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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [41-C]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 813 a 821, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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A fábrica do sr. Alberto Bins, Porto Alegre: 1) Departamento das fechaduras; 2) Departamento dos fogões; 3) Departamento dos cofres; 4) Departamento das armações para cama; 5) Departamento dos dados
Foto publicada com o texto, página 815. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Rio Grande do Sul (cont.)

Indústria

Alberto Bins - Quando, recém-chegados a Porto Alegre, visitamos as vastas oficinas da fábrica Berta, repletas de máquinas dos tipos mais modernos e custosos; quando consideramos o número de cofres de segurança, armações de cama, fogões, baldes etc., que dali saem para todos os pontos do Brasil, difícil nos é admitir que tão importante empresa tenha começado nos moldes mais modestos.

Foi em 1873 que o sr. Emerick Berta abriu, em Porto Alegre, uma pequena oficina de ferreiro e serralheiro. O Brasil era então um país relativamente desconhecido e Porto Alegre uma cidade de que se não flava nos grandes centros comerciais. A casa do sr. Berta foi-se desenvolvendo continuamente, adicionando-se, após uma, outra seção; e depois que o sr. Alberto Bins entrou para sócio, em 1891, mais cresceu e progrediu, até vir a figurar, como hoje figura, entre as mais completas e mais bem administradas do Brasil.

No lugar onde se encontrava a exígua oficina de serralheiro, acha-se hoje instalada esta grande fábrica; e em vez do resumido número de artífices que ali trabalhavam, pelos processos primitivos, contam-se hoje 280 operários que fazem funcionar as máquinas mais aperfeiçoadas.

A fábrica está dividida em cinco seções, distintas e separadas, nas quais respectivamente se manufaturam: cofres, fechaduras, fogões, camas e baldes de ferro galvanizado. A produção anual compreende 600 cofres, 3.000 fogões, 9.000 camas e 16.000 dúzias de baldes de ferro galvanizado, artigos esses que se vendem em todo o Brasil.

Tem também a empresa, em Navegantes, uma fundição, na qual são manufaturadas anualmente 400 toneladas de ferragens diversas. A especialidade dessa fundição consiste em frigideiras e outros utensílios de cozinha e ferros de engomar, com aquecimento próprio. Todos os produtos da casa têm excelente procura nos mercados brasileiros, devido à sua superior qualidade e perfeita adaptação às necessidades locais.

O sr. Alberto Bins tem patente dos fogões que fabrica e que são dum modelo muito engenhoso. O objeto que o inventor teve em vista foi o aproveitamento de todo o calor ou o isolamento perfeito; para esse fim, têm os fogões fundo e paredes duplos.

Na seção de camas, compreende o estoque toda a sorte de modelos, tanto para casas particulares como para hospitais etc., e obedecem, todos eles, a desenhos do sr. Bins. Todos os enxergões de arame que a fábrica emprega são também nela manufaturados. Os baldes feitos na seção respectiva são de grande resistência e galvanizados com perfeição, havendo para este fim uma instalação organizada por um profissional inglês; e os seus desenhos e pinturas obedecem a um gosto artístico que os torna dignos de figurar entre o mais elegante mobiliário.

Para o acabamento dos cofres e seu polimento pela areia comprimida, há uma sala com diversos compressores (sand blast). Cada seção dispõe dos mais modernos maquinismos, de manufatura inglesa e alemã, e capazes de efetuar, todos eles, serviços de primeira ordem. Para acionar os maquinismos e também os dínamos de força e luz, possui a fábrica um motor a vapor de força de 50 cavalos.

O major Alberto Bins nasceu em Porto Alegre, em 1869, e depois de receber uma cuidadosa educação, foi completar os seus estudos na Europa, onde adquiriu os mais vastos conhecimentos comerciais. De volta a Porto Alegre, negociou como importador durante 10 anos; e em 1891 entrou como sócio para esta casa, então conhecida pela firma E. Berta & Cia., da qual se tornou proprietário único em 1906. É membro da Câmara Municipal de Porto Alegre, há 5 anos, e seu atual presidente; e é major da Guarda Nacional. O sr. Bins, que fala inglês e alemão fluentemente, é conhecido em todo o Rio Grande do Sul pela sua experiência e critério comercial.

Companhia Fiação e Tecidos Porto-Alegrense - Fundou-se esta companhia, cuja indústria é a fabricação de fios e tecidos de lã, a 6 de agosto de 1891, com o capital de Rs. 1.600:000$000. Foram seus incorporadores os srs. tenente-coronel Manoel Py, comendador Antonio Chaves Barcellos, Nogueira de Carvalho & Cia., Antonio José Gonçalves Mostardeiro e o Banco da Província do RIo Grande do Sul.

A sua fábrica começou a funcionar em abril de 1893, data em que ficaram concluídos os edifícios e assentadas as máquinas. Em 1895, em conseqüência do lisonjeiro acolhimento que tiveram os produtos fabricados, aumentou a companhia os seus edifícios e elevou o capital a Rs. 2.400:000$000, do qual se acham realizados Rs. 1.920:000$000.  área ocupada pelas fábricas e suas dependências é de 9.300 metros quadrados, possuindo a companhia, para futuras construções, uma área de mais de 20.000 metros quadrados. Seus edifícios são de sólida e elegante construção e na instalação dos maquinismos foram guardados os espaços para os operários trabalharem desembaraçadamente.

