Hotel Casino
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Amazonas (cont.)
Indústrias e comércio
Associação Comercial do Amazonas - A
Associação Comercial do Amazonas, com sede em Manaus, à Rua Marechal Deodoro, resultou da iniciativa de alguns negociantes de Manaus, os quais,
reunindo-se em 18 de junho de 1871, constituíram a associação e elegeram a sua primeira diretoria. A associação foi reorganizada por várias vezes,
entre 1875 e 1908, datando deste último ano os presentes estatutos.
Estes estatutos autorizam a associação a tratar ou a federar-se com outras instituições congêneres
e a promover a organização de associações semelhantes, a organizar exposições e congressos de caráter comercial e industrial, a publicar e
distribuir informações, que possam interessar à classe comercial.
Por iniciativa da associação, foram já fundadas instituições similares em vários pontos do estado
e no território federal do Acre. Entre estas, notam-se as associações comerciais de Itacoatiara, Parintins e Santo Antonio, no estado do Amazonas, e
de Sena Madureira e Cruzeiro do Sul, no território do Acre; todas estas filiadas à Associação Comercial do Amazonas.
Os fundadores da associação, em 1871, foram os seguintes senhores: José coelho de Miranda Leão,
Antonio Augusto Alves, José Joaquim Pinto de Franca, Emilio José Moreira, Manoel José Gomes de Lima, Guilherme José Moreira, José Teixeira de Souza,
Thomas Louis Simpson, Alexandre de Paulo Brito Amorim, Jeronymo Costa e José Marcellino Taveira Pau Brazil.
A associação, em 1908, reservou para si um pavilhão nas exposições internacionais de borracha
realizadas em Londres em 1908 e 1911. Na última destas exposições, a associação obteve a medalha de ouro, oferecida pela Hevea Rubber Planters'
Association para a melhor exibição de amostras de borracha, que figurasse na exposição.
Em 1910, a associação organizou em Manaus um Congresso Comercial, Industrial e Agrícola e uma
exposição de objetos e utensílios usados na indústria da borracha. Em 1912, representantes da associação tomaram parte no Congresso de Estados que,
sob a presidência do ministro da Agricultura, se reuniu no Rio de Janeiro, para discutir e organizar as bases da lei nº 2.513-A de 5 de janeiro de
1912, destinada a proteger os interesses da indústria brasileira da borracha.
A Associação Comercial do Amazonas ocupa um grande e belo edifício à Rua Marechal Deodoro e mantém
um pessoal considerável, sob a direção de um secretário geral. Aí se encontra, num salão, uma exposição, metodicamente organizada, de amostras de
borracha do Amazonas, da Ásia, África e América Central, as quais são conservadas em caixas envidraçadas, para fins de comparação. Aí existe também
uma coleção de utensílios usados no cultivo e extração da borracha nestes diversos países, bem como uma seringueira com um desenvolvimento regular.
As várias salas do edifício são decoradas com quadros a óleo e fotografias e possuem mapas,
plantas, catálogos, livros e jornais referentes à borracha, cacau, café, arroz e castanha-do-Pará. No andar térreo, no grande salão, existem uma
estação de correios e telégrafos, vários escritórios de corretores, uma sala para leilões e a sede da Bolsa de Manaus.
Na sala principal vêem-se os quadros onde são afixados diariamente os avisos telegráficos de todos
os pontos do globo, preços do mercado local e taxa cambial, chegadas e partidas de vapores e todas as informações de interesse para os membros da
associação. Sobre as mesas se encontra uma coleção de jornais e a associação publica mensalmente uma boa revista, a qual é enviada para todos os
países que fazem parte da União Postal.
A diretoria da associação, para o ano de 1912, é a seguinte: presidente, Emilio Zarges;
vice-presidente, Luiz Eduardo Rodrigues; secretário, Prudencio Borges de Sá; diretores, W. S. Gordon, José Francisco de Figueiredo, W. Peters,
Augusto Cesar Fernandes, W. Scholz, Samuel Levy, S. H. Sanford, J. P. da Silva Junior, Joaquim R. da Silva Dias, Francisco de Souza Soares,
Guilherme Rego e J. C. Mesquita. O secretário geral é o sr. Bertino Miranda.
