O estudo vai mais longe, ao indicar que o setor foi responsável pela criação de um milhão e duzentos mil empregos. Digno de nota é que, nos últimos três anos, os valores vêm dobrando, sem dar mostras de esgotamento a curto prazo. Ainda assim, as vendas pela Internet nos Estados Unidos estão sendo estimadas em apenas 1% do volume de vendas a varejo, o que já deixa prever quanto campo existe para negócios on-line. 

Até quando vai durar a corrida do ouro, ninguém sabe. Algumas empresas que entram hoje na Internet encontram algumas áreas já saturadas. Outras acham um terreno ainda virgem e podem dançar e rolar. E existem áreas ainda nem imaginadas, que só começarão a surgir como decorrência de negócios previamente consolidados na rede.

Ontem - Em vista disso, a grande dúvida na cabeça de muitos empresários hoje é: "Quando é que uma empresa deve entrar na Internet?" A melhor resposta é "Ontem". E essa entrada deve ser feita sem caminho de volta. Não digo que você tenha que botar fogo no que construiu até aqui, como faziam os conquistadores espanhóis com seus navios na colonização da América Central. Mas se estiver pensando em colocar só um pé na água para sentir a temperatura, é bem provável que amanhã não encontre espaço nem para o dedão.

A coisa funciona mais ou menos como a história da planta aquática na lagoa. A cada dia que passa ela se reproduz e ocupa o dobro da superfície do dia anterior. Depois de dez dias já ocupa metade da lagoa. Quantos dias faltam para cobrir toda a superfície? Apenas um dia. Ninguém poderá prever quando a lagoa Web para algum segmento ou atividade do mercado vai estar 50% coberta. Se você está esperando que seus concorrentes conquistem metade de seu mercado on-line, num piscar dos olhos eles terão conquistado todo ele.

Indícios - Os índios costumavam observar o movimento das aves para prever tempestades. Um bom indício para qualquer empresário é ficar atento ao movimento de pessoas que são experts no mundo dos negócios. A semana passada foi marcada pela migração, para a Web, de um pavão do jornalismo financeiro. Lou Dobbs, âncora do programa Moneyline e vice-presidente da CNN, deixou seu cargo para entrar em uma empreitada na Internet junto com a família Rockefeller. Devem inaugurar em breve o site científico-educacional http://www.space.com, recheado com notícias, artigos, textos de ficção científica e pesquisas sobre o espaço. 

Dobbs segue os passos de seu colega, o jornalista Peter Arnett, ganhador do prêmio Pulitzer, que após dezoito anos de CNN responde por um noticiário internacional online em http://www.foreigntv.com.

Por que estariam essas andorinhas de nobre estirpe migrando para outras áreas? Com certeza já sabem para onde ir quando ficarem mais fortes os ventos do inverno da economia convencional. Querem pegar a primavera da Web para desfrutarem a plenitude de seu verão. O que impressiona é que deixam uma mídia como a TV, que é considerada a nata da comunicação, para começarem a construir um ninho nos ramos ainda verdes e tenros da Web. Na verdade, eles não estão trocando de mídia, mas conquistando um poleiro no futuro viveiro de todas as mídias.

Imprensa, rádio e TV são meios de comunicação já consagrados. Mas a Web vai muito além de um meio de comunicação. Trata-se de um ambiente que contém todos os meios além de outras formas de comunicação eletrônica como telefone, fax, e-mail, webpages etc. Portanto, não é de espantar que existam tantos olhos gordos fixos naquilo que é hoje o pavilhão de exposições do conhecimento humano.

No jornal de hoje é bem provável que você encontre alguma referência à Internet. Na programação do rádio ou TV, idem. Cada dia, mais coisas estarão acontecendo na Web, e a revoada de talentos já é um bom indício para todo empresário de visão prestar bastante atenção para onde estão indo. E ir junto, nem que no princípio isto tenha que ser feito a duras penas. Afinal, uma andorinha sozinha não faz verão. Nem negócios. 

(*) Mário Persona é diretor de comunicação da Widesoft, que desenvolve sistemas para facilitar a gestão da cadeia de suprimentos via Internet. Artigo distribuído em junho de 1999.