A fábrica tem 85 teares e 112 outras máquinas, aperfeiçoadíssimas. Seu motor é da força de 250 cavalos. Duas grandes caldeiras fornecem vapor para o motor e para todos os serviços da fábrica. Possui também a companhia, para consertos necessários nos seus maquinismos, oficinas de ajustadores e carpinteiros. Consome combustível do estado, na média anual de 7.500 talhas de lenha e 2.000 toneladas de carvão de São Jerônimo. As máquinas podem produzir anualmente 100.000 metros de panos e outros tecidos para o exército, casimiras de diversas sortes, flanelas, sarjas, baetilhas etc.; 40.000 cobertores de todas as qualidades e 30.000 ponches, xales e mantas, tudo no valor de Rs. 1.500:000$000.

Para a produção destes artigos, precisa a fábrica de empregar 300.000 quilos de lã grossa, mestiçona, mestiça e fina do estado, e 20.000 quilos de fios de lãs estrangeiras. Os seus produtos competem com os melhores importados do estrangeiro. Os principais mercados consumidores são os deste estado, os do Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Pernambuco. Trabalham nas oficinas da companhia 360 operários, homens, mulheres e crianças, estas maiores de 12 anos.

Além de uma sociedade beneficente dos operários e empregados, cujo patrimônio foi iniciado pelos seus acionistas e recebe destes uma cota dos seus lucros líquidos, tem a companhia uma caixa de socorros, que serve para fornecer o tratamento dos operários que adoecerem em serviço, isto enquanto aquela corporação não tiver elementos bastantes para atender às necessidades dos seus associados.

A empresa é administrada por três diretores, eleitos de dois em dois anos. Exercem atualmente essas funções os srs. Manoel Alvaro Soares, Aurelio Py e Saturnino Peixoto de Oliveira.

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Selbach & Cia
Imagem publicada com o texto, página 816. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Selbach & Cia. - Esta casa foi fundada em 1888 por João Mayer Junior, ao qual se associou, em 1903, Jacob Selbach Junior, constituindo a firma Selbach & Mayer. Em 1907, faleceu o sócio Jacob Selbach Junior, ficando então a fazer as suas vezes seu filho o sr. Affonso Selbach. Retirando-se, em julho de 1910, o sócio João Mayer Junior, extinguiu-se a firma Selbach & Mayer, e o sr. Affonso Selbach continuou com a casa sob a sua firma individual até 1º de abril de 1911, quando admitiu como sócio o sr. José Rodrigues da Fonseca. Constituiu-se então a firma Selbach & Cia.

Gira esta firma com o capital de Rs. 460:000$000, inclusive o valor do prédio que ocupa e que é de sua propriedade. Possui uma livraria, em que são editados os principais livros escolares adotados nas aulas públicas do estado e nos principais estabelecimentos de ensino dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia.

Além dos demais artigos concernentes à livraria, como objetos para escritório e utensílios escolares, tem a casa depósito de objetos para culto católico, miudezas, artigos de bazar, máquinas de costura e pertences para as mesmas. Possui ainda uma fábrica de cartonagem, encadernação, pautação, fábricas de livros em branco e sinetes de borracha, tudo movido à força elétrica. Dispõe de 35 empregados, sendo 21 homens e 14 mulheres.

As mercadorias são vendidas no interior deste estado e nos estados de Santa Catarina e Paraná, por empregados viajantes. Como cima ficou dito, os livros editados pela casa são vendidos também em outros estados. A casa, que está situada à Rua Marechal Floriano, 92 e 94, importa a maior parte das mercadorias da Alemanha e França mas compra também na Inglaterra, Áustria, Itália e Suíça.

O sr. Affonso Selbach nasceu em São João do Montenegro (estado do Rio Grande do Sul) em 1877. Completou os seus estudos no Ginásio Conceição, em São Leopoldo, no ano 1896. Logo depois abraçou a carreira comercial, que iniciou em Porto Alegre, entrando para a casa Ernesto Haeussler & Cia. Quatro anos mais tarde, foi convidado para trabalhar na extinta firma H. D. Mayer, convite que aceitou. Em ambas as casas teve ocasião de viajar, chegando a conhecer todos os centros comerciais do interior do interior do estado do Rio Grande do Sul, conhecimentos esses que muito lhe valeram no futuro.

Em 1903, assumiu,  convite de seu pai, a direção do escritório da firma Selbach & Mayer, de que aquele era sócio. Falecendo seu pai, em 1907, substituiu-o na firma até 1910, quando esta se extinguiu, com a retirada do sócio J. Mayer Junior. O sr. Affonso Selbach continuou com o mesmo estabelecimento comercial, sob a sua firma individual, até 1º de abril de 1911, dia em que admitiu como sócio o sr. José Rodrigues da Fonseca, constituindo-se então a firma Selbach & Cia. O sr. A. Selbach é atualmente diretor da Praça do Comércio de Porto Alegre.

