HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
SANTOS EM...
1850 - pelo jornal O Mercantil
Em seu primeiro número, começou a organizar um Almanak Santista
Ao longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se
adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas,
políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então. E mesmo em
documentos oficiais, de caráter administrativo, ou comunicados ao público, obtém-se informações importantes sobre as mudanças então em curso.
Ao lançar em 8 de junho de 1850, o jornal santista O Mercantil, um dos primeiros a
circular na cidade, seu editor apresentava já em sua página 2 o projeto de organizar um Almanak Santista. e começava a publicar as primeiras
informações (acervo da Memória da Biblioteca Nacional Digital
- ortografia atualizada nas transcrições):
Imagem: reprodução parcial da página 2 de
O Mercantil nº 1, de 8/6/1850
Acervo da Memória
Biblioteca Nacional Digital
Almanak Santista
A redação desta folha, querendo popularizar no interior da província, e nos outros lugares onde
ela possa ser lida, os nomes das pessoas empregadas no comércio, nos estabelecimentos e estações públicas desta cidade, resolveu confeccionar um
esboço de Almanaque. Começando desde já neste número a pôr por obra essa resolução, convida aos donos de lojas, armazéns, e a diretores de
estabelecimentos públicos ou particulares, tenham a bondade de mandar a esta redação por escrito os seus nomes, as ruas e os números de suas moradas
ou estabelecimentos, para que essas notas sejam gratuitamente impressas nos primeiros números desta folha.
Imagem: reprodução parcial da página 2 de
O Mercantil nº 1, de 8/6/1850
Acervo da
Memória Biblioteca Nacional Digital
Cidade de Santos
A cidade de Santos foi fundada por Braz Cubas em 1546, e acha-se na latitude austral de 23 graus
36'15" e na longitude de 334 graus 39' 30" do meridiano da ilha de Ferro. É o primeiro porto da província, em que se faz um grande comércio. Foi
criada vila em 1546: e cidade em 1842 (N. E.: correto é 1839)
Câmara Municipal
Foi eleita e tomou posse em janeiro de 1849. Faz as suas sessões em casa própria nas salas por
cima da cadeia pública da Rua do Carmo.
Presidente - Jeremias Luiz da Silva, Largo da Matriz.
Vereadores:
Hygino José Botelho de Carvalho, Rua Direita.
João Pedro da Silva Cruz, Rua do Rosário.
João Antonio de Sá Junior, Rua de S. Bento.
Antonio Martins dos Santos Junior, Rua de Santo Antonio.
Theodoro de Menezes Forjaz, Rua Direita.
Antonio Marques de Sáes, Rua Áurea.
José Vergueiro, Rua da Praia.
José Joaquim Florindo, Rua Direita.
Secretário - Manoel Luiz Ferreira, Rua de Santa Catharina.
Fiscal - José Maria da Silva Maia, Rua dos Quartéis.
Ajudante do fiscal - Feliciano José dos Santos, Rua do
Açougue.
Procurador - Ignacio Antonio Lisbôa, Valongo.
Imagem: reprodução parcial da página 2 de
O Mercantil nº 1, de 8/6/1850
Acervo da
Memória Biblioteca Nacional Digital
Alfândega
Esta repartição acha-se estabelecida na maior parte do edifício que foi convento dos Jesuítas.
Não podemos precisamente assinalar a época da sua criação, mas é indubitável que ela existia além
de 1766. Está aberta todos os dias não santificados desde as 8 horas da manhã até as 3 da tarde. Rende anualmente mais ou menos duzentos contos.
Inspetor - José Baptista da Silva Bueno, cavaleiro da Ordem de Cristo, Rua da Praia n. Foi
nomeado por decreto de 20 de abril de 1844: tomou posse a 10 de maio de 1844.
Escrivão da Mesa Grande - José Antonio da Silva Viveiros Costa, cavaleiro da Ordem de
Cristo, Rua Direita. Foi nomeado por decreto de 12 de novembro de 1836, tomou posse em 9 de dezembro do mesmo ano.