Zarges, Ohliger & Cia., comerciantes e banqueiros: 1) A sede do estabelecimento; 2) Uma pele
de borracha colossal (pesando 1.400 libras), recebida pela firma e enviada para a Exposição de Borracha de Nova York; 3) Corte e classificação da
borracha no trapiche da Avenida Eduardo Ribeiro; 4) O escritório geral
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Pinheiro & Perdigão - É esta a
principal firma de agentes financeiros no vale do Amazonas e uma das mais importantes em todo o Brasil. A firma foi fundada em 1896 pelo sr. Licinio
Perdigão, a que se associou um seu amigo, o sr. Pinheiro. A casa, sob a firma Pinheiro & Perdigão, em breve ficou solidamente firmada e se tornou
conhecida. Mais tarde, entraram também para a firma parentes dos sócios primitivos e que lhes sucederam no negócio. Os atuais sócios, srs. Pinheiro
e Perdigão, são ambos naturais do Porto, Portugal, e vieram para Manaus em 1902, desde quando têm grandemente alargado o campo de operações da casa.
Em fins de 1911 mudou-se a firma para o seu presente belo edifício, construído em linhas modernas
e onde existem todas as comodidades para o seu ramo de negócio; fica este edifício situado à esquina das ruas Theodureto Souto e Marcilio Dias.
Desde a sua fundação, tem a casa tido a estima e confiança crescentes dos capitalistas de Manaus,
que a ela confiam os seus capitais, para serem empregados. Estes capitais se elevam a cerca de um milhão de libras esterlinas. A firma se encarrega
também de zelar e administrar edifícios e propriedades, cujo valor é ainda talvez maior. O movimento que faz a firma na venda e aluguéis de
propriedades e casas é muito considerável, elevando-se de 10 a 15 mil libras esterlinas por mês.
Entre as numerosas agências que têm os srs. Pinheiro & Perdigão, contam-se as da companhia de
seguros marítimos e contra fogo Brazil Seguradora e Edificadora, da Continental Caoutchouc & Gutta-Percha Co., de Hanover, e muitas outras empresas
de automóveis, navegação e trabalhos de Engenharia. A firma faz parte da Associação Comercial do Amazonas e mostra justo orgulho pelo bom êxito de
todos os tentames levados a efeito por esta associação.
Zarges, Ohliger & Cia. - Esta casa
exportadora e bancária é uma das mais antigas e sólidas do Norte do Brasil. A casa foi fundada em Manaus com a denominação de Prüsse Prisenella &
Cia. e ainda hoje é conhecida pelo nome de Casa Prüsse. A firma tem tido várias mudanças em seu título, devido a novos sócios, que se têm sucedido
na casa. A última mudança se deu em 1912, quando foi adotada a presente firma de Zarges Ohliger & Cia., em substituição de Dussendschön Zarges &
Cia. A mesma casa no Pará tem a denominação de Zarges Berringer & Cia.
O capital da casa é de 2.400:000$, sendo seus sócios os srs. Emil Albert Zarges, Franz Christian,
Adolf Berringer, Hugo Ohliger, com os srs. Heilbut Symons & Cia., de Londres e Liverpool, como sócios comanditários. Os interesses da firma estão,
no Brasil, a cargo dos três primeiros sócios; os srs. Zarges e Ohliger residem em Manaus e visitam a Europa alternadamente.
O estabelecimento ocupa, em Manaus, um edifício com frente para a Avenida Eduardo Ribeiro e Rua
Marechal Deodoro. O seu maior movimento é constituído por transações bancárias e por exportação de borracha. Os srs. Zarges Ohliger & Cia. são
agentes, em Manaus, de cerca de 50 estabelecimentos bancários, tanto nacionais como estrangeiros.
Os bancos sul-americanos que representa a casa são: o Brasilianische Bank für Deutschland, British
Bank of South America Ltd., Banque Française et Italienne pour l'Amérique du Sud, Banco do Recife, Banco da Província do Rio Grande do Sul, Banco do
Estado de Alagoas, Banco Español del Rio de La Plata, Banco Nacional Brazileiro, Banco do Pará, Banco Alemão Transatlântico.
Além destes, os srs. Zarges, Ohliger & Cia. são também agentes de 9 importantes bancos alemães, 6
ingleses, 5 norte-americanos, 4 portugueses, 3 franceses e de um banco, respectivamente, da Itália, Espanha, Peru, Uruguai e Madeira.
Representa ainda a casa as seguintes casas comerciais: Heilbut Symons & Cia., Londres e Liverpool;
Poel & Arnold, Nova York, Boston e Akron; Poncin Dusendschön & Cia., Paris e Bordéus; Fleischmann & Cia., Antuérpia; Herman Marcus, Hamburgo.
Representa também a Hamburg Amerika Linie, a Hamburg Sud-Amerikanische Dampshifffahrts Gesellschaft e a Mannheimer Versicherungs-Gesellschft, a
Equitativa e a South American Equitable e outras empresas.
