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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [52]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 1.049 a 1.055, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Vista panorâmica de Natal                      *                      Porto de Natal, Rio Grande do Norte
Foto publicada com o texto, página 1.049. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Rio Grande do Norte

estado do Rio Grande do Norte está situado ao Norte do Brasil, formando com a Paraíba e Pernambuco a parte mais avançada desse país para o Oceano Atlântico. A Norte e a Leste é banhado pelo Oceano Atlântico; ao Sul, confina com o estado da Paraíba, separado pelo Rio Guaju e pela Serra de Luiz Gomes; ao Oeste e Noroeste, limita-o o Ceará pela barra do Rio Apodi ou Mossoró, até 12 quilômetros acima e pelas serras do Apodi, Camará, Padre, Blanças e Cachorro-Morto.

Os limites do Ceará e Rio Grande do Norte, pela barra do Rio Mossoró e por este rio até 12 quilômetros acima, são litigiosos. Essa questão foi já um vez dirimida pela Justiça Federal, com prejuízo para o Ceará, ficando os limites no Morro do Tibau e daí, em linha reta até a Serra das Antas, e passando a pertencer ao Rio Grande do Norte toda essa zona, chamada Zona dos Grossos.

As coordenadas geográficas do Rio Grande do Norte são: 4º54' e 6º28' de latitude Sul; 5º22' e 8º18' de longitude oriental do meridiano do RIo de Janeiro.

Segundo o dr. Theodoro Sampaio, o Rio Grande do Norte tem 45.913 quilômetros quadrados de superfície. O atlas do barão de Homem de Mello dá 41.246 km. A comissão de 1873 dá, porém, uma cifra maior: 57.485. A extensão total da costa é de 360 km. O maior comprimento, de L a O, é de 380 km e a maior largura, de N a S, é de 171 km.

É um estado pequeno: menor do que a Paraíba, maior do que Sergipe. O Rio Grande do Norte afeta mais ou menos a forma dum trapézio, dois lados do qual são banhados elo mar. A costa, pouco chanfrada, corre regularmente, sendo arenosa, cheia de dunas movediças, muito brancas, que se deslocam diariamente, se recavam e se alteiam. Ao N o terreno é baixo, arenoso, desigual; para o interior, eleva-se em serras mais ou menos altas que se prolongam até o maciço da Borborema, na Paraíba. Os vales são vastos e aplainados. Quase todos os rios correm para o oceano, e são sujeitos às secas.

As baías que existem na costa do Rio Grande do Norte são pequenas, mas gozam de relativa segurança e algumas se prestam à ancoragem de navios de calado regular. São duas unicamente: a de Touros e a Formosa. Na costa desabrigada e batida de ventos constantes e fortes, de quando em quando se recortam pequenas enseadas, quase todas sem importância: Tubarão, Caiçara, Santo Alfredo, Três Irmãos, Petitinga, Genipabu, Cotovelo e Pirangi. As barras principais, acessíveis às embarcações, são a de Mossoró, onde podem passar navios que demandem até 16 palmos de calado, a de Guamaré e a de Natal, onde entra todo e qualquer navio.

As montanhas do Rio Grande do Norte são, ou ramificações da Serra da Borborema, ou serras esparsas, ou ainda contrafortes das serras do Apodi e do Camará. De resto, o estado é pouco montanhoso. As principais ramificações da Borborema são a Serra de Sant'Ana, a Rajada, a do Cipriano. Depois vêm as serras esparsas: Serra do Martins e Serra do João do Vale. Por fim, as serras que se ligam às cordilheiras do Ceará: Apodi, Camará, S. Miguel, Luiz Gomes, Barriguda.

Os promontórios do Rio Grande do Norte são: a Ponta do Mel, entre os rios Mossoró e Açu; o Cabo de S. Roque (5º28'20" de lat. S; 7º49'51" de long. E do Rio de Janeiro); a Ponta da Pipa (6º'13'24" de lat. S; 8º1'48" de long. E do Rio de Janeiro); Santa Cruz ou Caconho; Mato-Caboclo; Calcanhar ou Genixuba, Santo Cristo e Três Irmãos.

As principais lagoas do Rio Grande do Norte são: Papari e Groahiras, perto do litoral; Piató, Ponta Grande, Bonfim ou Paxi, Escuda, Boa-Água, Carcará e Boassica.

Entre os principais rios do estado está o Apodi, que nasce na serra do Luiz Gomes e deságua no oceano, com o nome de Mossoró, em cuja barra estão as maiores salinas do estado. Tem 300 km de curso, sendo acessível, até Mossoró, a barcos de pequeno calado; está, porém, sujeito a ficar quase seco, quando faltam as chuvas.

O Rio Açu ou Piranhas, que nasce na Paraíba, atravessa esse estado e o Rio Grande do Norte, e deságua no oceano por cinco bocas. Só é navegável por canoas. O Ceará Mirim, que nasce na Serra de Santa Rosa e deságua no Atlântico, após 300 km de curso, é sujeito a grandes cheias que inundam os vales largamente. A sua barra é de difícil entrada, cheia de recifes, mas tem fundo bastante para as pequenas embarcações.