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A fábrica do sr. Ernesto Neugebauer, Porto Alegre
Foto publicada com o texto, página 817. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Ernesto Neugebauer - A firma Ernesto Neugebauer foi fundada em 1891 pelos srs. Neugebauer Irmãos. Tendo falecido um dos sócios, passou a fábrica a pertencer ao sr. Ernesto Neugebauer, que nestes últimos anos lhe tem dado grande desenvolvimento, girando ela atualmente com o capital de Rs. 400:000$000. Tornando-se já acanhadas as suas dependências, dentro em breve será construído mais um edifício junto à fábrica de hoje, fim para o qual se compraram já os necessários terrenos.

Dividida em 10 seções, é a fábrica servida por 2 motores a vapor, que acionam 30 máquinas e 10 caldeiras próprias para a fabricação de confeitos. Além disso, há seções de cartonagem e funilaria, sendo esta última servida por um motor elétrico, que aciona 10 máquinas. O acondicionamento é feito em latas de folha-de-flandres brancas e litografadas, sendo também as caixas de madeira confeccionadas na própria fábrica. Nas suas máquinas a vapor, são empregados como combustível o carvão nacional e a lenha.

Há cerca de 2.000 tipos de dragées, caramelos, pastilhas, bombons finos, chocolate e biscoitos, diversamente coloridos e capazes de satisfazer aos mais finos paladares. A matéria-prima empregada é nacional e de primeira qualidade, o que redunda no crescente aumento dos créditos da fábrica. Preside às operações preparatórias o mais meticuloso asseio e pode-se observar que o pessoal de ambos os sexos em trabalho nas diferentes seções é robusto e sadio.

Houve grandes dificuldades a vencer ao princípio; ma a perseverança no trabalho e a superioridade dos produtos acabaram por vencer todas as resistências. As confecções desta fábrica rivalizam com as melhores do estrangeiro. As relações comerciais da firma se estendem de Mato Grosso até o Amazonas, para o que ela dispõe atualmente de 16 representantes e caixeiros-viajantes.

No próprio estabelecimento à Avenida Germânia, 49, trabalham atualmente 150 operários, em sua grande maioria mulheres. Um depósito com venda a varejo, à Rua dos Andradas, 342, é dirigido por senhoras. O escritório da fábrica remontou-se à Praça 15 de Novembro, 30. A fábrica foi premiada com grandes prêmios, medalhas de ouro e prata em exposições do estado do Rio Grande do Sul, dos Estados Unidos, de Milão e ultimamente na Exposição do Rio de Janeiro, com grande prêmio e diversas medalhas de ouro.

Bernardo Sassen - A firma Bernardo Sassen, sucessora de Guilherme Becker, é proprietária dum importante fábrica de cerveja e gelo. Esta foi fundada em 1879, pelo sr. G. Becker e em 1889, falecido este, adquirida pelo atual dono. O seu capital atual é de Rs. 600:000$000 e as vendas anuais dos seus produtos sobem a mais de Rs. 300:000$000. A cervejaria, que se acha superiormente instalada, pode fabricar até 3.000 hectolitros de diversas qualidades, como sejam Becker, Colombiana e Becker Bock, todas elas engarrafadas no estabelecimento.

O maquinismo, acionado por um motor de 150 hp, representa o que há de moderno e aperfeiçoado. Para o transporte das mercadorias, dispõe a fábrica de 5 carros e vagões e 30 cavalos e mulas. Nos seus diversos serviços, trabalham 30 pessoas. Os seus produtos são vendidos pelo interior do estado.

O sr. Bernardo Sassen, único proprietário, nasceu em 1852, na Alemanha, onde fez os seus estudos e adquiriu prática comercial. Veio para Porto Alegre em 1869 e aqui iniciou negócios por conta própria; em 1889, comprou esta cervejaria. É membro dos principais clubes de Porto Alegre.

O sr. Guilherme Becker, atual gerente da fábrica, filho mais velho do falecido Guilherme Becker, nasceu em Porto Alegre em 1885 e fez os seus estudos nessa cidade e na Alemanha, onde também, durante dois anos, praticou o comércio. Regressou à terra natal em 1907 e entrou como assistente para a fábrica do seu pai. Por morte deste, foi nomeado gerente da cervejaria, pelo sr. G. Becker. É membro de diversos clubes locais.

F. C. Kessler & Cia. - Uma das mais importantes fábricas do estado do Rio Grande do Sul é a dos srs. F. C. Kessler & Cia., na qual são manufaturadas todas as qualidades de chapéus. A fábrica está provida com 40 a 50 máquinas de diferentes fabricantes ingleses, incluindo 8 máquinas de coser, movidas a vapor, uma de gravura em ouro para encadernações e uma para a fabricação de caixas de papelão. Todo o maquinismo é acionado por força elétrica, gerada por um motor a vapor de 55 hp, fabricada pela casa Steinmüller da Alemanha.

