Edifícios públicos na cidade: 1) A Municipalidade; 2) Igreja de São Bento; 3) A Escola Normal; 4)
Palácio do Governo; 5) Estação dos tramways; 6) Ginásio da Bahia
Foto publicada com o texto, páginas 879. Clique >>aqui<< ou na
imagem para ampliá-la
Estado da Bahia (cont.)
A capital
São Salvador ou, mais corretamente, a cidade do Salvador, geralmente conhecida pelo nome de Bahia,
capital do estado do mesmo nome, é a mais antiga cidade do Brasil. Foi fundada em 1549 por Tomé de Souza, primeiro governador geral do Brasil, que
ali estabeleceu a sede do seu governo. Tomé de Souza, assistido pelos portugueses e auxiliado por Caramuru e pelos índios, logo após a sua chegada
ao Brasil, deu início à cidade, na parte hoje denominada Cidade Alta.
Já antes, porém, o infeliz donatário da Bahia, Francisco Pereira Coutinho, com a cooperação do
Caramuru (Diogo Alvares), havia estabelecido um núcleo colonial para a sua capitania, em Vila Velha; mas, com o correr do tempo, desapareceu Vila
Velha, em cujo local ficam os bairros da Graça e da Vitória, na Bahia dos nossos dias. Foi a cidade da Bahia, durante largo período, a capital do
Brasil colonial.
Em 1763, o marquês de Pombal elevou o Brasil a vice-reinado e mudou a sede do governo para o Rio
de Janeiro. Durante aquele período, foi a cidade atacada, diversas vezes, pelos holandeses, que conseguiram estabelecer-se e permanecer ali durante
um ano, de maio de 1624 a maio de 1625, quando foram definitivamente expulsos por d. Francisco de Moura, após um sítio prolongado.
Doutras vezes, em que foi a Bahia atacada, quer pelos holandeses, quer por corsários de outras
nações, não conseguiram nunca os invasores tomar pé na cidade, limitando-se a devastar e saquear o Recôncavo - zona fértil do litoral.
Por ocasião da Independência brasileira, em 1822, a Bahia, que tinha em seu seio numeroso
contingente de forças portuguesas, comandadas pelo general Madeira, e que havia adotado a Constituição portuguesa de 1820, continuou sujeita à
metrópole, até que, em julho de 1823, o exército brasileiro expulsou as forças portuguesas e ocupou a cidade, que ficou sendo a capital da província
da Bahia. Proclamada a República, continuou a Bahia como capital do estado.
A capital baiana fica situada a 13º de latitude Sul, à margem da vasta Baía de Todos os Santos,
descoberta em 1502 por Cristóvão Jacques; e tem mais de 70 quilômetros de extensão de Norte a Sul. O clima da Bahia, conquanto quente, deve ser
considerado salubre, pois, não obstante as suas condições de higiene que ainda deixam a desejar, os próprios estrangeiros se aclimatam com grande
facilidade. Os arrabaldes, na parte mais elevada da cidade, oferecem sempre um refúgio agradabilíssimo contra a canícula que, no verão, às vezes, se
faz sentir fortemente na cidade baixa.
A [cidade da]
Bahia tem uma população de 250.000 habitantes. É ponto inicial da Estrada de Ferro do São Francisco e de várias outras linhas férreas, que a põem em
comunicação com o fértil interior do estado; é também escala obrigatória de numerosas linhas de navegação nacionais e estrangeiras, que mantêm
serviços rápidos e cômodos entre a capital baiana e os centros importantes do país e do estrangeiro.
O aspecto que a cidade oferece, a quem dela se aproxima pelo lado do mar, é realmente encantador:
na linha do litoral, a Cidade Baixa se estende por alguns quilômetros, numa faixa estreita ao longo do interior da baía; ao fundo ergue-se uma
colina verdejante, encimada pela linha ondulante dos edifícios da Cidade Alta, predominando os tons claros em que são pintados os edifícios e as
torres e campanários de inúmeras igrejas.
Para quem desembarca, a impressão da Cidade Baixa não é das mais favoráveis; os edifícios,
grandes, pesados e de vários pavimentos, têm, em geral, a velha arquitetura colonial portuguesa; as ruas são tortuosas, estreitas e pouco cuidadas;
e os edifícios se aglomeram, sem ordem, na estreita faixa entre o litoral e a encosta da montanha.
Estas condições estão, porém, prestes a se transformar; a velha Bahia colonial vai desaparecer,
para dar lugar a um bairro comercial digno da Cidade Alta e digno da capital dum dos mais ricos estados da União. As obras do porto da Bahia, quase
concluídas, aumentando a faixa em que se estende a cidade, facilitarão o tráfego intenso da parte mais ativa da vida comercial baiana. Mais ainda:
os trabalhos complementares, que incluem a abertura duma larga e moderna avenida ao longo do litoral, virão dar à Bahia o que até agora lhe tem
faltado, isto é, condições urbanas, que correspondam à sua magnífica situação natural, vasta baía e ativíssimo porto.
Na Cidade Baixa, ficam as casas comerciais com os seus armazéns e depósitos, mercados, Alfândega e
arsenais de Guerra e Marinha. A Cidade Alta, mais moderna, com as suas ruas largas e bem calçadas, numerosas praças ajardinadas e parques,
compreende a zona dos bairros elegantes e é a sede da maioria dos edifícios públicos. As duas partes da cidade estão ligadas entre si por algumas
ladeiras íngremes e, como meio mecânico de comunicação entre elas, existem dois "planos inclinados" e um elevador, que funcionam por cabos.
A viação urbana é feita por meio de tramways elétricos, que são explorados por duas
companhias, uma que tem os bondes da Cidade Baixa e outra que explora as linhas da Cidade Alta. Estas companhias fornecem também força elétrica às
indústrias da cidade e têm a seu cargo a iluminação pública e particular, que é boa e feita a gás e luz elétrica.
A cidade é embelezada por várias praças públicas e largos, sendo os principais: a Praça da
Constituição, onde fica situado o Palácio do Governador e vários outros edifícios públicos; o Largo 15 de Novembro, onde fica a Catedral,
internamente adornada com grande riqueza; o belo e novo edifício da Faculdade de Medicina; o Convento de S. Francisco e ainda outras igrejas
(destas, há na Bahia um número extraordinário); a Praça de Nazareth, com o moderno Hospital de Caridade; o Largo Duque de Caxias, com o monumento
Dois de Julho, em bronze e mármore de Carrara, de 100 pés de altura; o Largo da Vitória; e muitos outros.
Entre os parques, merece especial menção o Passeio Público, no bairro da Vitória, com uma
vegetação luxuriante e várias diversões populares. Entre os arrabaldes, distinguem-se os da Vitória, Graça e Rio Vermelho, com belas e modernas
residências particulares.
Entre os estabelecimentos de instrução superior, ocupa o primeiro lugar a Faculdade de Medicina,
com um curso de seis anos, dividido em 12 seções e possuindo instalações magníficas e modernas. Esta faculdade tem dado ao Brasil nomes notáveis na
ciência médica.
Possui também a Bahia uma Escola de Direito, fundada em 1891; uma Escola de Engenharia, uma Escola
Normal do Estado, com Jardim de Infância anexo. Para o ensino secundário, conta a Bahia o Ginásio, o Seminário Eclesiástico, o Colégio Salesiano e
muitos outros institutos particulares. O ensino primário é ministrado em numerosas escolas públicas e particulares. Para o ensino técnico, há o
Liceu de Artes e Ofícios, fundado em 1872, com classes diurnas e noturnas, boas oficinas técnicas e uma freqüência de 2.500 alunos. Entre outras
instituições baianas, nota-se o Instituto Histórico e Geográfico, o Hospital da Misericórdia, o Asilo de Alienados, a Maternidade etc.
O comércio baiano de exportação e importação é importantíssimo e representado por numerosas casas,
que reúnem um capital respeitável. A defesa dos interesses comerciais locais está confiada à Associação Comercial, uma das mais antigas e influentes
instituições desta ordem no Brasil e que acaba de comemorar o centenário de sua fundação, com solenes festas, honradas com a presença do presidente
da República.
O movimento de importação foi, em 1910, de 133.386 toneladas, no valor de Rs. 37.028:898$000; e o
de exportação, no mesmo ano, foi de 98.437 toneladas, no valor de Rs. 54.520:776$000.
Das indústrias da capital, que abrangem vários ramos de atividade manufatora e extrativa, as mais
importantes são as de tecidos de algodão, fumo e açúcar, cujo desenvolvimento se acentua, rapidamente, de ano para ano. A Bahia é sede de
arcebispado e o seu arcebispo tem o título de Primaz do Brasil.