Foi o Rio Potengi que deu o nome ao Rio Grande do Norte, porque assim primitivamente era chamado. Nasce na Serra da Borborema. A sua barra é bastante perigosa e já o foi mais, antes de ser dragada como está hoje e se haverem plantado as dunas movediças, como meio de as fazer parar.

O Curimataú ou Cunhaú nasce na Paraíba e deságua no oceano, por uma barra toda inçada de recifes. O Guaju separa o Rio Grande do Norte da Paraíba e desemboca no oceano, formando uma barra cheia de coroas e baixios. Sendo os rios do estado sujeitos a grande abaixamento de nível e até a secar de todo, no tempo das longas estiagens, nenhuma queda d'água existe que valha ser mencionada ou que possa servir a necessidades industriais.

Escalonados na costa toda, sobre os rochedos, nas pontas de terra ou nas entradas das barras, perfilam-se inúmeros e benéficos faróis: o de Mossoró, o da Ponta do Mel, o da Caiçara, o dos Olhos d'Água, o do Cabo de S. Roque e dos Três Reis Magos, á entrada da barra de Natal, erguido na velha fortaleza colonial que a defendia.

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Personalidades de Natal: 1) Bacharel Francisco Pinto de Abreu; 2) Carlos Dantas; 3) J. Gervasio de Amorim Garcia Junior; 4) Coronel Pedro Soares de Araujo; 5) Major J. Soares Raposo da Camara; 6) Joaquim Manoel Teixeira de Moura; 7) Bacharel Odilon de Amorim Garcia Filho; 8) Bacharel Moysés Soares de Araujo; 9) Avelino Alves Freire; 10) Bacharel Henrique Castriciano de Souza; 11) Dr. Alberto Maranhão (governador do Rio Grande do Norte); 12) F. Solon; 13) G. Joaquim de Vasconcellos; 14) Octavio Brigido Arantes
Foto publicada com o texto, página 1.050. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Clima

O Rio Grande do Norte é quente, seco e sadio. Como em toda a zona tropical, só há duas estações: seca e inverno. Este começa de janeiro a março e se prolonga até junho ou julho. A média de temperatura, no verão, tem sido sempre de 27,5º e a do inverno de 23º. Forma com o Ceará e a Paraíba a zona do Norte periodicamente flagelada pelas secas.

Afirma o dr. Martins Costa que é bastante salubre o estado do Rio Grande do Norte, embora, nas mudanças de estação, reinem, pelos baixios e alagados da costa, as febres paludosas, grassando de preferência nos municípios salineiros, como Açu e Macau. Em Jardim, Apodi e S. José de Mipibu, no centro, também aparecem febres palustres e às vezes, no verão, se observam casos de febres biliosas e de disenteria. As moléstias mais freqüentes são a opilação e as intestinais.

Ao tempo das crises climáticas, nas aglomerações de retirantes dos campos nas pequenas cidades aparecem, às vezes, a varíola e o sarampão. Em 1850, durante dez meses, a febre amarela grassou na capital e em muitos municípios. Daí para cá, diversas vezes tem aparecido, mas não com intensidade. De 1856 a 1857 e em 1862 o cholera morbus flagelou o estado. Forte epidemia de gripe se desenvolveu de 1858 a 1859 nas localidades da costa.

A higiene e assistência públicas merecem do governo particular atenção, sendo mantido pelo estado o Hospital Juvino Barretto, dirigido por irmãs de caridade e aparelhado com instrumentos cirúrgicos e instalações que permitem ao seu corpo médico fazer as mais difíceis intervenções.

O clima é, de resto, muito suportável pelos estrangeiros, que se podem dar muito bem, bastando que tomem algumas pequenas precauções nos primeiros três meses de estada, abstendo-se de comer das frutas do país, observando um pequeno regime enquanto se adaptam perfeitamente. A secura do clima torna-o perfeitamente saudável; e a temperatura pode facilmente suportar-se, só sendo muito forte o calor, ao sol. A sombra é refrescada pela viração constante.

Flora e fauna

A flora e fauna do Rio Grande do Norte são idênticas às dos outros estados da zona compreendida entre o Norte da Bahia e o Piauí, com pequenas características diferenciais. Todo o estado se compõe de matas e caatingas nos vales, carnaubais e várzeas à margem dos rios, carrascos e tabuleiros nos lugares mais secos, florestas nas serras, pastagens, nos campos e nas chapadas.

Nas pastagens, crescem muitas gramíneas que são ótimas para a alimentação do gado; o mimoso, o milhã, o panasco. Há muitas madeiras fortes, de construção: paus-d'arco, aroeiras, pau-brasil para tinturaria; espécies ricas em tanino: barbatimão, jurema; algumas aromáticas: o comaru ou imburana de cheiro; muitas plantas têxteis, oleosas, resinosas, alimentares. O algodão medra em todo o estado. A mandioca dá com facilidade. Em certos terrenos, o arroz pode ser cultivado. O milho dá com abundância.

A fauna não é muito rica. Os animais ferozes existem em pequena quantidade: onças e gatos bravos. Há diversas espécies de cobras: jararacas, cascavéis, caninanas, papa-ovos, quase todas de terrível veneno. Os animais de caça são parcos: veados, tatus, porcos-do-mato. Existem patos bravos de muitas espécies; jacus, perdizes, codornas, pombos em grande quantidade. E a costa é riquíssima de peixes, pouco se explorando esta grande vantagem.