A produção da fábrica inclui chapéus de pelo, de lã, de palha e de seda, para homens e meninos. Cerca de um terço da matéria-prima é importada, porque a lã estrangeira produz uma qualidade de chapéus muito mais finos. Os seus chapéus de castor, conhecidos sob a marca de Ratão do Banhado, são reconhecidos como inteiramente iguais aos europeus e americanos.

Há cerca de 150 a 160 empregados habilitados, entre homens e mulheres. O estoque da fábrica representa o valor de cerca de Rs. 400:000$000. As máquinas são avaliadas em Rs. 150:000$000. Além dos negócios efetuados nos seus escritórios centrais, à Rua 7 de Setembro, 157, Porto Alegre, e na sua fábrica da Rua dos Voluntários da Pátria, 158, mantém a firma 10 viajantes no estado do Rio Grande do Sul; no estado de Santa Catarina, tem uma agência e dois viajantes; no estado do Rio de Janeiro, uma agência e um viajante; no estado do Paraná, uma agência e um armazém a varejo. As suas manufaturas são vendidas em toda a República.

Na exposição do Rio de Janeiro, em 1898, foram os produtos da fábrica premiados com uma medalha de ouro. A empresa foi estabelecida em 1908, pelos srs. Mayser & Kessler. Em 1907, o sr. Mayser retirou-se da firma, de que desde então fazem parte os srs. C. Kessler e Frederico Descheimer, este como sócio comanditário. O capital da empresa é de Rs. 200:000$000 e o seu giro anual de cerca de Rs. 650:000$000.

O sr. Felix Christiano Kessler nasceu e foi educado no Rio Grande do Sul, e trabalhou por nove anos com a firma Archer Lucio & Cia., em Porto Alegre, antes de negociar por sua própria conta. É bem conhecido nos círculos esportivos locais.

Kappel & Arnt - A fábrica de móveis dos srs. Kappel & Arnt foi fundada em 1869, pelo sr. Simon Kappel, com o capital de Rs. 10:000$000, que hoje está elevado a Rs. 300:000$000. Os seus sócios atuais são os srs. João Kappel Sobrinho e Edmundo Arnt. Vende anualmente mais de Rs. 600:000$000 dos seus produtos.

A fábrica, que é um estabelecimento de primeira ordem, afamado já em todo Brasil, acha-se situada no bairro comercial de Caminho Novo. Compõe-se de dois edifícios principais. O primeiro serve, no pavimento térreo, para depósito de móveis, e no primeiro andar para casa de moradia do sr. Arnt, sócio da firma há cinco anos e atual gerente.

O segundo edifício, que é maior, tem também dois andares. No pavimento térreo funciona a maior parte do vasto maquinismo da fábrica, do qual fazem parte: uma caldeira com 60 atmosferas e um motor de 2 cilindros com 50 cavalos de força, um engenho grande, 4 serras de fitas, 4 plainas, 5 serras circulares, 2 tupias e uma máquina tico-tico, interessantíssima pela sua semelhança com um pássaro, devido à disposição de duas peças em forma de asa.

A primeira e segunda seções funcionam no pavimento térreo e a terceira e quarta no sobrado do segundo edifício da fábrica. Na parte posterior do estabelecimento existem ainda 6 galpões, pelos quais estão divididas as diversas subseções das duas últimas turmas. Em um destes galpões foi estabelecida a loja de ferragens, tintas etc., também para uso da casa.

Trabalham na fábrica 200 operários, entre homens, mulheres e meninos. A firma tem hoje dois caixeiros viajantes e possui casas filiais e agências por todo o estado e em diversos estados da União, para onde exporta mensalmente grande quantidade de móveis. A fábrica mantém um depósito sito à Rua dos Andradas, 282, onde os seus produtos são procurados pela boa sociedade de Porto Alegre.

O sr. Edmundo Arnt nasceu na cidade de São Leopoldo, estado do Rio Grande do Sul, em 1868, e fez os seus estudos e adquiriu prática comercial em Porto Alegre. Em 1886 fez uma viagem pela Europa, de oito meses. Em 1894 tornou-se proprietário desta fábrica, em 1906 tomou como sócio o sr. João Kappel. É presidente dum dos clubes de regatas de Porto Alegre, vice-presidente do Clube de TIro e major da Guarda Nacional.

O sr. João Kappel Sobrinho nasceu em 1870, em Porto Alegre, onde se educou e adquiriu a sua prática comercial. Entrou para a firma atual em 1906. É proprietário, na Municipalidade de Porto Alegre, de importante estância que mede 6 quilômetros e onde se cria toda a espécie de gado. Essa estância, que é avaliada em Rs. 100:000$000, tem um ótimo prédio para residência do seu proprietário. O sr. J. Kappel Sobrinho é tenente-coronel da Guarda Nacional e membro do Clube Comercial.

