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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CIGANOS
Uma festa cigana em Santos (2)

No dia 17/2/2007, realizada no Centro Israelita
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Uma festa para a comunidade cigana regional foi realizada no dia 17 de fevereiro de 2007, em dependências do Centro Israelita de Santos, com o objetivo de aproximar as comunidades ciganas e arrecadar fundos para os acampamentos ciganos da região, que passam por dificuldades para se manter. Novo Milênio foi especialmente convidado pelas lideranças ciganas para registrar com exclusividade esse evento:
 


Rara apresentação de uma Dança da Paz de Shiva e Kali
Foto: Carlos Pimentel Mendes/Novo Milênio, 17/2/2007

Explicação dessa dança, enviada a Novo Milênio pelo professor e pesquisador Francisco Carballa: "Adaptada para o Brasil, baseia-se na realidade que depois de todo o caos vem a ordem. A mesma assim se apresenta nesse sentido, não deve ser confundida com as danças de Katakalí, ou as danças de motivo sagrado dos templos hindus e sim como uma releitura de uma das inúmeras danças que se fazem nas terras onde é adorado o deus Shiva.

Rara apresentação de uma Dança da Paz de Shiva e Kali
Fotos: Carlos Pimentel Mendes/Novo Milênio, 17/2/2007

"A dança se realiza por cada dançarino separadamente, chegando a um ponto em que se unem no objetivo de formar a harmonia, justamente uma das inúmeras mensagens que são transmitidas durante essa apresentação; os dois devem estar descalços para poder receber a energia que vem da terra, seus pés estarão pintados com motivos vermelhos e usarão tornozeleiras de guizos, igualmente serão pintadas as mãos, e na testa o sinal do deus.


Rara apresentação de uma Dança da Paz de Shiva e Kali
Foto: Carlos Pimentel Mendes/Novo Milênio, 17/2/2007

"O dançarino da deusa Kalí se veste de negro, simbolizando a terra que tudo consome e destrói para gerar a nova vida; essa cor está desde a túnica até seu turbante, no qual está uma pena de pavão (Mayurapattra), símbolo da imortalidade, usada por Shiva como dançarino (Natajara), e pelas divindades quando o acompanham, pendente para trás, no caso da deusa demonstra que algo está fora de controle.


Rara apresentação de uma Dança da Paz de Shiva e Kali
Foto: Carlos Pimentel Mendes/Novo Milênio, 17/2/2007

"Em seu pescoço, porta um colar de crânios humanos (kapalamala), que - para o sossego de muitas pessoas - são feitos de resina (já houve casos no passado em que eram de crianças ou macacos). O crânio (kepala) representa o ciclo da vida e da morte; já para a deusa é justamente o símbolo da morte como justiça para o vivente que é arrogante com o humilde.


Rara apresentação de uma Dança da Paz de Shiva e Kali
Foto: Carlos Pimentel Mendes/Novo Milênio, 17/2/2007

"Fazendo um mantra da deusa Kalí para invocar sua presença nessa dança, manuseia a espada (Khadga), que simboliza a sabedoria contra a ignorância e a força da destruição da qual a deusa é portadora; segundo o tamanho, poderá trazer boa ou má sorte, mas quando passado por sobre a cabeça ou próximo ao pescoço de um espectador ou devoto durante a dança, significara a destruição de um demônio que incomoda essa pessoa. Estará presente no local uma sineta (Ghanta), sinal do som místico primitivo da origem da criação, atributo de Shiva e de sua esposa Kalí.


Rara apresentação de uma Dança da Paz de Shiva e Kali
Foto: Carlos Pimentel Mendes/Novo Milênio, 17/2/2007

"Porta ainda uma espécie de terço (Akshamala), que - dependendo da ocasião - é das sementes da árvore de Shiva, pérolas, pedaços de ossos ou em algumas vezes pequenos crânios, segundo o que pede a dança, que se divide em oito partes distintas, sendo que uma música dedicada a Kalí será usada quando gestos feitos com a espada irão recordar ações marciais e de batalha, na qual a deusa luta contra os demônios, vencendo e dançando sobre seus cadáveres; fazendo várias voltas anti-horárias representa a força que ativa e desativa o tempo, no qual tudo é devorado por ela, quando a força divina destrói todas as paixões e ilusões; é através da morte de um animal ou semente que outra vida é gerada, com o adubo de ambos.


