Quando interagir significa crescer
Mário Persona (*)
Colaborador
Business-to-business
é a palavra do momento em termos de comércio eletrônico
entre empresas. Embora a Internet tenha ajudado a popularizar este conceito,
não se trata de algo tão novo assim. A maior novidade é
que, graças à rede mundial, os irmãos menores da família
comercial já estão podendo participar da brincadeira. Mas
as transações eletrônicas já eram praticadas
há um bom tempo sob a sigla inglesa EDI, o equivalente a Intercâmbio
Eletrônico de Dados, idealizado para o intercâmbio de pedidos,
cobranças e pagamento de bens e serviços via redes privadas.
Porém o EDI tradicional sempre
foi elitista e a restrição à sua popularização
estava principalmente nos altos custos. A pequena empresa sentia-se como
o irmão menor em jogo de bola alta. Queria alcançar, mas
não era para ela. Tinha que se contentar em brincar apenas com as
que eram do seu tamanho. Isso também não trazia vantagem
para a grande empresa cujo processo de compras de fornecedores pequenos
precisava ser diferenciado, o que aumentava seus custos.
Calibre maior - A Internet
democratizou de tal forma a comunicação que as pequenas empresas
já podem começar a falar grosso. A redução
de custos na transmissão e no processamento da informação
permitiu que muitas empresas entrassem na adolescência comercial,
crescendo e competindo em áreas antes não imaginadas. Para
muitas, o salto foi tão grande que nem precisaram ter espinhas.
Com a ajuda dos hormônios da informação fácil,
rápida e barata, muitas já circulam em mercados de gente
grande.
As chances de uma pequena empresa
entrar no rol de fornecedora de grandes corporações aumentaram
de modo significativo. O pequeno e médio empresário está
hoje mais capacitado a se tornar um elo significativo na monumental cadeia
de suprimentos que as novas tecnologias estão tornando possível
construir.
Com o acesso garantido a sistemas
de EDI funcionando na Web, empresas que antes estavam preocupadas em investir
em caras redes privadas podem redirecionar seus recursos para atividades
mais produtivas. Uma particularidade interessante neste contexto é
que muitos provedores de sistemas de EDI que atuavam segundo os velhos
padrões precisaram correr para alcançar as empresas mais
novas da geração Internet. Estas entraram no jogo com fôlego
de primeira vez e agilidade suficiente para driblar players mais pesados.
A Internet possibilitou também
a criação de um novo modelo de mercado onde compradores e
vendedores podem interagir independente de distâncias ou barreiras
físicas. A distância maior a ser percorrida é a que
vai do cérebro do operador do sistema até a ponta de seu
dedo que clica o mouse. Isto já começa a eliminar a gordura
do processo de compra e venda, resultando numa boa perda de peso nos preços
finais e maior competitividade no mercado.
Padronizado - Quer mais benefícios?
O browser ou navegador de Internet acabou se tornando um padrão
de interface. No momento em que um funcionário passa a trabalhar
com um sistema de EDI que tem a mesma cara do jornal que ele lê na
Internet, metade do problema com treinamento já está resolvido.
Esta interatividade deixa o antigo EDI morrendo de inveja. Sem falar no
telefone e fax.
Mas o EDI utilizando a Internet não
pretende limitar o jogo ao relacionamento comercial exclusivamente entre
empresas. A ponta da cadeia foi esticada e já ilumina o monitor
da dona de casa, que passou a fazer parte da grande ciranda. Ela dança
de mãos dadas com o comércio eletrônico de varejo,
com seu ritmo sendo analisado por uma pesquisa de mercado mais eficaz,
que determina de que lado a ciranda deve girar. Nunca foi tão fácil,
rápido e barato descobrir as expectativas do cliente e corresponder
à altura.
A empresa que hesita entrar nessa
modalidade de relacionamento comercial vê seus competidores crescendo,
passando de ano e vencendo os desafios que surgem. Uma empresa indiferente
à tendência dos mercados de hoje sofre de uma versão
comercial da síndrome de Peter Pan. Tem medo de crescer e prefere
continuar sendo criança na Terra do Nunca, onde os negócios
no futuro acontecerão com esta mesma freqüência: nunca.
(*) Mário
Persona é diretor de comunicação da Widesoft,
que desenvolve sistemas para facilitar a gestão da cadeia de suprimentos
via Internet. |