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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Destroços da II Guerra surgiram em Santos

Restos de prédios bombardeados em Nápoles, na Itália, foram usados como lastro de um navio e descarregados no porto santista...

E também se começou a cobrar pelo uso dos telefones em locais públicos... O registro é do jornal santista A Tribuna, na quinta-feira, 21 de março de 1946:


Destroços de bombardeios de Nápoles vieram parar  no cais de Santos.
Trouxe-os o navio grego Psara, como lastro
Foto publicada com a matéria

Destroços de bombardeios de Nápoles estão amontoados no cais de Santos
Vieram, como lastro, num navio grego - Em meio a tijolos, pedras e terra, foram encontrados ossos humanos e fragmentos de utensílios domésticos

O navio grego Psara, de bandeira grega, chegou há vários dias ao nosso porto, procedente da Itália. Não trouxe carga alguma. Atracado ao cais, começou a despejar de seus porões considerável quantidade de pedaços de tijolos, pedras e terra, utilizados como lastro essencial à estabilidade do barco durante a travessia.

Os estivadores encontraram dificuldade para o serviço, tal a natureza da chamada sub-carga, tanto mais que, durante tantos dias encerrada nos porões, exalava mau cheiro, exigindo àqueles trabalhadores do porto o uso de máscaras protetoras, enquanto outros, desanimados, acharam de abandonar a tarefa, tão rude se apresentava.

O estranho lastro do barco grego foi a custo retirado dos porões e removido para o pátio externo do armazém n. 23, onde ainda se encontra.

Destroços de bombardeios de Nápoles - Aquela montanha de tijolos fragmentados, pedras e cascalho outra coisa não era senão destroços de bombardeios da zona portuária de Nápoles, onde o Psara tocou. Pelo menos, é o que se afirma no cais do armazém 23, onde estivemos na tarde de ontem. Doqueiros e estivadores confirmaram a procedência daquela curiosa sub-carga trazida pelo barco heleno como lastro.

Fragmentos de ossos humanos - Doqueiros e estivadores fizeram círculo ao repórter. E contaram o que observaram ou o que outros viram durante os serviços de desembarque e remoção. Escavando os destroços, encontraram, afirmam, alguns fragmentos de ossos humanos. E até uma dentadura! Viram também pedaços de janelas, de portas e muitas coisas mais.

O que o repórter também viu! - Afinal, aquela montanha de terra, pedras e tijolos partidos estava ali, à nossa frente. E passamos a observar. Remexemos uma pequena parte daqueles escombros. E vimos um objeto amassado, enferrujado, que noutros tempos fora lata de lixo. Fragmentos de vasos sanitários. pedaços de madeira. Panos apodrecidos. E um pedaço de ferro, que o fotógrafo garantiu como estilhaço de bombarda ou granada...

Encontramos mais: fichas semelhantes às usadas em cassinos, com as iniciais "C.L."; folhas de carteiras navais, em branco; folhas de carteiras sobre transferência de residência, também em branco; folhas de livros, tudo em idioma italiano.

E se aqueles escombros forem removidos, muita coisa surgirá para positivar a afirmação de que se trata de destroços napolitanos, testemunhos mudos dos ataques aéreos sofridos pela formosa cidade e porto da Itália.

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