"...Foram cravadas 2.626 estacas..."
Foto publicada com a matéria
Início das obras
A catástrofe ocorrera a 10 de março de 1928. A 10 de abril do mesmo ano,
exatamente um mês após, foi realizado o lançamento da pedra fundamental do novo hospital. Depois de estudados os projetos já organizados, de assentados todos os planos para a execução da obra, procedidas as devidas concorrências, realizadas as
sondagens do terreno, foram iniciados, em março de 1931, os serviços de fundações e cimento armado...
...Do que se encarregou a firma Monteiro, Heinsfurter & Rabinovitch. Foram
cravadas 2.626 estacas, numa profundidade de cinco metros, perfazendo um total de 13.686,70 metros lineares.
Importantíssimas colaborações recebeu a Santa casa durante todos os serviços, destacando-se as da Cia. Docas e Cia. City, que fizeram gratuitamente todos os
transportes de materiais para o local da obra. A São Paulo Railway concedeu um abatimento nos seus fretes de 50 por cento.
A Mesa Administrativa, em exercício, era composta pelos senhores: Alberto Baccarat, provedor; Flamínio Levy, vice-provedor; Max Hotz, 1º secretário; Eduardo
Monteiro dos Reis, tesoureiro; major Arthur Alves Firmino, mordomo-geral. Eram consultores os senhores dr. J. Carvalhal Filho, dr. Bernardo F. Browne, comendador Augusto Marinangelli, Aristides Cabrera Correa da Cunha e major José Evangelista de
Almeida.
Suspensão das obras - Os acontecimentos de 1930 e a mudança na política criaram as primeiras dificuldades. A retirada da distribuição dos impostos de
caridade e marítimo, que eram a principal fonte de recursos da Irmandade, pôs em imediato perigo a continuação das obras. Ainda se tentaram vários recursos.
No início de 1932, o dr. Bernard Browne, um dos maiores entusiastas da edificação, foi terminantemente contrário à interrupção imediata das obras. De pronto,
comprometeu-se a conseguir 300 contos para a continuação dos serviços contratados.
Em seu relatório, apresentado à assembléia geral de 29 de janeiro de 1932, o sr. Flamínio Levy, no exercício da Provedoria, diz o seguinte:
"Não haveria necessidade de paralisarmos a obra se o governo não suspendesse a entrega do Imposto de Caridade e Marítimo,
se a prefeitura pagasse em dia o auxílio da lei 828, pois nos deve os exercícios de 1930, 1931 e 1932, no total de 600 contos; se o governo do Estado nos pagasse a subvenção de 1931, de 125 contos; se o governo federal, em 1931, não nos obrigasse
ao pagamento de 425:100$400 de direitos de importação".
À série desses imprevistos juntou-se a depressão do câmbio. O material importado a 5, 7/8 chegou aqui a 4 e a 3 dólares. O ágio ouro para o pagamento desses
direitos subiu de 4$567 a 8$800.
Obras do hospital no Jabaquara
Foto publicada com a matéria
Reinício dos trabalhos - Em 1934, estando na provedoria o coronel Evaristo Machado Neto e na tesouraria o comendador Manoel Fins Freixo, tentou-se reunir
fundos para o reinício das obras. Foi lançada a campanha dos dois mil irmãos. Essa tentativa, entretanto, não surtiu os efeitos desejados.
Em 1936, o então provedor José G. da Mota Junior continuou a preocupar-se com a grande empresa, solicitando ao dr. Ismael Souza que estudasse a sua verdadeira
situação e o importe financeiro que a mesma exigia para sua continuação.
Foi conseguido da Câmara Municipal a votação de um crédito de 2 mil contos e a revigoração de 800 contos da lei 828, ainda não pagos.
No relatório de 1938, dizia o sr. José G. da Mota Júnior: "Folgamos em registrar que já se acham apresentadas as cousas
para a retomada do serviço, dependendo o seu início da entrega da primeira parcela do auxílio votado pela digna Prefeitura de Santos".
Obras do hospital no Jabaquara
Foto publicada com a matéria
Superação - Coube, finalmente, à provedoria do sr. Henrique Soler, em 1939, vencer todas as dificuldades que se opunham à tarefa ingente. Houve quem se
opusesse. Temia-se que os recursos viessem a faltar novamente e se fosse obrigado a nova paralisação, depois de investidos vultosos capitais. A energia do provedor, a solidariedade dos seus companheiros da Mesa Administrativa e o apoio da maioria
dos Conselhos Deliberativo e Geral venceram, porém, todos os receios, todos os temores.