Associação Comercial da Bahia: 1) Alberto Moraes Martins Catharino; 2) Reginald de Crecy Steel; 3)
José Pereira Soares; 4) Antonio Carlos Soveral (presidente); 5) José Maria Ferreira Fresco; 6) Henrique dos Santos Silva (tesoureiro); 7) Lourenço
Costa (vice-presidente); 8) Georg Bauer; 9) Dr. Antonio Ribeiro de Barros (secretário); 10) Eduardo Duder; 11) Affonso Ferreira Machado; 12) Viriato
Bittencourt Leite; 13) José de Sá
Foto publicada com o texto, página 880. Clique >>aqui<< ou na imagem
para ampliá-la
Dr. José Joaquim Seabra - O dr. J. J. Seabra, atual governador do estado da Bahia, é filho
do dr. Joaquim José Seabra e nasceu na capital do estado da Bahia em 1856. Depois de concluído o curso de preparatórios, foi matricular-se, em 1873,
na Faculdade de Direito do Recife, onde, a 31 de outubro de 1878, recebeu o grau de doutor em Ciências Jurídicas e Sociais.
Logo depois de formado, regressou à capital baiana, onde exerceu o cargo de promotor público. No
ano seguinte, 1879, apenas com 23 anos de idade, conquistou, em rigoroso concurso, a cadeira de lente de Economia Política da Faculdade do Recife,
da qual, logo depois da proclamação da República, foi nomeado diretor.
Político ardoroso, esteve o dr. Seabra em oposição ao governo do marechal Floriano. Foi, nessa
época, demitido do cargo de diretor daquela faculdade, e, com outros políticos notáveis, sofreu uma deportação para afastado e insalubre lugar. Em
1897, eleito pelo seu estado natal, voltou à Câmara Federal, onde, nos trabalhos da Assembléia Constituinte, já havia representado a Bahia.
Por ocasião da discussão do Código Civil na Câmara, foi o dr. Seabra presidente da comissão
incumbida de elaborar o projeto que ainda pende de solução do Senado. Era o dr. Seabra líder da maioria da Câmara, quando o dr. Rodrigues Alves,
iniciando o seu período governamental, o convidou para a pasta da Justiça e Negócios Interiores. Entre os serviços que prestou nesse cargo, estão a
reforma da Justiça do Distrito Federal, a reforma do ensino secundário, a reforma da lei eleitoral de 1902, a reforma da Higiene e Saúde Pública.
Duas situações graves puseram à prova as qualidades de energia do dr. Seabra nessa época. O
governo do dr. Rodrigues Alves incluiu no seu programa o saneamento da capital da República, onde a febre amarela endêmica era um elemento de
descrédito para todo o país. Dos esforços conjugados para essa grande obra, que dependia de melhoramentos materiais e da reforma de costumes da
população, cabia ao Ministério do Interior fazer executar as leis sanitárias.
Agitadores políticos, aproveitando-se do rigor dessas leis, moveram violenta campanha contra elas,
chegando a haver motins populares e terminando essa agitação por uma tentativa armada de deposição do governo. O dr. Seabra, nessa época agitada,
deu provas de grande energia, mantendo a execução das imprescindíveis leis sanitárias e, no momento da revolta, organizando a resistência.
Candidato à senadoria pelo estado de Alagoas, deixou o governo, mas o seu diploma não foi
reconhecido pelo Senado. Voltou então à Câmara dos Deputados, eleito pelo seu estado natal. Foi tal o ardor com que combateu pela vitória da
candidatura do marechal Hermes à presidência da República que geralmente lhe chamavam o "líder do hermismo". O marechal Hermes convidou-o para a
pasta da Viação e Obras Públicas, na qual o dr. Seabra desenvolveu grande atividade, até que, eleito governador da Bahia, em março de 1912, teve de
abandonar o governo federal.
A Polícia - A capital do estado da Bahia está dividida em duas circunscrições, tendo cada
uma um delegado, que deve ser formado em Direito. Estas circunscrições estão divididas em distritos, havendo em cada uma um subdelegado.
Há na capital 28 distritos de sub-delegacias, com as seguintes denominações: Sé, São Pedro, 1º, 2º
e 3º; da Vitória, Rua do Paço, Nazareth, Santa Anna, Brotas (1º e 2º); Santo Antonio (1º, 2º e 3º); Mares, Conceição da Praia, Pilar Penha (1º e
2º), Itapoã, Passé, Matoim Maré, Pirajá (1º, 2º e 3º); Cotegipe e Paripe.
Em cada município do estado há um delegado de Polícia (que pode ser um oficial ou uma pessoa
conceituada residente na localidade), e um subdelegado em cada distrito, variando o número de distritos conforme o tamanho e a importância dos
municípios. Os delegados e subdelegados não têm remuneração alguma, e são de livre nomeação ou demissão do chefe da Polícia. Os dois delegados da
capital, porém, são remunerados e de nomeação do governador.
A força policial do estado da Bahia consta de três batalhões de infantaria e um esquadrão de
cavalaria. O efetivo da força é de 2.000 homens. O 1º batalhão, composto de 600 homens, e o esquadrão de cavalaria, com um efetivo de 150 homens,
são destinados ao policiamento da capital. O 2º e 3º, com um efetivo de 700 praças cada um, são destinados ao policiamento do interior do estado. A
força policial é comandada por um coronel. Cada um dos batalhões de infantaria é comandado por um major; e o esquadrão de cavalaria, por um capitão.
O atual chefe de Polícia, dr. Clovis Moreira Spinola, que assumiu este cargo em 12 de janeiro de
1912, formou-se em 1908 em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito da Bahia, da qual foi aluno laureado. O delegado da primeira
circunscrição é o dr. Francisco de Castro Lima e o da segunda o dr. Antonio H. Silvestre de Faria. Além destes dois delegados, há o da Polícia do
Porto, para o serviço marítimo.
Durante o ano de 1911, foi o seguinte, na capital da Bahia, o movimento dos inquéritos criminais:
ferimentos leves, 16; ferimentos graves, 4; homicídio, 1; moeda falsa, 1; incêndio, 4; furto, 4; roubo, 2. Foram efetuadas 135 prisões correcionais
simples.
Como seção autônoma da Repartição Central de Polícia, foi instalado em agosto de 1910 o Gabinete
de Identificação do Estado da Bahia, no qual vigora o sistema datiloscópico de Vucetich. Há ali dois registros; o "civil", onde são identificadas as
pessoas de bons antecedentes que desejem possuir um documento comprobatório da sua identidade; e o "geral", para os delinqüentes contraventores. É
diretor do Gabinete o dr. Pedro Augusto de Mello.
Inspetoria de Obras Contra as Secas - Subordinada ao Ministério de Viação e Obras Públicas,
acha-se instalada na Bahia a terceira seção da Inspetoria de Obras Contra as Secas, sub-departamento este que se ocupa de trabalhos de irrigação,
açudes e outros serviços relativos ao desenvolvimento da lavoura nos distritos do Norte.
O escritório central desta terceira seção fica situado no Campo Grande e compreende os drs. José
Pires do Rio, engenheiro-em-chefe; Arnaldo Pimenta da Cunha, 1º engenheiro-ajudante; Floro Edmundo Freire, Julio de Mello Rezende, Pedro de Mello
Santos, Joaquim Ignacio Ribeiro de Lima e Maurice Gaget, engenheiros ajudantes.
Junta Comercial - A Junta Comercial da Bahia se compõe de cinco comerciantes eleitos, por 4
anos, pelos comerciantes brasileiros ou naturalizados que constituem o colégio comercial. Entre os cinco eleitos, o governador do estado designa um
para servir de presidente da Junta; e é também o governador quem nomeia mais um membro, bacharel em Direito, o qual deve servir de secretário e de
consultor jurídico.
A Junta Comercial da Bahia está assim constituída: presidente, Deraldo Dias; secretário, dr.
Eduardo Cesar Rios; deputados, Trajano Candido Rodrigues, Elisiario da Silva Andrade, Manoel Ribeiro Pinto e João Ribeiro Lacerda.
Associação Comercial - A Associação Comercial da Bahia foi fundada em 15 de julho de 1811,
e no ano passado celebrou-se solenemente o seu centenário, com a presença do presidente da República, marechal Hermes da Fonseca.
A associação deve a sua fundação ao 8º conde dos Arcos, dr. Marcos de Noronha e Britto, governador
da Bahia; e através do seu século de existência, tem sempre sido intermediária e porta-voz do comércio e indústrias locais.
Periodicamente, as mais importantes figuras do comércio, tanto nacionais como estrangeiras, têm
tomado parte na sua administração; e nas paredes do grande salão de recepção, se vêem os retratos a óleo de vários cidadãos eminentes, que
contribuíram para o seu engrandecimento.