Esta casa recebe e exporta grandes quantidades de borracha, castanha-do-Pará, cacau e outros
produtos nacionais; e é, no Brasil, o maior exportador de borracha. Em 1911, a sua exportação de borracha (em quilos) foi a seguinte: para a Europa,
fina, 4.320.866; entrefina, 429.546; sernambi, 605.782; caucho, 1.741.060; total 7.097.254. Para os Estados Unidos, fina, 3.505.469; entrefina,
832.495; sernambi, 2.528.803; caucho, 692.007; total, 7.558.774. Total da exportação, 14.656.028; estoque em depósito, a 31 de dezembro de 1911,
100.000; total recebido, 14.756.028 quilos. A exportação das casas que se lhe seguem imediatamente foi de 5.954.698 e 4.352.386 quilos,
respectivamente.
O sr. Emil Albert Zarges, chefe da firma, nasceu em Stuttgart, Alemanha, e aí foi educado. Entrou
moço para a carreira comercial, como empregado de uma casa de artigos para escritório, por atacado; e esteve em seguida, durante dois ano, em uma
casa exportadora de Hamburgo. Vindo em 1895 para o Brasil, esteve até 1907 na casa que esta firma possui no Pará. Daí, passou para a casa em Manaus,
entrando como sócio em 1909.
O sr. Zarges, que tem ido à Europa várias vezes, tomou em Manaus uma parte notável no
estabelecimento e reorganização da Associação Comercial do Amazonas, da qual é o presidente. Durante a sua administração, esta associação se
instalou em novo e mais vasto edifício e alargou o seu campo de operações; o sr. Zarges tem representado a associação no estrangeiro por várias
vezes e tom uma parte muito ativa em seus trabalhos.
O sr. Hugo Ohliger nasceu em Solinger, Prússia Renana, em 1874, e aí trabalhou durante 7 anos em
uma casa exportadora. Depois de fazer o seu serviço militar, o sr. Ohliger veio para Manaus em 1897, como empregado da casa em que é hoje sócio. Na
ausência do sr. Zarges, o sr. Ohliger exerce as funções de cônsul da Alemanha no Amazonas.
Zarges, Ohliger & Cia., comerciantes e banqueiros: 1) Seção de escritório, transações bancárias e
navegação; 2) O paquete Rugia, da Hamburg-Amerika Linie, partindo de Manaus; 3) Escritório da seção de navegação
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Hotel Casino - Este hotel ocupa um
edifício novo, de dois andares, de alvenaria de tijolo e pedra, situado em um lado da Praça da República e com frente para duas outras ruas. A
entrada principal do hotel fica fronteira ao jardim da Praça da República e a vista das janelas na fachada principal se estende pelos canteiros
floridos, gramados, ornamentados por fontes e estátuas, plantas e árvores tropicais daquele belo jardim, do qual o hotel fica separado apenas pela
largura da rua.
O Hotel Casino é todo iluminado por luz elétrica; os banheiros com chuveiro ficam situados no
primeiro andar; dispõe de 45 quartos e, em ocasiões excepcionais, tem já acomodado 100 pessoas. O salão de jantar tem capacidade para 150 pessoas, e
o menu é sempre de primeira ordem, sendo o serviço do pessoal do hotel um dos melhores no Brasil. Os aposentos são amplos e bem mobiliados. O hotel
tem pessoal encarregado de esperar os vapores que chegam; automóveis e carros podem ser facilmente obtidos no hotel, para qualquer hora do dia ou da
noite; os tramways elétricos passam a umas 50 jardas do edifício.
Perto do hotel ficam a sede do comando militar da região e o palácio do governador do estado. Nele
se têm hospedado os viajantes mais notáveis que chegam a Manaus, e o hotel tem tido referências elogiosas em vários livros publicados por viajantes
europeus.
São proprietários do Hotel Casino os srs. J. C. Leitão Melita, Aurelio Vallado Gomes e Jesus
Muguey Fernandes, sendo gerentes os dois primeiros.
Fábrica de gelo e cervejaria de Miranda Corrêa & Cia.: 1) Vista da fachada; 2) O prédio visto do
rio
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Miranda Corrêa & Cia. - Os srs.
Miranda Corrêa & Cia., manufatores de gelo e cerveja, ocupam em Manaus um edifício notável com seis andares e uma torre artística. O edifício foi
projetado e desenhado por um arquiteto alemão, segundo as linhas adotadas para as modernas cervejarias alemãs, sendo também aproveitadas algumas
idéias originais do sr. Miranda Corrêa, o qual executou por completo a construção do edifício.