Tesoureiro - Acha-se vago o lugar.
Primeiro escriturário - Joaquim da Silva Oliveira, Rua Áurea. Foi nomeado por decreto de 20
de março de 1849: tomou posse em o primeiro de junho do mesmo ano.
Segundo escriturário - Antonio Bernardes Pereira, Rua Áurea. Foi nomeado por decreto de 11
de maio de 1846: tomou posse a 25 de junho do mesmo ano.
Segundo escriturário - José Joaquim da Silva, Rua Áurea. Foi nomeado por decreto de 20 de
março de 1849: tomou posse a 14 de maio do mesmo ano.
Amanuense - Cypriano Francisco de Salles, Rua de Santo Antonio. Foi nomeado por decreto de
2 de janeiro de 1840: tomou posse a 3 de fevereiro do mesmo ano.
Amanuense - José Francisco Dias, Rua do Campo. Foi nomeado por decreto de 3 de junho de
1844: tomou posse a 3 de agosto do mesmo ano.
Guarda-Mor - Antonio Freire Henrique, Rua do Rosário. Foi nomeado por decreto de 27 de
outubro de 1837: tomou posse a 20 de novembro do mesmo ano.
Escrivão de entrada e descarga - Antonio Justino de Assiz, Rua do Rosário. Foi nomeado por
decreto de 20 de março de 1849: tomou posse no primeiro de maio do mesmo ano.
Feitor - João Baptista de Lima, Rua Áurea. Foi nomeado por decreto de 23 de maio de 1835:
tomou posse a 16 de março do mesmo ano por anterior nomeação interina do exmo. presidente da Província.
Feitor - Joaquim de Jesus Pereira, Rua Áurea. Foi nomeado por decreto de 31 de julho de
1837: tomou posse aos 4 de outubro do mesmo ano.
Conferente externo - Acha-se vago o lugar.
Porteiro - Arlindo Ramires Esquivel, Rua Áurea. Foi nomeado por decreto de 12 de dezembro
de 1838: tomou posse a 18 de janeiro de 1839.
N. B.: Seguir-se-á o quadro das casas de comércio - Nacionais - Estrangeiras - Lojas de
Fazendas - Armazéns de ferragem - Armazéns de secos e molhados.
Imagem: reprodução parcial da página 4 de
O Mercantil nº 1, de 8/6/1850
Acervo da
Memória Biblioteca Nacional Digital |
O texto do projetado Almanak de Santos continuou na página 2 da edição seguinte de O Mercantil,
número 2, de 15 de junho de 1850:
Almanak Santista Prosseguimos hoje
o esboço do Almanak que encetamos no nosso primeiro número, concluindo a repartição administrativa, começando a judiciária, para então passarmos ao
quadro comercial propriamente dito. Noticiamos aos nossos leitores que esta redação foi brindada pelo sr. José Justiniano de Bittencourt com um
importante trabalho de estatística, por ele mesmo confeccionado, e que brevemente publicaremos como parte integrante deste nosso trabalho.
Barreira do Cubatão
Administrador - Antonio Benedito Palhares de Camargo, cavaleiro da Ordem de Cristo;
Cubatão.
Escrivão - Fernando Gomes Pereira d'Albuquerque, alferes reformado; Cubatão.
Amanuenses - Candido Antonio de Toledo; Cubatão. Joaquim Lopes da Silva; Cubatão.
Coletoria
Coletor - Joaquim Luis Pisarro, Rua de S. Bento.
Escrivão - Silvestre Francisco da Costa, Rua dos Quartéis.
Quadro judiciário
Juiz de Direito - Doutor Antonio Melitão de Sousa Aimberé, cavaleiro da Ordem de Cristo,
ausente na Assembleia Provincial.
Juiz municipal - Dr. Francisco Xavier de Costa Aguiar d'Andrade, Rua Direita n. 16. Em
exercício no Juizado de Direito.