A associação continua, com a atividade e zelo de sempre, a defender os interesses comerciais dos
seus constituintes. O seu edifício ocupa posição central na Cidade Baixa e está admiravelmente adaptado ao fim a que se destina.
Os hospitais da Bahia - Existem na Bahia vários hospitais muito bem montados e
perfeitamente dirigidos. Destes, um dos mais importantes é o da Real Sociedade Portuguesa de Beneficência 16 de Setembro, fundada em 14 de agosto de
1859 e destinada a socorrer membros da colônia portuguesa.
Há também o Hospital de Santa Isabel, que começou a construir-se em 25 de fevereiro de 1829,
quando foi colocada a primeira pedra, e se inaugurou em 30 de julho de 1893. Foi um dos seus maiores benfeitores o conde de Pereira Marinho. Esse
estabelecimento, que é dirigido com inexcedível zelo, há quinze anos, pelo inteligente clínico e operador dr. Julio Perouse Pontes, tem 16
enfermarias para comportar mais de 500 doentes.
O Hospital de Santa Isabel é um motivo de justo orgulho para os baianos e de grande satisfação
para quantos moram na sua capital. E os que visitarem este hospital, nacionais ou estrangeiros, certamente sairão satisfeitos e reconhecendo que a
Bahia possui ali um valioso e nobre atestado do seu espírito de caridade.
Pertence o Hospital de Santa Isabel à importante e humanitária corporação conhecida pelo nome de
Santa Casa de Misericórdia, a qual, há muitos anos, presta relevantes serviços como instituição de caridade e de educação Existe também na Bahia uma
maternidade excelentemente instalada e organizada.
Faculdade de Medicina da Bahia - Das instituições de ensino de que se orgulha a Bahia,
nenhuma lhe é mais cara que a Faculdade de Medicina, fundada por carta régia do príncipe dom João, em 18 de fevereiro de 1808. A criação desta
escola foi idéia do dr. José Corrêa Picanço, brasileiro, que acompanhou a família real em sua vinda ao Brasil.
O curso de Cirurgia, que compreendia cinco anos de estudos e abrangia cinco cadeiras, foi
organizado por carta régia de dezembro de 1815; e entre esta data e 1825, foram criadas as cadeiras de Química, Farmácia e Patologia Interna. A
supervisão do governo nos exames foi abolida em 1826; e em 1832 foi publicada a lei que dava à escola o titulo de Faculdade de Medicina, estabelecia
um curso de seis anos e transferia as aulas para uma parte do edifício onde então estava o Hospital da Santa Casa da Misericórdia.
O decreto de outubro de 1822 criou sete novas cadeiras, ficando o número total elevado a 26, e
criou também vários laboratórios. Começou para a faculdade um período de grande desenvolvimento, com a introdução do ensino prático, sendo os
lugares de professores assistentes e preparadores preenchidos por concurso. Data deste tempo o desenvolvimento do estudo prático na faculdade; e
também então foi transformado e aumentado o edifício da escola, para atender às necessidades dos laboratórios e do ensino.
Foram criados os laboratórios de Fisiologia, Anatomia Patológica, Histologia e Higiene, ficando os
de Matéria Médica, Farmácia e Medicina Letal com salas e aparelhos especiais. Após a Reforma de 891, foram criados o Instituto Odontológico e o
Laboratório Terapêutico, assim como um laboratório especial para Anatomia Médico-Cirúrgica. Em 1901, foi criada a cadeira de Bacteriologia, com o
competente laboratório; e nos dois anos seguintes foi criado o ensino de Eletro-terapêutica.
Em 1905, foi a faculdade parcialmente destruída por um incêndio, sofrendo entre outros o prejuízo
total de sua biblioteca, fundada em 1836 e que continha 15.000 volumes. Este incêndio marca uma época importante na história da faculdade, pois daí
data a construção de um belo edifício moderno, onde funciona hoje, e a instalação de aparelhos modernos apropriados ao ensino médico, assim como de
salas para a Biblioteca, reformas estas que colocaram a faculdade entre os melhores estabelecimentos de ensino médico da América do Sul.
O Museu de Anatomia contém espécimes numerosos, conservados em álcool ou modelados em cera. A
faculdade está sujeita ao governo federal, o qual custeia as despesas, que sobem a mais de Rs. 1.000:000$000 por ano. Entre os anos de 1832 e 1908,
conferiu a faculdade o grau de doutor em Medicina a 2.502 estudantes; e deu o diploma de Farmacêutico a 1.466, o de Parteiro a 3 e o de Dentista a
284. De 1808 a 1832, conferiu o diploma de Cirurgião a 13 estudantes. Além disto, tem a faculdade conferido o título de doutor em Medicina, mediante
exame de suficiência, a 117 pessoas; de Cirurgião a 10, de Farmacêutico a 34. de Dentista a 5 e de Parteiro a 2.
Os diretores da faculdade desde a fundação até a data presente foram os srs. dr. José Avelino
Barbosa (1829), dr. José Lino Coutinho (1833); dr. Francisco de Paula Araujo Almeida (1836), dr. João Francisco de Almeida (1844), dr. João Baptista
dos Anjos (1857), dr. Antonio Januario de Faria (1874), dr. Francisco Rodrigues da Silva (1881), dr. Ramiro Affonso Monteiro (1886), dr. Antonio de
Cerqueira Pinto (1891), dr. Antonio Pacifico Pereira (1895), dr. José Olympio de Azevedo (1898), dr. Alfredo Britto (1901).
O atual diretor, dr. Augusto Cesar Vianna, assumiu esse cargo a 25 de junho de 1908.
Anteriormente, tinha sido inspetor do Laboratório de Higiene, desde 14 de junho de 1890 até janeiro de 1891; nomeado lente de Anatomia e Fisiologia
Patológicas, em 1891, foi transferido para a cadeira de Bacteriologia, em 1º de março de 1901, e desde 20 de maio de 1911 é professor ordinário de
Microbiologia.
O dr. Menandro dos Reis Meirelles assumiu o cargo de secretário da faculdade, a 8 de dezembro de
1890; e foi diretor do museu da mesma faculdade, de 31 de maio a 8 de dezembro do mesmo ano. Anteriormente, tinha servido no Corpo de Saúde do
Exército, de 4 de fevereiro de 1876 a 30 de maio de 1890. Deixou o Exército, a seu pedido, no posto de major.
Escola Comercial - A Escola Comercial
da Bahia foi fundada a 7 de fevereiro de 1905 e inaugurada a 12 de março do mesmo ano. Foi reconhecida como instituição pública pelo governo
federal, por lei de 27 de novembro de 1905, e pelo governo estadual, a 10 de agosto de 1910, sendo os diplomas conferidos pela escola oficialmente
reconhecidos.
A escola é mantida pelas contribuições dos estudantes e, durante os últimos quatro anos, recebeu
do governo federal dois subsídios de Rs. 20:000$000 cada um e outros dois de Rs. 50:000$000 cada. Em consideração por estes subsídios, tem o governo
o privilégio de mandar para a escola 20 alunos gratuitos.
A escola fica situada à Praça 13 de maio, 31. Em princípios de 1912, o edifício, que é propriedade
do governo, foi inteiramente transformado e aumentado, despendendo-se nessas obras Rs. 150:000$000. A inauguração da escola, depois da reforma do
edifício, efetuou-se a 12 de março de 1912.
Uma dependência importante da escola é o museu comercial e industrial de produtos nacionais e
estrangeiros, que diariamente pode ser visitado e onde a entrada é gratuita. A escola tem também uma biblioteca com 6.000 volumes, uma sala de
reunião, salas para o diretor e secretário e 12 salas para aulas, dois salões para conferências, anfiteatro e salas especiais para o ensino de
Física, Química e História Natural, além dum laboratório modernamente montado.
Os programas da escola são organizados de modo a oferecer um ensino prático e moderno para as
carreiras comercial e industrial; compreende o programa o ensino de Português, Francês, Inglês, Alemão, Italiano, Espanhol, Aritmética, Álgebra,
Geometria, Física, Química Industrial, Escrituração Comercial, Elementos de Economia Política, História do Comércio e Indústria, Diplomacia,
Estenografia e Datilografia. Para a fundação e desenvolvimento da escola muito concorreu o dr. Silvino Marques, seu diretor.
A administração da escola é constituída por um Conselho Administrativo composto dos srs. dr. Lino
de Meirelles da Silva, presidente; dr. Glycerio Velloso, secretário; Elysiario da Silveira Andrade, tesoureiro; comendador Theodoro Teixeira Gomes,
comendador José Alves Ferreira; comendador Francisco Paes Vieira, coronel João Cunha, coronel Ribeiro Pinto, dr. Julio Sergio Palma, dr. João
Gustavo dos Santos e professor Manoel Lopes Rodrigues.