A altura do edifício, desde o solo até o alto da torre, é de 160 pés. No interior, a torre é
servida por um elevador elétrico com duas toneladas de capacidade e por um escada de caracol com 200 degraus. O edifício fica situado na margem do
rio, no ponto terminal da linha de tramways elétricos do Plano Inclinado. No pavimento térreo fica situada a seção de despachos, em como os
depósitos e salas de lavagem de garrafas e empacotamento. O primeiro e segundo andares são reservados ao tratamento final da cerveja, que a eles
desce por um sistema não excedido em nenhum outro estabelecimento similar da América do SUl.
A cervejaria tem uma capacidade de produção de cinco milhões de litros. Os tubos serpentinas para
o resfriamento são trazidos por quatro câmaras frigoríficas, cujas paredes são interiormente acolchoadas com cortiça e revestidas de acabamento em
jaspe. O terceiro andar é o depósito para a fermentação, e aí ficam as retortas de fermentação, que distribuem o produto os andares inferiores por
meio da força de gravidade. Esta seção está dividida em dois compartimentos - inferior e superior - de fino acabamento e decoração artística.
No quarto andar ficam o laboratório químico e escritório técnico. O quinto andar é reservado para
armazenagem e tratamento da cevada, que a ele chega depois de ter passado pelo limpador no andar superior; aí fica também situada uma grande retorta
para o lúpulo e o fermento. No sexto andar, fica o depósito de cevada, e aí está também instalado o engenhoso dispositivo para limpar a cevada e
livrá-la das matérias estranhas que se lhe tenham juntado.
Tanto a cobertura como as paredes são todas à prova de fogo, sendo o vapor e água fria, para fins
de manufatura e outros usos, supridos ao andar superior. Em cima do poço do elevador estão instalados dois tanques para água, com capacidade para
50.000 litros cada um. Do alto da torre se descortina uma esplêndida vista da cidade e do porto. A eletricidade para a luz e força motriz é
produzida na usina geradora, situada ao lado do edifício principal.
A cevada e o lúpulo são importados da Alemanha e a água usada passa, previamente, por uma
filtração completa, depois de ser retirada do rio. Ao lado da cervejaria fica situada a fábrica de gelo, a primeira estabelecida em Manaus; o seu
maquinismo é movido por um motor de 500 hp, ao qual fornece o vapor uma enorme caldeira, tipo Lancashire. A instalação é americana e tem capacidade
para produzir 40 toneladas de gelo diariamente, o qual é entregue duas vezes por dia à freguesia espalhada por toda a cidade e vendido por um preço
que o torna de consumo geral na cidade.
Trabalham nesta fábrica cerca de 20 homens, havendo também um caminhão automóvel com 30 hp e
vários carros automóveis e outros para tração animal, para o serviço de distribuição. A cerveja é vendida com o nome de Cerveja Amazonense. A
conhecida Casa de Chops pertence também a esta firma.
São sócios desta importante firma o sr. Miranda Corrêa e seus cinco irmãos, três dos quais residem
no Rio de Janeiro e dois outros no Pará. O chefe da firma é o dr. Antonio Carlos de Miranda Corrêa, nascido no Pará em 1872 e educado no Rio de
Janeiro, onde se formou em Engenharia. Em seguida, cursou a Escola Militar, entrando como tenente para o Exército Brasileiro; pouco depois
demitiu-se, vindo para Manaus, em 1896. Em 1902, estabeleceu a sua Fábrica de Gelo, que em breve se tornou uma empresa rendosa. Em 1909 foi à
Europa, onde visitou as principais cervejarias e, voltando a Manaus, iniciou a grande empresa que acabamos de descrever. A firma faz parte da
Associação Comercial do Amazonas.
Fábrica de gelo e cervejaria de Miranda Corrêa & Cia.: vistas da cervejaria
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Andrade Irmãos - Os srs. Andrade
Irmãos são estabelecidos à Rua Dr. Leovigildo Coelho, 24, com casa destiladora e manufatora de xaropes e águas minerais. Os sócios da firma são os
srs. Antonio Ribeiro d'Andrade e Alberto Ribeiro d'Andrade, ambos portugueses e que se acham no Brasil há mais de 20 anos.
O seu estabelecimento se acha bem montado com maquinismo moderno, movido por um motor a petróleo,
de manufatura inglesa. Esta firma fabrica conhaque, anis, água apollinaris, cola, cidra, ginger-ale vermute, parati, sifão, soda,
limonada, Fernet Branca e uma grande variedade de xaropes. A água empregada na manufatura das diversas bebidas é filtrada e destilada; e os
sifões, garrafas etc., são importados da Inglaterra e Alemanha.