História

Em 1597, governando o Brasil d. Francisco de Souza, partiu Manoel de Mascarenhas, capitão de Pernambuco, a conquistas as terras do Rio Grande do Norte, fundando a uns três quilômetros da barra desse rio o povoado de Natal. Depois, a fim de defender a entrada da barra, ergueu nos rochedos a fortaleza dos Três Reis Magos.

Os holandeses se apoderaram do Rio Grande em 1632, sob a direção de Calabar, ficando a cidade e o porto em poder do invasor até 1645. Em 1654, d. João IV deu parte dessa capitania a Manoel Jordão, que pereceu num naufrágio, não podendo assim tomar conta dela.

Em 1589 teve o título de condado e foi dado a Lopo Furtado de Mendonça. Depois, continuou a ser, como anteriormente, capitania, ora dependendo da Bahia, ora de Pernambuco. Na revolução de 1817, por um abuso de autoridade do governador José Ignacio Borges, tornou-se independente de Pernambuco, ligada diretamente à Corte. Em 1822 constituiu uma das províncias do Império. Depois, fez parte da Confederação do Equador, com o Ceará, a Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Após a proclamação da República, a 15 de novembro de 1889, passou a estado autônomo, fazendo parte da União brasileira, sendo o seu Poder Executivo exercido por um governador, tendo um vice-governador para substituí-lo nos seus impedimentos, e o Poder Legislativo exercido pelo Congresso do Estado.

População

Segundo o barão Homem de Mello, o Rio Grande do Norte tem 407.200 habitantes, o que, em relação os seus 41.246 km de superfície, dá uma densidade de 9,87 por km². É portanto um estado mais ou menos povoado. O recenseamento de 1872 acusava 233.960 habitantes e em 1898 se calculava a população em 300.000, segundo o dr. Moreira Pinto.

Nunca houve, a não ser a portuguesa, colonização ou emigração estrangeira para o Rio Grande do Norte. O elemento estrangeiro nesse estado é diminuto. Os poucos portugueses, italianos, espanhóis, ingleses, americanos e alemães que existem, ocupam-se do comércio e da indústria fabril.

O fundo da população se compõe de mestiços do branco com o índio, na proporção de mais ou menos 50%; dos 50% restantes, 25 são brancos e 25 negros, mestiços de negro com branco e de negro com índio.

Governo e finanças

A posição financeira do estado do Rio Grande do Norte é invejável. No exercício de 1911, a sua receita total elevou-se a 1.797:926$138, o que, junto ao saldo do ano anterior, dá um total de 2.217:931$734. No exercício de 1912 a despesa se elevou a 1.874:669$434, incluindo as somas gastas com os melhoramentos efetuados e com o serviço da dívida estadual. Não obstante estes encargos e os grandes melhoramentos feitos, foi levado ao seguinte exercício um saldo de 343:262$300.

A exportação feita pelos três principais portos do estado - Natal, Macau e Areia Branca - foi de 14.849 toneladas de produtos, no valor de 10.088:374$000. Nesta exportação, o algodão figura em 1º lugar, com quantia superior a 8.000:000$000, vindo depois, sucessivamente, os couros e peles, e a cera de carnaúba. Não incluímos naqueles algarismos a exportação de sal, a qual é enorme, subindo a perto de 90.000 toneladas, anualmente.

O governador do estado é o dr. Alberto Maranhão, sendo as outras altas autoridades os srs. coronel Pedro Soares de Araujo, inspetor do Tesouro; dr. Henrique Castriciano de Souza, procurador geral do estado; coronel Manoel Lins Caldas, comandante das forças estaduais; capitão Anselmo Pinheiro Filho, ajudante de ordens do governador do estado; major Joaquim Soares Raposo, chefe de Polícia; dr. José Calistrado Carrilho, inspetor de Higiene; dr. Manoel Dantas, diretor de Instrução.

O Tesouro do Estado é o principal acionista do Banco do Natal, instituição esta que se acha nas mais prósperas condições financeiras e presta ótimos serviços ao comércio e à indústria do estado. A polícia e segurança pública do estado estão a cargo da Guarda Policial, que faz o policiamento da capital, e do Batalhão de Segurança Pública, que faz a guarnição das repartições públicas estaduais da capital e mantém destacamentos nos municípios do interior do estado.

Outros institutos estaduais são o Arquivo, a Biblioteca Pública e o Instituto Histórico. O governo do estado tem realizado ultimamente grandes obras e melhoramentos, para os quais aplicou grande parte do empréstimo ultimamente contraído.

Foram realizados vários trabalhos para minorar o efeito das secas que periodicamente se fazem sentir no estado do Rio Grande do Norte e executados importantes melhoramentos na capital do estado, além de canais, açudes, estradas, melhoramento de portos etc., em vários outros pontos.

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Alguns edifícios de Natal: 1) Congresso Estadual do Rio Grande do Norte; 2) Teatro Carlos Gomes; 3) Palácio do Governo; 4) Quartel; 5) Escola Augusto Severo
Foto publicada com o texto, página 1.051. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Agricultura

A agricultura no Rio Grande do Norte se acha ainda em condições de atraso que não lhe permitem contribuir para a prosperidade geral do estado na medida dos esforços empregados pelos governos e da fertilidade do solo, que é admirável.