A Congregação se compõe dos srs. Domingos Silvino Marques (diretor), professores Gustavo
d'Andrade, Leopoldino Tautú, Apollonio Seixas Santos, Francisco Regulis Krull, Manoel Lopes Rodrigues, dr. Mathias Gomes dos Santos, dr. João
Gustavo dos Santos, dr. Glycerio Velloso, conselheiro Amancio de Souza, A. S. Aberna, João B. da Silva Gouveia, monsenhor Samuel Elpidio d'Almeida,
dr. Guilherme C. Foeppel e dr. Julio da Gama.
Faculdade de Medicina, Bahia
Foto publicada com o texto, página 881. Clique >>aqui<< ou na imagem
para ampliá-la
Finanças
Banco do Brasil - Operando a
princípio em um parte do edifício pertencente à Associação Comercial, ocupa agora a sucursal do Banco do Brasil na Bahia um novo e belo edifício à
Rua Santos Dumont, 8. A sucursal é a última adição na lista das agências do Banco do Brasil e foi estabelecida em 14 de julho de 1910. Oferece toda
a sorte de facilidades bancárias. Tem 14 empregados sob a gerência do sr. Gastão Jardim, que é natural do Rio de Janeiro e, antes de ser nomeado
gerente da agência na Bahia, exercia a sua atividade no comércio, há 15 anos. O guarda-livros é o sr. Mauricio Murgel.
London and Brazilian Bank, Limited -
O estabelecimento bancário mais antigo da cidade da Bahia é a sucursal do London & Brazilian Bank, Ltd., que aí foi estabelecida em 1864. Como em
outros centros em que opera o banco, a sucursal da Bahia goza da confiança e respeito do comércio baiano e as suas transações têm sido sempre
realizadas com o maior êxito.
A atual situação financeira do banco está desenvolvidamente exposta na seção financeira desta
obra. A sucursal na Bahia fica num ponto central da cidade, à Rua das Princesas, 10, e emprega um pessoal de 19 empregados. O gerente é o sr. John
J. Wilson, que está ao serviço do banco há já 21 anos. Durante 12 anos, esteve o sr. Wilson na sucursal em São Paulo e durante seis anos no Rio,
havendo ainda sido durante algum tempo, anteriormente à sua vinda para a Bahia, gerente da sucursal em Pernambuco. O sr. Wilson é natural de Dundee.
London and River Plate Bank, Limited
- O London and River Plate Bank começou a operar na Bahia em fevereiro de 1909. Depois de ocupar temporariamente outro edifício, passou para o atual
à Rua das Princesas, 6. Desde a sua abertura, tem tido o banco uma boa parte das transações locais, e em 30 de junho de 1911 era o movimento
representado por uma soma superior a Rs. 9.400:000$000 para o capital de Rs. 500:000$000.
Na data acima, eram os depósitos a prazo fixo de Rs. 1.545:033$000; contas-correntes de Rs.
1.393:223$000; descontos de Rs. 735:233$000; contas a receber de Rs. 2.869:314$000; empréstimos e saques a descoberto, de Rs. 2.121:810$000; e
dinheiro em caixa de Rs. 1.555:677$000.
Desde a sua fundação, tem a sucursal a gerência do sr. C. H. Lloyd, que dispõe de longa prática
bancária adquirida ao serviço do banco. Durante sua curta ausência em 1911, foi o seu cargo desempenhado pelo sr. H. C. Smallpeice, guarda-livros há
2 anos em Pernambuco. O sr. Smallpeice foi anteriormente guarda-livros na Bahia, quando se abriu esta sucursal, e antes disso estivera oito anos e
meio no banco, no Rio de Janeiro.
The British Bank of South America, Limited
- A sucursal do British Bank of South America Ltd. está estabelecida na Bahia desde 1º de maio de 1895. Oferece toda a sorte de facilidades
bancárias e, da parte que o banco toma nas transações financeiras da Bahia, se pode julgar pelo fato de ter o balanço de 30 de junho de 1911 acusado
um movimento superior a Rs. 23.000$000$000.
As principais parcelas neste total são: Caixa, Rs. 1.643:592$000; Letras Descontadas, Rs.
2.041:546$000; Contas a Receber, Rs. 3.497:822$000; Contas-correntes com garantia e outras, Rs. 4.483:988$000; Títulos em depósito, Rs.
5.421:234$000; Contas-correntes ordinárias (sem garantia), Rs. 3.214:642$000; Depósitos em conta-corrente (com aviso), Rs. 2.125:886$000; Depósitos
fixos, Rs. 1.327:698$000; Títulos em depósito, Rs. 7.612:750$000; Contas diversas, Rs. 6.155$544.
A sucursal emprega 14 pessoas e a gerência está a cargo do sr. C. J. Webb. Com uma prática
bancária de 21 anos, o sr. Webb ocupou já o cargo de gerente da sucursal de Santos. Veio para a Bahia em 1895, quando foi aberta a sucursal, e é
gerente desde 1897. Entre outros interesses locais que o ocupam, faz o sr. Webb parte da diretoria do English Club.
Brasilianische Bank für Deutschland – Vários ramos de atividade comercial na Bahia contribuem para um grande movimento de importação e
exportação com a Alemanha. As casas alemãs têm a vantagem de facilidades bancárias com o Brasilianische Bank für Deutschland. A casa da Bahia é a
última adição à lista de sucursais do banco no Brasil e foi aberta em 27 de fevereiro de 1909. Proporciona toda a sorte de facilidades bancárias,
excetuando hipotecas. O seu balanço fechado em 30 de junho de 1911 mostrou
um movimento total de Rs. 12.371:279$000.
A sucursal na Bahia tem 21 empregados, incluindo o gerente, guarda-livros e
ajudante de guarda-livros. A gerência está confiada ao sr. Thomaz Matthiesen, que, em dezembro de 1910, sucedeu ao sr. Rupp (hoje em São Paulo), sob
cuja gerência o banco se abriu na Bahia. O sr. Matthiesen acha-se ao serviço do banco, no Brasil, há 12 anos, e tem estado em Santos e Porto Alegre.
O guarda-livros é o sr. Paul Heede e o ajudante de guarda-livros o sr. A. Ravache.
Banco da Bahia - Este banco foi
fundado a 13 de maio de 1858 e reorganizado em 1909. Atualmente, opera em toda a sorte de transações bancárias. Os seus diretores são os chefes das
seguintes firmas da Bahia: Fortuna & Cia., Silvino Marques & Cia., Costa & Ribeiro, e Cunha Mattos & Cia.
Banco Econômico da Bahia – Este estabelecimento foi fundado em 1835, com a denominação de Caixa Econômica da Bahia; reformado em 30 de
abril de 1893, tomou então a designação atual. O seu capital, que algumas vezes sofrera já alterações, ficou reduzido, em 1910, a Rs. 1.278:125$000;
em 1911, porém, foi elevado a Rs. 3.000:000$000, por uma nova emissão de ações de Rs. 25$000 que foram, todas elas, subscritas e já se acham, na sua
maior parte, integralizadas.
Os atuais diretores do Banco Econômico da Bahia são os srs. dr. Francisco José
Teixeira, Augusto Cesar de Souza Uzel, Gervasio N. Grean, José Gama da Costa Santos e José Baptista das Neves.
Banco Auxiliar das Classes - Este
banco foi fundado em maio de 1891, com o capital de Rs. 3.000:000$000, integralizado em ações de Rs. 100$000. O seu fundo de reserva é atualmente de
Rs. 502:217$000. As transações do banco são feitas especialmente com empregados públicos, federais, estaduais ou municipais.
A sua atual diretoria se compõe dos srs. conselheiro Antonio Carneiro da Rocha, presidente;
Elisiario da Silveira Andrade, vice-presidente; e dr. Urbano Pires de Carvalho e Albuquerque, secretário. O dividendo distribuído pelo banco tem
sido de 8%.
O presidente, conselheiro Antonio Carneiro da Rocha, nasceu na capital da Bahia, em 1842. Fez aí
os primeiros estudos e depois foi cursar a Faculdade de Direito de Pernambuco, onde tomou o grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, em
1865. Em 1868, foi nomeado juiz municipal da terceira vara da capital e durante o exercício desse cargo recebeu do rei de Portugal o hábito de
Cavaleiro de Cristo; mais tarde, dedicou-se à advocacia.
Em política, pertenceu, no tempo do Império, ao Partido Liberal; e em 1878, subindo ao poder esse
partido, foi nomeado chefe de Polícia da Bahia. Depois, exerceu o mandato de deputado geral; fez parte do Gabinete Martinho de Campos, gerindo a
pasta da Marinha e depois a da Agricultura. O imperador da Rússia conferiu-lhe a grã-cruz da Ordem de Sant'Anna.