Os srs. Andrade Irmãos enviaram os seus produtos às exposições do Rio de Janeiro, de 1908,
Bruxelas, de 1910, e Turim, de 1911, obtendo em todas elas primeiros prêmios. Os irmãos Andrade vão à Europa alternadamente e a têm percorrido em
grande parte. A firma faz parte da Associação Comercial do Amazonas.
Tabacaria Globo - O proprietário da
Tabacaria Globo é o sr. F. J. Monteiro, estabelecido à Rua Henrique Martins, 31. Esta casa, fundada em 1910 e aumentada em 1912, é uma das mais
reputadas fábricas de cigarros de Manaus.
O sr. Monteiro é de origem portuguesa e negociou durante 20 anos no Pará, antes de vir se
estabelecer em Manaus, onde está há 11 anos. Os cigarros manufaturados por esta casa são de vários tipos; mas têm, todos, a marca registrada de um
globo e são denominados Globo. Os tabacos usados são nacionais, turcos, egípcios etc. etc.
A Tabacaria Globo vende, por atacado e a retalho, charutos e fumos; emprega em sua fábrica um
pessoal de 48 homens e tem um dos mais prósperos negócios em seu gênero em Manaus.
Interior da destilaria de Andrade Irmãos
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Manoel Vicente Carioca - O sr. Manoel
Vicente Carioca é proprietário, no vale do Amazonas, de 19 importantes seringais, os quais contêm milhões de seringueiras. Esta propriedade é uma
das mais valiosas na América do Sul.
O sr. Carioca nasceu no Ceará em 1861, de pais pobres; veio, mais tarde, para o Amazonas, aí se
empregando na colheita de borracha, até conseguir juntar um pequeno capital. Visitou então a sua terra natal e, de volta a Manaus, abriu uma pequena
casa comercial. com o seu trabalho perseverante, em breve adquiriu capital bastante para comprar terras nas margens do Rio Gregório e, à medida que
prosperavam os seus negócios, ia sempre comprando mais terras.
Hoje possui uma enorme extensão de terras, que excedem as suas mais otimistas expectativas. A sua
vasta propriedade é atingida, numa das extremidades, após 12 dias de viagem, em vapor, de Manaus; e a outra extremidade só é atingida após mais 5
dias de viagem em um vapor grande e ainda 2 dias mais em pequenos vapores.
Atualmente, o sr. Manoel Vicente Carioca apenas explora uma parte das florestas de sua
propriedade, a qual é dividida em 19 seringais, cada um com sede e armazém distintos. Nesses seringais trabalham cerca de 400 homens e são
produzidas 300 toneladas de borracha, anualmente. Tanto a borracha como o caucho são transportados para Manaus e aí vendidos.
Além da borracha, possuem estes seringais, em abundância, ótimas madeiras, tais como cedro, canela
etc. O Rio Gregório corta a propriedade, que se estende por ambas as suas margens. O sr. Carioca possui um vapor grande para a navegação fluvial e
duas lanchas, que fazem o serviço regular para as sedes dos seringais.
O sr. Vicente Carioca, que faz parte da Associação Comercial do Amazonas, tem sempre, em seu
estabelecimento comercial, à Rua dos Remédios, um grande estoque de toda a sorte de artigos usados pelos seringueiros, os quais são importados da
Europa e Norte América e se destinam, principalmente, ao consumo dos seus próprios seringais. Aí fica também o armazém de borracha.
Tabacaria Globo, de J. F. Monteiro
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Mello & Cia. - Esta casa, fundada em
1868, tornou-se uma das mais importantes em seu gênero, no Norte do Brasil; são seus sócios o senador Antonio José de Pinto e o barão de Souza
Lages. São proprietários dos seguintes seringais, no Rio Juruá e seus afluentes: Buenos Aires, Paratary, Popunhas, Triumpho,
Porangaba, Minas Geraes, S. Pedro, Mississipi, Oriente, Cachoeira, Carmo, Trovão do Norte,
Porto Peters, Acuria Velho, Acuria Novo, São Francisco nº 1, São Francisco nº 2, Bagé, Bagé 2º,
S. Luiz, Boa Fé, Novo Pestino, Esperança, Boa Vista, Salvação, Pananan, Maceió, Soledade,
Fortaleza, Araty, Cachinacea, Germinoa, Terra Firme de Popunha, Alagoas, Manarian, Nova Mina,
Occidente, Canindé e Bello Horizonte.