O seu maior flagelo é, decerto, a periodicidade das secas a que está sujeito todo o Nordeste brasileiro. Mas há outras causas ainda, tais como a rotina dos agricultores nos processos de cultivar, a escassez de estradas de ferro e mesmo estradas de rodagem, a falta de estabelecimentos de crédito rural, que façam à lavoura pequenos adiantamentos amortizáveis lentamente, e ainda a incidência dos impostos federais, estaduais e municipais sobre a produção agrícola.

O atual governo está se esforçando por melhorar tais condições. Cerca de 2.000 km de estradas, com 8 m de largura, em média, já se acham prontos, e várias outras estradas acham-se em vias de construção. O governo estadual tenciona ainda estabelecer, brevemente, uma Estação Experimental Agrícola, que servirá para ensinar aos agricultores os modernos processos racionais de agricultura; e cuida, também, de executar vários melhoramentos, como pontes, sistema de irrigação etc. - que muito hão de contribuir para melhorar as condições da lavoura. Existem já no estado vários açudes, sendo alguns de propriedade do estado e outros pertencentes a particulares.

A cultura principal é do algodão, a qual tem até prejudicado bastante a dos cereais. A segunda é a da cana, que dá extraordinariamente no vale do Ceará-Mirim, produzindo quase sem amanho, ao abandono, à lei da natureza. O município de S. José de Mipibu é muito fértil e grande produtor de cana. A Serra do Martins é feracíssima: produz bem cana, algodão e cereais. Alguns municípios produzem fumo em pequena quantidade.

Não há quase, como já se disse, métodos de lavoura. Os processos seguidos são os mais rudimentares; e até o arado raramente se emprega. Agora é que vão melhorando um pouco as condições da agricultura. Já existem alguns engenhos de cana a vapor; e, quando as obras que se efetuam contra as crises das secas estiverem prontas, a lavoura se desenvolverá consideravelmente.

Quadro demonstrativo das mercadorias exportadas pelos portos de Natal, Macau e Areia Branca durante o ano de 1910

Natureza Peso kg Imposto Valor oficial

Natal

Algodão 4.233.450 304:707$428 3.379:696$978.:$
Açúcar 893.705 8:227$551 79:873$961
Caroço de algodão 2.325.468 12:577$386 85:965$082
Couros salgados 260.040 27:758$717 276:248$000
Cera de carnaúba 3.272 175$440 1:963$000
Carne seca 7.533 419$540 7:523$000
Peixe seco 9.885 245$296 2:559$000
Borracha 40.857 5:989$634 64:378$000
Peles 94.892 24:410$820 345:360$600
Queijos 31.187 2:158$195 36:553$400
Diversos 23.391 383$281 4:609$600
  7.923.680 387:053$287 4.284:730$621

Macau

Algodão 2.067.008 131:780$163 1.051:285$000
Borracha 39.121 7:557$597 45:526$000
Cera de carnaúba 183.209 18:117$432 203:501$000
Couros salgados 14.790 1:829$673 14:796$000
Peles 11.512 2:665$446 42:350$000
Diversos 36.656 135$640 2:219$100
  2.352.296 162:085$951 1.359:677$100

Areia Branca

Algodão 4.089,568 206:391$044 3.690:928$132
Borracha 9.659 2:026$635 22:858$400
Cera de carnaúba 304.581 28:747$854 345:789$987
Couros salgados 24.000 2:418$314 54:368$050
Resíduo de algodão 10.582 95$164 977$200
Peles 30.514 12:242$669 271:789$500
Sola 40 4$600 100$000
Queijos 3.579 171$048 2:902$200
Fumo 1.633 73$500 2:449$500
Diversos 100.435 98$077 51:804$950
  4.574.591 252:268$905 4.443:967$919

Comércio

O comércio do Rio Grande do Norte é muito pequeno e não há uma estatística que permita bem calculá-lo. Os principais gêneros de exportação são: sal, couros, algodão, açúcar em pequena quantidade, madeiras, cera de carnaúba e algum tecido de algodão, para os estados vizinhos.

Os seus principais portos de comércio são: Natal, onde tocam os navios do Lloyd Brasileiro, de algumas companhias inglesas, da companhia Pernambucana, e que é o porto mais comercial e mais importador; Macau, de onde sai o sal em grande quantidade, cera de carnaúba, couros, produtos especiais do país; e Mossoró, o porto salineiro mais importante, que também exporta outros gêneros do país, provenientes da indústria extrativa.

O estado importa objetos manufaturados, fazendas, farinha de trigo, maquinismos, produtos estrangeiros de toda a sorte, alguns cereais, farinha de mandioca e açúcar. Se é quase impossível determinar o seu comércio de importação e exportação, é impossível a determinação do seu comércio interno, que em certas localidades é bem movimentado.

No futuro, quando as condições industriais produtoras do estado tiverem maior desenvolvimento, o comércio do Rio Grande do Norte se enriquecerá bastante e terá grande movimento o seu ótimo porto de Natal.

