HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
BIBLIOTECA - C.SANITÁRIA
A campanha sanitária de Santos - Malária (11)
Em
1947, David Coda e Alberto da Silva Ramos, do Serviço de Profilaxia da Malária do Estado de São Paulo, publicaram este estudo, na forma de uma separata
dos Arquivos de Higiene e Saúde Pública, publicação da Diretoria Geral do Departamento de Saúde do Estado de São Paulo
– Ano (Vol.) XII – 1947 – Nums. 31-32-33-34 – páginas 63 a 104.
O trabalho foi impresso na Indústria Gráfica de José Magalhães Ltda., de São Paulo, e um exemplar
foi cedido a Novo Milênio para digitalização, pela Biblioteca Pública Alberto
Sousa, de Santos, através da bibliotecária
Bettina Maura Nogueira de Sá, em maio de 2010.
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A Malária na Cidade de Santos
David Coda e Alberto da Silva Ramos -
1947 |
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Atualizações - século XXI Desde a
publicação da obra, em 1947, a malária foi decrescendo até sumir praticamente em Santos e vizinhanças, reduzindo-se bastante em toda a região
Sudeste do Brasil, como se verifica em diversas fontes consultadas em 12/1/2011:
Arquivos PDF:
Situação
da malária no Brasil até 2008 - Ministério da Saúde/SVS [origem]
Malária
no estado de São Paulo - Sucen [origem]
Dissertação
de mestrado de Renata D'Avila Couto, na Universidade de São Paulo (USP): "Malária autóctone notificada
no Estado de São Paulo: aspectos clínicos e epidemiológicos, de 1980 a 2007" [origem]
Boletim
Epidemiológico Paulista, de novembro de 2004:
Novembro, 2004 Ano 1 Número 11
Malária em São Paulo
Divisão de Zoonoses
Centro de Vigilância Epidemiológica "Professor Alexandre Vranjac" – CVE/SES-SP
A malária já era bem conhecida nos tempos de Hipócrates.
Seu impacto na saúde coletiva da região amazônica é inegável. No entanto, em Estados não pertencentes à Amazônia Legal, onde ela é freqüente,
a doença não faz parte da rotina dos médicos no que diz respeito ao diagnóstico diferencial. O que é visto também no Estado de São Paulo.
O esquecimento não é injustificado. De fato, o número de casos de malária diagnosticados no Estado caiu de 1.798 em 1990 para 242 em 2003.
Desde 1997 observa-se notificação inferior a 300 casos/ano. Entretanto, dois aspectos dessa doença exigem nossa atenção: as rotas de
transporte e comércio, que determinam afluxo constante de indivíduos procedentes de áreas de alta endemicidade da doença, sendo responsável
por cerca de 85% dos casos anuais.
Os indivíduos que adoecem buscam atendimento em centros de saúde e pronto-socorros. Alguns casos (malária por Plasmodium falciparum)
podem ser graves e o retardo do diagnóstico ou tratamento inadequado representam risco de vida. Um segundo aspecto é a ocorrência de pequeno
número de casos autóctones. Focos de malária têm sido identificados no Litoral Norte, Grande São Paulo e Vale do Ribeira.
O agente etiológico da malária autóctone em São Paulo é o Plasmodium vivax, com apresentação clínica freqüentemente oligossintomática.
A Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) realiza ações de identificação de focos autóctones e medidas seletivas de controle de
vetores.
A abordagem da malária sofreu modificações recentemente. Seguindo tendência mundial, abandonou-se a meta de erradicação da doença. Os novos
objetivos priorizam a atenção aos doentes, para redução de gravidade e letalidade, por meio de uma ampla oferta de serviços para diagnóstico e
tratamento.
O desafio de São Paulo consiste na construção de modelos eficientes de assistência à malária por P. vivax, de baixa incidência no
Estado, que atenda também à malária por P. falciparum, casos importados, entretanto potencialmente grave. Dois componentes são
necessários a esse modelo: manter índices adequados de suspeição e montar sistema de referência.
Até 2003, a Secretaria da Saúde de São Paulo centralizava a tecnologia para diagnóstico e tratamento da malária. A reavaliação da situação
epidemiológica trouxe uma nova abordagem. Foram designados hospitais de referência nas diversas regiões do Estado, médicos e profissionais de
laboratório foram capacitados para o diagnóstico clínico e condutas terapêuticas e para a identificação do agente, respectivamente.
Em relação a outro componente, a suspeição, sua importância justifica o lembrete: "A malária em São Paulo é algo mais do que a recordação de
velhos compêndios de parasitologia".
Assim, definiram-se 14 serviços de
referência que atendem os pré-requisitos mínimos quanto à estrutura, recursos físicos e humanos, e estão inseridos em um contexto geoespacial
que permite fácil acesso para adequado atendimento dos casos suspeitos da doença, como mostra o mapa a seguir.
