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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Trabalho
Sindicalismo santista (4)

As muitas entidades sindicais que atuam no setor marítimo-portuário
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Matéria publicada na edição especial comemorativa do quadragésimo aniversário da seção Porto & Mar do jornal santista A Tribuna (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), em 17 de agosto de 1985:
 


Dois terços da Cidade integram o contingente vinculado aos trabalhadores da orla do cais e avulsos: a força de trabalho do porto
Foto: Marcos Toledo, publicada com a matéria

Nos sindicatos, a força do porto

Nada menos de 30 organizações sindicais de base regional, estadual ou nacional estão envolvidas nas atividades profissionais ligadas ao Porto de Santos, abrangendo categorias remuneradas que, incluídas as pessoas de seu rol de dependentes, constituem o apreciável contingente que corresponde a dois terços dos 500 mil habitantes da Cidade. Em termo de estimativa, é claro, pois entre esses trabalhadores muitos residem em Guarujá, São Vicente e outros municípios.

Essas entidades, cuja grande maioria detém acervo patrimonial incalculável, exibem hoje uma sólida estrutura de organismos montados para defesa das classes filiadas, sem contar os departamentos complementares, como escolas de 1º e 2º graus, ambulatórios, postos médicos e outros serviços de assistência à educação e saúde, entre os quais se destaca o arrojado empreendimento dos estivadores, que mantêm, embora a duras penas, um hospital de dez andares, servindo seus associados e a coletividade local.

Alguns desapareceram - Ao lançar sua seção Porto e Mar, em 1945, a A Tribuna passou a reservar espaço para os agrupamentos de sindicalizados que, já na época, cumpriram a sua finalidade específica, alguns deles organizados ainda na segunda década do século, durante ou após a I Guerra Mundial. É o caso dos despachantes aduaneiros, dos ensacadores de café, que já haviam criado mecanismos de controle de mercado de trabalho com as características sindicais adquiridas em caráter efetivo na década de 30.

Por outro lado, Porto e Mar testemunhou e registrou, em sua área, a instalação oficial de outros grupos que, então, conseguiriam a carta de reconhecimento sindical do Ministério do Trabalho, como o dos Consertadores de Carga que, desmembrados da entidade dos Conferentes, criaram em 1950 o seu próprio órgão de representação; o dos Motoristas de Guindastes do Porto de Santos, que se desvincularam, após a revolução de 64, do grupo dos Operários Portuários; ou, ainda, dos Trabalhadores de Bloco, que formaram, em 1981, o mais novo sindicato de avulsos da orla marítima santista.

Mas, se algumas dessas organizações, como a dos empregados na Administração dos Serviços Portuários, ultrapassaram a marca do cinqüentenário, outras não lograram suportar os efeitos das transformações havidas no comércio marítimo ou as pressões de ordem política exercidas após 1964, que fulminaram entidades que não estavam adequadamente preparadas para enfrentar a mudança do regime.

Os Classificadores de Frutas - chamados descartadores - liquidaram a sua organização por falta de condições de manter vida associativa sindical, quando os países compradores de banana, laranja etc. passaram a importar por via rodoviária, dispensando o complexo processo de embarques marítimos então vigente, ou simplesmente deixaram de comprar esses produtos brasileiros.

Os Arrumadores de Carga tiveram um fim mais melancólico, quando seu sindicato foi submetido a intervenção federal por ordem do comando da última revolução, causando a fuga ou prisão de inúmeros dirigentes da entidade. A categoria foi dissolvida, os profissionais passaram a sobreviver de biscates eventualmente conseguidos na faixa externa do cais, até que anos mais tarde, a requerimento do Sindicato dos Ensacadores, o Ministério do Trabalho autorizou este órgão sindical a representar também os arrumadores.

Mar e terra - Do lado de mar operam os chamados avulsos - profissionais sem vínculo empregatício - requisitados para serviços eventuais a bordo das embarcações mercantes. Estes formam seis sindicatos: Estivadores, Conferentes de Carga e Descarga, Consertadores de Carga e Descarga, Vigias Portuários, Trabalhadores de Bloco, Carregadores e Transportadores de Bagagens do Porto de Santos.

Os marítimos - locais ou embarcados - constituem outro grupo de seis sindicatos de profissionais da mesma área. Um destes ainda conserva base territorial de representação em Santos: é o dos condutores e motoristas da Marinha Mercante; os outros são sindicatos de âmbito nacional, que aqui mantêm delegacias ou representantes: taifeiros, culinários e panificadores marítimos; foguistas e carvoeiros; oficiais de máquinas; marinheiros, moços e remadores; e práticos, arraes e mestres de cabotagem. A estas entidades estão ligados também os componentes de tripulações de frotas de rebocadores, dragas e todas as unidades marítimas de apoio à movimentação e operação a cargo da administração do porto.

O pessoal da Companhia Docas do Estado de S. Paulo integra o grupo de trabalhadores de terra na faixa portuária: operários, empregados na Administração, motoristas em guindastes, e rodoviários pertencentes à Codesp.

Outras 10 organizações sindicais reúnem profissionais que exercem as atividades de retaguarda. Ou seja: categorias que existem em função da estrutura operacional do sistema portuário/marítimo, onde começa ou termina a movimentação das riquezas geradas pelo comércio exterior, do qual sobrevive a Cidade, alimentando a economia do Estado e do País: sindicatos dos despachantes aduaneiros; ajudantes de despachante aduaneiro; empregados de agentes autônomos do comércio (comissários de despachos); corretores de café; auxiliares na administração do comércio de café; carregadores, ensacadores de café e arrumadores; empregados em escritórios de empresas de navegação; empresas de veículos de carga; e dois órgãos sindicais de representação estadual de empresários que mantêm sede e administração central em Santos: o Sindicato do Comércio Atacadista de Café e Sindicato dos Armazéns Gerais no Estado de São Paulo.

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