Demonstração do sal exportado pelos portos de

Natal, Macau e Areia Branca durante o ano de 1910

  Peso em kg Imposto correspondente pago ao governo federal
1ª Circunscrição Natal 2.445.860 48:917$200
2ª Circunscrição Macau 16.733.566 334:471$320
3ª Circunscrição Areia Branca 69.729.246 1.394:584$920
  88.898.672 1.777:973$440
Importância paga ao governo do estado, pela companhia contratante 330:000$000
Importância paga pela companhia aos salineiros:
De compras de sal 534:000$000
De arrendamento de salinas 128:000$000

Indústria

Em grande parte, o estado do Rio Grande do Norte se ocupa da indústria pastoril, criando, porém, o gado o mais rudimentarmente possível. Falta o ensino profissional. Os criadores não têm procurado melhorar os gados lanígero e vacum pela importação inteligente de reprodutores de raça boa. É raro o fazendeiro que importa, uma vez ou outra, um reprodutor Zebu ou vacas Holstein. A criação de gado no Rio Grande do Norte, devido ao seu sistema rotineiro e às secas periódicas, chega apenas para o seu próprio consumo.

A indústria extrativa também se acha em atraso, limitando-se à exportação do sal, que é retirado em imensa quantidade nos distritos salineiros do Norte (Macau, Açu, Mossoró), e à cera de carnaúba, árvore que existe no estado em prodigiosa quantidade. Os engenhos de açúcar existem ainda em pequena quantidade e poucas fábricas de tecidos merecem ser citadas - como a de Natal, que aliás fabrica produtos regulares.

Apesar de tudo isso, e de à Exposição Nacional, de 1908, haverem concorrido apenas 75 expositores, o estado conseguiu obter 93 recompensas, a saber: grandes prêmios, 9; medalhas de ouro, 25; de prata, 42; de bronze, 17. A indústria do sal obteve grande prêmio, assim como o algodão de Seridó. A cera de carnaúba obteve também o grande prêmio, único na especialidade. A indústria açucareira obteve um grande prêmio de química aplicada.

Apesar das crises climáticas, dos impostos pesados, da falta de imigração, da ausência de braços e capitais, a indústria do pequeno estado do Norte promete muito, pelos esforços ingentes dos que dele se ocupam infatigavelmente, pois que, somente pelo seu grande esforço, o estado do Rio Grande do Norte obteve na exposição Nacional de 1908 o 9º lugar entre todos os estados do Brasil.

O seu governo já entabulou negociações com firmas importantes de outras praças do pis, para a exploração conveniente da indústria açucareira, da indústria de laticínios e da indústria da pesca, a qual é de grande futuro.

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Ruas de Natal: 1) Avenida Junqueira Ayres, num dia de festa; 2) Avenida Tavares de Lyra; 3) Rua Senador José Bonifácio; 4) Avenida Rio Branco; 5) Parte da Praça Augusto Severo
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Vias de comunicação

O estado do Rio Grande do Norte se ressente, como já dissemos, da falta de meios fáceis de comunicação. É esta um das causas que mais contribuem para o depauperamento do seu comércio e a falta de estímulo de sua indústria. Pelo litoral, o estado se comunica com os estados vizinhos e com os seus diversos portos pelas companhias de vapor.

O Lloyd Brasileiro faz escala por Natal; a Companhia Pernambucana faz seus navios tocarem em Mossoró e Macau; a Companhia Salinas tem também escala em Mossoró, Macau e Natal.

Os portos salineiros são muito freqüentados, não só por vapores da cabotagem nacional, como por pequenos barcos à vela e navios estrangeiros que vêm carregar sal.

Pelo interior, as comunicações são feitas por estradas de rodagem sem valor, descuidadas. Numa das melhores, a de Mossoró a Areia Branca, o serviço é feito por uma diligência. Em todas as demais, tudo é levado às costas de animais.

Há duas estradas de ferro: a de Natal a Nova Cruz, com 128,72 km de extensão, passando por S. José, Penha e Goianinha, hoje ligada a Paraíba, e a de Natal a Itapauaroca, com 45 km.

Instrução pública

O ensino, no estado, acha-se em condições regulares. A instrução primária é ministrada por oito grupos escolares, que funcionam em Natal Mossoró, Caicó, Acari, Martins, S. José, Caraúbas e Serra Negra, freqüentados por 900 crianças; e há também 175 escolas primárias.

A instrução secundária é dada no Ateneu Norte-Rio-Grandense e na Escola Normal, estabelecimentos que ficam, ambos, na capital. Além destes, tem Natal mais uma Escola de Música e uma Escola de Artífices, a cargo do governo da União.

A capital

A capital do estado do Rio Grande do Norte é a cidade de Natal, que fica à margem do Potengi, 3 km mais ou menos acima da sua foz, e tem 20.000 habitantes. Foi fundada em 1669 por Jeronymo de Albuquerque, que lhe deu o nome que ainda conserva. Tem algumas linhas de tramways, de tração elétrica.

Divide-se em dois bairros: cidade alta e cidade baixa ou Ribeira. Dentro em pouco será iluminada à luz elétrica. Tem alguns edifícios bem construídos: o Hospital, o Congresso, o Teatro. Possui uma Santa Casa de Misericórdia, uma Escola de Aprendizes Marinheiros, um Ateneu, uma Sociedade Promotora de Agricultura e Indústria, um grupo escolar e algumas fábricas de tecidos de algodão e outras.

