UM ANO E MEIO DEPOIS, O NAVIO VOLTA AO MAR - Houve rojões, na Ponta da Praia, ontem à tarde: o
Recreio, ou o que restou dele, safou-se do banco de areia e foi puxado para o estaleiro, onde vai virar rebocador
Imagem: reprodução da primeira página de A Tribuna, de 9 de agosto de 1972
PORTO & MAR
É verdade, o Recreio saiu
Às 15,57 horas de ontem, os restos do Recreio começaram a flutuar e foram puxados
para os estaleiros da Wilson Sons, enquanto os moradores dos edifícios da Ponta da Praia soltavam rojões, para comemorar
Jovem Guarda, rebocador da Wilson, foi o que
trabalhou no serviço de desencalhe, orientado pelo proprietário Wladimir Grievs e com auxílio dos oficiais da Capitania dos Portos do Estado de São
Paulo. Do antigo Recreio, que encalhou há um ano e meio na ponta da Praia, restava apenas um terço do casco, a parte da frente. O resto foi
todo desmontado e retirado por terra.
O que ficou na areia será cortado até a profundidade de um metro e meio para que não haja perigo
para os banhistas. Agora, o proprietário do casco quer transformá-lo num rebocador e com ele realizar salvamentos e retirar do fundo do mar restos
de navios para que não atrapalhem a navegação.
O Recreio era antes o navio
Carl Hoepcke, de fabricação alemã, mas que pertencia à
marinha mercante brasileira; foi adquirido por Wladimir Grievs quando não tinha mais condições de navegação nas linhas normais e teve seu motor
retirado. Grievs, engenheiro naval russo, transformou o barco numa boate.
No dia 25 de fevereiro de 1971, uma tempestade soltou a âncora que prendia o Recreio e as
ondas e marolas trouxeram o barco até a areia da Ponta da Praia, onde encalhou.
O salvamento - As tentativas de retirar o Recreio começaram, ontem, às 13 horas.
Segundo os técnicos, a melhor condição era a maré: uma "preamar de sizígia", ou seja, maré alta, muito cheia, que permanece assim por várias horas
seguidas.
Pouco depois, a maré subiu bastante o Jovem Guarda começou a puxar. Dez minutos após, o
casco balançava. Ainda estava um pouco preso num banco de areia. Por três vezes, rebentou o cabo que prendia o casco ao rebocador, mas às 15,17
horas o Recreio saiu. Houve esboço de palmas do pessoal que assistia, na praia, à tentativa de salvamento, e os moradores dos prédios da
Ponta da Praia (que reclamaram muito por causa das dinamites que explodiram, durante as operações para livrar o casco da areia) soltaram rojões, em
comemoração. Do convés, o engenheiro Wladimir Grievs acenava com os braços, a sua manifestação de alegria.
Foto publicada com a matéria, sem legenda
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