Suplentes:
Firmino José Maria Xavier, cavaleiro da Ordem de Cristo,
Rua do Rosário.
José Antonio Vieira Barbosa, cavaleiro da Ordem da Rosa,
Rua Direita n. 62
Manoel Geraldo de Menezes, Rua Direita.
Jeremias Luiz da Silva, Largo da Matriz.
João Baptista Amaral, Rua da Praia.
João Antonio de Sá Junior, Rua de S. Bento.
Promotor público - Doutor João Ignacio Silveira da Motta, ausente.
Advogados:
Doutor Martim Francisco Ribeiro d'Andrada, cavaleiro da Ordem da Rosa, Rua Direita.
Doutor Agostinho Jozé d'Oliveira Maxado, Rua Áurea.
F. M. Raposo d'Almeida, cav. da Ordem da Conceição de Portugal; Ra de Santo Antonio. Responde
somente a consultas sobre jurisprudência civil e comercial.
Escrivão do Juízo de Direito - Francisco Antonio Ferreira, Rua de Santa Catharina.
Escrivão do Juízo Municipal e Tabelião do Público e Notas - Firmino de Quadros Aranha, Rua
Áurea.
Polícia
Delegados:
João de Sousa Carvalho, cavaleiro da Ordem de Cristo, Rua
Direita.
João Pedro da Silva Crus, cavaleiro da Ordem da Rosa, Rua
do Rosário.
Barnabé Francisco Vaz de Carvalhaes, comendador de Cristo,
Rua Áurea.
José Joaquim Florindo e Silva, cavaleiro da Ordem da Rosa,
Rua Direita.
João Octavio Nebias, cavaleiro da Ordem de Cristo, Rua
Direita (em exercício).
Jeremias Luis da Silva, Largo da Matriz.
Antonio Ferreira da Silva, oficial da Rosa e cav. de
Cristo. R. Direita, n. 56. |
A continuação surgiu nas páginas 1 e 2 da edição 4 de O Mercantil, de sábado, 29 de junho de 1850:
Imagem: reprodução parcial da página 1 de
O Mercantil nº 4, de 29/6/1850
Acervo da
Memória Biblioteca Nacional Digital
Quadro judiciário - continuação
Subdelegado -
José Justiniano Bittancourt, cavaleiro da Ordem da Rosa, Rua do Campo.
Suplentes:
Hygino José Botelho, Rua Direita.
Antonio Ferreira da Silva Junior, caval. da Rosa, Rua
Áurea (em exercício).
Candido Annunciado Dias d'Albuquerque, Rua Áurea
Manoel Luiz Pereira Braga, Largo da Alfândega Velha.
Sebastião T. Cavalleiros, Rua da Praia.
Manoel Pereira dos Santos, cavaleiro de Cristo, Rua
Direita.
Escrivão da delegacia - Francisco Antonio Ferreira,
Rua de Santa Catharina.
Dito da subdelegacia - Joaquim Marcellino da Costa,
Rua dos Quartéis.
Juízes de paz:
João Baptista Amaral, Rua da Praia
Antonio José Maria Pêgo, Rua da Praia (em exercício).
Manoel Luiz Pereira Braga, Largo da Alfândega.
Barnabé F. V. Carvalhaes, comendador de Cristo. Rua Áurea.
Escrivão de paz - José Correa Lisboa, Rua do
Rosário.
Delegado fiscal da Fazenda - João Baptista de Lima,
Rua Áurea.
Escrivão de órfãos - Antonio Moreira de S. Payo,
Rua do Rosário.
