Uma personalidade: barão de Embaré
O segundo homem que presidiu a Associação Comercial
de Santos, o barão de Embaré, exerceu o cargo nos biênios de 1879-1880, 1881-1882 e 1883-1884, além de vice-presidente nas duas primeiras gestões do
com. Nicolau Vergueiro.
Grande atividade ele desenvolveu à frente do
instituto agora centenário, de que foi um dos fundadores, destacando-se sua ação decisiva no levantamento do primeiro edifício-sede próprio,
inaugurado em 1884, propiciando-lhe recursos financeiros pessoais ou o empréstimo de 23 contos de réis sem prazo estipulado de vencimento e juros de
7%.
Antônio Ferreira da Silva Júnior foi um dos
pró-homens de Santos no outro século, pela integração na vida social, política, cultural e econômica.
Nascido nesta cidade em 21 de dezembro de 1824,
casou em 29 de outubro de 1846, em primeiras núpcias, com d. Gabriela Amália Carvalhais, e em segundas com sua cunhada d. Flora Carvalhais, filha do
com. Barnabé Francisco Vaz de Carvalhais e d. Ana Zeferina Vieira Carvalhais, a virtuosa dama que em vida doou um terreno de sua propriedade à
Associação Comercial de Santos para o fim especial de ser utilizado para edifício social da entidade, mais tarde permutado por outro, de propriedade
da Câmara Municipal, na Rua Tuiuti, esquina da Rua Riachuelo, e que permitiu à corporação comercial da Praça construir sua sede atual, na faixa par
da Rua Riachuelo, entre as Ruas 15 de Novembro e Tuiuti.
O barão de Embaré, depois visconde, foi vereador em
várias legislaturas e exerceu a presidência da Câmara Municipal em 1865 e 1867; deputado provincial no período de 1854-55, delegado de polícia,
comandante superior da Guarda Nacional e provedor da Santa Casa de Misericórdia em 1880, 1881 e 1882.
Na Santa Casa, deixou seu nome vinculado a grandes
e reais melhoramentos introduzidos nesse secular estabelecimento de caridade; em sinal de gratidão, a Mesa Administrativa fez colocar em 9 de
setembro de 1888 no Salão Nobre o retrato a óleo desse irmão benemérito.
Muito o visconde de Embaré fez pela instrução
pública, devendo-se-lhe a construção de uma escola – o Grupo Escolar Olavo Bilac – na Rua 2 de Dezembro, hoje D. Pedro II, em companhia do visconde
de Vergueiro, casa de ensino que funcionou durante muitos anos e foi construída por Tomás Antônio de Azevedo, o mestre Tomás, avô do veterano
jornalista Edison Teles e Azevedo; nos dias atuais, o espaço está ocupado pela agência central da Caixa Econômica do Estado de São Paulo.
Também propiciou a instalação do Externato Júlio
Ribeiro, para o que cedeu em seu palacete, situado na Rua Xavier da Silveira, em outubro de 1885, as salas necessárias para o funcionamento dessa
casa de Ensino, onde lecionou o grande professor e filólogo.
Comendador da Imperial Ordem da Rosa, e Grande do
Império, outorgou-lhe o Governo o título de barão pelo decreto de 31 de dezembro de 1880; em 1887, recebeu o título de visconde, criado pelo decreto
de 7 de maio de 1887.
Foi proclamado Benfeitor da Ordem Terceira do
Carmo, por deliberação da Mesa em 26 de dezembro de 1887.
Durante a visita a Santos do imperador d. Pedro II
e imperatriz Teresa Cristina em 30 de setembro de 1878, o barão de Embaré recepcionou-o em sua mansão e na chácara da Praia do Embaré. Antônio
Ferreira da Silva Júnior, barão e depois visconde de Embaré, morreu no Rio de Janeiro em 21 de dezembro de 1887, no dia em que completava 63 anos de
idade.
Visconde do Embaré
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