O porto de Natal está passando por transformações que muito o hão de melhorar. Foram já gastas, nestas obras, somas importantes, em trabalhos de dragagem e outros serviços destinados a melhorar o acesso ao porto. Embora ainda não terminados todos os serviços, podem já os navios, mesmo os de grande calado, entrar e deixar o porto com segurança.

Como o porto de Natal fica na parte mais Oeste da costa brasileira, está ele destinado a se tornar de grande importância, uma vez melhoradas as suas condições e completas as redes de viação férrea que o ligam ao interior, redes essas que estão sendo ativamente construídas.

Natal é uma localidade de grande beleza natural e grande salubridade, sendo constantemente ventilada pelas brisas do mar. A cidade vai sendo lentamente reconstruída em linhas mais modernas, sendo as ruas largadas e abrindo-se novas avenidas; ultimamente foram inaugurados jardins públicos e outros pontos de diversão.

Natal é ligada aos estados da Paraíba e Pernambuco por meio de linhas férreas e, além disso, os vapores fazem freqüentemente escala em seu porto. Existem em Natal grandes oportunidades para o estabelecimento de novas indústrias, tais como hotéis, fundições e a maioria das indústrias para manufatura de artigos caseiros.

Outros centros

Além da capital do estado, merecem referência: Açu, à margem esquerda do Rio Piranhas, a 78 km da capital, com vastas culturas de algodão, cana e mandioca; Canguaretama, em terreno baixo, alagado, insalubre, perto da costa, a 114 km da capital; Ceará-Mirim, à margem direita do rio de seu nome, com 18.000 habitantes, clima quente e úmido, com criação de gado, cultura de cana-de-açúcar e algodão; Martins, a 516 km de Natal, sobre a serra do mesmo nome, com lavoura de cereais, cana e algodão e gozando de magnífico clima; Jardim, à margem esquerda do Rio Seridó; S. José de Mipibu a 54 km da capital, clima salubre, numa vasta planície, com grande plantio de cana e algodão; Caicó, à margem esquerda dos rios Seridó e Acauã, com plantações de fumo, mandioca e criação de gado; Macaíba, à margem esquerda do Jundiaí, distante 25 km de Natal; Macau, na costa, banhada pelo Piranhas, comerciante; Mossoró, à margem esquerda do Apodi, cerca de 40 km do litoral, comerciante; Apodi, à margem esquerda do rio do mesmo nome.

As vilas principais são Arês, Acari, Angicos, Goianinha, Potu, Luiz Gomes, Nova Cruz, Areia Branca, a 2 km da foz do Mossoró, S. Miguel do Pau dos Ferros e Currais Novos.

Dr. Alberto Maranhão – O dr. Alberto Maranhão, governador do estado do Rio Grande do Norte, nasceu neste estado, na cidade de Macaíba, a 2 de outubro de 1872. Ali fez seus  primeiros estudos, indo em seguida para Pernambuco, onde se formou em Direito pela Faculdade do Recife em 1892.

Começou a vida pública como promotor público em Macaíba, e sucessivamente ocupou os postos de secretário de estado, governador interino e governador eleito do estado do Rio Grande do Norte. Findo o seu período de governo, foi eleito deputado federal pelo estado do Rio Grande do Norte e na Câmara Federal de Deputados foi escolhido para relator dos Negócios do Estrangeiro, quando ocupava esta pasta o falecido barão do Rio Branco, de quem o dr. Alberto Maranhão era grande amigo.

Eleito para governador, o dr. Alberto Maranhão voltou ao estado do Rio Grande do Norte, a ocupar o mais alto posto em seu estado natal; o período de seu governo termina em janeiro de 1914. Durante a sua administração, tem ele terminado tantas obas de melhoramentos através do estado e iniciado tantas outras destinadas a vir beneficiar o Rio Grande do Norte, que certamente é este um período áureo para o pequeno estado do Norte.

Seria longa uma resenha e descrição e tudo quanto ali tem sido ultimamente feito no sentido de melhorar as condições materiais de vida. Basta mencionar que foram construídas novas estradas e pontes, abertas 24 novas escolas, e estabelecidas outras instituições, melhoramentos do porto, eletrificação dos serviços públicos da capital, abastecimento d'água, açudes etc.

Melhoramentos do Porto de Natal – Os melhoramentos do Porto de Natal estão a cargo de uma comissão composta dos srs. José Gervásio de Amorim Garcia Junior, engenheiro chefe; Octavio Brigido Arantes, engenheiro ajudante; bacharel Odilon de Amorim Garcia Filho, secretário.

Os trabalhos de melhoramento a cargo da comissão e em curso de execução constam de fixação das dunas, dragagem e arrasamento do recife, denominado Baixinha. As dunas acham-se já completamente fixadas, tendo obtido a comissão um completo sucesso com a plantação de uma herbácea rasteira denominada oró e uma espécie de gravatá conhecida por sincho.