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Rua dos Andradas
Foto publicada com o texto, página 818. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

João Gerdan & Filho - Desde a sua fundação, há cerca de 20 anos, a fábrica de pregos dos srs. João Gerdan & Filho se tornou conhecida, pelas suas manufaturas, em todo o Brasil. A matéria-prima, tal como ferro, aço e arame, e bem assim as ferramentas necessárias, são importadas da Europa, enquanto que o papel e os sacos de papel ou cartão, de que a empresa usa, são fornecidos ou pelos manufatores europeus ou pelas fábricas de papel da localidade. As máquinas, dos modelos mais modernos, são de fabricação alemã ou norte-americana; e a poderosa caldeira é de um fabricante alemão muito conhecido.

A fábrica, que é inteiramente de propriedade dos sócios, é avaliada em Rs. 100:000$000 e se estende desde a Rua Pontas de Paris até o Rio Guaíba, numa distância de 210 metros. Aí tem a empresa um cais particular, para desembarque e descarga de mercadorias. O giro anual da firma é de cerca de Rs. 400:000$000 e o seu capital de Rs. 280:000$000. Os sócios são os srs. João e Hugo Gerdan, o segundo dos quais entrou como sócio-gerente em 1905, depois de ter servido como assistente na fábrica por quatro anos. Nasceu no Rio Grande do Sul e foi educado e adquiriu a prática comercial na Alemanha.

Companhia Fábrica de Papel e Papelão - Cerca de 500 toneladas de papel, incluindo 100 de papel pardo, são manufaturadas, por ano, no estabelecimento da Companhia Fábrica de Papel e Papelão, em Pedras Brancas, perto de Porto Alegre. As máquinas, avaliadas em Rs. 250:000$000, representam os mais modernos modelos alemães e suíços e são acionadas por um motor de 150 hp. Dispõe também a fábrica duma boa instalação de eletricidade. A fábrica está situada no meio de considerável área de terreno, de propriedade da companhia; e entre as suas dependências contam-se numerosas habitações para operários. Mais de 24.000 eucaliptos foram ali plantados para combustível. Os empregados da casas são em número de 50. A casa foi estabelecida em 1889, com o capital de Rs. 250:000$000; e o seu giro anual vai a cerca de Rs. 300:000$000.

O diretor-gerente é o sr. Sebastião de Brito e o diretor técnico o sr. Henrique Brockmann. O sr. Brito trabalhou para diversas firmas comerciais, em Porto Alegre, mais ou menos durante 30 anos, antes de aceitar o presente cargo. Faz parte do Conselho Fiscal de diversas companhias, em Porto Alegre, e é vice-cônsul da Rússia. O sr. Brockmann é de origem alemã e na Alemanha fez os seus estudos e recebeu o diploma de engenheiro. Durante 4 ou 5 anos foi empregado na Rio Grande do Sul Gas Co. Veio para Porto Alegre, para montar a fábrica da Companhia Fábrica de Papel e Papelão em 1889.

H. Ritter & Filhos - A firma H. Ritter & Filhos, estabelecida em 1906, sucedeu à de Henrique Ritter Filho, esta fundada em 1894, com fábrica de cerveja. A firma atual tem um capital de Rs. 1.000:000$000 e fabrica anualmente 20.000 hectolitros de cerveja de três qualidades. O maquinismo veio, na sua maior parte, da Alemanha, e é acionado por um motor de 150 cavalos de força. A casa tem instalação elétrica, para força e luz. O prédio, que faz frente para o Rio Guaíba, pertence à firma. Para entrega de mercadorias há 8 carros e 40 cavalos. Nos serviços de lavar, encher, arrolhar e rotular as garrafas, trabalham 55 operários.

Os sócios componentes da firma são os srs. Henrique Ritter Filho, Henrique Waldemar Ritter, Frederico Augusto Ritter e Carlos Oscar Ritter. O sr. Henrique Ritter Filho nasceu no Rio Grande em 1848 e fez os seus estudos e adquiriu prática comercial em Porto Alegre. Descendente duma família de cervejeiros, durante alguns anos foi negociante no interior do estado e fabricou cerveja em pequena escala. Em 1894, estabeleceu-se com cervejaria em Porto Alegre, e em 1906 fundou a firma atual, chamando seus filhos para o ajudar na administração da fábrica.

O sr. Henrique Waldemar Ritter nasceu em 1877, no estado do Rio Grande do Sul, e educou-se em Porto Alegre. Em 1894, assumia a direção do escritório da cervejaria, ocupando o mesmo cargo na nova firma, da qual se tornou sócio em 1906, assim como seus dois irmãos.

O sr. Frederico Augusto Ritter nasceu em 1879, em Porto Alegre, onde se educou e adquiriu parte da sua prática industrial; depois de trabalhar na fábrica Bavaria, em São Paulo, foi para Munique, Alemanha, onde estudou o fabrico de cerveja e saiu diplomado do Instituto de Cervejeiros em 1902. Demorou-se ainda algum tempo na Saxônia e na Áustria; e em 1903, depois duma ausência de sete anos, regressou a Porto Alegre. Em 1904 voltou à Europa, para fazer encomendas das necessárias máquinas para nova cervejaria, onde ocupa o cargo de mestre cervejeiro.

O sr. Carlos Oscar Ritter, o mais novo dos sócios, nasceu em 1881, na mesma cidade. Adquiriu a sua prática industrial na própria fábrica, de que hoje ocupa a gerência.