Fundada a Escola Livre de Direito da Bahia, em 1891, assumiu o conselheiro Carneiro da Rocha a
regência da cadeira de Teoria e Prática do Processo, na qual se mantém ainda. Eleito diretor da escola em 1902, tem sido reeleito até hoje.
Desempenha também as funções de intendente municipal da Bahia; e é presidente do Instituto Geográfico, do Banco das Classes e de várias outras
instituições.
Companhia Aliança da Bahia - Esta
companhia de seguros marítimos e terrestres foi fundada em 1870, com o capital subscrito de Rs. 2.000:000$000, sendo o realizado de Rs. 100:000$000
e o responsável de Rs. 19.000:000$000. Atualmente, representa o capital realizado Rs. 1.817:000$000 e o responsável Rs. 183:000$000. A diretoria se
compõe dos srs. Francisco José Rodrigues Pereira, presidente; João Lopes Carvalho e José Maria de Souza Teixeira.
A companhia tem agentes no Brasil, em Manaus, Pará, Maranhão, Teresina, Parnaíba, Floriano,
Fortaleza, Camocim, Aracati, Mossoró, Macau, Natal, Paraíba, Pernambuco, Maceió, Penedo, Aracaju, Estância, Juazeiro, Caravelas, Vitória, Rio de
Janeiro, Angra dos Reis, Campos, Belo Horizonte, Juiz de Fora, São Paulo, Santos, Iguape, Campinas, Ribeirão Preto, Curitiba, Paranaguá, Antonina,
Ponta Grossa, Florianópolis, Joinville, Rio Grande, Pelotas, Uruguaiana, Porto Alegre, Bagé, Corumbá, Cuiabá, Porto Murtinho, Livramento; e na
República do Uruguai, em Montevidéu e Paysandú.
São seus representantes; em Hamburgo, Arthur Duncker; Cuba, Aquilino Ordoñez; Porto Rico,
Mullenkoff & Korber; Buenos Aires, Bolivar & Cia.; Trieste, Francisco Basilio e Silvio Gentilli. a sede da companhia fica, na Bahia, à Rua
Conselheiro Dantas, 5.
Representantes das profissões liberais, Bahia: 1) Dr. Julio Brandão; 2) Dr. Arnaldo Pimenta da
Cunha; 3) Dr. Thomaz Guerreiro de Castro; 4) Dr. Manoel Luiz do Rego; 5) Dr. Salvador Mattos Souza; 6) Dr. Raul Menezes; 7) Theodoro Sampaio; 8) Dr.
Francisco da Rocha Lima; 9) Dr. Augusto Cesar Vianna
Foto publicada com o texto, página 882. Clique >>aqui<< ou na imagem
para ampliá-la
Cargos e profissões
Dr. Frederico Pontes - O dr.
Frederico Pontes, secretário do Departamento de Agricultura do Estado da Bahia, desde 1905, tem, no exercício deste cargo, prestado reais serviços
ao desenvolvimento da lavoura no interior do estado.
O dr. Pontes nasceu na Bahia e nesta cidade se formou em Engenharia em 1897. Foi engenheiro
ajudante e depois engenheiro-chefe da Estrada de Ferro de Nazareth; e desde 1906 faz parte do corpo docente da Escola Politécnica. Atualmente é
engenheiro da companhia concessionária das obras do porto da Bahia.
Dr. Antonio Carlos de Souza Dantas -
O dr. Souza Dantas, secretário da Justiça e Instrução Pública do Estado da Bahia, foi nomeado para esse cargo por decreto de 25 de novembro de 1911.
Nasceu na Bahia e fez os seus estudos em São Paulo e Pernambuco, formando-se em Direito pela Faculdade do Recife em 1885.
O dr. Souza Dantas exerceu as funções de chefe de Polícia, anteriormente à sua nomeação para o
cargo presente. É filho do falecido dr. João dos Reis de Souza Dantas, conhecido advogado na Bahia.
Dr. Gracilião de Freitas - O dr.
Gracilião de Freitas, secretário do Departamento de Minas, Terras e Colonização, do estado da Bahia, formou-se em Direito pela Faculdade de Direito
do Recife, em 1889. Foi secretário de estado no governo do dr. Araujo Pinho, e foi sucessivamente deputado e senador nestes últimos sete anos. Foi
também intendente da cidade de Alagoinhas, durante três anos.
Dr. Lydio Pereira de Mesquita - O
conhecido médico e cirurgião dr. Lydio Pereira de Mesquita é o diretor do Serviço Sanitário do Estado da Bahia. É filho do dr. João Pereira de
Mesquita, advogado na Bahia. Formou-se pela Faculdade de Medicina da mesma cidade em 1882. Durante 2½ anos, aperfeiçoou o dr. Mesquita os seus
conhecimentos profissionais, viajando pela Europa. Clinica na Bahia há mais de 20 anos. Faz parte do corpo médico do Hospital de Santa Isabel há já
20 anos e é cirurgião assistente do mesmo há 18 anos. Durante este período, tem também o dr. Mesquita feito parte do Conselho Sanitário Estadual.
Dr. Manoel Luiz do Rego - O dr.
Manoel Luiz do Rego, reputado advogado na cidade da Bahia, é natural do estado de Sergipe. Cursou a Faculdade de Direito do Recife, pela qual se
formou em 1890. Ao iniciar a sua carreira, exerceu o dr. Rego o cargo de juiz preparador na Bahia, até 1895; no ano seguinte, foi nomeado procurador
fiscal do estado, cargo que ocupa até hoje. Tem também, desde 1898, escritório de advocacia.
É lente de Direito Administrativo na Escola Politécnica desde 1906, e diretor de várias empresas
da capital do estado. O dr. M. Luiz do Rego escreveu várias obras sobre Direito. É presidente do Instituto de Advogados da Bahia e membro do
Instituto do Rio de Janeiro.
Dr. Thomaz Guerreiro de Castro - É
este, sem dúvida, um dos mais conhecidos e competentes advogados da Bahia. O dr. Castro nasceu na Bahia e fez os seus estudos na Faculdade de
Direito de Pernambuco, onde recebeu o grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais em 1891. Desde a sua formatura, tem exercido a advocacia, não
só perante os tribunais baianos, como também perante o Supremo Tribunal Federal no Rio de Janeiro.
O dr. Castro, devido ao conhecimentos profundos de Direito que possui, tem uma esplêndida
clientela, e é consultor jurídico de muitos bancos estrangeiros da Bahia; e, naturalmente, lhe têm sido confiadas muitas questões importantes,
levadas perante os tribunais locais ou perante o Supremo Tribunal Federal.
É, desde 1892, professor de Direito Constitucional e Público na Faculdade de Direito, e tem
escrito vários trabalhos sobre assuntos jurídicos para as revistas O Direito e Revista do Direito, do Rio de Janeiro. O dr. Castro
maneja com facilidade o espanhol, o italiano, o francês e o inglês.
Dr. Theodoro Sampaio - O
abastecimento de água à Bahia é de 32.000 litros por dia e as obras para este serviço de abastecimento foram executadas pelo dr. Theodoro Sampaio
que, como engenheiro civil, tem feito diversos trabalhos em vários pontos do Brasil. O dr. Sampaio nasceu em Santo Amaro, Bahia, e estudou no Rio de
Janeiro e em São Paulo, formando-se em 1876 pela Escola Politécnica do Rio. Entre as comissões importantes desempenhadas pelo dr. Sampaio, pode-se
mencionar a exploração feita nos rios do Brasil, por conta do governo federal, exploração esta feita em companhia do engenheiro norte-americano
Milnor Roberts.
De 1878 a 1879, trabalhou o dr. Theodoro Sampaio no porto de Santos e, em seguida, foi, durante
dois anos, engenheiro da Estrada de Ferro da Bahia. Mais tarde, foi engenheiro-chefe das obras de melhoramentos para a navegação do RIo São
Francisco. Em 1886, foi para São Paulo, onde trabalhou na carta geográfica do estado e fez estudos sobre o rio Paranapanema. Ocupou-se também,
durante sete anos, dos estudos para as obras de saneamento, águas e esgotos de São Paulo.
Em 1905, voltou o dr. Sampaio à Bahia, fazendo então os projetos para as obras de saneamento da
Bahia, estabelecimento do serviço de suprimento de água e melhoramento da rede de esgotos, obras em cuja execução se acha empenhado presentemente.
Além disto, o dr. Sampaio é autoridade abalizada na Etnografia do Brasil e publicou um livro de grande valor: O Tupi na Geographia Nacional.