A área total destes seringais excede 600 milhões de metros quadrados e estão eles em produção, que
é superior a 1.000.000 de quilos, anualmente. Para os serviços de transportes, possui a firma uma flotilha de 12 vapores e lanchas, que fazem a
navegação dos rios em que ficam situados os seringais. Estes vapores e lanchas têm as denominações de Costeira, Moa, Barão de
Cametá, Enoira, Lucania, Jaminana, Minas Geraes, Cecy, Pigra, Maquary e Guida.
Os seringais, além de muito abundantes em seringueiras, têm também ótimas madeiras. Os sócios da
firma residem no Pará, sendo a casa em Manaus gerida pelo sr. Rodolpho Vasconcellos. O sr. Vasconcellos é brasileiro, natural do estado do Ceará, e
passou a maior parte de sua vida em Manaus; acha-se ligado ao comércio de borracha no Norte do Brasil há uns 16 anos. Esta firma faz parte da
Associação Comercial do Amazonas.
Propriedades do sr. Manoel Vicente Carioca - três seringais no Rio Gregório: 1) Seringal Atalaia;
2) Seringal Lavras; 3) Seringal Havre; 4) Escritório e trapiche em Manaus
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Arruda Irmãos - Esta casa foi
estabelecida no Rio Madeira em 1900 e em Manaus à Rua M. Dias, em 1912; os sócios são os irmãos srs. Alfredo Arruda e Francisco Godofredo de Arruda.
Um dos irmãos vai, todos os anos, à Europa, ficando o outro tomando conta da casa em Manaus. Os srs. Arruda nasceram ambos no Ceará.
No Rio Jumari, em Mato Grosso, os seus seringais têm uma frente sobre o rio, de 60 quilômetros,
cobrindo uma superfície de mais de 15 milhões de metros quadrados. Os seringais dos srs. Arruda produzem seringa, caucho e castanha. Além do
espaçoso armazém em Manaus, a firma possui um sucursal no Rio Jumari para suprimentos aos seus seringais e armazenagem de borracha; o Victoria,
navio de propriedade da firma, faz a carreira entre Manaus e o Rio Jumari, levando passageiros e mercadorias.
Nos seringais da firma há boas madeiras e a produção de borracha se eleva a cerca de 300
toneladas, anualmente. Os srs. Arruda Irmãos são membros da Associação Comercial do Amazonas.
Adrião, Barroco & Cia.
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José Alexandre da Silveira - O sr.
José Alexandre da Silveira, aviador, proprietário de navios e seringais, tem escritório à Rua Demetrio Ribeiro, 45. É natural do estado do Maranhão
e veio para o Amazonas em 1884, adquirindo um seringal em um dos afluentes do Rio Purus. Em 1888, estabeleceu-se com casa aviadora em Manaus e aí
tem sempre um grande estoque de todos os artigos de uso dos seringueiros, os quais exporta também para a Bolívia.
O sr. José Alexandre da Silveira é proprietário dos vapores Alto Acre e Itupana,
empregados no serviço de transporte de passageiros e cargas entre Manaus e o Acre. O seringal de propriedade do sr. Silveira fica no território do
Acre, a cerca de 12 dias de viagem, em vapor, de Manaus. Tem um frente, sobre o rio, de cerca de 24 quilômetros, e está, todo ele, em exploração. A
produção de borracha vai a cerca de 60 toneladas, anualmente, além do caucho e da castanha, que também produz em abundância. O sr. José Alexandre da
Silveira visita o seu seringal duas vezes por ano.
Trapiche de Jorge Thomaz
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J. Mendes - O sr. Joaquim Mendes
Cavalleiro é de origem portuguesa, achando-se no Brasil há 25 anos; é estabelecido com casa importadora, exportadora, comissária e aviadora,
possuindo também seringais. São gerentes da casa, em Manaus, os srs. Antonio Gomes da Cruz Chambel e Antonio d'Oliveira Mendes Cavalleiro.
A casa foi fundada em 1892, tendo por alguns anos a firma de Fernando Guimarães & Cia.; a seguir a
de Mendes & Cia., e finalmente a atual firma de J. Mendes, adotada em 1911, tendo sido o sr. Mendes sócio nas firmas anteriores. O sr. Mendes possui
seringais no Rio Solimões e Jutaí, tendo duas lanchas, que para aí fazem o transporte de passageiros e carga. Recebe cerca de 400 toneladas de
borracha anualmente, além de cacau e castanha, vendendo estes produtos na praça de Manaus. Importa da Europa, Norte América e estados do Sul do
Brasil. Reside durante uma parte do ano em Lisboa e durante a outra parte em Manaus; faz parte da Associação Comercial do Amazonas, da qual foi já
diretor.
