Anúncio publicado na mesma edição de 26 de janeiro de 1939 de A Tribuna
As construções em Santos
Fatores eficientes do desenvolvimento predial - A cidade possui mais de vinte
mil prédios, regularmente construídos, ao comemorar seu primeiro centenário
Não há negar que a cidade muito deve, pelo seu
desenvolvimento predial, às associações que entre nós se constituíram, especialmente para esse fim.
Inicialmente, fundou-se a Associação Predial de Santos, que foi isenta de impostos
municipais, em 1909, pela lei n. 340. Constituída sob bases das cooperativas, essa associação sorteava trimestralmente um prédio em cada grupo de
cem associados. Seguiram-se, logo depois, a Companhia Santista de Crédito Predial, a Cia. Progresso Santista, com o mesmo fim de facultar, aquela,
por meio de sorteio, e esta, de empréstimo ao seu mutuário, a aquisição da casa própria.
Essas três associações, que aumentam cada vez mais a sua esfera de ação, criando novos
grupos de sorteios e aperfeiçoando o sistema de distribuição de crédito, continuam a incrementar o desenvolvimento predial entre nós.
As construções, que desde 1925 a 1929 iam num crescendo animador, a ponto de se
edificar, em média, um e meio prédio diariamente, baixaram sensivelmente, depois de 1930, como reflexo da situação econômica que depois desse ano
envolveu o país.
Vejamos a estatística das construções licenciadas pela Prefeitura, no último decênio:
1928 |
531 construções
|
1929 |
553 construções
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1930 |
402 construções
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1931 |
300 construções
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1932 |
353 construções
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1933 |
222 construções
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1934 |
208 construções
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1935 |
321 construções
|
1936 |
399 construções
|
1937 |
356 construções
|
Verifica-se que, em 1937, comparativamente com o exercício anterior, houve um sensível
decréscimo no movimento das obras licenciadas.
Não há muito, porém, falando à imprensa, o atual chefe do Executivo, dr. Cyro
Carneiro, assim explicou esse fato: "Deve-se ter em vista, contudo, que só na aparência decresceu o número das
construções, porque se isso aconteceu com as obras licenciadas, o inverso ocorreu com as edificações clandestinas, não alcançadas pelas estatísticas
e cuja proliferação assustadora é um índice da notória deficiência da polícia municipal.
"Já no setor das obras públicas, verificou-se no decênio, após um curto período de
depressão, notável incremento. Construíram-se edifícios públicos de vulto, como o do Ginásio do Estado, os novos prédios escolares, o Paço
Municipal, ainda por acabar, novas pontes sobre os canais de drenagem etc."
Efetivamente, as construções clandestinas têm proliferado nestes últimos cinco anos,
calculando-se em mais de cinco mil os chalés de madeira e casas de tijolo levantadas nos pontos afastados da cidade. Isto sem contar outro tanto
número de edificações semelhantes, que já existiam anteriormente e cuja legalização, mesmo a título precário, foi processada perante a Prefeitura.
Em 31 de dezembro de 1937, com exceção das construções clandestinas, a estatística
predial de Santos, organizada pela Diretoria de Obras, era a seguinte:
Prédios térreos |
11.397
|
Prédios assobradados |
4.304
|
De 1 andar |
3.902
|
De mais de 1 andar |
262
|
Total |
19.865
|
Com as construções licenciadas no decorrer de 1938, resulta que a cidade, em seu 1º
Centenário, que se comemora hoje, contará mais de vinte mil prédios. |