O serviço de dragagem foi iniciado em 2 de novembro de 1902 com uma pequena draga Priestman de 2 toneladas, de fabricação inglesa. Atualmente, porém, tem a comissão mais uma draga de sucção com a capacidade de 500 m³ por dia, uma draga de alcatruzes transferida do porto do Recife para o de Natal, e uma outra draga Priestman de 5 toneladas. Para transporte do material dragado, há um saveiro com 250 m³ de capacidade, dois rebocadores e seis batelões de madeira de 25 a 120 toneladas.

Apesar do material de dragagem ser bastante deficiente, este serviço vai no entanto progredindo, permitindo hoje o canal de acesso a entrada de vapores calando até 22 pés, quando antigamente só podiam entrar no porto vapores até 12 pés. O ancoradouro interno é vasto e profundo, limitando-se a dragagem apenas ao canal de acesso. O arrasamento do recife submerso, denominado Baixinha, tem sido atacado com grande atividade, tendo já sido arrasados 100 metros do recife; faltam apenas 80 metros, que estão sendo atacados.

Além destes serviços, mantém a comissão uma oficina para reparo do material, e um Posto Meteorológico que envia diariamente, por telegrama, os resultados das observações para os observatórios do Rio de Janeiro e de Buenos Aires.

A comissão está incumbida de coligir os dados necessários para a organização do projeto completo e respectivo orçamento, destinado a dotar o porto de Natal de todos os melhoramentos modernos e transformá-lo em um porto militar de primeira ordem, no Norte do Brasil.

O porto de Natal tem visto aumentado o movimento de vapores, nestes últimos 7 anos, de um modo notável. Este movimento foi, em 1905, de 75 vapores, com 34.618 toneladas; em 1906, de 94 vapores, com 51.382 toneladas; em 1907, de 159 vapores, com 110.280 toneladas; em 1908, de 209 vapores com 147.141 toneladas; em 1909, de 236 vapores, com 188.469 toneladas; em 1910, de 227 vapores, com 185.322 toneladas; em 1911, de 240 vapores, com 204.669 toneladas.

Estes números falam por si mesmos e a comissão, que tem sido incansável de atividade na execução dos melhoramentos em andamento, tem já um projeto para os grandes melhoramentos a executar mais tarde. Por esse anteprojeto, as novas obras devem constar de um cais profundo, com oito metros de profundidade em águas mínimas, usina de eletricidade, guindastes elétricos e armazéns para o movimento de carga e descarga de mercadorias, estabelecimento de uma estação naval para a Marinha Nacional, ampliação do arrasamento da Baixinha, construção de um dique seco, dragagens e outros serviços acessórios.

É de esperar que, completo o projeto definitivo, possam estas obras ser iniciadas no correr de 1913, pois que elas virão trazer enorme benefício, não só ao porto de Natal, mas também ao Brasil.

A melhor prova da necessidade destas obras está no fato já citado do grande aumento do movimento do porto em 7 anos, devido aos trabalhos parciais que vieram melhorar as condições do porto, e conseqüentemente do comércio da cidade de Natal.

F. Solon – O sr. F. Solon, sucessor da firma F. Solon & Cia., é estabelecido com fábrica de fiação e tecidos de algodão, óleos vegetais e sabão, na cidade de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte. Esta empresa teve, a princípio, a firma de Viúva Barreto & Cia., sendo sucedida como a princípio dissemos pelas firmas F. Solon & Cia. e F. Solon. A atual empresa vai ser transferida à Companhia Industrial do Rio Grande do Norte, cujo capital é de 3.500:000$000. São seus diretores os srs. Thomaz Alberto Alves Saraiva, presidente; Robert Vance, secretário; e Francisco Solon, tesoureiro.

Além dos interesses industriais a que nos referimos, a companhia tem também uma concessão de 200 quilômetros de estrada de ferro no interior do estado, onde também possui vastas plantações de algodão, que virão suprir a fábrica em Natal. Esta está sendo aumentada em uma escala considerável, para atender ao desenvolvimento que têm tido as vendas de seus produtos. Presentemente, a fábrica compreende 152 teares, maquinismo acessório de fiação e tinturaria, sendo os maquinismos de origem inglesa. A força motriz é fornecida por um motor de 75 hp.

A maior produção da fábrica é de artigos grossos, os quais são exportados para os estados vizinhos; o pessoal operário se compõe de 300 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, repartidas entre as diversas seções da fábrica de tecidos de algodão e nas fábricas de óleo e sabão.

A Companhia Industrial do Rio Grande do Norte possui também 3 grandes salinas em pontos diversos do estado, as quais dão uma produção considerável. O sr. Francisco Solon, que desenvolveu e aumentou esta empresa, é natural do estado do Rio Grande do Norte; viveu no Rio de Janeiro durante 10 anos e viajou demoradamente pela Europa.

Alves & Cia. – Esta importante casa importadora e exportadora da praça de Natal, estabelecida à Rua do Comércio, foi fundada em 1885. São sócios da firma os srs. Arelino Alves Freire, Cyrineo de Vasconcellos e Carlos Dantas. Os srs. Alves & Cia. fazem uma larga importação de artigos de consumo local e uma considerável exportação de produtos do estado, os quais compram no interior. São agentes  em Natal da Empresa Comércio e Navegação e de outras empresas de vapores.