S. J. de Freitas & Cia. - Esta firma
é uma das mais importantes no comércio de madeiras do Rio Amazonas. A sua sede é em Manaus, onde tem serraria e faz um largo negócio de madeiras; os
escritórios em Manaus ficam à Rua dos Andradas, 34. A casa em Manaus foi estabelecida em 1908.
Aí tem sempre a firma um grande estoque de madeiras, materiais para construção, inclusive
ferragens e material de ferro e aço usado em construções. A firma faz um extenso negócio nos estados do Amazonas e Pará.
O gerente da casa em Manaus é o sr. Antonio Francisco Pereira Junior, que é interessado no
negócio; nasceu em Portugal, achando-se,porém, no Brasil, há mais de 20 anos; acha-se em Manaus há três anos. A firma faz parte da Associação
Comercial do Amazonas.
J. G. Araujo: 1) Interior do trapiche; 2) Armazéns Rosas; 3) O escritório
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Adrião, Barroco & Cia. - Os srs.
Adrião, Barroco & Cia. fazem um largo negócio de importação de ferragens e são estabelecidos em Manaus à Rua Municipal, 83, esquina com a Avenida
Eduardo Ribeiro. Os sócios desta firma são os srs. João da Silva Adrião, Manoel da Silva Adrião e José Lourenço Barroco, todos portugueses.
A casa foi fundada em 1896 e importa em larga escala ferragens de toda a sorte, materiais de
construção, maquinismos, ferramentas, tintas e vernizes, armas e munições, quinquilharias, prataria e cristofle, cestas, artigos para navios
etc. etc. As suas importações são provenientes da Europa, Ásia, Norte América e repúblicas da Sul América. O seu armazém de vendas a retalho e a
varejo ocupa uma esquina de duas ruas muito movimentadas no centro da cidade, possuindo também a firma um depósito à Rua Lobo d'Almada.
Os srs. Adrião Barroco & Cia. fazem avultado movimento de vendas, não só localmente, como também
para o interior do estado. São também agentes, em Manaus, da Fábrica Aurora (São Paulo) e do Formicida Schomaker. A casa recebe pequena
quantidade de borracha e de castanha, que vende na praça de Manaus.
O sr. Manoel da Silva Adrião esteve no Pará durante oito anos e está em Manaus há quatorze anos; é
diretor da Beneficência Portuguesa. A firma faz parte da Associação Comercial do Amazonas.
M. Corbacho & Cia.: 1 & 3) Interior do trapiche; 2) O trapiche
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Jorge Thomaz - O sr. Jorge Thomaz
estabeleceu-se em 1907 com casa importadora à Rua Bocayuva, 32, 34 e 36. A casa, a princípio, foi propriedade da firma Salem Thomaz & Cia., a qual
se compunha de três sócios, sendo um deles o sr. Jorge Thomaz, que, em 1912, ficou sendo proprietário único.
A casa tem duas sucursais, uma em Sena Madureira e a outra em Japuri. O sr. Thomaz tem um vapor,
que faz o transporte para o interior, e um viajante, que percorre as diversas zonas. Tem correspondentes em Manchester, Paris, Nova York, comprando
em diversos países. Em seu armazém há sempre um estoque variado e completo de ferragens, fazendas, modas, jóias, perfumarias e toda a sorte de
objetos de uso dos seringueiros.
O sr. Thomaz faz também compras, em comissão, para casas do interior. Recebe borracha, castanha,
cacau e outros produtos do estado, aumentando de ano para ano, e de modo considerável, o seu negócio. A borracha recebida em 1911 elevou-se a 100
toneladas.
O sr. Jorge Thomaz nasceu em Monte Libano, Síria, em 1884. Vindo para o Brasil em 1904, começou a
vender mercadorias no Rio Purus; os seus esforços e diligência foram coroados do melhor êxito, de modo que hoje é proprietário de três
estabelecimentos comerciais, tendo ainda interesses numa outra casa comercial. Fala inglês, francês, português e árabe e tem viajado muito. O sr.
Jorge Thomaz é presidente da Sociedade Otomana do Amazonas e é membro da Associação Comercial do Amazonas.
Moraes, Carneiro & Cia. - Os sócios
da firma Moraes, Carneiro & Cia. são os srs. Joaquim Pereira de Moraes, José Carneiro dos Santos e o comendador José Rodrigues Cardoso, todos de
origem portuguesa. A casa foi fundada pelo sr. Rosa Cardoso, passando, porém, mais tarde, à presente firma. O estabelecimento fica situado à Rua
Marechal Deodoro e aí se encontra sempre um largo estoque de toda a espécie de ferragens, sendo a casa uma das que de melhor reputação goza em
Manaus.