Casa Aloys - A casa Aloys goza de larga nomeada no Rio Grande do Sul, pela excelência dos trabalhos de escultura que tem executado. A casa foi estabelecida em 1884, apenas com três ou quatro artífices; mas tão seguro desenvolvimento tomou, que hoje ali trabalham 30 oficiais escultores, todos eles habilíssimos na sua arte. O capital inicial, que não passava de Rs. 6:000$000, está hoje elevado a Rs. 250:000$000. O terreno em que está situado o estabelecimento é próprio e representa, só por si, o valor de Rs. 250:000$000.

Entre as encomendas executadas pela firma, nota-se o pedestal, em granito pálido, do monumento ao dr. Julio de Castilhos, em Porto Alegre. O proprietário, sr. J. Aloys Friederichs, nasceu na Alemanha e veio para Porto Alegre em 1885, quando tinha 17 anos de idade. Fez a aprendizagem de escultor sob a direção de seu irmão, sr. Miguel Friederichs, e ao mesmo tempo estudava em uma escola noturna. Tomou conta desta casa em 1891.

Oscar Teichmann & Cia. - Cerca de 20.000 dúzias de chapéus de feltro e lã são manufaturados anualmente no estabelecimento dos srs. Oscar Teichmann & Cia., em Porto Alegre. Os seus maquinismos, dos modelos mais modernos e aperfeiçoados, vieram da Inglaterra; apenas o motor e a caldeira, de 50 hp, foram adquiridos na Alemanha. Trabalham no estabelecimento cerca de 160 empregados.

A fábrica funciona num prédio de sólida construção, de propriedade da firma, avaliado em Rs. 200:000$000. A empresa foi fundada em 1896, pelo sr. Oscar Teichmann; mas atualmente tem como sócios os srs. Bromberg & Cia. O capital empregado é de Rs. 230:000$000. A fábrica está situada à Rua Fernandes Vieira, 28, e os escritórios à Rua Castro Alves, 2.

O sr. Oscar Teichmann nasceu e foi educado na Alemanha; e veio para Porto Alegre em 1883. Aqui adquiriu a prática comercial e negociou alguns anos, antes de abrir esta fábrica de chapéus, da qual os srs. Bromberg & Cia. se tornaram sócios em 1910. O sr. Teichmann é membro das principais sociedades e clubes esportivos de Porto Alegre.

Arbos & Salvador - A importante fábrica dos srs. Arbos & Salvador, em Porto Alegre, figura entre as que manufaturam as melhores mobílias no estado do Rio Grande do Sul. Nela só se empregam as madeiras do estado, tais como louro, cedro, imbuia etc., madeiras essas compradas em Porto Alegre. A fábrica, de propriedade da firma, é avaliada em Rs. 200:000$000 e os seus maquinismos representam os melhores modelos alemães e norte-americanos.

Sessenta homens trabalham constantemente na fábrica, cuja especialidade são os modelos Luiz XV, Renascença e Arte Nova. Os seus trabalhos têm agradado imensamente em todas as exposições e foram premiados na do estado do Rio Grande do Sul em 1901, na de São Luiz em 1904, e na do Rio de Janeiro em 1908, com medalhas de ouro e prata.

Para exibição dos móveis e para facilidade das vendas miúdas, tem a firma uma bela instalação e muito bom estoque à Rua dos Andradas, 178 e 180. A casa foi estabelecida em 1893, pelos sócios atuais, os srs. Raphael Arbos e José Salvador. O capital da firma é de Rs. 136:000$000, e o seu giro anual vai a cerca de Rs.400:000$000. Ambos os sócios nasceram em Espanha e vieram juntos para Porto Alegre em 1889.

Serraria a Vapor - O estado do Rio Grande do Sul é extraordinariamente rico de madeiras, quer pela quantidade destas, quer pela sua variedade; mas as dificuldades do transporte têm retardado o desenvolvimento desta fonte de riqueza.

No estado, há importantes serrarias, e entre as mais importantes pode ser citada a do sr. Jacob Friederichs, que funciona à Rua Voluntários da Pátria, 60, em Porto Alegre. Os toros são transportados pelo Rio Guaíba, no qual o sr. Friederichs tem uma ponte especial; e são depois, na serraria, desdobrados para os fins requeridos.

O sr. Friederichs, que é alemão, fundou esta serraria em 1888; anteriormente, tinha estado empregado, durante 5 anos, em negócios de madeiras, em Porto Alegre.

Companhia de Vidros Sul-Brasileira - Das muitas empresas industriais do Rio Grande do Sul, é a de vidros uma das mais antigas. A fábrica da Companhia de Vidros Sul-Brasileira foi estabelecida em 1892. A venda dos seus produtos vai a nunca menos de Rs. 250:000$000 anuais.

