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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BIBLIOTECA - Tropeiro & Capela
Um tropeiro e uma capela (2)

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Na primeira década do século XVII, um tropeiro santista que transportava cargas entre as vilas de Santos e S. Paulo faleceu num pouso de tropas, no alto da Serra do Mar, e sobre sua sepultura foi colocada uma cruz.

O tempo passou, e nesse local surgiu uma orada, depois um ermida, em seguida uma capela, que ganhou o nome de Santa Cruz e foi consagrada a São Sebastião. Na década de 1980, foi parcialmente demolida, mas, anos depois, resolveu-se restaurá-la pedra por pedra, tornando-a um marco de um tempo glorioso da história nacional.

Um livrete de 16 páginas mais capas - cedido em 2010 a Novo Milênio para reprodução digital, pelo professor de História Francisco Carballa, de Santos, e pela coordenadora pedagógica do projeto de restauro, Sonia Cristina Santos Breyer -, conta essa história de quatro séculos, até os presentes dias:

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Restauração da Capela de Santa Cruz

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Lateral da capela

Imagem incluída na página 8 do livrete

História da capela

Marco essencial para a compreensão histórica relativa à formação do município, sendo um dos monumentos mais antigos de toda a região do Grande ABC, a capela de Santa Cruz começou a ser construída em 1611, sendo atualmente considerada a pedra fundamental sobre a qual está assentada a cidade de Rio Grande da Serra.

Torre

Imagem incluída na página 5 do livrete

Consta que por volta de 1611 as tropas que transportavam sal e outros gêneros vindos através do porto de Santos e São Vicente para o povoado de Santana de Mogi das Cruzes, utilizavam-se das trilhas e caminhos pelo meio da serra, especificamente o de Zanzalá para Mogi, que atravessava o povoado de Rio Grande, ladeando o rio de mesmo nome.

Capela após a demolição

Imagem incluída na página 5 do livrete

Era aqui que as tropas pousavam, pois era a primeira parada após a saída do sertão e subida da serra íngreme. Numa dessas paradas, um tropeiro faleceu, sendo sepultado num alcantil próximo ao local, demarcado por uma cruz e mais tarde substituído por uma orada, e depois ainda por uma ermida, à qual deram o nome de Santa Cruz e, posteriormente, São Sebastião.

Tropas pousando

Imagem incluída na página 6 do livrete

Pelo fato de a colonização ter sido regida e empreendida majoritariamente por religiosos, sua arquitetura é um marco para o estudo e o entendimento de toda uma época, fato notável sobretudo pelo estilo de sua torre em meia chã jesuítica.

Capela de Santa Cruz - década de 1970

Imagem incluída na página 7 do livrete

Também são considerados jesuíticos a arquitetura e todo o acervo da obra religiosa dos séculos XVI e XVII, fruto de um trabalho penoso e constante dos padres da Companhia de Jesus. A capela de Santa Cruz possui a arquitetura significativa, porque simboliza a penetração da primeira religiosidade na conquista das novas terras.

Lateral da capela

Imagem incluída na página 8 do livrete

A torre feita em abode, que é o tijolo feito em fôrma porém não cozido, lembra as torres carmelitanas, de estilo próprio, quadrangular. O seu coroamento, da maior importância, retrata um símbolo português da época do Brasil Colônia.

Este consta de mísulas verticais nos quatro cantos da torre, formando simbolicamente das pétalas de Lírio, a flor símbolo de Portugal; os quatro cantos também representam as quatro virtudes cristãs: fé, amor, esperança e caridade.

Coroamento

Imagem incluída na página 5 do livrete

Desse quadrado ergue-se uma cúpula ovalada (como uma abóbada celeste), que dá à capela a característica de uma nave arrematada por um bulbo, o qual sustenta o globo mundial, construído em grossas fitas de aço pudlado que sustentam um galo, símbolo cristão na vigilância na fé, encimado finalmente por um Cruzeiro, a Cruz da Ordem de Cristo, que esteve estampada em todas as bandeiras de Portugal, como também na bandeira do Império, instituída por dom Pedro I em 18 de setembro de 1822.

Imagem incluída na página 9 do livrete

É também na torre que encontra-se um elo extremamente significativo com os demais símbolos da capela, que é o Brasão do Império gravado no sino. De acordo com a simbologia, a coroa simboliza a glória e a santidade, o homem e a força.

A coroa é ladeada de ramos de café com frutos e fumo e suas flores, fechados por laço. No centro vemos o globo celeste cortado ao meio, sobreposto por uma cruz, símbolo da totalidade; o globo significa a soberania sobre o reino, sendo que a esfera celeste é o antigo símbolo da colônia portuguesa. As vinte estrelas que circundam o brasão representam as vinte colônias, ou condados de Portugal, dentre elas o Brasil Império de então.

Detalhe do sino

Imagem incluída na página 11 do livrete

Esta capela de Santa Cruz teve provisão de bênção e celebração de Ofícios Divinos assinada em 1º de maio de 1873, constando no Registro das Provisões de 1872 a 1875.

Torre do Sino - foto de 1979

Imagem incluída na página 10 do livrete

Tendo São Sebastião sido acolhido como padroeiro da capela em épocas posteriores, o mesmo foi representado por um escultura em madeira, feita a canivete no século XVII por Luís Leonel, que a ofertou, em seguida, à família Pandolfi, que, por sua vez, a doou à capela em 1906, e hoje faz parte do acervo da Paróquia de São Sebastião, sendo esculpida para a capela uma nova imagem.

Capela e cruzeiro lateral

Imagem incluída na página 12 do livrete

Desde então, a capela começou a ser conhecida como capela de São Sebastião, festejado no dia 20 de janeiro, mantendo também as celebrações originais da Santa Cruz em 3 de maio e 14 de setembro.

Imagem incluída na página 12 do livrete