Imagens: reproduções da nota original
Lavra a cleptomania nas
rodas da flor da gente.
Ultimamente o cadastro da polícia registrou um caso dessa enfermidade no Corvo Louco que se
acha em estado grave na enfermaria n. 3.
O mal de natureza contagiosa, tem feito sentir os seus efeitos microbianos atacando mais alguns
infelizes, entre os quais o João Antunes Oliveira.
A manifestação mórbida desse pobre homem foi a sugestão da posse de uma garrafa de Pipermint,
licor finíssimo e de elevado preço.
Cedendo à influência do micróbio, o Antunes, como se fosse um gatuno muito ordinário, apossou-se
de uma garrafa daquele licor, sendo obrigado pela polícia a restituir o que tirara contra a vontade do dono e recolhido à enfermaria onde se
acha em observação.
Antigamente denominava-se a um ato desse, gatunagem; hoje, porém, graças às recentes descobertas
da Ciência, isso chama-se cleptomania; é uma moléstia como outra qualquer.
O diabo é que ela está lavrando por aí de um modo
assustador, havendo doentes reclamando a atenção dos que podem curar o mal.
***
Eduardo Ferramenta (oh! ferro!) é outra vítima do moderno morbus e a
polícia o surpreendem em franca manifestação da doença, quando tomava conta, muito naturalmente como se fossem suas, diversas mercadorias que
pertenciam a outrem.
Lá foi para o hospital, o coitado.
***
Sucedeu terceiro caso, ontem mesmo, no mercado, sendo
vitimado pela cleptomania o desventurado Manoel Alves do Nascimento.
Pobre do Nascimento! quem diria que no fim da vida saía sacrificado por tão cruel doença!
Bem dizemos nós que a epidemia aumenta e por isso pedimos urgentes providências às autoridades.
Providências! |