E, a 2 de julho de 1939, eram os trabalhos recomeçados, depois de realizadas as respectivas concorrências. Coube às firmas Francisco Azevedo e Palma Travassos,
dr. Sílvio Passareli, Fundição Brasil, F. Blanco Prior e Servix Eletric Limitada, a execução dos serviços de revestimentos de fachada, telhados, funileiros, instalações elétricas, telefones, sinalização, materiais de saneamento etc.
Em 1940, o dr. Flor Horácio Cirilo, eleito provedor, continuou os trabalhos no mesmo ritmo intensivo com que foram reiniciados. Durante o seu exercício, introduziram-se modificações
ao plano geral, para obter maior capacidade das instalações destinadas aos pensionistas com o objetivo de realizar renda que suportasse as elevadíssimas despesas com a manutenção dos múltiplos serviços hospitalares.
Graças à boa vontade do dr. Cyro de Athayde Carneiro, nessa época prefeito municipal, a Irmandade recebeu todos os auxílios votados.
Oficiais da Marinha em visita às obras do hospital no Jabaquara
Foto publicada com a matéria
Renúncia - Tendo o dr. Flor Horácio Cirilo renunciado ao cargo de provedor, foi eleito o senhor José Vieira Barreto (que já era vice), o qual continuou o desenvolvimento dos
trabalhos.
No decorrer do ano de 1942, entretanto, os recursos começaram a diminuir novamente. Com a guerra, os preços dos materiais de construção sofreram uma alta rápida e imprevisível.
Auxílios esperados e tidos como certos, falharam; ou só muito tarde foram concedidos. A falta de numerário obrigou à diminuição de ritmo dos trabalhos, prosseguindo apenas na parte de remates e conclusão de serviços cuja interrupção repentina era
impossível.
Iniciou-se então grande atividade, visando a aquisição dos elementos financeiros indispensáveis. Representações foram feitas junto aos poderes públicos federal, estadual e
municipal.
Sob o patrocínio das senhoras Helena Conceição Alves de Lima e Guiomar Whitaker Carneiro, foi desenvolvida uma campanha para obtenção de donativos.
O prefeito dr. Antonio Gomide Ribeiro dos Santos concedeu um auxílio de 3 milhões de cruzeiros e o dr. Fernando Costa, interventor federal, reservou à irmandade um crédito de 2
milhões. Desse modo, os trabalhos foram novamente reiniciados, sendo constituída uma comissão de obras formada pelos engenheiros Ismael de Souza, Aristides Bastos Machado, Paulo Filgueiras, João Cardoso de Mendonça e Otávio Ribeiro de Araújo, sendo
contratado ainda o dr Odair Pedroso, especializado na técnica de organização hospitalar.
Adotou-se o sistema de administração, confiado às firmas Francisco Azevedo e Palma Travassos, mediante comissão, ficando os serviços de pintura, instalações elétricas, relógios,
sinais, telefones, campainhas, gás e esgoto, elevadores, lavanderia, muros, cozinha etc., para serem contratados diretamente pela Irmandade.
Médicos em visita às obras do hospital no Jabaquara
Foto publicada com a matéria
Impulso final - Em 1943, foi eleito para a Provedoria o sr. Benedito Gonçalves, que deu novo impulso às obras. Para se fazer uma idéia dos trabalhos realizados nesse
exercício, basta ler o relatório desse ano:
"Pelos dispêndios realizados, no montante de Cr$ 4.485.736,40, pode-se aquilatar das proporções do trabalho efetuado em
prosseguimento das obras do novo hospital".
Reeleito para o exercício de 1944 e 1945, coube a esse servidor da Casa de Braz Cubas a glória de levar as obras ao final.
A diretoria da Associação Comercial de Santos, em visita às obras do hospital no Jabaquara
Foto publicada com a matéria
"Em 1943, foi eleito para a Provedoria o sr. Benedito Gonçalves...
..coube a esse servidor da Casa de Braz Cubas
a glória de levar as obras ao final."
|
|
Sr. Flamino Levy
|
Dr. Bernard Browne
|
|
|
Coronel Evaristo Machado Neto
|
Sr. Henrique Soler
|
|
|
Dr. Cyro de Athayde Carneiro
|
Sr. José Vieira Barreto
|
|
|
Sra. Helena Conceição Alves de Lima |
Sr. Benedito Gonçalves |
Imagens publicadas com a matéria |