Dr. Antonio Henriques Silvestre de Faria
- O dr. Antonio H. Silvestre de Faria tem sido delegado de Polícia, na Bahia, há mais de cinco anos. Nasceu e foi educado na cidade da Bahia;
estudou, e formou-se em 1886 em Ciências Jurídicas e Sociais em Pernambuco. Durante cinco anos foi magistrado em Sergipe e quase imediatamente
depois da sua chegada, como magistrado, à Bahia - há mais de vinte anos - foi nomeado secretário da Faculdade Livre de Direito.
Comendador Theodoro Teixeira Gomes -
O cônsul da Dinamarca, comendador Theodoro Teixeira Gomes, é um dos mais antigos membros do Corpo Consular da Bahia. Seu pai foi coronel da Guarda
nacional no tempo do Império.
O comendador Gomes fez os seus estudos na Europa. Voltando à Bahia, com 25 anos de idade,
ocupou-se em várias empresas locais. Foi diretor da Associação comercial e da Companhia de Transportes Urbanos; e no ano passado assumiu o cargo de
provedor da Santa Casa de Misericórdia.
Dr. Austricliano de Carvalho - O dr.
Austricliano de Carvalho é um dos mais reputados engenheiros civis da Bahia e muito tem trabalhado para o desenvolvimento da rede ferroviária da
Bahia e estados vizinhos.
Nasceu em Alagoinhas, onde seu pai negociava, e fez os seus estudos na Escola Politécnica do Rio
de Janeiro, formando-se em Engenharia Civil em 1879. Desde então, tem tomado parte em numerosos trabalhos de Engenharia na Bahia e no Norte.
Fiscalizou, como representante do governo, a construção da Estrada de Ferro de Alagoinhas a Juazeiro, com 400 quilômetros de extensão. Foi depois
para Pernambuco, como engenheiro da Estrada de Ferro Central daquele estado. Aceitou em seguida a gerência da Estrada de Ferro Ceará-Mirim, no Rio
Grande do Norte.
Em Sergipe, construiu a linha de Aracaju a Simão Dias, e depois voltou para a Bahia, onde, com o
dr. Alencar Lima, se tornou arrendatário das estradas de ferro estaduais. Aí permaneceu durante oito anos, fazendo neste período a construção da
Centro Oeste da Bahia. Atualmente, é empreiteiro geral do prolongamento da Timbó a Propriá. Além das ocupações da sua profissão, tem o dr. Carvalho
desempenhado papel saliente na política baiana. Durante dois anos exerceu o mandato de deputado estadual, e depois, durante nove anos, o de senador.
Dr. Arnaldo Pimenta da Cunha - Poucos
engenheiros têm tido o ensejo de explorar o interior do Brasil, principalmente nas regiões do Norte, como o dr. Arnaldo Pimenta da Cunha. Nasceu ele
na Bahia, onde fez os seus estudos primários; depois, cursou a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde se formou em Engenharia Civil, em 1904.
Durante os dois anos seguintes à sua formatura, fez parte da comissão nomeada para fixar os
limites entre o Brasil e o Peru. Foi depois chefe de seção duma Comissão Central encarregada dos estudos preliminares para a construção de estradas
de ferro no estado do Maranhão. Durante algum tempo ainda esteve o dr. Cunha ao serviço de Guinle & Cia.; e nestes últimos dois anos, tem ocupado o
cargo de 1º engenheiro no Departamento de Obras Contra as Secas.
O dr. Arnaldo Pimenta da Cunha tem escrito vários trabalhos para publicações de caráter oficial e
colaborou num mapa dos estados do ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.
Dr. Frederico de Castro Rebello - Dos
médicos baianos, poucos serão tão conhecidos como o dr. Frederico de Castro Rebello. Nasceu na Bahia, a 25 de fevereiro de 1855. Formou-se pela
Faculdade de Medicina daquela cidade em 1878. A sua teses de formatura versou sobre Localizações das moléstias cerebrais e teve a nota de
distinção, recebendo menção honrosa na Memória Histórica de 1879.
Mantendo o brilhantismo que havia caracterizado o seu curso superior, entrou o dr. Castro Rabello
em concurso para lente substituto de Clínica Médica e, em 1884, com um importante trabalho, conquistou a cadeira de Clínica Médica Infantil, que
ocupa ainda hoje. Em 1896, foi mandado pelo governo à Europa, para estudar os progressos da ciência médica; e nessa viagem percorreu demoradamente a
Grã-Bretanha, França e Alemanha.
Na estação baleeira dos srs. Duder & Irmão
Foto publicada com o texto, página 884. Clique >>aqui<< ou na imagem
para ampliá-la
Indústrias
Bahia Tramway, Light and Power Company
- As linhas de tramways na parte baixa da cidade da Bahia, construídas por uma companhia alemã que as explorou durante algum tempo, foram
adquiridas pela Bahia Tramway Light & Power Company, em 1906. Esta empresa muito se tem esforçado por melhorar as condições dos meios de transporte
da capital baiana.
A companhia foi incorporada sob o regime legislativo do estado do Maine (USA) e tem um capital
autorizado de 7.500.000 dólares, dos quais 2.804.400 foram oferecidos à subscrição publica em 1907, sob a forma de debêntures de primeira hipoteca,
resgatáveis no prazo de 50 anos e vencendo um juro de 5% ao ano. Parte desta emissão foi tomada na Inglaterra, além dos 695.600 dólares subscritos
no continente.
A companhia foi organizada com o objeto de adquirir, construir e estender as linhas de tramways
e fornecer luz e força elétricas e gás na cidade da Bahia e distritos vizinhos. Como foi dito, comprou as linhas de tramways na Cidade Baixa,
conhecidas por carros elétricos e que compreendem 15 milhas de linhas de tração elétrica. Além do transporte de passageiros, tem também a
concessão para o transporte de carga.
A companhia adquiriu igualmente, por compra, a concessão da Compagnie d'Eclairage de Bahia,
empresa belga que possuía o direito exclusivo de fabricar e vender gás e distribuir luz e força elétricas pela cidade da Bahia e subúrbios, até o
fim de 1950. À companhia se deve o grande aumento que tem tido o uso de luz e força elétrica e também o aumento de consumo de gás que já vai sendo
empregado em fogões.
Para estar pronta antecipadamente a satisfazer ao aumento futuro do consumo de gás, a companhia
contratou já, com a firma inglesa Dick, Kerr & Co. Ltd., o aumento da sua fábrica de gás; e fará também a instalação duma usina de força e luz
elétricas, acionada por poderosos motores a gás.
A Bahia Tramway Light & Power Company adquiriu ainda valiosas quedas de água no Rio Jequiriçá, a
cerca de 45 milhas ao Sul da Bahia. Estas quedas atêm 175 pés de altura e são capazes de produzir 10.000 hp. Obteve também a empresa outras quedas
de água no Rio Santarém, próximo à costa e 60 milhas ao Sul da Bahia. O gerente da companhia na Bahia é o sr. Arthur Wangler.
Guinle & Cia. - Os grandes interesses
que este bem conhecido grupo de capitalistas representa em várias partes do Brasil foram estendidos à Bahia em 1905 e agora compreendem os
principais serviços públicos da cidade. Entre estes estão a linha de tramways Linha Circular, que trafega na Cidade Alta e cujas
linhas têm 50 quilômetros de extensão; a Trilhos Centrais, que absorveu os antigos Transportes Urbanos, tramways que ligam a
Cidade Alta com a de Calçada e se estendem por 39 quilômetros; a linha de tramways de Itapagipe; dois planos inclinados, dos quais um é o do
Pilar; e dois elevadores Otis, conhecidos pelos nomes de Lacerda e Taboão, para o rápido transporte de passageiros entre a Cidade Alta e a Baixa.
A firma explora concessões dadas a proprietários anteriores, capitalistas da Bahia. Tem também uma
concessão para distribuição de energia elétrica na Bahia e para iluminação pública por luz elétrica do subúrbio de Rio Vermelho; e outra para o
fornecimento de luz e energia elétrica à cidade de Nazareth, com a força obtida por meio de uma barragem aproveitando as águas do Rio Juquirica.
Compraram também os srs. Guinle & Cia. a Companhia de Telefones e vão introduzir brevemente um
sistema subterrâneo de comunicações telefônicas, para o que já construíram uma grande estação central montada pela Kellogs Switchboard Supply Co.
De todos, o maior empreendimento é a construção de uma usina geradora de eletricidade por força
hidráulica, de 50.000 cavalos, no Rio Paraguaçu, para fornecimento de energia elétrica, não só à cidade da Bahia, mas também a uma zona de 96
quilômetros de extensão, que inclui os engenhos de açúcar de Santo Amaro. Os trabalhos estão adiantados e espera-se que a usina fique pronta em
1912; o assentamento das linhas transmissoras para a Bahia e a construção de uma barragem em toda a largura do rio, com 460 metros de extensão por
22 de largo, estão já bastante adiantados. A usina de força fica situada na cidade baixa e está montada com quatro turbinas a vapor Curtis de 1.000
cavalos cada uma, e caldeiras com capacidade para 5.000 cavalos-vapor.