O negócio mais importante da firma é feito em algodão bruto, sendo ela uma das mais importantes neste ramo de comércio; compra no interior o algodão em grandes partidas, que depois exporta para os estados manufatureiros do Sul do Brasil,para a Inglaterra e para os estados manufatureiros do Sul do Brasil, para a Inglaterra e para os Estados Unidos da América do Norte.

Os srs. Alves & Cia. têm o seu estabelecimento comercial situado em um bom e grande edifício e aí mantêm sempre um grande e variado estoque dos artigos de sua importação, tendo também vastos depósitos para os produtos de exportação. A firma é representada no Rio de Janeiro pela importante casa comercial F. Walter & Cia., daquela praça.

Pedroso Tinoco & Cia. – A firma Pedroso Tinoco & Cia., estabelecida com casa bancária, importadora e exportadora na cidade de Natal, à Rua do Comércio, foi fundada em 1906. Conquanto de fundação recente, conquistou já esta importante firma uma posição proeminente no comércio da capital do estado do Rio Grande do Norte. Os srs. Pedroso Tinoco & Cia. representam em Natal vários bancos e casas bancárias, tanto nacionais como estrangeiras; e fazem toda a sorte de operações bancárias. A firma representa também a companhia de navegação Hamburg-Amerika Linie.

Importa, em larga escala, da Europa e Norte América, ferragens, fazendas, comestíveis e outras mercadorias que vende na capital e no interior do estado, tendo viajantes que visitam a sua freguesia. Os srs. Pedroso Tinoco & Cia. compram e exportam produtos do estado, tais como algodão, açúcar, sementes de algodão, borracha, cera de carnaúba, couros e peles, que enviam aos principais centros manufatureiros da Europa e Estados Unidos. A firma compra também, porém em menor escala, borracha de mangabeira.

Nos seus diferentes ramos de comércio, faz esta casa um movimento muito considerável, ocupando um bom e grande edifício, onde sempre mantém grande e variado estoque dos artigos de sua importação, tendo também vastos depósitos para os produtos que exporta.

Os sócios da firma são os srs. João Juvenal Pedroso Tinoco, Feliciano Pereira de Lyra Tavares e Antonio Gurgel do Amaral, todos de nacionalidade brasileira e com larga experiência do comércio no Norte do Brasil.

Julius von Söhsten – A casa Julius von Söhsten, na cidade de Natal, é sucursal da importante e conhecida firma do Recife. Em Natal a casa Julius von Söhsten opera como casa bancária importadora e exportadora. Representa o London & Brazilian Bank e outros bancos e casas bancárias, por intermédio dos quais executa toda a sorte de transações bancárias. Representa também a casa Julius von Söhsten as empresas de navegação Booth Line e Harrison Line.

Como casa importadora, recebe da Europa e Norte América ferragens, comestíveis, fazendas e mais artigos de consumo local, que vende na capital e pelo interior do estado, aonde periodicamente envia viajantes que percorrem a sua numerosa clientela.

A casa Julius von Söhsten faz também larga exportação de produtos do estado, que compra no interior e envia para diversos países da Europa e para os Estados Unidos; destes produtos, os principais são: algodão, caroço de algodão, açúcar, borracha e cera de carnaúba. A firma tem também, por vezes, feito a exportação de casca de tartaruga, proveniente das ilhas do litoral do estado.

O sr. Julius von Söhsten, proprietário desta importante casa, é o diretor da importante empresa Cooperativa de Pesca Norte do Brasil, empresa esta que exerce a indústria de pesca no Norte do Brasil, ocupando-se também da pesca da baleia; esta empresa está hoje em alto ponto de prosperidade e a indústria que explora é uma das de mais futuro na República.

A sucursal em Natal foi estabelecida em 1908, tendo em curto espaço atingido um alto grau de prosperidade. É dirigida pelo sr. João Baptista Toselli, que tem a cooperação do sr. Charles D. von Söhsten, filho do proprietário da firma, sr. Julius von Söhsten.

Fábrica Vigilante de Philadelpho Lyra – A Fábrica Vigilante de Philadelpho Lyra, importante estabelecimento industrial da cidade de Natal, fica situada à Rua do Comércio nº 68, e é propriedade do sr. Philadelpho Lyra. A fábrica foi fundada há 27 anos passados e é a primeira fábrica de cigarros no Rio Grande do Norte. A produção anual do estabelecimento sobe a 31.392 milhões de cigarros, acondicionados cuidadosamente, cujas principais marcas são: Vigilante, Amor, Hermes da Fonseca, Excelsos, Goyaz, Celebres, Rio Branco, Alcaçús, Fantazia e Perolas, marcas essas que são conhecidas e reputadas em todo o estado.

Os cigarros deste estabelecimento são todos enrolados à mão. O fumo empregado em sua manufatura é nacional, dos diversos tipos, e também importado, tais como o fumo turco e o fumo da Virginia. A fábrica é instalada em um grande e cômodo edifício com dependências apropriadas e bem aparelhada para essa indústria: nela trabalham 110 operários, entre homens, mulheres e crianças. O sr. Philadelpho Lyra é também agente e representante em Natal das principais casas manufatoras de charutos do estado da Bahia.

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