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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Crônica policial - 16
Uma nova doença: kleptomania...

Epidemia se alastra pela cidade...

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Na edição de 5 de julho de 1907, o jornal Diário de Santos assim registrava em suas Notas Policiais o aparecimento de uma nova e estranha epidemia na cidade (ortografia atualizada nesta transcrição):

Imagens: reproduções da nota original

Lavra a cleptomania nas rodas da flor da gente.

Ultimamente o cadastro da polícia registrou um caso dessa enfermidade no Corvo Louco que se acha em estado grave na enfermaria n. 3.

O mal de natureza contagiosa, tem feito sentir os seus efeitos microbianos atacando mais alguns infelizes, entre os quais o João Antunes Oliveira.

A manifestação mórbida desse pobre homem foi a sugestão da posse de uma garrafa de Pipermint, licor finíssimo e de elevado preço.

Cedendo à influência do micróbio, o Antunes, como se fosse um gatuno muito ordinário, apossou-se de uma garrafa daquele licor, sendo obrigado pela polícia a restituir o que tirara contra a vontade do dono e recolhido à enfermaria onde se acha em observação.

Antigamente denominava-se a um ato desse, gatunagem; hoje, porém, graças às recentes descobertas da Ciência, isso chama-se cleptomania; é uma moléstia como outra qualquer.

O diabo é que ela está lavrando por aí de um modo assustador, havendo doentes reclamando a atenção dos que podem curar o mal.

***

Eduardo Ferramenta (oh! ferro!) é outra vítima do moderno morbus e a polícia o surpreendem em franca manifestação da doença, quando tomava conta, muito naturalmente como se fossem suas, diversas mercadorias que pertenciam a outrem.

Lá foi para o hospital, o coitado.

***

Sucedeu terceiro caso, ontem mesmo, no mercado, sendo vitimado pela cleptomania o desventurado Manoel Alves do Nascimento.

Pobre do Nascimento! quem diria que no fim da vida saía sacrificado por tão cruel doença!

Bem dizemos nós que a epidemia aumenta e por isso pedimos urgentes providências às autoridades.

Providências!

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