As linhas dos tramways têm o padrão americano de 4 pés 8½ polegadas de altura e os trilhos
e material rodante - este último composto de 85 carros de passageiros, que brevemente serão elevados a 150 - foram importados dos Estados Unidos. Os
trilhos foram fornecidos pela United States Steel Products Co.; o material elétrico, pela General Electric Co.; os cabos, por John Roebling & Son; e
os carros, por J. G. Brill, Philadelphia.
A companhia tem oficinas completas para construção e reparo dos carros na Graça e três grandes
depósitos para tramways. As oficinas são aparelhadas com máquinas americanas da Poole Works Co. e Buffalo Forge Co.
Os planos inclinados e elevadores entre as cidades Alta e Baixa, não só oferecem grande comodidade
ao público, mas também constituem meios de transporte de caráter original. Os dois inclinados, movidos por cabos que se enrolam em um tambor e
acionados por motores elétricos, foram projetados e construídos sob a direção do dr. Julio Brandão, que até junho de 1911 foi o engenheiro gerente e
consultor, residente na Bahia, da firma.
O elevador do Taboão é usado principalmente para o transporte de cargas; no elevador de Lacerda e
nos dois inclinados o número de passageiros registrados nos molinetes foi de 18.000 aproximadamente.
A firma possui também uma usina para britar pedra, de grande utilidade, pois o leito das linhas de
tramways leva um ballast de concreto. Recentemente, construiu a firma um bela Estação central, na Cidade Alta, para o seu sistema de
tramways, e um grande armazém na Cidade Baixa, que é usado como depósito da sua seção de importação. Neste edifício, em uma parte, está
também instalada a sucursal do Banco do Brasil, e em outra, a firma Guinle & Cia. oferece ao público toda a sorte de material elétrico, materiais
para construção de estradas de ferro etc. Em suas várias empresas na Bahia, empregam os srs. Guinle & Cia. cerca de 2.000 homens.
Dr. Julio Brandão - O dr. Julio Brandão, que tem tomado parte predominante na instalação
das várias empresas da companhia na Bahia, é natural do Rio de Janeiro. Foi educado em Chicago e cursou a Escola Politécnica do Rio, onde obteve o
título de engenheiro civil em 1896. Fez também um curso de Eletricidade antes de entrar para a casas Guinle & Cia., e foi estabelecido no Rio de
Janeiro. Construiu a linha de tramways elétricos de Belo Horizonte e forneceu material elétrico em outros pontos. É membro do Instituto
Politécnico da Bahia e do American Institute of Electric Engineers.
O dr. Brandão é agora sócio da firma Guinle & Cia. e está no escritório central da casa, no Rio de
Janeiro. O seu lugar na Bahia é ocupado pelo engenheiro civil dr. Noronha Santos. O sr. F. Marques tem a seu cargo a seção de importação, e os
trabalhos em Paraguaçu estão a cargo do dr. Simas.
Duder & Brother - O nome de Duder é
de uma das mais antigas famílias inglesas na Bahia, e tem estado permanentemente ligado ao seu comércio há mais de meio século. Foi em 1857 que o
falecido sr. J. H. Duder veio de South Devon e começou o seu negócio no Brasil, primeiro em Pernambuco e pouco depois na Bahia.
O sr. Duder não só conseguiu estabelecer as bases de um grande comércio de exportação de cacau,
café, óleo de baleia e outros produtos regionais, como também dirigiu o seu negócio através anos de grande abalo econômico na história do país. À
medida que seus filhos se educavam, foi tendo a sua cooperação nos negócios; e por ocasião de seu falecimento, em 1900, passou a casa para os seus
dois filhos mais velhos, srs. J. H. Duder e Edward P. Wilson Duder, que constituíram sociedade, sob a firma de J.H. Duder & Co.
Continuaram estes o negócio até janeiro de 1907, quando se retirou o sr. J. H. Duder e foi a atual
firma adotada, tendo como sócios o sr. Edward P. Wilson Duder e um irmão mais moço, o sr. Daniel Harvey Duder.
Como já foi dito, a firma faz o comércio de exportação; e hoje é, não só uma das mais antigas, mas
também uma das maiores na Bahia. As suas exportações principais são: café, cacau, pau-rosa e óleo de baleia.
Em relação ao comércio de cacau, a firma ocupou o primeiro lugar na lista dos exportadores do ano
que findou a 31 de março de 1911, com um total de perto de 100.000 sacos na exportação total de 456.582 sacos; e os seus principais mercados
consumidores foram a Inglaterra, Estados Unidos, Hamburgo, o Brasil meridional e o Rio de Prata.
Um ramo importante do negócio da firma e que está sendo desenvolvido com uma iniciativa digna de
aplauso, é a exportação de óleo de baleia. Os srs. Duder & Brother empregam nada menos de 22 baleeiros à vela, e depois de cerca de 40 anos de
expedições, recentemente fizeram, para a sua frota, a aquisição de um navio baleeiro a vapor, de 170 toneladas, modernamente aparelhado. Este navio,
que foi construído na Europa, tem uma quilha de 96 pés; e as suas máquinas desenvolvem a velocidade de 11,6 nós por hora
(N.E.: notada a redundância. Nó é medida de velocidade, em milhas por hora).
É construído de aço e está classificado como A-1 no Lloyd's.
A zona de pesca fica a cerca de 20 milhas da costa; e para campanhas longas, compreende-se a
grande vantagem que o navio a vapor tem sobre a frota veleira. Em conexão com esta seção, tem a firma três estações baleeiras, ao longo da costa;
uma, de que são proprietários, e duas outras em que são interessados, onde os baleeiros descarregam as suas presas e é o óleo extraído e preparado
para a exportação. Entre o pessoal das baleeiras e o das estações, ocupa esta indústria cerca de 300 homens. Os principais mercados ingleses para o
óleo são Liverpool e Glasgow.
Além disto, negociam também os srs. Duder como importadores e agentes de comissões. Importam
bacalhau, em larga escala, de S. João da Terra Nova, e peixe em conserva de Aberdeen, Escócia, da firma A. M. Smith Ltd. São também agentes do
Lloyd's na Bahia e agentes da Guardian Assurance Co. Ltd., Londres. A firma Duder & Brother faz parte da Associação Comercial e o sr. Edward Duder
figura entre os membros da sua diretoria.
A. Suerdieck - Há muitos anos está o
nome de A. Suerdieck ligado à indústria do fumo na Bahia e principalmente a diversas marcas de charutos grandemente apreciados. A fábrica e as
plantações de fumo do sr. Suerdieck ficam em Maragogipe, no distrito de São Felix, e devido às dificuldades em obter no local a mão-de-obra, estão
essas plantações espalhadas por uma grande área. Em suas diversas plantações, tem o sr. Suerdieck nada menos de 400.000 pés. A colheita é trabalhada
na fábrica e convertida em charutos, que trazem o seu nome.
Importa também o sr. Suerdieck tabaco havanês em folha; e as suas marcas de charutos, que eram já
bastante conhecidas na Europa, se têm tornado cada vez mais populares. Para melhorar o fumo baiano, tem o sr. Suerdieck feito em suas plantações
várias experiências, coroadas de grande êxito. Na Exposição Nacional realizada no Rio, em 1908, obteve ele uma medalha de ouro e um grande prêmio; e
foi o único expositor que obteve um "grande prêmio especial" pela perfeição e superioridade dos produtos provenientes das suas plantações de fumo.
A maior parte dos charutos fabricados pelo sr. Suerdieck são vendidos nos mercados nacionais, mas
é ainda exportada uma boa quantidade para a Alemanha, Inglaterra e Argentina.
O sr. Suerdieck é natural da Alemanha e veio para o Brasil em 1885. Durante alguns anos se ocupou
da exportação de fumo; e desde 1892, ano em que fundou a sua fábrica, se dedica à indústria do fumo.
Homens de negócios da Bahia: 1) João P. Lapa; 2) Bernardino Vicente de Araujo; 3) Manoel Palmeira
de Souza; 4) Mario Dias Brandão; 5) Antonio Francisco Brandão; 6) José Corrêa de Oliveira Mello; 7) Arthur Rodrigues de Moraes; 8) João da Costa
Leal; 9) Alfredo Motta; 10) Manoel de Souza Amorim d'Oliveira; 11) José Canuto dos Passos; 12) Samuel Varjão; 13) Tertuliano Soares de Góes
Foto publicada com o texto, página 885. Clique >>aqui<< ou na imagem
para ampliá-la
Lafayette Ruber Estates, Limited -
Esta importante companhia de borracha foi fundada em Londres em 1910, com escritórios em 535 Salisbury House, London Wall, tendo como fim a
exploração de valiosas plantações de borracha no estado da Bahia. As plantações ficam situadas em Machado Portella, a dois dias de viagem da capital
e a cerca de 15 minutos da estação da estrada de ferro. Há nas plantações mais de 500.000 pés já com seis anos (1911), e foi já feita um instalação
para iniciar a exploração.
