Destroços de bombardeios de Nápoles vieram parar no cais de Santos.
Trouxe-os o navio grego Psara, como lastro
Foto publicada com a matéria
Destroços de bombardeios de Nápoles estão amontoados no cais de Santos
Vieram, como lastro, num navio grego - Em meio a tijolos, pedras e terra, foram
encontrados ossos humanos e fragmentos de utensílios domésticos
O navio grego Psara, de bandeira grega, chegou há
vários dias ao nosso porto, procedente da Itália. Não trouxe carga alguma. Atracado ao cais, começou a despejar de seus porões considerável
quantidade de pedaços de tijolos, pedras e terra, utilizados como lastro essencial à estabilidade do barco durante a travessia.
Os estivadores encontraram dificuldade para o serviço, tal a natureza da chamada
sub-carga, tanto mais que, durante tantos dias encerrada nos porões, exalava mau cheiro, exigindo àqueles trabalhadores do porto o uso de
máscaras protetoras, enquanto outros, desanimados, acharam de abandonar a tarefa, tão rude se apresentava.
O estranho lastro do barco grego foi a custo retirado dos porões e removido para o
pátio externo do armazém n. 23, onde ainda se encontra.
Destroços de bombardeios de Nápoles - Aquela montanha de tijolos fragmentados,
pedras e cascalho outra coisa não era senão destroços de bombardeios da zona portuária de Nápoles, onde o Psara tocou. Pelo menos, é o que se
afirma no cais do armazém 23, onde estivemos na tarde de ontem. Doqueiros e estivadores confirmaram a procedência daquela curiosa sub-carga
trazida pelo barco heleno como lastro.
Fragmentos de ossos humanos - Doqueiros e estivadores fizeram círculo ao
repórter. E contaram o que observaram ou o que outros viram durante os serviços de desembarque e remoção. Escavando os destroços, encontraram,
afirmam, alguns fragmentos de ossos humanos. E até uma dentadura! Viram também pedaços de janelas, de portas e muitas coisas mais.
O que o repórter também viu! - Afinal, aquela montanha de terra, pedras e
tijolos partidos estava ali, à nossa frente. E passamos a observar. Remexemos uma pequena parte daqueles escombros. E vimos um objeto amassado,
enferrujado, que noutros tempos fora lata de lixo. Fragmentos de vasos sanitários. pedaços de madeira. Panos apodrecidos. E um pedaço de ferro, que
o fotógrafo garantiu como estilhaço de bombarda ou granada...
Encontramos mais: fichas semelhantes às usadas em cassinos, com as iniciais "C.L.";
folhas de carteiras navais, em branco; folhas de carteiras sobre transferência de residência, também em branco; folhas de livros, tudo em idioma
italiano.
E se aqueles escombros forem removidos, muita coisa surgirá para positivar a afirmação
de que se trata de destroços napolitanos, testemunhos mudos dos ataques aéreos sofridos pela formosa cidade e porto da Itália. |