Fabrica a companhia toda a espécie de vidros, com exceção dos de janela, e os seus produtos são procurados em todos os mercados do Brasil. A madeira consumida e a areia empregada na manufatura representam o valor de Rs. 60:000$000 anuais. Todas as matérias químicas empregadas são importadas da Inglaterra e Alemanha. Tem o estabelecimento um estoque avaliado em 50 a 60 contos de réis. O prédio d fábrica, de propriedade da companhia, tem de frente 50 metros e é avaliado em cerca de Rs. 250:000$000.

O diretor, sr. Martin Hogsdedt, é de nacionalidade sueca e foi educado no Instituto Comercial de Gothenburg. Em 1885 veio para o Brasil, e depois de ter viajado por diversas regiões deste país, estabeleceu-se em Porto Alegre, onde trabalhou durante alguns anos. Em 1892 aceitou o cargo que exerce na Companhia de Vidros Sul-Brasileira.

P. Fernandes & Cia. - Este estabelecimento fabrica sabonetes de variadíssimas espécies, incluía a bem conhecida marca Sabonete Sanitário, perfumes e loções também diversos; a sua produção anual representa o valor de Rs. 600:000$000. O prédio em que a fábrica funciona e que é de propriedade da firma, dá frente para o Rio Guaíba. A fábrica dispõe dos mais modernos maquinismos, acionados por um motor a vapor de 8 hp, e outro, a petróleo, de 12 hp. A empresa importa o óleo de coco, a soda cáustica e várias outras matérias-primas usadas na manufatura dos perfumes, assim como parte dos frascos em que estes são acondicionados; os restantes frascos e o papelão empregado para o empacotamento são especialmente manufaturados em Porto Alegre.

A firma tem agências em todos os centros do Brasil. A casa, que foi fundada em 1899, gira com o capital de Rs. 400:000$000; e os sócios são os srs. P. Fernandes Teixeira e Paul Dörnn. O sr. P. Fernandes Teixeira nasceu em Porto Alegre, em 1863; obteve o diploma de farmacêutico na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro; e em 1895 abriu a English Pharmacy Universal, em Porto Alegre. Deixou esta farmácia ao cabo de dois anos e fundou uma fábrica de toucinho. A esta se dedicou quatro anos, até que fundou a empresa de que se trata.

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A fábrica do dr. Victor Fischel, Porto Alegre
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Dr. Victor Fischel - Esta firma industrial, fundada em 1897, pelo dr. Victor Fischel, com o capital de Rs. 180:000$000, para o fabrico de sabão, sabonetes e perfumarias, importa as matérias-primas, tais como essências, óleos etc., da Inglaterra, Alemanha e França. Os seus produtos têm alcançado enorme consumo.

As perfumarias são aqui fabricadas pelos métodos mais modernos e aperfeiçoados, empregando-se sempre matérias-primas de superior qualidade. Os produtos da Perfumaria Flora, do dr. Victor Fischel, combatem vantajosamente o preconceito duma grande parte do público que julga fatalmente inferiores os extratos nacionais.

Os principais produtos da fábrica do dr. Victor Fischel são: sabonetes, desde os mais finos até os mais comuns, ditos higiênicos, triplos extratos, loções tônicas, pós-de-arroz, cosméticos, água glacial etc.

Produz também a Alsina, bebida refrigerante e sem álcool, de excelente paladar. Têm grande consumo as excelentes águas minerais e gasosas da mesma fábrica. O excelente champanhe Monopol, fabricado no mesmo estabelecimento com uvas importadas da França, goza de grande reputação em todo o estado do Rio Grande do Sul. O champanhe Monopol é fabricado pelo sistema francês e com o maior escrúpulo.

Pelos seus produtos tem a fábrica obtido diversas recompensas, como na Exposição Estadual de 1901; na de São Luiz, em 1909; na do Centro Econômico de Porto Alegre, em 1905; Agrícola Pastoril de Pelotas em 1905, e Exposição Nacional do Rio de Janeiro, em 1908. De todos esses produtos, vende anualmente para cima de Rs. 400:000$000. A fábrica tem agentes no Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia, São Paulo e outras principais cidades da República.

O dr. Victor Fischel nasceu em 1866, em Württemberg, e fez os seus estudos na Alemanha e na Suíça. Em 1889, foi para a Bélgica e ali, durante 2½ anos, trabalhou como químico numa fábrica; em 1891 seguiu para Nova York, onde continuou a praticar como químico durante mais 2 anos. Em 1893 chegou a Tucuman, República Argentina, e empregou-se numa usina de açúcar, na qualidade de engenheiro e químico. Demorou-se aí três anos e, em 1897, veio para Porto Alegre, onde montou, a 1º de maio do mesmo ano, a atual fábrica. O dr. Victor Fischel é membro dos clubes Germania, Comercial e outros.

Centro de Banha Rio-Grandense - O Centro de Banha Rio-Grandense, fundado em 16 de agosto de 1909, com o capital de Rs. 1.232:000$000, tem como sócios solidários as firmas Otero Dreher & Cia. e E. Dreher & Cia. e o sr. Otero Gomes, assim como todas as fábricas que cooperam para o mesmo centro. A sua produção anual é de 200.000 caixas de 60 quilos cada uma, que representam o valor total de Rs. 12 a 15.000:000$000. A banha é suprida pelas principais fábricas de refinação deste gênero, em número de 25. O centro efetua transações em toda a República.