Várias amostras da borracha têm sido analisadas. Pertencem à variedade Maniçoba e em Londres foram
classificadas como valendo apenas um penny menos que a borracha do Pará (hard).
Os diretores da companhia são os srs. Francis Yule, 112 Cannon St., E.C., presidente; capitão
George F. Napier, T. Makinson Sanders e N. G. Bonaparte Wyse. O gerente da plantação é o sr. G. W. T. Girdwood; e os representantes da companhia, na
Bahia, os srs. Newman & Co.
Borel & Cia. - Borel & Cia. é uma das
mais antigas e conceituadas firmas da Bahia e conhecida por todo o Brasil. A firma atual é sucessora da antiga firma Meuron & Cia., cujo
estabelecimento remonta ao princípio do século passado, no ano de 1816. Os srs. Borel & Cia. ocupam, na indústria do fumo, uma posição de destaque
no Brasil. Do fumo que compram e beneficiam, uma parte é vendida sob as reputadas marcas do estabelecimento, e a outra parte é manufaturada em
cigarros e rapé.
A fábrica dos srs. Borel & Cia. fica situada na cidade da Bahia e é montada a capricho; os
maquinismos, bem instalados e cuidadosamente tratados, representam o que de mais moderno e aperfeiçoado se faz para essa indústria e são dos
melhores tipos fabricados na Europa; a fábrica e movida a vapor e ocupa um numeroso pessoal operário dos dois sexos.
O fumo trabalhado na fábrica provém do interior do estado da Bahia, onde os srs. Borel & Cia.
realizam anualmente compras avultadas, tendo sempre em vista a boa qualidade do produto a ser utilizado em sua fábrica.
A firma vende em larga escala para todos os estados do Brasil, onde as suas marcas são conhecidas
e muito apreciadas, e faz também uma exportação considerável para a Europa.
Os depósitos e escritórios dos srs. Borel & Cia. ficam à Rua Conselheiro Dantas, onde ocupam um
bom e amplo edifício. O gerente da firma no Brasil é o sr. G. J. Hanser, a cujo cargo estão os interesses dessa grande casa e cuja hábil direção
muito concorre para a prosperidade do estabelecimento.
Casa Trocadero - A indústria do calçado tem feito progressos notáveis na Bahia, nos últimos
anos; e neste ramo, sempre a casa Trocadero ocupou posição saliente. Esta casa fica situada à Rua da Louça, ponto central da cidade. Na Rua São
Julião, tem a firma a sua fábrica, a qual constitui uma das surpresas da cidade. Moderna sob todos os aspectos e possuindo o maquinismo mais
aperfeiçoado, esta fábrica emprega 115 pessoas, entre homens e mulheres.
A sua capacidade de produção é 300 pares de calçado por dia; mas, por conveniência comercial, está
atualmente limitada a 250 pares por dia. Os maquinismos são da United States Shoe Machinery Company, à exceção das máquinas de costura, dos
fabricantes ingleses Mc. Kay-Blake; há ainda alguns outros aparelhos, de proveniência inglesa.
Todo o processo da fabricação, até a seção de acabamento, que é o melhor possível, está sob a
direção do sr. Alvaro A. Santos, chefe da firma, que adquiriu os seus conhecimentos técnicos nos Estados Unidos e outros países.
A grande procura de calçado manufaturado por esta firma tornou necessária a reorganização da
fábrica, onde foram montados novos maquinismos dos tipos mais modernos, aumentando assim ainda mais a sua capacidade de produção. Os maquinismos são
movidos por força elétrica.
A matéria-prima é importada dos Estados Unidos, Alemanha, França e Inglaterra, e também de
Pernambuco, Rio Grande e São Paulo. Além dos seus artigos manufaturados, vende também a firma, a retalho, toda a sorte de calçado estrangeiro, e é
agente do calçado Walk Over.
A firma atual foi organizada em 1906, mas a fundação da casa remonta a 1879, e os seus
proprietários primitivos foram os srs. Oliveira & Baptista. A estes sucederam os srs. Santos & Figueira, aos quais sucedeu a presente firma. os
sócios atuais são os srs. Manoel Martins dos Santos e Francisco Monteiro Mascarenhas. O capital registrado é de Rs. 300:000$000.
O chefe da firma, sr. Santos, é português e reside na Bahia há cerca de 35 anos. Foi sócio da
firma Oliveira Baptista e da firma Santos & Figueira. Faz parte da Sociedade de Beneficência Portuguesa 16 de Setembro e foi diretor da Associação
dos Empregados no Comércio da Bahia. O sr. Mascarenhas é brasileiro e entrou para sócio da firma em 1906.
Navegação Bahiana - Sob a jurisdição
do Departamento de Obras Públicas do Governo do Estado, se acha esta empresa de navios costeiros, que presta serviços de grande utilidade pública.
Em sua origem, foi uma empresa particular e em 1853 a sua frota passou a capitalistas ingleses, continuando o serviço com o nome de Navegação
Bahiana. Em 1858, tomou a empresa a denominação de Bahia Steam Navigation Co., passando depois a uma companhia nacional com o nome de Companhia
Bahiana e tendo por agente o sr. Antonio Lacerda. Em 1873, passou a se denominar Companhia de Navegação Bahiana, e em 1891 foi adquirida pelos
proprietários do Lloyd Brasileiro.
Em 1897, o estado tomou a seu cargo este serviço, tendo, dois anos antes, mandado o capitão Cleto
L. T. Japi-Assú à Escócia, para adquirir cinco novos navios; e com igual número comprado ao Lloyd Brasileiro, melhorou-se o serviço de passageiros,
e as necessidades do comércio foram também mais adequadamente satisfeitas.
Em 1910, o capitão Japi-Assú, em nova viagem à Escócia, comprou mais cinco paquetes e também uma
doca flutuante. Esta última, conhecida pelo nome de Araujo Pinho, foi construída pelos srs. W. Hamilton & Co. Ltd., Port Glasgow, é capaz de
levantar 1.275 toneladas e custou £23.000. A frota
atualmente compreende os seguintes paquetes:
- para o serviço costeiro: Ilhéos, 760 toneladas; Cannavieiras, 760 toneladas;
Commandatuba, 750 toneladas; Jequitinhonha, 750 toneladas; Marahú, 750 toneladas; Guararapes, 522 toneladas; Porto
Seguro, 395 toneladas.
- para o serviço dos rios: Cons. Dantas, 230 toneladas; Valença, 190 toneladas;
Sergy, 185 toneladas; Itaparica, 153 toneladas; Mauricio Wanderley, 112 toneladas; e Esperança, 110 toneladas.
O capitão Japi-Assú, diretor da Navegação Bahiana, desde 1900, é natural da Bahia. entrou para a
Marinha em 1870 e ocupou o cargo de diretor da seção de Máquinas nos arsenais da Bahia e Mato Grosso. Em 1898 reformou-se como capitão-de-corveta. É
engenheiro naval.
Companhia de Transportes Marítimos -
Sete oitavas partes dos serviços de estiva do porto da Bahia são executadas pela Companhia de Transportes Marítimos, empresa local fundada em 1910,
com o capital de Rs. 2.000:000$000. Os principais acionistas da companhia são os srs. Wilson Sons & Co. Ltd. e José Gama da Costa Santos.
A companhia possui 1310 saveiros, com a capacidade total de transporte de 8.000 a 9.000 toneladas,
além de 10 rebocadores. Possui também três estaleiros para o reparo das suas embarcações, dos quais dois estão aparelhados com máquinas de trabalhar
madeira, movidas a eletricidade, e um com uma carreira para o reparo de seus rebocadores e saveiros. Esta carreira está atualmente alugada à
Companhia Construtora do Porto.
O diretor desta importante empresa é o sr. José Gama da Costa Santos, ao qual está associado, como
representante dos srs. Wilson Sons & Co. Ltd., o sr. H. D. Prain. O gerente da companhia é o sr. Augusto Frederico Froelich.
O sr. Santos tem, nestes últimos 15 anos, tomado parte saliente nos empreendimentos comerciais e
industriais da Bahia. É diretor do Banco Econômico e da Vila Nova Rubber Estates & Trading Co., e é também proprietário da Marcenaria Bahiana. O sr.
Costa representa ainda a Companhia Nacional de Navegação Costeira, de Lage Irmãos, Rio. |