Figura 1 - Localização dos serviços de referência para malária:
Fonte: CVE
Todo caso suspeito de malária deverá ser encaminhado ao hospital de referência mais próximo da residência do paciente, dando início ao
processo de diagnóstico, conduta terapêutica adequada, investigação e controle do foco, nos casos autóctones.
Dessa forma, poderemos descentralizar o atendimento e disseminar aos profissionais de saúde informações de como lidar com a malária, sem
perder a qualidade de atendimento ao paciente, o que a Sucen garantiu de forma correta por tantos anos.
Referências para o diagnóstico e tratamento do paciente com malária segundo regionais
de atendimento:
Agência Paulista de Controle de
Doenças |
Artigo na imprensa: jornal Folha de
São Paulo, em 11 de maio de 2007:
11/05/2007 - 09h26
Quase extinta, malária ressurge em São Paulo
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
da Folha de S.Paulo
Doença normalmente associada aos grotões do país, a malária sofreu uma explosão de casos entre o
último trimestre de 2006 e março na cidade de São Paulo. No período, foram confirmados 67 casos, contra seis de 1990 até o terceiro trimestre
do ano passado.
Além de São Paulo, houve transmissão de casos (chamados autóctones) neste ano em apenas outras cinco cidades do Estado --Bertioga, Juquitiba,
Mogi-Guaçu, Pariquera-Açu e Rifaina. Em 2007, houve um caso em cada uma delas.
Duas hipóteses, levantadas por especialistas no assunto e pela Secretaria de Estado da Saúde, explicam o aumento. A primeira é desmatamento,
que leva as pessoas a entrar em contato com o mosquito transmissor - a zona sul da cidade de São Paulo, local onde se concentram os casos, é a
principal região de mata da cidade e alvo de ocupações irregulares.
A outra explicação cogitada é a melhoria do sistema de notificações do problema.
Zona sul
Desde a década de 90, o recorde de doenças foi registrado em 1986, quando houve 75 confirmações. Com exceção do ano passado, não havia mais de
30 casos no Estado desde 1993.
O foco em São Paulo foi descoberto no final de 2006 pela Secretaria Municipal de Saúde. Na época, um grupo foi acampar nas matas de Marsilac
(zona sul), dentro da serra do Mar, e voltou com sintomas, como febre, dor de cabeça e calafrios.
Nas formas mais leves, quando a infecção se dá de maneira branda, podem ocorrer casos em que o doente jamais apresenta o sintoma. A exemplo da
dengue, a transmissão da malária ocorre quando um mosquito pica um portador da doença e depois ataca a pessoa sadia.
Como a serra é considerada região endêmica do mosquito transmissor da malária, a secretaria e a Sucen (Superintendência de Controle de
Endemias) fizeram uma busca para rastrear todos os casos suspeitos da doença.
Em cerca de seis meses, foram encontrados os 67 casos, todos da forma mais branda da malária, provocada pelo Plasmodium vivax, em que o
período de incubação (após a picada) vai de oito a 30 dias. Os sintomas se prolongam por, em média, duas semanas.
Os casos de malária em São Paulo não são motivo para alarme, diz a diretora do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) da Secretaria de
Estado da Saúde, Cilmara Polido da Silva. Segundo ela, não houve registro de morte nem de casos mais graves da doença.
"Esses registros não podem ser considerados um problema de saúde pública, como ocorre com a dengue", disse Cilmara.
O risco maior é para mulheres grávidas, pois a malária pode representar risco de vida tanto para a mãe como para o feto, principalmente se o
diagnóstico for tardio, pois o tratamento deve ser iniciado logo após os primeiros sintomas.
O médico infectologista Luiz Jacintho da Silva, ex-superintendente da Sucen, afirma que o número de casos pode ser maior, pois os médicos do
Estado não dispõem, na maioria das vezes, de treinamento adequado para realizar o diagnóstico.
Esse mesmo problema já havia sido apontado em um trabalho divulgado em agosto de 2006 pelo CVE. Na maioria das vezes, o exame de laboratório
só é pedido quando o paciente relata ter ido a um local em que a doença é endêmica. "Um sobrinho meu ficou duas semanas pensando estar com
dengue. Era malária, que ele havia adquirido em São Sebastião [litoral norte de SP]", disse.
Prevenção
A diretora do CVE afirma que praticamente não há como prevenir a malária a não ser detectando rapidamente os casos e fornecendo tratamento
adequado aos doentes.
Há risco de o parasita ficar alojado no corpo e voltar à corrente sangüínea, reiniciando o ciclo de transmissão.
Para se prevenir contra a malária é necessário evitar matas fechadas entre o entardecer e a madrugada e, em trilhas, usar roupas e repelentes
que dificultem picadas de insetos. |
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