar a falar grosso. A redução de custos na transmissão e no processamento da informação permitiu que muitas empresas entrassem na adolescência comercial, crescendo e competindo em áreas antes não imaginadas. Para muitas, o salto foi tão grande que nem precisaram ter espinhas. Com a ajuda dos hormônios da informação fácil, rápida e barata, muitas já circulam em mercados de gente grande.

As chances de uma pequena empresa entrar no rol de fornecedora de grandes corporações aumentaram de modo significativo. O pequeno e médio empresário está hoje mais capacitado a se tornar um elo significativo na monumental cadeia de suprimentos que as novas tecnologias estão tornando possível construir.

Com o acesso garantido a sistemas de EDI funcionando na Web, empresas que antes estavam preocupadas em investir em caras redes privadas podem redirecionar seus recursos para atividades mais produtivas. Uma particularidade interessante neste contexto é que muitos provedores de sistemas de EDI que atuavam segundo os velhos padrões precisaram correr para alcançar as empresas mais novas da geração Internet. Estas entraram no jogo com fôlego de primeira vez e agilidade suficiente para driblar players mais pesados.

A Internet possibilitou também a criação de um novo modelo de mercado onde compradores e vendedores podem interagir independente de distâncias ou barreiras físicas. A distância maior a ser percorrida é a que vai do cérebro do operador do sistema até a ponta de seu dedo que clica o mouse. Isto já começa a eliminar a gordura do processo de compra e venda, resultando numa boa perda de peso nos preços finais e maior competitividade no mercado.

Padronizado - Quer mais benefícios? O browser ou navegador de Internet acabou se tornando um padrão de interface. No momento em que um funcionário passa a trabalhar com um sistema de EDI que tem a mesma cara do jornal que ele lê na Internet, metade do problema com treinamento já está resolvido. Esta interatividade deixa o antigo EDI morrendo de inveja. Sem falar no telefone e fax.

Mas o EDI utilizando a Internet não pretende limitar o jogo ao relacionamento comercial exclusivamente entre empresas. A ponta da cadeia foi esticada e já ilumina o monitor da dona de casa, que passou a fazer parte da grande ciranda. Ela dança de mãos dadas com o comércio eletrônico de varejo, com seu ritmo sendo analisado por uma pesquisa de mercado mais eficaz, que determina de que lado a ciranda deve girar. Nunca foi tão fácil, rápido e barato descobrir as expectativas do cliente e corresponder à altura.

A empresa que hesita entrar nessa modalidade de relacionamento comercial vê seus competidores crescendo, passando de ano e vencendo os desafios que surgem. Uma empresa indiferente à tendência dos mercados de hoje sofre de uma versão comercial da síndrome de Peter Pan. Tem medo de crescer e prefere continuar sendo criança na Terra do Nunca, onde os negócios no futuro acontecerão com esta mesma freqüência: nunca.

(*) Mário Persona é diretor de comunicação da Widesoft, que desenvolve sistemas para facilitar a gestão da cadeia de suprimentos via Internet.