Rara apresentação de uma Dança da Paz de Shiva e Kali
Foto: Carlos Pimentel Mendes/Novo Milênio, 17/2/2007

"O dançarino por vezes mostra a língua (tingida de vermelho), que representa o sangue dos seres malignos aniquilados pela deusa; também o rosto do mesmo é pintado de negro ou azul escuro, que são as cores da manifestação dessa divindade.

"Na segunda parte, o dançarino pega um tridente (Trishula), pertencente a Shiva, cujas três pontas são os aspectos do deus, Criador, Protetor e Destruidor; seu cabo longo representa o eixo do universo, sendo respeitado como um objeto que expulsa os seres malignos. Nessa dança haverá ainda um estandarte (Dhavaja), com a figura de Shiva, a qual traz boa sorte a quem porventura o saudar com o coração puro; ele é desenrolado e usado na dança, sendo passado por sobre a cabeça das pessoas significando que deus está acima de tudo e trazendo bênçãos.

"Termina a dança com Shiva que muitas vezes se atira diante de Kalí para conte-la, no caso da dança ele oferece uma flor de Lótus aberta (Padma), como a eterna renovação das coisas, assim quando acabar a presente era de Kalí se iniciará a de Kalki (ultima reencarnação de Vishnu), quando tudo será restaurado e a justiça reinará plena.

"Muitas pessoas observadoras perceberam que quando em 14 de março de 1951 o cientista Albert Einsten mostrou a língua, recordou a deusa com o seu poder destrutivo - é só comparar com as figuras e com sua obra.


Rara apresentação de uma Dança da Paz de Shiva e Kali
Foto: Carlos Pimentel Mendes/Novo Milênio, 17/2/2007

"A dançarina do deus Shiva, evocando o Om (Aum) ou sinal da criação, vestindo roupas com cores ligadas ao deus, estará cheia de enfeites, faz gestos que têm por objetivo levar a paz a todos que dela necessitam, purificando o local e todos os que estão presentes; na figura de uma mulher, demonstra o lado andrógino de uma de suas manifestações conhecida como Ardhanarishvara, igualmente portando símbolos que evocam o deus.

"Sua dança se divide em oito partes, onde os quatro pontos da terra serão purificados através dos gestos com as mãos (mudra), entre os principais estão: a mão direita espalmada para frente (Abhaya), representa a benção, proteção e confiança, a palma da mão virada para cima, onde o polegar e o anular formam um anel, representa a sabedoria da divindade, na forma de quem segura uma flor de lótus (Kataka), é um convite para o fiel oferecer uma flor dessa planta, as duas mãos postas (Anjáli), em frente ao peito significa adoração, mas em frente à testa significa saudação. Igualmente, quando o polegar e o indicador formam um anel (Vitarka), o deus prova sua sabedoria e seu julgamento imparcial.

"Tais gestos não representam que as pessoas sejam os deuses, apenas os representam e homenageiam; a música usada é o mantra, pois esse tipo de repetição tem por objetivo libertar o espírito, no caso da dançarina é o mantra 'On Shanti'.


Rara apresentação de uma Dança da Paz de Shiva e Kali
Foto: Carlos Pimentel Mendes/Novo Milênio, 17/2/2007

"A execução dessas danças tem por objetivo trazer a paz a todos os presentes, que receberão a energia necessária para a renovação e purificação, rumo certo na jornada da vida, motivo pelo qual os dançarinos giram como tudo no cosmos e geralmente estão com uma das mãos espalmadas para baixo para captar energia e a outra para cima para liberar a mesma, semelhante ao que fazem os 'Dervixes' muçulmanos".


Trechos da dança, em vídeos exclusivos de Novo Milênio:
Primeiro  - 1 minuto, arquivo de 2,21 MBB - e igual em YouTube
Segundo - 1 minuto, arquivo de 2.07 MB - e com maior qualidade em YouTube

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