O sr. José Carneiro dos Santos está no Brasil há 46 anos; durante estes últimos três anos, tem
sido escolhido para presidente da Assembléia Geral da Associação Comercial do Amazonas, da qual faz parte a firma.
Tancredo Porto & Cia.: 1) Trapiche; 2) Interior do trapiche; 3) Os armazéns, Rua M. Deodoro; 4)
Trapiche na Avenida Eduardo Ribeiro
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J. G. Araujo: Armazéns Rosas -
Esta é uma das casas mais antigas no seu gênero em Manaus, tendo sido fundada pelo sr. José Gonçalves de Araujo Rosas em 1877, sob sua firma
individual. Em 1879, organizou-se a sociedade sob a razão de Araujo Rosas & Irmão, em sucessão daquela, tomando o sr. Araujo a sua direção; em 1896
foi ainda sucedida essa firma pela de Araujo Rosas & Cia.; e em 1905 pela presente, J. G. Araujo.
O principal negócio da firma é o de aviamentos para o interior (espécie de agência geral e
fornecedora, característica do vale do Amazonas). A firma ocupa dois grandes prédios com frentes para as duas principais artérias - Rua Marechal
Deodoro e Avenida Eduardo Ribeiro -, além de grandes depósitos de mercadorias em outros pontos da cidade, para os seus negócios, que são tão
extensos como variados. Tem também, para extração de borracha, grandes florestas no Rio Negro, as quais se estendem por alguns milhões de metros
quadrados, e grandes fazendas no Rio branco, onde acumulam milhares de animais, especialmente de raça bovina, para abastecimento da cidade. Têm
também interesses ligados à Empresa Jutahy, sociedade anônima (Jutahy Rubber Co.), fundada em Manaus há alguns anos.
Nos armazéns do sr. Araujo encontra-se um grande estoque de tudo quanto é necessário ao
seringueiro, desde o mais insignificante objeto até um motor ou mesmo uma lancha completa. As várias seções, desde a adega até ao teto, nos
diferentes andares dos prédios, estão acumuladas de todas as espécies imagináveis de mercadorias.
Quase todas as nações do globo contribuem com a sua cota para esta variada coleção. Há máquinas
para quase todos os fins, da América do Norte, Inglaterra, França, Alemanha e outros países; vinhos de Portugal, França, Itália e Espanha; manteiga
e queijos da França, Holanda e Dinamarca; tecidos de algodão, lã e seda de diversas procedências; calçados dos estados do Sul do Brasil; carne da
Argentina; frutas e cereais de diversos países, bem como conservas de todas as qualidades e procedências.
A firma é agente exclusivo, no Norte do Brasil, dos propulsores automóveis Motogodille, e também
dos motores Mietz & Weiss, marítimos e terrestres, bombas, compressores de ar, eletrogêneos etc. A firma mantém sempre um avultado estoque de
acessórios para automóveis, máquinas a vapor, utensílios domésticos, mobílias, ferragens e artigos navais.
A seção mais interessante é talvez a do pavimento térreo, que dá para a avenida. Aí, a borracha é
recebida das florestas e se corta, classifica e encaixota para embarque. No armazém há muitas vezes, em estoque, mais de 200 toneladas, entre as
quais se pode encontrar borracha fina, sernambi, caucho e sernambi de caucho. Os produtos que principalmente exporta a
casa são: borracha, castanha, cacau, piaçaba e couros salgados.
M. Corbacho & Cia. - Esta importante
firma aviadora, importadora e exportadora é estabelecida em Manaus à Rua Tenreiro Aranha. Constituem-na os srs. Augusto Cesar Fernandes e Manoel
Parada Corbacho, o primeiro brasileiro e o segundo espanhol.
A firma é proprietária de vários seringais no Rio Madeira, os quais cobrem uma área de muitos
milhões de metros quadrados e foram apenas explorados em uma pequena parte. Além da seringa e da castanha, estas florestas contêm valiosas madeiras
para construção. Atualmente, estes seringais produzem, por ano, cerca de 300 toneladas de borracha e alguma castanha; as terras são adaptáveis à
cultura de cacau, tabaco e outros produtos; e para se avaliar a riqueza da propriedade em madeiras, basta dizer que a firma enviou, recentemente, a
uma exposição na Europa, uma coleção de 138 variedades de madeira.
Os srs. M. Corbacho & Cia. são agentes de várias companhias de navegação e têm vapores seus
fazendo transportes em diversos rios. Importa a firma toda a sorte de artigos, que são enviados para os diversos seringais, e faz parte da
Associação Comercial do Amazonas.
Tancredo Porto & Cia.: 1) Depósito de borracha; 2) O escritório; 3) Interior dos armazéns
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