Centro do Fumo Rio-Grandense - O Centro do Fumo Rio-Grandense, de propriedade da firma Otero Gomes, Eichenberg & Cia., é composto das firmas solidárias Otero Gomes & Cia. e Secco & Cia. e dos comanditários srs. E. Dreher & Cia., Meyer Irmãos, Fraeb & Cia. e Aloysio Cesar & Cia. O capital do Centro é de Rs. 600:000$000. As suas exportações para outros pontos do Brasil e para a Europa vão anualmente de 60 a 80.000 fardos de fumo, que representam o valor de Rs. 4 a 5.000:000$000.

Viúva R. Petersen - A empresa que hoje gira sob a firma Viúva R. Petersen, com importante fábrica de escovas, brochas, vassouras, pincéis etc., foi fundada em 1880 pelo falecido sr. R. Petersen. Atualmente a firma é compota dos sócios srs. Hermann Zwetsch, Guilherme Petersen e Hermann L. Petersen.

A fábrica está situada nas margens do Rio Guaíba e, além de produzir aqueles artigos, prepara toda a qualidade de madeiras e especialmente taquara para a confecção de caixas, barricas e barris de todos os tamanhos e feitios. Recebe também encomendas de aparelhamento de tábuas, cimalhas, sarrafos e madeiras para construção.

O maquinismo que, na sua maior parte, veio da Alemanha e representa o que há de moderno e aperfeiçoado, é acionado por um motor de 20 hp. A matéria-prima para a fabricação de escovas etc. é importada da Alemanha e Inglaterra. Os produtos são vendidos nos estados do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

O sr. Hermann Zwetsch nasceu no Rio Grande em 1864 e foi educado em Porto Alegre. Em 1881 entrou para a firma como empregado, e aí adquiriu a prática comercial e industrial. O sr. W. Petersen nasceu em 1864, em São Leopoldo, onde foi educado, e entrou para a firma atual em 1885. É grande amador de esportes. O sr. H. L. Petersen nasceu em 1880, em Porto Alegre, e fez os seus estudos na mesma cidade. Na idade de 15 anos entrou para a casa do seu pai. É também apaixonado esportista. O falecido sr. George R. Petersen nasceu em São Leopoldo, em 1857, e ali fora educado. Veio para Porto Alegre em 1880, ano em que fundou esta importante fábrica.

J. Pabst & Cia. – A fábrica de gravatas, espartilhos e varetas para espartilhos que gira sob esta razão social foi adquirida em 1898 pelo sr. João Pabst. Este dirigiu os negócios, auxiliado pelos seus dois filhos que, mais tarde, tomaram conta da fábrica. Nas oficinas deste importante estabelecimento trabalham diariamente 120 moças e nos seu escritório 5 empregados. A fábrica exporta os seus artigos para todos os estados do Brasil, até o Amazonas. São seus procuradores os srs. Benno J. Pabst e Willy Hofmann, viajando este no estado e aquele até ao Norte da República.

O sr. João Pabst nasceu na Baviera (Alemanha), e há 28 anos que se ocupa da fabricação de espartilhos. Introduziu no Brasil certos artigos e sistemas que eram aqui ainda quase desconhecidos. Em 1908 abria, na capital da República, uma filial que, mais tarde, passou a ser propriedade do filho mais velho, ficando assim completamente independente da matriz.

Os filhos do sr. Pabst formaram-se na Academia Comercial de Saxônia, e tendo praticado algum tempo na Alemanha, seguiram ambos para a Inglaterra, para aprender o idioma. Um deles, o sr. Benno J. Pabst, dali passou para a Bélgica, a fim de praticar também a língua francesa. Ambos, de volta das suas viagens pela Europa, principiaram a trabalhar na fábrica.

A firma, antiqüíssima na praça de Porto Alegre, é muito conhecida no estado do Rio Grande do Sul, assim como no Brasil inteiro. No ano de 1911 introduziu ela um novo melhoramento para a indústria de espartilhos, de que tirou patente: a fabricação de varetas de aço inatacáveis pela ferrugem, o que era de grande necessidade, em razão do clima do país.

A fábrica foi premiada com medalhas de ouro nas exposições de Chicago, Leipzig, Porto Alegre e São Luiz; e obteve duas na Exposição Nacional do Rio de Janeiro. Na Alemanha deixou o sr. João Pabst três fábricas por ele fundadas e que ainda hoje giram sob a sua firma.

Francisco Tannhauser - O sr. Francisco Tannhauser é estabelecido com importante fábrica de espartilhos, gravatas e roupas brancas, à Praça Visconde do Rio Branco, 4. Esta fábrica foi fundada em 1893, girando então sob a razão social de Franke & Tannhauser; e em 1904 retirou-se o sócio sr. Eduardo Franke, continuando a fábrica a cargo do sócio sr. Francisco Tannhauser. Os produtos da fábrica têm obtido elevadas recompensas, medalhas de ouro e prata etc., nos diversos certames a que tem concorrido.

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