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Galeria dos poetas, prosadores e jornalistas de Santos
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Barão
de Paranapiacaba (dr. João Cardoso de Menezes e Sousa) - Nasceu nesta cidade, a 25 de abril de 1827. Fez seus primeiros estudos em Santos e São
Paulo, ingressando aos 17 anos na Faculdade de Direito da capital, onde, aos 21 anos, em 1848, recebia o grau de bacharel em ciências jurídicas e
sociais, defendendo tese e doutorando-se no ano seguinte.
Na faculdade distinguira-se como orador elegante e eloqüente, brilhando entre outros
espíritos de escol que a freqüentaram na época. Foi nesse período da sua vida que ele publicou o seu livro de estréia, a Harpa Gemedora.
Depois, lutando pela vida, dedicou-se João Cardoso, por algum tempo, ao ensino, em
escolas e cursos particulares, até que transferiu residência para Taubaté, onde residiu alguns anos, e em cujo liceu foi professor de Geografia e
História.
Passou, depois, para o Rio de Janeiro, onde teve banca de advocacia, até 1857 ou 1858.
Aí, a convite de alguns admiradores de sua inteligência, de sua cultura e principalmente do seu caráter, entrou a fazer parte do funcionalismo
público, como ajudante do procurador fiscal do Tesouro Nacional, onde percorreu todos os postos superiores, desempenhando várias comissões dessa
repartição, no Rio, em São Paulo e em Pernambuco, sempre apontado como servidor extraordinário, até aposentar-se como diretor geral do importante
estabelecimento.
Na legislatura de 1873 a 1876 serviu como deputado pela província de Goiás. Mais ou
menos na mesma época era elevado a dignitário da Ordem da Rosa, chamado para o Conselho do Imperador, e eleito membro do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, onde se reunia o escol literário e científico do Rio de Janeiro, com o imperador à frente.
Pouco depois, concedia-lhe o imperador o título de barão de Paranapiacaba, que
lembrava a grande serra a cavaleiro de sua cidade natal. Também o Conservatório Dramático do Rio de Janeiro fê-lo seu membro e presidente pouco
depois, por sua colaboração em favor do teatro brasileiro.
A literatura nacional deve-lhe serviços inestimáveis, tanto por suas obras, como pelas
traduções de clássicos, até então inexistentes em português, mercê do conhecimento profundo que tinha de inúmeros idiomas, vivos e mortos,
notadamente o inglês, o francês, o italiano, o grego, o latim e o hebraico.
Colaborou em diversos jornais, principalmente no Correio Mercantil e no
Jornal do Commércio. Publicou 30 obras de sua autoria e 15 traduções. Entre suas obras principais, contam-se: Harpa Gemedora, Oração
Fúnebre, O christianismo, Christo e o racionalismo, O sacrifício do Golgotha, Theses de colonização do Brasil,
Byron, Camoneana brasileira, Um sermão na Capela imperial, A serra de Paranapiacaba, Babylonia, Imprecação do
índio, O imperador, Auxílio à lavoura etc., e entre as suas traduções: A marmita, de Mário Accio Plauto; Oscar d'Alva,
de Byron; Jocelyn, O christão moribundo, A lâmpada do templo, Leonor e Rodolpho, de Lamartine; O primeiro livro de
fábulas, Os companheiros de Ulysses e O segundo livro de fábulas, de La Fontaine; Masepa e corsário, Giaour, de
Byron; Prometheu, de Eschylus; Antigone, de Sófocles; Alceste, de Eurípedes; e Nuvens, de Aristófanes.
Sua última obra foi Poesias e prosas selectas, de 1910, com
prefácio de Quintino Bocayuva. Faleceu este ilustre santista a 2 de fevereiro de 1915, no Rio de Janeiro, com a avançada idade de 88 anos.
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