Imagem: reprodução parcial da página 2 de
O Mercantil nº 4, de 29/6/1850
Acervo da
Memória Biblioteca Nacional Digital
Variedade estatística
da cidade de Santos, organizada pelo subdelegado de
polícia José Justiniano Bitancourt em 1849
População
|
Masculina |
Feminina |
Total |
Livre |
2.264 |
2.553 |
4.817 |
Cativa |
1.345 |
874 |
2.219 |
Soma |
3.609 |
3.427 |
7.036 |
Edifícios
|
De sobrado |
Térreos |
Total |
Nacionais |
5 |
4 |
9 |
Provinciais |
-- |
1 |
1 |
Municipais |
1 |
2 |
3 |
Particulares |
196 |
855 |
1.051 |
Conventos |
-- |
-- |
3 |
Igrejas |
-- |
-- |
8 |
Capelas |
-- |
-- |
2 |
Soma |
202 |
862 |
1.077 |
Os edifícios nacionais de sobrado são o Palacete, a
Alfândega, a Casa do Júri, o Arsenal e o Trem. Os térreos são o Quartel Militar, o Trapiche d'Alfândega, e duas pequenas casas em frente do Quartel.
O edifício provincial térreo é o Rancho dos Tropeiros. O
edifício municipal de sobrado é a cadeia, e térreos são o Açougue Público e as Casinhas de mantimentos.
Comércio
Lojas de fazendas |
21 |
Lojas de
ferragens |
4 |
Lojas de louça e
vidros |
3 |
Armazéns de
molhados e tavernas |
90 |
Armazéns de sal
|
35 |
Armazéns de
açúcar, café e outros gêneros |
76 |
Açougues |
8 |
Boticas |
3 |
Casas de pasto |
1 |
Bilhares |
3 |
Padarias
|
5 |
Soma |
249 |
Imagem: reprodução parcial da página 2 de
O Mercantil nº 4, de 29/6/1850
Acervo da
Memória Biblioteca Nacional Digital
Vapores - A carreira regular dos vapores entre este
porto e o do Rio de Janeiro faz-se da seguinte maneira. partem de um e outro porto nos dias 1, 8, 15, 22, e chegam com 24 a 36 horas de viagem,
conforme é a força das máquinas e o estado do tempo. Sendo as saídas às 8 horas da manhã, fecham-se as malas nos dias antecedentes às 4 horas da
tarde. |
Página 2 da edição 8 de O Mercantil, de sábado, 29 de junho de 1850:
Variedades Estatística da Cidade de
Santos
Indústria - em 31 de dezembro de 1849:
Oficinas de marceneiro |
7 |
de tamanqueiros |
3 |
de funileiros |
2 |
de tanoeiros |
7 |
de carroceiros |
2 |
de alfaiate |
7 |
de sapateiros |
9 |
de correeiros |
2 |
de ourives |
4 |
de relojoeiros |
2 |
de ferreiros |
3 |
de barbeiros |
1 |
tipografias |
1 |
Fábricas
de cal |
3 |
de telha |
1 |
de sabão |
1 |
de velas |
1 |
de asfalto |
2 |
de curtir couros |
2 |
de charutos |
1 |
de restilação |
2 |
Cultura - Produção no ano de 1849:
Aguardente |
216 pipas |
Arroz em casca |
18.831 alqueires |
Café |
1.087 arrobas |
Navegação:
Imagem: reprodução parcial da página 2 de
O Mercantil nº 8, de 27/7/1850
Acervo da
Memória Biblioteca Nacional Digital
Guarda nacional, jurados e votantes:
Guarda Nacional
de serviço ordinário 454;
de reserva, 239;
jurados, 176;
votantes, 443.
Batizados e óbitos na freguesia desta
cidade no ano de 1849:
Batizados:
|
Masculinos |
Femininos |
Total |
Livres e libertos |
89 |
77 |
166 |
Escravos |
19 |
28 |
47 |
Soma |
108 |
105 |
213 |
Óbitos:
|
Masculinos |
Femininos |
Total |
Livres e libertos |
67 |
66 |
133 |
Escravos |
40 |
33 |
73 |
Soma |
107 |
99 |
206 |
Imagem: reprodução parcial da página 3 de
O Mercantil nº 8, de 27/7/1850
Acervo da
Memória Biblioteca Nacional Digital |
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