Perdendo dinheiro fora da Rede
Mário Persona (*)
Colaborador
Qualquer
coisa que eu tentar escrever sobre o risco de se perder dinheiro na Internet
irá fatalmente pecar pela falta de originalidade. Todos os argumentos
pró e contra a segurança da rede em negócios já
foram amplamente discutidos. Até a história do garçom,
muito usada pelos defensores da segurança na Internet, é
conhecida demais para precisar ser repetida aqui. O garçom, que
leva seu cartão para o interior do restaurante e rouba seu número,
já deve estar milionário de tanto ter sido usado como exemplo.
Mas vou arriscar dar mais uma pincelada
no assunto, mostrando que o desfalque maior está reservado para
as empresas que ficam fora da Internet. São aquelas que, para economizar,
ou entram na Internet na base da meia-sola, ou nem mesmo querem pensar
no assunto. E olha que, em matéria de economizar - digamos, pão-durice
mesmo - eu me considero um especialista. Até meu filho costuma dizer
que se eu atravessar um rio nadando, com um punhadinho de sal em cada mão
fechada, vou chegar do outro lado com o sal sequinho. Mas, quando o assunto
é economia na empresa, sou obrigado a reconhecer que para economizar
é preciso investir, da maneira certa, na hora certa e no lugar certo.
A maneira varia, mas a hora e o lugar têm um nome: Internet.
Números - Se a sua
empresa ainda não possui uma estratégia de Internet, veja
só o que está perdendo. Segundo o Giga Information Group
Inc., as empresas que fazem negócios na Internet deverão
economizar cerca de 1,25 trilhões de dólares no ano 2002.
Só nos Estados Unidos acredita-se que a fatia será de 600
bilhões de dólares naquele mesmo período. Essa projeção
é baseada nos dados obtidos em 1998, quando houve uma economia estimada
em 17,6 bilhões graças ao uso da Internet, sendo 15,2 bilhões
apenas nos Estados Unidos.
Andrew Bartels, vice-presidente do
Giga, afirmou que a Internet é mais do que apenas uma nova forma
de vender produtos e serviços - é a maneira eficiente de
conduzir um negócio, já que resulta em uma economia significativa
nos custos embutidos em qualquer organização. A continha
é simples. Com a redução dos custos chega-se a um
aumento na lucratividade da empresa que, segundo o Giga, pode chegar de
60 a 80%. Isso só de economia em processos, sem falar de faturamento
proveniente de vendas.
Usando a mesma equação,
o Giga estima que em 2002 as empresas americanas na Internet terão
um lucro que pode ir de 360 a 480 bilhões em ganhos diretamente
relacionados à economia com a redução dos custos.
Bartels compara a influência da Internet nos negócios com
o impacto que o telefone e o avião a jato tiveram no mundo atual.
Eles influenciaram muito mais do que apenas as telecomunicações
ou as viagens. Do mesmo modo, a Internet influenciará muito mais
do que apenas a maneira de vender produtos.
A reestruturação dos
processos comerciais é o epicentro do terremoto que a Internet vai
causar nos negócios. Uma amostra disso é que as indústrias
passaram a ter um novo funcionário cuidando da manipulação
dos pedidos. Ao invés de pagarem um salário a esse novo colaborador,
as empresas vão receber pelo trabalho dele. Trata-se do lojista,
revendedor ou distribuidor, que passa a colocar os pedidos online via Internet,
com direito à verificação de estoques e preços
e acompanhamento do pedido dentro da indústria e na transportadora.
Você poderá perguntar como fica a situação do
viajante ou vendedor em uma situação assim. Não tenho
todas as respostas. Se você puder sugerir algo, ficarei grato, já
que nem tudo é previsível dentro das novas relações
de negócios que surgiram com o advento da Internet.
Mas se há coisas imprevisíveis,
há outras que são claras como o dia. Uma delas é que
as empresas que ficarem de fora do novo ambiente de negócios estarão
sendo desfalcadas, não por hackers tentando roubar cartões
de crédito, mas por uma falta de visão do rumo que as empresas
devem tomar na nova economia. Caso queiram competir no novo mercado, terão
que abrir a mão e investir. Embora eu não seja a pessoa mais
indicada para ensinar isso, por naturalmente querer manter meu punhadinho
de sal livre de umidade, nadar com as mãos abertas é sempre
mais fácil e rápido.
(*) Mário
Persona é diretor de comunicação da Widesoft,
que desenvolve sistemas para facilitar a gestão da cadeia de suprimentos
via Internet. |